terça-feira, 31 de março de 2009

ANTONIO LUIZ SAYÃO

Nasceu na cidade do Rio de Janeiro a 12 de abril de 1829 e retornou à Espiritualidade no dia 31 de março de 1903, próximo a completar 74 anos de idade
Pioneiríssimo trabalhador do Espiritismo no Rio de Janeiro, quiçá do Brasil, foi um dos fundadores do Grupo dos Humildes, depois Grupo Ismael da Federação Espírita Brasileira, do qual foi diretor. Sayão tornou-se espírita no ano de 1878 e como autêntico trabalhador e colaborador de Jesus e Ismael, começou de imediato nas atividades, destacando-se entre os grandes pioneiros do Espiritismo. Foi o Grupo Ismael, verdadeira fortaleza moral, que levantou o ânimo dos trabalhadores da FEB e conseguiu fazê-la a Casa Máter do Espiritismo no Brasil, arregimentando homens da envergadura moral de Bittencourt Sampaio, Bezerra de Menezes, Ewerton Quadros, Dias da Cruz e tantos outros baluartes da Boa Nova. A vida de Sayão foi um exemplo de amor e trabalho. Escritor, Jornalista, Pregador, dedicado à assistência aos necessitados e itimorato propagador da Doutrina.

31.03.1869 - DESENCARNE DE ALLAN KARDEC



Monsieur Allan Kardec est mort, on l'enterre vendredi(Senhor Allan Kardec morreu, será enterrado Sexta-feira)Paris, 31 de Março de 1869.
Ele morreu esta manhã, entre onze e doze horas, subitamente, ao entregar um número da "Revue" a um caxeiro de livraria que acabava de comprá-lo; curvou-sesobre si mesmo, sem proferir uma única palavra. Estava morto, sózinho em sua casa (rua de Sant'Anna), Kardec punha em ordem livros e papéispara a mudança que se vinha processando e que deveria terminar amanhã. Seu empregado, aos gritos da criada e do caxeiro, correu ao local, ergueu-o... nada,nada mais. Delanne acudiu com toda a presteza, friccionou-o, magnetizou-o, masem vão. Tudo estava acabado...
Precisamente ao meio dia de 2 de abril de 1869, modesto coche funerário, seguidopelos confrades mais íntimos, por todos os membros e médiuns da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, e por uma multidão de amigo e simpatizantes, aotodo, mil a mil e duzentas pessoas punham-se em marcha, rumo ao Cemitério Montmartre, o mais antigo de Paris, onde nova massa popular já se encontravaconcentrada.
[Trechos da Carta enviada pelo Senhor E. Muller, grande amigo de Kardec eAmelie].

domingo, 29 de março de 2009

O DOM DE SERVIR

O dom de servir, no ser humano, é uma das maiores mediunidades da Terra. É uma faculdade, entre os homens, de expressão divina. No fundo, quem serve por amor torna-se um médium dos espíritos mais iluminados, por fazer o ambiente de luz em volta dos seus próprios passos.
A caridade ainda é a âncora de salvação em toda a parte. É o vínculo que prende, por sintonia, todas as almas de escol. A beneficência faz com que o coração se enriqueça da velha alegria, como induz a inteligência a compreender os sentimentos. Todas as religiões nos propõem caminhos semelhantes, a respeito da caridade, sabendo, por inspiração, que somente ela salva as criaturas. O homem compassivo apóia sua paz na tranquilidade da consciência, que verte luz em todas as direções do mundo interior.“Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus.” II Coríntios 9:12
O versículo ao lado transcrito está em perfeita ordem com a lei.
Expõe ao apóstolo que o serviço de assistência não só supre as necessidades dos santos, isto é, que os espíritos elevados se alimentam na prática do bem, sentem felicidade em trabalhar para a coletividade, suprem suas necessidades da falta do ambiente divino. Reencarnados, usam da caridade para lembrar o Céu, mesmo estando na Terra. E prossegue o comentário: mas também redunda em muitas graças a Deus, porquanto o bem que eles fazem aos sofredores, de variados modos, conforta corações, cura chagas e aumenta esperanças, visto que dão muitas graças a Deus pelo bem que recebem das mãos destes missionários. Eis aí: tanto uns quanto outros são agraciados pela luz da caridade em ação entre os homens. Os discípulos do Mestre sentiam essa felicidade de dar, por sentirem a ação do bem que recebiam da parte dos Céus.
A filantropia comunga com o amor, dando nascimento à verdade que libera o espírito da ignorância. O afeto, nas proporções da dignidade, supera os mesquinhos problemas das incompreensões e, na hora certa, esse afeto representa a maior das beneficências de coração para coração, trazendo consigo outras tantas harmonias para a luz do espírito, alvorecendo a esperança como se fosse um verdadeiro sol a iluminar os mundos.
Com muito acerto, já se disse que a caridade é um gênio de mil mãos. Pois ela é muito mais. É um santo de mil pés, é um místico de mil corações, é um matemático de mil cabeças, um cientista de mil raciocínios. A caridade é Deus entre os espíritos, a nos ensinar o dom de servir para chegar até Ele, a sentir as claridades do verdadeiro amor.
O Evangelho do Cristo é a caridade no mundo, porque tem coerência com as leis de Deus. Se assim não fora, não teria conexão com os anjos. Ele nos adverte para o dom excelente de servir com amor, sem exigências, sem maldizer, sem julgar e sem cobiça, traçando roteiros e indicando normas para verdadeira felicidade. Sabes por quê? Lê o que se segue:
“Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus.”
De Lucilações Para a Vida, de João Nunes Maia, pelo Espírito Miramez.

sábado, 28 de março de 2009

É HOJE


O Prefeito Eduardo Paes participou na manhã desta quarta-feira, dia 28, do lançamento no Brasil da Hora do Planeta, um movimento mundial de combate ao aquecimento global, e anunciou a adesão da Cidade do Rio de Janeiro no evento, promovido pelo World Wildlife Foundation (WWF-Brasil). A solenidade foi realizada no Palácio da Cidade, em Botafogo, e teve a presença de autoridades municipais e federais, representantes do WWF-Brasil, além de artistas e convidados.

O Rio de Janeiro será a primeira cidade brasileira a se engajar nesse ato simbólico que, no dia 28 de março, das 20h30 às 21h30, apagará as luzes de monumentos cariocas como o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, o Parque do Flamengo, o Jockey Club Brasileiro e a orla de Copacabana, que terá a segurança reforçada pela Guarda Municipal e Polícia Militar. A iniciativa contará ainda com a participação da comunidade do Morro Dona Marta, em Botafogo.

Para o Prefeito, o Rio de Janeiro tem um papel fundamental na discussão do tema ambiental e esse ato é o primeiro de uma série de movimentos que a cidade do Rio de Janeiro vai passar a desenvolver, no sentido de recuperar o protagonismo na discussão dessa agenda ambiental urbana.
- A Prefeitura e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) estão discutindo o Programa Favela Bairro III, para que sejam feitas mudanças ambientais. Além disso, vamos trabalhar toda a parte de proteção dos Maciços da Pedra Branca e da Tijuca, que são peculiaridades do Rio de Janeiro, para recuperar esse papel de maior floresta urbana do mundo – afirmou.
A Hora do Planeta, que conta com a adesão de empresas, organizações não-governamentais, associações de bairro e pessoas em todo o mundo, tem o objetivo de conscientizar toda a população sobre a importância da adoção de novos hábitos, além de mobilizar a sociedade em torno da luta contra o aquecimento global e as mudanças climáticas. Este ano, a ação espera atingir mais de um bilhão de pessoas, em mil cidades ao redor do mundo.
- No Brasil, resolvemos lançar a campanha pela cidade do Rio de Janeiro, que é o ícone do país. O ato simbólico de apagar as luzes, ao contrário do que muitos podem pensar, não é uma iniciativa para poupar energia, mas uma forma de manifestação para conscientização e adesão a esse programa – explicou Álvaro de Souza, presidente do Conselho Diretor do WWF-Brasil.
O movimento Hora do Planeta, conhecido internacionalmente como Earth Hour, começou em 2007, em Sydney, na Austrália, quando 2,2 milhões de habitações e empresas desligaram as luzes por uma hora. Em 2008, cerca de 100 milhões de pessoas abrangendo 35 países participaram da iniciativa, que incluiu o desligamento das luzes de marcos históricos mundiais como o Coliseu de Roma; a Ponte Golden Gate, em São Francisco; e Opera House de Sydney, entre outros.

sexta-feira, 27 de março de 2009


O ESFORÇO QUE COMPENSA

O esforço constitui uma realidade sempre presente na vida humana.
Sempre que se trata de realizar alguma conquista, ele se faz necessário.
Qualquer que seja a área da atividade, realizações não surgem do nada.
Os atletas que encantam por suas habilidades têm um histórico de treinos exaustivos.
O sucesso no vestibular pressupõe intensa preparação.
Na faculdade, a obtenção do sonhado diploma exige dedicação e renúncias.
A conquista de uma boa situação profissional também requer muito esforço e persistência.
Quem deseja adquirir bens de valor, e não dispõe da quantia necessária, igualmente se dispõe a ingentes sacrifícios.
Muitos multiplicam horas extras, trabalham nos finais de semana ou mantêm dois ou três empregos para melhorar a própria situação financeira.
Mas ninguém considera tais sobrecargas como um mal ou um castigo.As lutas e renúncias envolvidas na conquista do que se almeja são encaradas de forma positiva, por mais desgastantes que se apresentem.
Entende-se que conquistas relevantes pressupõem algum esforço.
É preciso sair da zona de conforto e fazer algumas renúncias para ver os próprios projetos realizados.
Trata-se da tranquila aceitação de um aspecto da lei do mérito que rege o Universo.
Apenas convém ampliar o alcance dessa aceitação.
Urge compreender que o esforço também constitui combustível imprescindível em termos de evolução espiritual.
Sem esforço, o ser permanece como sempre foi.
Para seguir adiante, é preciso empenho.

As conquistas materiais são respeitáveis e correspondem a aspectos importantes da vida humana.
Na luta por títulos acadêmicos, boa situação profissional ou mesmo por bens, a inteligência e a vontade se desenvolvem.
Contudo, por importante que seja o que se logrou obter em termos humanos e materiais, isso inevitavelmente ficará para trás.
Tudo o que é material é passageiro e precário.
Ninguém logrará levar seus títulos e posses no retorno à Pátria espiritual.
Mas os tesouros espirituais, esses jamais se perdem.
Bondade, pureza, amor ao trabalho, honestidade, humildade, paciência e capacidade de perdoar são conquistas imperecíveis.
Quem conseguir incorporá-las em seu ser jamais deixará de possuí-las.
O homem virtuoso leva em seu íntimo um tesouro de paz para onde quer que vá.
Por certo é necessário esforçar-se para ser digno e bondoso, notadamente em um mundo ainda marcado pela corrupção.
Entretanto, esse esforço realmente compensa.
Afinal, ele viabiliza deixar para trás as experiências dolorosas inerentes aos estágios mais primários da evolução.
Pense nisso!

quinta-feira, 26 de março de 2009

O ESPIRITISMO CRISTÃO NA OBRA DA CONFRATERNIZAÇÃO


Queridos Irmãos: nós vos saudamos gostosamente, por esta oportunidade de estreitar mais intimamente os nossos laços afetivos...
E isto devemos a este Congresso.
Plagiando um poeta, nós diríamos:
— Quanto de amor este Congresso encerra?
— Não sei, mas digo o mesmo que outra voz... é um pouquinho do céu por sobre a terra.
E’ um pouquinho de luz por sobre nós.
Bem. Não vamos chorar por isso e pela música dos versos.
Este Congresso nós classificamos profanamente, como o congresso do “bota fogo” do entusiasmo nos “cantos” do Estado “do Rio” de Janeiro!
Sei que o Leopoldo, grande amigo do futebol, discorda e diz conselheiral:
— Congresso do “bota fogo” não, congresso de “fluminenses”... Vá lá que seja... Eu porém não sou daqui, nem de Niterói!
I - Definições fundamentais
Antes do mais, daremos aos termos da tese que nos foi distribuída, uma interpretação básica.
A — Que é espiritismo?
Não cabe aqui provar que o Espiritismo é uma religião — ou a religião, no seu íntegro significado, etimológico ou teologal, cúpula das filosofias, como estas são a cúpula das ciências menores.
Como resultado de nossos estudos sobre ele, chegamos a esta conclusão: o Espiritismo é a religião monoteísta baseada no espírito dos Evangelhos de Jesus Cristo.
Sendo uma religião, monoteísta, o Espiritismo admite um criador do Universo, —inteligência suprema que governa os destinos de sua criação com sabedoria, bondade, justiça e arte.
E por ser religião orientada por uma inteligência criadora de todas as coisas ele não pode apartar-se da filosofia e das ciências por ela supervisionadas.
O espiritismo procura conhecer a criação divina quando a estudo objetivamente pelas ciências; explica o porque da criação quando a interpreta “per altíssimas causas” com a filosofia; sublima a criação quando prega a prática das leis morais que conduzem o homem para a harmonia universal.
B — Que é o espiritismo cristão?
Essa expressão é quase pleonástica. Não entendemos espiritismo que não seja cristão.
Se quisermos porém dar a essa expressão o sentido religioso do espiritismo, achamos que vale como convenção. E sentimos que foi esse o significado atribuído pelo distribuidor das teses.
Sabem os espíritas que por esse sectarismo próprio do homem, há Centros, há Federações e há Pátrias, que secionam um galho da religião e o plantam; e o alimentam, e aguardam que ele cresça como o tronco. Acontece, então, por analogia com a botânica, esse fenômeno: ou o terreno é bom e o galho produzirá os frutos da árvore original; ou o terreno é árido e ele definha e morre.
Daí o dizermos: a França plantou o ramo da Filosofia espírita, a Inglaterra plantou o ramo da Ciência espírita e o Brasil o da Religião espírita.
O tronco original porém é indivisível — é o Espiritismo. Seus frutos deverão ter sempre o mesmo sabor: quando alimentam a ciência, quando impulsionam a filosofia, quando acalentam a religião.
C — Que é confraternização?
Confraternizar quer dizer para nós, aproximar irmãos.
— Que é irmão e quais são os nossos irmãos?
Irmão é o que está ligado a nós como filhos do mesmo Pai. E assim sendo deve compartilhar das nossas alegrias. Deve dividir conosco o seu pão material e espiritual. Deve procurar diminuir as nossas mágoas e as nossas dores. Deve amparar-nos nos nossos erros e reeducar-nos para o bem.
Confraternizar é, pois, sentir que somos todos irmãos; é agir no sentido de tornar a fraternidade universal!
II — O Espiritismo pode fazer a confraternização?
Sentimos que só uma religião que não interpuser barreiras entre as criaturas humanas, poderá tornar real a confraternização. Sejam essas barreiras sociais ou culturais; geográficas ou históricas; econômicas ou espirituais; concretas ou convencionais. E afirmamos:
—O Espiritismo, pode fazer a confraternização, porque:
Primeiro:
— O espiritismo uniu a fé à razão.
As religiões todas do passado e as do presente, viveram agarradas ao princípio de que a fé não pode enfrentar a razão face a face. A fé raciocinada deixaria de ser fé.
Esse principio é, ainda nos tempos atuais, uma das causas maiores do afastamento do homem do seio da religião.
E os que permanecem dentro das religiões evitando que sua fé seja iluminada pela razão, quase sempre o fazem: por temor de um Deus implacável — e é o primitivismo; por ignorância consciente — e é a indolência mental, por displicência — e é uma forma de materialismo; por respeito ao mundo, e é a hipocrisia.
Daí a onda justa dos que vêm na religião o ópio do povo. Daí a maré montante da revolta contra um Criador que cria castas e privilégios. Daí o desprezo pela religião que separa cada vez mais os homens.
Jesus Cristo explicou: Deus falou de sua existência, justiça, bondade, verdade e arte. Ele mesmo se fez a escada para que os homens pudessem ir por ele até o Pai, adquirindo os conhecimentos indispensáveis. Esse Criador nos deu a razão para que a exercitássemos no seu conhecimento. E nenhum caminho mais certo para conhecer um Criador do que conhecendo os frutos de sua criação.
Esse Criador, longe de ser o ditador que usa e abusa de seu poder, manda-nos falar que chegaremos até ele porque somos deuses também.
Dá-nos a liberdade sem peias e convenções, mas a liberdade no seu significado verdadeiro. Liberdade de escolhermos a nossa profissão; a nossa esposa; a atividade material ou espiritual; a pátria; o bem ou o mal.
Sua constituição é eterna sem a mutabilidade convencional dos homens. E’ um código perfeito de leis físicas e leis morais.
As leis físicas são tão perfeitas que Isaac Newton e outros gênios calcularam sobre elas, prevendo fenômenos astronômicos para daqui a milênios, na confiança de sua imutabilidade. Tão perfeitas que o conhecimento parcial do seu minúsculo átomo faz tremer gênios e nações.
As leis morais conduzem os próprios ateístas, que se fazem cobaias da ciência pelo gozo íntimo dessas leis universais do amor. Negam a existência do Criador, mas ambicionam o gozo paradisíaco que as leis morais lhes concedem.
E é assim raciocinando que o Espiritismo aproxima a fé da razão. Ilumina-a com as luzes da razão.
E aproximando e interdependendo Religião e Ciência, ele faz a soldagem dos elos que foram rompidos há milênios, pelos que não puderam ou não quiseram chegar a DEUS através da razão.
Segundo:
—O Espiritismo aproxima todas as religiões.
Por haver decepado um ramo da religião, a humanidade tem vivido a atirá-lo contra os outros ramos. Usou-o sempre como arma branca de destruição e não como origem da árvore do caminho que dá frutos a quem queira colhê-los.
Daí o desvirtuamento do verdadeiro significado da religião.
E elas tem sido a causa maior das lutas e das separações
Para a religião A os que estão fora dela são condenados; para B são bárbaros; para C são demônios... E todos os meios tem sido para saciar a sede de luta, de egoísmo, de interesses do homem, acobertado pela capa do serviço divino.
O Espiritismo vem reformar essa concepção, revivendo claras e luminosas as próprias palavras de Jesus.
Mas se não é dado ao verdadeiro religioso, combater pela violência os que não pensam como ele, não é isto conselho para a inércia ou para a temeridade que leva ao holocausto místico.
Há urna atividade aparentemente defensiva contra a qual esboroam-se todos os ataques.
E’ o “Fora da caridade não há salvação”.
O Espiritismo não é a religião dos que se dizem espíritas, mas sim dos que fazem a caridade, quer com o seu rótulo próprio, quer sob o dístico de justiça social.
Repartir as nossas posses materiais e espirituais com os que tem menos é o lema do Espiritismo, para compensar os erros da humanidade.
E afirma que não cabe a salvação aos seus adeptos, mas àqueles que já sentem no coração o amor fraternal.
O Espiritismo não poderá repetir os crimes do passado, porque vê em todas as criaturas o mesmo irmão cuja religiosidade ou irreligiosidade, nada diz do seu valor moral. E afirma: o homem vale pela pureza de seus atos de amor.
Terceiro:
—O Espiritismo prepara a união do poder temporal ao espiritual.
Outro grave erro de todas as religiões foi o querer impor a idéia de Deus assenhoreando-se do poder temporal.
O espiritismo vê o erro político mas não o estimula nem lança os mais errados contra os menos errados . Mostra com a ação, como se pode dar todo bem estar verdadeiro ao povo.
A felicidade foi sempre o sonho de todos os homens. Mas a felicidade conquistada sob o aspecto sectarista levou o homem à pior das infelicidades que é o enfado da posse de uma falsa felicidade.
Para o sensual a felicidade e a conquista da carne; para o glutão é a mesa farta: para o artista é o êxtase do belo.
A humanidade não quis compreender ainda, que há dois planos distintos que se completam e se subordinam: o material e o espiritual. E para melhor satisfação de apetites viciosos os tem separado de tal modo que um permanece “alto de mais em cima”, e o outro, “baixo de mais em baixo”.
Se há dois campos de atividades para o composto humano — alma e corpo — cumpre compreender seus misteres.
Cabe à política o dever de bem governar os interesses materiais dos vivos e estimular as suas tendências artísticas e intelectuais.
Cabe à religião apoiar as medidas acertadas dos políticos e compensar de todos os modos os seus erros.
O Espiritismo, sabendo que o poder temporal confundir-se-á com o espiritual um dia —pois seremos um só rebanho com um só pastor — completa a tarefa da política: educa os homens para as conquistas espirituais; cuida da matéria amparando com suas obras sociais aqueles que são os esquecidos do poder temporal.
—E porque o Espiritismo não precipita essa união dos poderes temporal e espiritual?
—Porquê sabe que não se constroem patrias felizes com povos maus e incultos. Não há um órgão perfeito quando suas células são doentias — é o chavão clássico
Que os políticos lutem pelo poder temporal. Encontrarão sempre no Espiritismo um complemento de seu trabalho.
O Espiritismo continuará sempre a amparar os velhos; a dar morada às viúvas; a alimentar as crianças; a curar os enfermos.
Continuará sempre a educar os criminosos; a iluminar os jovens; a alfabetizar as crianças e também a pedir bênçãos e forças morais para os governantes.
A política pois, quando arte ou ciência de bem governar os povos, ou não, terá no Espiritismo um complemento amigo e fraterno para suas atividades.
Quarto:
— O Espiritismo envolve no mesmo amplexo todas as raças, povos, culturas, sexos e idades.
Seria alongar com argumentos uma premissa desta tese cujos fatos confirmam com mais força.
A humanidade periodicamente, luta por ideais que pairam acima das inteligências e corações, como um velocino de ouro.
Foi na revolução francesa o lema — igualdade, liberdade e fraternidade.
Foi na guerra última o sonho das quatro liberdades.
Não entraremos em análises das cinzas desses ideais. Relembraremos frases sínteses como esta: “Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem à sombra do teu nome”.
Morreu Roosevelt e com ele a força moral das quatro liberdades.
Entretanto, sem grandes revoluções e sem grandes guerras, mas em pequenos Centros e em pequenas e humildes criaturas, o Espiritismo vai executando os programas símbolos que outros furtam parcialmente aos Evangelhos de Jesus Cristo.
O Espiritismo não tem orientação internacional, nem municipal. . . Os Centros vivem no gozo de absoluta liberdade. E não é só: os seus adeptos interpretam os Evangelhos de Jesus do seu modo, à sua maneira: quando sinceros recebem iluminação; quando hipócritas, passam como o fogo fátuo. E no gozo de tanta liberdade, a ponto de lutarem em campo limpo federações contra ligas, semanas espíritas contra congressos espíritas; Centros contra tendas, adeptos contra adeptos, eles, no fundo, sentem de comum, as bases fundamentais dos Evangelhos de Jesus.
Mas se a liberdade nossa é já uma conquista que em outra qualquer organização seria o escândalo e a guerra até, a igualdade é ação contínua entre nós.
Nas nossas noites de estudo lá estão em cadeiras estofadas ou em bancos rústicos, letrados e analfabetos, pretos e brancos, velhos e crianças, homens e mulheres, almas corruptas e almas ingênuas...
Para qualquer estranho, as nossas palavras seriam figuras de retórica. Que venham, vejam e acreditarão.
RESUMINDO:
O Espiritismo pode fazer a confraternização universal porque já uniu praticamente uma parcela da humanidade, como reuniu sob um mesmo símbolo todas as idéias e concepções, firmado nos evangelhos de Jesus.

III — SE O ESPIRITISMO E’ PORTANTO A DOUTRINA CAPAZ DE REALIZAR A CONFRATERNIZAÇÃO, QUAIS OS DEVERES DOS ESPÍRITAS?
O Espiritismo enlaçando a fé e a razão; unindo pela caridade, religiosos e irreligiosos; ligando pela finalidade social os poderes temporal e espiritual; reunindo como irmãos todos os seres divinos, ele é, no momento, o campo de atividade da confraternização verdadeira.
E o plano de ação que concluímos, está assim delineado:
1.0 — Abrir escolas nos Centros e fora deles, para, difundindo a instrução, permitir à criança o uso consciente das leis divinas e, difundindo as lições de moral, permitir à criança caminhar sabiamente para a verdadeira felicidade.
2.0 — Fundar Juventudes Espíritas para que o entusiasmo dos jovens, seja guiado no caminho útil do esforço em comum e as suas dúvidas sejam esclarecidas sem o sectarismo que apaixona e logo desilude.
3.0 — Fundar orfanatos — verdadeiros lares de Jesus — onde a criança sem apoio material e moral, receba pão para o corpo e para oespírito. E à luz do Espiritismo compreenda o porque da sua situação. Só assim eliminaremos, com a educação desde o berço, os viciados e revoltados das sociedades futuras.
4.0 - Pregar com mais intensidade e vigor — dos Centros aos cárceres — conduzindo no coração os Evangelhos de Jesus, ao lado, os livros de ciência, os raciocínios das filosofias e os atos das outras religiões, para poder tirar conclusões com segurança e poder penetrar nas almas pelo cérebro e pelo coração.
5.0 — Fortalecer os nossos lares, fazendo realmente deles um lar espírita. Serão assim a fonte de retaguarda das nossas energias físicas e morais. Pois é com as forças neles auridas que as nossas conquistas espirituais confirmar-se-ão.
6.0 — Evitar cristãmente que as nossas rivalidades personalistas atrasem o progresso da doutrina. O escândalo que sai de nossos lábios é que faz o grande mal. Que o silêncio seja o refúgio nosso, quando tivermos a paz de consciência ou quando formos moralmente covardes para solucionarmos nossas incompatibilidades pessoais, com a sinceridade fraterna pregada por Jesus.
Criticar sempre, mas a sós e construtivamente, como aconselha o Cristo.
7.0 — Zelar, segundo a segundo, pelos nossos pensamentos, palavras e atos em todos os ambientes, pois a pregação pelo exemplo é a única real e capaz de fazer conversões.
E para finalizar, queridíssimos irmãos, nós sintetizamos assim, a nossa colaboração:
A pregação pelo exemplo é a base primeira da obra de confraternização do Espiritismo de Jesus!
Nova Iguaçu, 4 de Agosto de 1946. - Prof. Newton Gonçalves de Barros.
Fonte: A Voz dos Espíritos – setembro e outubro, 1946

quarta-feira, 25 de março de 2009

NOS SERVIÇOS DE SALVAÇÃO


NOS SERVIÇOS DE SALVAÇÃO

Bezerra de Menezes

Não peça auxílio exclusivo para as suas necessidades.
Trabalhe a benefício de todos.
Não busque compensação julgando-se favorito da divindade Valorize o serviço de seus irmãos.
Não perca o seu tempo em lamentações infindáveis. Você pode despender as horas com grande utilidade para os outros e para você mesmo.
Não se detenha na glorificação dos próprios atos. Há muita gente praticando o bem nos caminhos da vida, sem oportunidade de propaganda.
Não fixe as cicatrizes do próximo, destacando as bênçãos que lhe cercam a estrada. A experiência humana modifica-se de minuto a minuto.
Não se demore na excessiva indicação do caminho certo aos pés alheios. Lembre-se de que você será também obrigado a marchar para os testemunhos.
Não espere pela cooperação estranha no trabalho salvacionista. A expectativa inoperante no bem avizinha-se da preguiça.
Não intoxique o seu corpo com as aplicações indiscriminadas de substância medicamentosa. Equilibre seu espírito para que a causa iluminada produza efeito felizes.
Não revele os defeitos alheios para acobertar as próprias faltas. A Eterna Justiça conhece-nos a todos de perto.
Não gaste impensadamente os seus dias na pregação desesperada de princípios renovadores, que você mesmo tem dificuldade de abraçar. Corrijamos em nós o que nos aborrece nos outros e Jesus fará o resto pela felicidade do mundo inteiro.
Bezerra de Menezes
Extraído do livro "Cartas do Coração" - Francisco C. Xavier

domingo, 22 de março de 2009

A VERDADEIRA FACE DO ABORTO NO MUNDO


Tema, sem dúvida, delicado, o aborto deve ganhar este ano mais evidência na pauta de debates, sobretudo por conta do fim da restrição, pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, às verbas para incentivo a essa prática em nível mundial. A decisão do novo presidente, aliás, causou espanto, e tristeza, nos grupos pró-vida.
“Quando acordamos todas as manhãs diante de uma crise financeira que se aprofunda, é um insulto ao povo norte-americano resgatar a indústria do aborto” – disse Charmaine Yoest, que preside a entidade Americanos Unidos pela Vida.
Não é de hoje que o aborto preocupa os defensores da vida em solo norte-americano.
Num país que gasta, por ano, mais de 400 milhões de dólares com a chamada “assistência ao planejamento familiar no exterior”, fazem refletir as estatísticas sobre interrupção da gravidez no próprio solo.
Desde que o aborto até o nono mês de gestação foi legalizado no país, em 1973, seus números cresceram assustadoramente. Só naquele ano foram provocados 600 mil abortos e, em 1989, se alcançava a espantosa marca de cerca de um milhão e 400 mil abortos. Atualmente, acontecem de 800 a 900 mil abortos nos Estados Unidos, números ainda elevados se comparados com os 200 mil contabilizados em 1970, quando foi permitida a prática até o quinto mês de gestação, em Nova York, sendo também liberada em outras partes do país, até o terceiro mês de gravidez (fonte: www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/ss5103a1.htm#fig1).
Apesar disso, os grupos pró-aborto continuam ganhando espaço em todos os países à custa de discursos e estatísticas questionáveis, estatísticas essas não raro apresentadas por grupos afins. Em Portugal, em 2007, por ocasião de um plebiscito para saber a opinião do povo sobre o tema, campanhas chegaram a afirmar que “não haveria qualquer relação entre o aumento no número de abortos e sua legalização e que na maior parte dos países que despenalizaram a sua prática o número de abortos havia diminuído”. Por artifícios como este, o aborto acabou legalizado no país naquele mesmo ano. Em pouco mais de um ano, porém, a verdade se fez sentir.
“Estamos a matar a geração do futuro. São 18 mil bebês, projetos de vida que foram cortados à nascença e que fazem falta hoje” – denunciou Luís Botelho Ribeiro, um dos promotores de uma petição com 4.500 assinaturas entregue em janeiro ao presidente da Assembleia da República e à presidente da Comissão Parlamentar de Saúde de Portugal, pedindo a revogação da Lei do Aborto, que já está custando aos cofres públicos 25 milhões de euros ao ano. Ribeiro também chama a atenção para o envelhecimento populacional no país, onde “se começa a viver um inverno demográfico, com menos de 230 mil alunos no ensino secundário público e menos de 4.056 escolas em apenas dez anos”.
Recente levantamento do grupo Situação da Defesa da Vida (sdv@pesquisadedocumentos.com), mostra que a maior taxa de abortos se encontra nos países da ex-União Soviética, que, na década de 20, num ato inédito, legalizou a prática. A estimativa é de que cada mulher naquela parte do mundo pratique em média seis abortos ao longo da vida, tendo, inclusive, se tornado este o principal método de controle da natalidade e planejamento familiar da Europa Oriental durante os últimos 50 anos (fonte: www.cimac.org.mx/noticias/01sep/01091007.html). Só para se ter uma ideia, na Rússia, país que lidera o ranking de interrupções voluntárias da gravidez, no ano de 2005, a quantidade de abortos – 1 milhão e 800 mil – superou a de nascimentos – 1 milhão e 500mil. “Se isso continuar, a sobrevivência da nação estará ameaçada” – advertiu o presidente russo, Vladmir Putin, no seu primeiro pronunciamento à nação.
Na Espanha, estudo do Conselho Superior de Investigações Científicas apontou um aumento progressivo de abortos nos últimos 20 anos. “Mais de um terço de todas as gestações de jovens espanholas termina com estas práticas” – revelou a autora do estudo, Margarita Delgado (www. vidahumana.org/news/espana_julio98.html). Acredita-se que em 2006 na Espanha houve quase 100 mil abortos.
E o crescimento vertiginoso no número de abortos se verifica igualmente nos demais países em que sua prática foi legalizada, como Nova Zelândia, Inglaterra e Austrália.
Na América Latina, que engloba 21 países do continente americano, a questão também preocupa. Em Cuba, onde a interrupção voluntária da gravidez é legal desde a revolução comunista de 1959, a cada cem mulheres grávidas, com idades de 12 a 49 anos, 37 abortaram. Se isso continuar, a bela ilha de Cuba enfrentará um sério problema, pois em 2025 um em cada quatro dos seus habitantes terá mais de 60 anos, agravando a falta de mão-de-obra e os custos da assistência social e médica, que lá é gratuita.
No Brasil, a pressão pela legalização está se intensificando, embora 76% da população tenha revelado, numa enquete de 2008 da Agência Câmara, ser contrária à prática. Ainda assim, continuam as investidas de grupos que usam como principal argumento o direito da mulher sobre o próprio corpo, como se o ser em formação não tivesse também direitos. E a pressão desses grupos tem sido tanta que até mesmo dois deputados contrários ao aborto estão sob ameaça de expulsão do partido a que são filiados.
Outro impulsionador do aborto em escala mundial, o que já não é mais segredo para ninguém, é a questão monetária. Hoje há redes inteiras de clínicas e até o comércio de fetos para fins científicos e estéticos, como denunciaram os jornalistas ingleses Michel Litchfiel e Susan Kentish em seu livro “Babies for Burning” (“Bebês para queimar”, editado pela Serpentine Press, de Londres). Essa obra, que expõe o comércio de fetos, contém chocantes narrativas de desumanidade e foi comentada por Carlos Heitor Cony no jornal “Folha de S.Paulo”, de 11 de abril de 2008, no artigo “Uma história repugnante”, depois reproduzido pela Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=7208&sid=606).
Todos esses fatos servem de alerta à sociedade em geral, para que fique atenta, se informe e participe mais dos debates sobre o aborto. E também às instituições espíritas, para que voltem seus esforços um tanto mais, sobretudo neste ano, à questão do aborto, a fim de que não se corra o risco de acontecer no Brasil o que, infelizmente, se observa hoje em outras partes do mundo.
Fonte SEI2136

sábado, 21 de março de 2009

INFERNO ANTES


Reportar-se muita gente ao inferno, além do sepulcro, no entanto, é imperioso lembrar o inferno que nós mesmos criamos antes do berço.
*
Em verdade, se somos individualmente examinados depois do túmulo, não será lícito esquecer que a Justiça Divina nos observa igualmente em nossa expressão grupal.
Dessa forma, nas linhas da experiência doméstica, no campo da luta humana, quase sempre enxameiam, junto aos espíritos encarnados, aquelas almas desprevenidas que com eles se acumpliciaram na delinqüência e que, em lhes precedendo os passos na viagem da morte, não se fizeram ausentes.
E o tempo, o juiz que premia méritos e retifica defeitos, reúne nas telas da vida espiritual antigos companheiros de viciação e de ignorância, investindo cada um na parcela de sofrimento, indispensável à precisa reparação.
*
Renteando com a morada terrena, dolorosos processos de purgação e acrisolamento aglutinam os seres imprevidentes que, tomados de aflição e loucura, suplicam a bênção da volta à carne, para o trabalho do recomeço.
Diante disso, o mesmo tempo, em nome de Deus, confere de novo aos desertores do bem a suspirada ocasião para o reajuste, orientando-lhes o retorno através de reaproximações gradativas.
Desse modo, pais e filhos, cônjuges e parentes, superiores e subalternos, irmãos e amigos renascem, uns ao lado dos outros, na hora justa, cada qual suportando o quinhão de dor regenerativa que lhes é adjudicado.
E enfermidades e provas, separações e amarguras, mutilações e desastres, aleijões e infortúnios surgem, portas adentro das instituições e dos lares, tanto quanto nos elos da consangüidade e nos laços afetivos.
*
Fruto do passado delituoso a expiação pede a todos serenidade e renúncia para que o horizonte se aclare na recomposição do destino.
*
Saibamos render culto constante ao amor fraterno, auxiliando sem paga, porque somente construindo alegria dos outros é que edificaremos o caminho ditoso que nos liberte, enfim, das algemas da sombra para a bênção da luz.
Emmanuel
Livro: “Vida em Vida” Psicografia: “Francisco Cândido Xavier” Espíritos Diversos

sexta-feira, 20 de março de 2009

LIBERTE SUA ALMA

Não se prenda à beleza das formas efêmeras. A flor passa breve.
Não amontoe preciosidades que pesem na balança do mundo. As correntes de ouro prendem tanto quanto as algemas de bronze.
Não se escravize às opiniões da leviandade ou da ignorância. Incitatus, o cavalo de Calígula, podia comer num balde enfeitado de pérolas, mas não deixava, por isso, de ser um cavalo.
Não alimente a avidez da posse. A casa dos numismatas vive repleta de moedas que serviram a milhões e cujos donos desapareceram.
Não perca sua independência construtiva a troco de considerações humanas. A armadilha que pune o animal criminoso é igual à que surpreende o canário negligente.
Não acredite no elogio que empresta a você qualidades imaginárias. Vespas cruéis por vezes se escondem no cálice do lírio.
Não se aflija pela aquisição de vantagens imediatas na experiência terrestre. Os museus permanecem abarrotados de mantos de reis e de outros "cadáveres de vantagens mortas".
André Luiz
Do livro: Agenda CristãPsicografia: Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 19 de março de 2009

A MISSÃO DO ESPIRITISMO


Costumam atribuir ao progresso e à civilização a responsabilidade pela corrupção de costumes e pela incredulidade do século. É um erro de apreciação, é um caracterísmo paralogismo. Precisamos ainda de mais progresso, de mais civilização.
O que temos conseguido é muito pouco. Não será retrocedendo, mas avançado, que conjuraremos os males da época. Pretender que o pinto retorne à casca donde saiu é uma utopia.
Que o mundo tem marchado para a frente é um fato inconteste. Apontar esse surto evolutivo como causa da volúpia que empolga e fascina a sociedade atual, seria virtualmente cantar loas a ignorância, firmando, ao mesmo tempo, o paradoxal acerto de que a moralidade de costumes é incompatível com a evolução da inteligência.
O que o momento atual está reclamando é a educação moral, dessa moral baseada em leis naturais, que tem por objeto formar e consolidar o caráter. O que o momento atual está pedindo é aquela educação que eleva o Espírito, que afina as cordas do sentimento, tornando-as sensíveis à ação da consciência. O que finalmente o momento atual exige é aquela educação que faz aflorar no coração do homem a noção da justiça, do dever, da liberdade e da dignidade.
Até aqui a humanidade curou da inteligência aplicando essa faculdade na conquista de tudo quando gratifica os sentidos, proporcionando comodidades e conforto físico. É natural que assim sucedesse. Não nos devemos admirar disso, visto como o homem havia mesmo de servir-se da inteligência para satisfazer o seu egoísmo.
Como, porém, o egoísmo demasiadamente lisonjeado acaba por destruir aquele que o alimenta, sucede, por efeito de uma lei psicológica que a sociedade, onde aquela paixão impera infrene, acaba dissolvendo-se na corrupção, se não lhe forem impostos embargos.
É esta a lição da história de todos os tempos. Onde a poderosa Babilônia de Nabucodonosor? Onde a Roma dos Césares, cujo sol jamais se punha, tal a extensão dos seus domínios? Onde a famosa Grécia de outrora, berço das belas artes? Onde, finalmente, a decantada hegemonia dos Impérios Centrais?
Todos esses astros esmaeceram e tombaram para o ocaso. Foram obras erguidas sobre areia movediça: não resistiram aos embates dos temporais. A todas elas faltou base, faltaram alicerces. E, hoje, sabemos todos que essa base é a moral!
Os homens hão de ficar convencidos de que não basta cuidar do cérebro. É preciso ficarem compenetrados de que é necessário, indispensável, cuidar com esmero e carinho da educação moral, dessa educação que forma o caráter, que desperta e ilumina a consciência, que desenvolve o espírito de justiça, que inspira a noção do dever, da dignidade e da liberdade.
Tal a missão do Espiritismo, como continuador da obra redentora do Cristo de Deus. Anunciemos, propaguemos e exemplifiquemos, pois.
Vinicius(O Clarim, agosto de 1959)

quarta-feira, 18 de março de 2009

EM HOMENAGEM A EDIÇÃO DEFINITIVA DO LIVRO DOS ESPÍRITOS EM 18 DE MARÇO DE 1860



Na manhã de 18 de abril de 1857, chega uma carruagem na Livraria Dentu na Galerie d'Orleans, no Palais-Royal, em Paris. Trazia 1.200 exemplares da primeira edição de O Livro dos Espíritos. Era o dia do lançamento da obra, composta num perfeito encadeamento de idéias, organizada metodicamente pelo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail, que em virtude de seu nome ser muito conhecido e respeitado pela comunidade científica à época da publicação, optou pelo pseudônimo Allan Kardec para que esta fosse conhecida não em virtude do seu nome e, sim, pelo conteúdo.
A primeira edição trazia 501 perguntas e respostas. Em 18 de março de 1860 foi publicada a segunda edição, definitiva, revisada e ampliada, com 1.019 perguntas e respostas, trazendo ensinamentos que conduzem o homem à redescoberta de si mesmo, fornecendo-lhe recursos para que compreenda, sem mistérios, quem é, de onde veio, e para onde vai.
O Livro dos Espíritos contém os princípios fundamentais da Doutrina Espírita em seus três aspectos: científico, filosófico e religioso, tais como transmitidos pelos próprios espíritos, seus autores. Assim, não se considera a obra de um homem, Allan Kardec, mas da espiritualidade, cabendo a Kardec, o Codificador, a incumbência de classificar, selecionar e organizar os itens em uma seqüência lógica, com bom senso e espírito crítico.

DESPERTAMENTO PARA A VERDADE


Ilude-se, todo aquele que supõe que o encontro com a Verdade irá impedir-lhe a ocorrência de problemas e de desafios existenciais na jornada de evolução.
Engana-se, quem pretende viver experiências elevadas sem as lutas do quotidiano, em razão da sua vinculação com o espírito da Verdade.
Desperdiça o tempo, o indivíduo que acredita estar livre do sofrimento, somente porque se voltou para as lições libertadoras da Verdade.
Equivoca-se, a pessoa que, abraçando a Verdade, espera desfrutar de privilégios e prazeres contínuos.
Defrauda a consciência, o pretendente a uma vida de exceção, longe da dor, das provas necessárias, somente porque aderiu à Verdade.
Mente, para si mesmo, aquele que espera uma existência pacata, rica de experiências espirituais, sem os choques do mundo, agora, quando se encontrou com a Verdade.
Não existe um exemplo de alguém que haja despertado para a Verdade, que tenha modificada a trajetória da reencarnação, passando a gozar de dádivas especiais que o tomariam um eleito.
Pelo contrário, a Verdade induz à maturidade espiritual, à libertação da ignorância em tomo da vida, demonstrando que se está na Terra, num mundo transitório, momentâneo, programado para o retomo ao Grande Lar, após vencidas as etapas de progresso que lhe são necessárias durante o trajeto físico.
O conhecimento da Verdade dilata os horizontes do entendimento intelectual e racional do Espírito, a fim de que possa aplicar ao dever essencial, ao invés de deter-se nas banalidades que procura transformar em fundamentais à felicidade.
Ao mesmo tempo, convoca a mente à introspecção, à viagem silenciosa que leva ao autodescobrimento, de maneira a selecionar o que é fundamental e o que é secundário durante o périplo carnal.
Identificados os valores legítimos oferecidos pela reencarnação, entrega-se à reconstrução moral no campo das idéias, facultando melhor direcionamento dos esforços pessoais em favor do crescimento interior, com a mente inçada de esperanças e de bem-estar.
Uma incomparável alegria apossa-se-lhe do comportamento, alterando-o expressivamente, por facultar o aproveitamento do tempo para a vinculação com Deus através da Sua manifestação em todas as coisas.
Aberturas emocionais para o amor, para a fratemidade, para a compaixão, para a caridade ensejam-Ihe um intercâmbio contínuo com as Forças do Bem, que alimentam o ser e dele retiram energias que são aplicadas em favor dos menos aquinhoados.
Uma alteração real de objetivos alerta para a vivência contínua das emoções superiores.
A resignação ante os acontecimentos menos ditosos, os insucessos materiais, as enfermidades, as agressões e combates inevitáveis, transforma-se em recurso prodigioso para dar continuidade aos projetos evolutivos na direção da meta libertadora.
*
À medida que o ser se eleva, mais fácil apresenta-se-Ihe a faculdade de entender a vida e suas ocorrências, dando-lhe motivações para empreendimentos contínuos de paz e de construção da solidariedade.
Não espera que o mundo mude, antes muda em relação ao mundo, tomando-se um ponto de referência para outras futuras transformações que ocorrerão em favor da renovação da sociedade.
Já não mais escraviza-se a pessoas e a coisas por sabê-Ias todas efêmeras no curso infinito do progresso. Ama-as, porém, livre de dependência de qualquer espécie, por cuja forma não se detém na marcha, avançando sempre.
Compreende que nem todos, no momento, podem seguir-lhe os passos, o que não o aflige, nem o desestimula, porquanto reconhece a existência de níveis variados de consciências, continuando nos propósitos estabelecidos.
Vitimado por circunstâncias decorrentes dos atos infelizes do pretérito espiritual, enfrenta a situação com coragem, diluindo os efeitos com os métodos ao alcance, evitando novos comprometimentos que o afligirão no porvir.
Perseguido pela insensatez que campeia a soldo da comodidade em toda parte, sorri e continua, não se detendo a explicar a conduta, nem a debater a respeito da decisão de integrar-se no conceito da Verdade, vivendo-a, desde já, sem alarde, nem imposição de qualquer natureza.
Honestamente, é fiel a si mesmo e a Deus, que o atrai com a irresistível energia do amor, passando a nutrir-se desse pão de vida, sem a preocupação de justificar-se ou de arrebanhar adeptos para o seu desiderato.
Muitas vezes, a sós, está sempre com Deus, ou Deus está com ele, não se importando com o abandono a que se veja entregue por familiares, amigos ou correligionários.
Não se aflige hoje, ante a impossibilidade de conseguir a realização dos seus objetivos. Sabe que o importante é iniciar a busca, prosseguindo sem pressa, nem detença.
Nele fulgura a luz da paz, que o tranqüiliza, facultando-lhe entendimento de todos os acontecimentos.
Se a morte ameaça, prepara-se para recebê-Ia jovialmente, porque entende que ela será a sua ponte para alcançar o Outro Lado, onde espera ser feliz.
Vagarosamente e com decisão rompe o véu que o separa da Verdade, conforme acentuava São João da Cruz.
...E ocorrendo a morte, desperta em madrugada formosa para a qual se preparou durante a existência passada.
*
Eu sou o Caminho da Verdade e da Vida - afirmou Jesus.
A fim de ser alcançado - Deus em Plenitude - Jesus é o Caminho único, embora se multipliquem os missionários do amor, da compaixão e da sabedoria em todas as doutrinas espiritualistas, que vieram em Seu nome, a fim de preparar as criaturas para o grande encontro com o Seu coração.
Toma-O como modelo e guia, seguindo-O alegremente e a Verdade te embriagará de luz e de paz, concedendo-te Vida em abundância.
Joanna de Ângelis
Psicografia do médium Divaldo P. Franco, no dia 25 de dezembro de 2004, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

segunda-feira, 16 de março de 2009

BRILHE NA TERRA A VOSSA LUZ


"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus". (Matheus, 5:16).

Assim como não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte, também resplandecerá da sua luz sobre a Terra o homem compenetrado dos seus deveres, que se edificou moral e espiritualmente.
Jesus Cristo, através da expressão contida em Mateus, 5:16, preceituou a necessidade de darmos guarida às suas recomendações, no sentido de nos tornarmos obreiros atuantes e de decisão inabalável, projetando-nos, não apenas através das palavras, mas, sobretudo, pelos atos.
"Vós sois a luz do mundo", ponderou o Mestre Nazareno. Essa frase deixa bem explícita que, para nos tornarmos realmente seus discípulos, torna-se mister que nos desvencilhemos de todas as viciações contraídas no decurso das várias vidas pretéritas, o que faremos através das novas reencarnações que Deus, por excesso de misericórdia, nos concede.
"Vós sois o sal da Terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens." Aqui, uma vez mais, o Mestre esclareceu que o seu discípulo deve contagiar os demais, ensinando-os, pelo exemplo, a praticar boas ações que levam à reforma interior. O sal transmite da sua qualidade a todos os demais elementos. Se misturarmos sal com açúcar, o último e não o primeiro ficará salgado. O sal não se deteriora e com muita dificuldade se contamina. Ele preserva todos os demais corpos.
A exemplo do que se sucede com o sal, o discípulo de Jesus também pode viver no meio de homens viciados e mergulhados na maldade, sem, entretanto, se contaminar por eles, devendo pelo contrário, transmitir-lhes as suas boas qualidades.
"Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas. A candeia do corpo são os olhos, de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz." Os nossos olhos refletem as trevas ou as luzes que residem dentro de nós. Se prevaricarmos com os nossos deveres, se envolvermos o nosso ser nas trevas, vendo tudo com pessimismo e derramando ódio, maledicência e egoísmo em nossa volta, teremos, como decorrência as nossas almas mergulhadas nessas trevas. Se, pelo contrário, procurarmos amar ao nosso próximo, propiciando-lhes, pelo exemplo vivo, meios de assimilar as boas qualidades que residem dentro de nós, teremos conquistado o nosso irmão e predisposto-o para o encaminhamento nas veredas da luz.
"Vê, pois, que a luz que em ti há não sejam trevas". (Lucas, 11:35). Este preceito de Jesus deixa entrever que pode existir luz que na realidade são trevas, aplicando-se aos homens que apenas exteriormente demonstram bondade e tolerância, mas que, na realidade são maus e egoístas, assemelhando-se aos "lobos vestidos com peles de ovelhas", segundo o dizer judicioso dos Evangelhos.
"O homem sensato é aquele que edifica a sua casa sobre a rocha, e, quando sopram os ventos e ruge a tempestade, ela resiste ao impacto desses elementos". Ainda neste ensino o Mestre ressaltou a necessidade imperiosa de nos iluminarmos e de nos protegermos com a couraça da fé e das boas obras, a fim de podermos resistir às investidas da adversidade oriunda das provações e expiações terrenas. O homem que estiver preparado jamais sucumbirá, pois, terá forças para resistir a toda e qualquer investida, surjam de onde quer que seja.
O homem liberto dos convencionalismos terrenos, e amadurecido para as aquisições nobilitantes da alma, torna-se realmente o veículo propulsor de todas as ações lídimas, que invariavelmente levam ao desabrochamento das virtudes mais sublimes no recesso do seu ser.
"A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta: e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu". (Lucas, 13:18-19). O homem que fizer desabrochar dentro de si a semente do Reino de Deus, tornar-se-á virtuoso a ponto de poder entrar em contato mais íntimo com os espíritos puros, que no dizer evangélico são comparados às aves do céu.
"E ninguém, acendendo uma candeia a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz". Aquele que se reveste da iluminação interior, conseguida através do esforço próprio, compara-se a uma luz colocada sobre o velador, jamais sendo ofuscada pelos obscurantistas ou por aqueles que porfiam em viver nas trevas. A iluminação interior é um estado intrínseco, permanente, irreversível.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, nos esclarece que "Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem um saber mais profundo. A cada um deu uma tarefa específica, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros, só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem temporariamente afastados da perfeição e da prometida felicidade".
(Extraído de "Correio Fraterno do ABC" - ano 3 - abril 1970)

sábado, 14 de março de 2009

ARAI E SEMEAI


Meus Filhos, Que Jesus nos abençoe! Antes que o Senhor ascendesse, estávamos reunidos com aqueles que leriam nas palavras de João, o futuro evangelista, a mensagem de libertação e de eternidade.
Naquele entardecer, rico de perfumes e de bênçãos, o Mestre inolvidável aparece e, distendendo os braços para afagar, aproxima aqueles quinhentos da Galiléia, no seu afável e dúlcido coração e diz-lhes: – Ide, como as ovelhas mansas no meio de lobos rapaces.
Ide e pregai, pois que vos dou o poder de libertar as criaturas dos sofrimentos...
Eu vos dou a força para pisar a serpente do mal, sem que ela vos possa picar.
Eu vos ofereço o meu coração, para que o apresenteis ao mundo.
Não temais a ninguém, especialmente aqueles que somente vencem o corpo e não vos podem atingir a alma.
...E quando ascendeu em uma nuvem luminosa, aqueles que ali estavam, homens e mulheres, criancinhas e venerandos anciãos, saíram para levar a Sua mensagem de liberdade aos quatro pontos do mundo.
Ide, também vós outros, novos quinhentos da Galiléia, que renasceis da memória dos tempos, depois de naufrágios dolorosos e de prejuízos incalculáveis para a economia das vossas almas.
Ide, e semeai a Era do amor.
Não vos perturbeis com o mundo, com as suas facécias, nem temais as suas tenazes vigorosas e ameaçadoras.
Aquele amoroso e meigo Rabi prossegue convosco e conosco, conduzindo-nos ao porto de segurança para onde rumam.
É verdade que o corpo físico é um desafio, a própria luta ante os recentes progressos constitui um desafio impostergável.
Cantai, exultantes de alegria, porque fostes chamados e estais sendo selecionados para os misteres mais delicados e graves da construção do reino de Deus.
Se, por acaso, aninhar-se a dor em vossos sentimentos, bendizei-a.
E nesse colóquio entre a alma que chora e a dor que deve estar cravada, dizei: bendita sejas, por te apresentares como espinho nas carnes da minha alma, impedindo-lhe tropeços mais dolorosos e mais perturbadores.
Se a incompreensão testar as vossas resistências, eis que soa a oportunidade da tolerância e o momento da paciência, a fim de ser conquistado o contendor.
E, em qualquer circunstância, amai.
O amor é a força ciclópica que modela o Universo, exteriorizado pelo Pai Criador.
Com os sentimentos de amor, de bondade, guiados pela lógica de bronze da Doutrina Espírita, podereis dirigir os passos no rumo do Bem, com segurança, quando tudo aparentemente estiver contra vós.
Não temos outra alternativa, nem conhecemos outra diretriz que não sejam aquelas que estão expressas na palavra do Senhor: "Fazei todo o bem que vos esteja ao alcance.
Amai aos vossos inimigos, aos vossos perseguidores, servindo sempre", porque as mãos que obram nas trilhas da imortalidade estão colocando os alicerces da era do amor universal em nosso planeta, que está transitando para mundo de regeneração.
Nunca estareis a sós.
Vossos Guias, protetores e os anjos tutelares da lide espírita, em nome do Espírito de Verdade, estarão sempre convosco.
Ide, filhos da alma, em paz, em retorno ao vosso campo de trabalho e arai, semeai, vigiai as plântulas, defendei-as até que possam, como árvores frondosas e frutíferas, albergar a sociedade cansada, desiludida e necessitada de paz, de pão e de amor.
Que o Senhor de bênçãos vos abençoe, meus filhos.
São os votos do servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra


Mensagem do Espírito Dr. Bezerra de Menezes quando do encerramento da 8a Reunião Ordinária do Conselho Espírita Internacional, no dia 13 de fevereiro de 2002, na sede da Federação Espírita Brasileira, pela psicofonia de Divaldo Pereira Franco.
Revista Reformador de Abril de 2002.

sexta-feira, 13 de março de 2009

M MINHA PAZ VOS DOU

Esta a mensagem que o Divino Mestre entregou aos seus discípulos, após o término de sua exemplificação no mundo físico.
Esta, igualmente, a mensagem que em Seu Nome trazemos a esta assembléia de discípulos seus, unidos de alma e coração, consagrando na Terra a vera Fraternidade, legítima, pura, que comprova sempre a Presença Divina no seio do apostolado do Sumo Bem.
Espiritismo é sol nas almas, esclarecendo, pacificando, ensinando, conscientizando.
Espiritismo é luz do Eterno Amor, descida ao Mundo para aplanar os caminhos terrestres e elevar o Homem-Espírito a régias esferas da Criação.
Um dos seus objetivos é unir, para elevar, santificando sempre.
Vivemos a época precisa de seu esplendor, que deverá atingir os corações, não só na Terra Brasileira, mas nos vários continentes do Planeta e, mais além, nas esferas infelizes e conturbadas que invadem os domínios dos homens, promovendo discórdias.
O Universo, como um todo, é poema de luz e beleza, testificando o poder e a harmonia dos Céus.
Nele, pontifica a Soberana Vontade. Enviando a Doutrina Consoladora ao domicílio dos homens, por Seu Divino Cordeiro, é da Vontade Soberana ver Seus filhos amados unidos, em espírito, na verdade sublime de Seus ensinos.
Eis por que, na reunião de hoje, de irmãos que se consagraram à tarefa de edificar a paz, no labor da renúncia e do sacrifício, exemplificando a ação fraternal quando estava em pauta, não os interesses materiais, mas a Causa do Santo dos Santos Caminho, Verdade e Vida-, vem o Mundo Espiritual abençoar os corações enobrecidos na luta.
Amados, nosso pequenino orbe necessita, sim, dos corações unidos em nome do Divino Amor, que nos deixou a Sua Paz.
Embainhar as espadas, foi Sua ordem. Unidos hoje nas lágrimas derramadas no terreno árido revolvido e nas alegrias que ora florescem, assinalando mais uma vez a destinação desta Terra, rogamos ao Pai Exceiso abençoe a quantos lutaram por desfraldar a Bandeira da Fraternidade.
Em nome do Senhor, que nos deixou as amenidades de Sua Paz, o Mundo Espiritual a todos abraça, conclamando: "Para a frente e para o Alto, com o Cristo, hoje e sempre!"
Bittencourt Sampaio
(Mensagem recebida em reunião pública da Federação Espírita Brasileira, na tarde de 9-7-1978, pela médium Maria Cecília Paiva.)Reformador – nº 1795 – outubro – 1978

quarta-feira, 11 de março de 2009

NÃO JULGUEIS

“Não julgueis, a fim de não serdes julgados; — por­quanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros.” (Mateus, 7: 1 e 2.)
Há, nos versículos transcritos de Mateus, um forte apelo ao sentido de justiça na conduta de cada um.
O julgamento de nossos semelhantes deve ser entendido espiritualmente, com abstração total do quadro em que se emoldura a Justiça humana, com suas leis, tribunais, sentenças, absolvições e condenações.
O significado espiritual de Justiça corresponde a pensa­mentos retos, ajustados à Lei Divina, gerando ações em consonância com o que se passa no íntimo do ser.
Em outras palavras, praticar a Justiça é exteriorizar o que há de correto e digno diante da Lei Natural, em nossa consciência íntima, abrangendo todos os assuntos e circunstâncias que se nos deparam.
Como toda a Lei Divina pode ser resumida no Amor, a Justiça verdadeira não pode prescindir do Amor Soberano, nele compreendida a Caridade.
Exteriorizamos o que está em nosso íntimo. As iniqüidades do mundo em que vivemos são expressões dos pensa­mentos imperfeitos das criaturas que o habitam.
Nossas imperfeições decorrem ora do desconhecimento da Lei, ora de seu errado entendimento, ora de uma vivência em desacordo com ela.
Criaturas imperfeitas, todos necessitamos de indulgência mútua, assim como devemos perdoar sempre, como ensinou o Mestre Divino.
Não julgar o semelhante é aceitá-lo na condição em que se apresenta. Cumpre, entretanto, não confundir a aceitação da pessoa com a repressão necessária a todo mal, que constitui dever permanente. No episódio da mulher adúltera Jesus não a condenou, mas advertiu-a que não mais pe­casse.
A prática da Justiça traz preocupação constante com o bem. Aquele que reprova o mal praticado por outrem não pode deixar de comprovar retidão em sua conduta e ações, sob pena de perda de toda autoridade em seu reproche. Todos os interesses individuais, familiares, grupais, devem subordinar-se ao sentimento do que é justo.
Diz Kardec, em comentário à Questão 918 de “O Livro dos Espíritos”, que
“homem de bem é o que pra­tica a lei de justiça, amor e caridade, na sua maior pureza”.
“E bondoso, humanitário e benevolente para com to­dos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças.”
Homem de bem é o homem justo. E o Espírito que se ele­vou na hierarquia espiritual pela compreensão e prática da Lei de Deus.
Pela lei do progresso, abrangendo a tudo, todos os filhos de Deus, os Espíritos cria­dos por Ele tendem a aproximar-se da fonte geradora. O Espírito eterno, com a cons­ciência do bem e do mal, jamais pode fugir do determinismo da eterna evolução, quais­quer que sejam os transvios, os usos e abusos do livre-arbítrio de que goza desde que se reconhece como alma livre, individualizada.
Devemos conscientizar-nos de que nosso Pai e Criador não é um juiz na acepção do que conhecemos na Terra, apto a condenar ou absolver, de conformidade com as leis humanas.
“O Pai a ninguém julga.”
(João, 5: 22.)
A Justiça Divina transcende completamente às noções que temos da Justiça humana, com sentenças decretadas após discussões de erros e faltas, com acusações e defesas e final absolvição ou condenação a penas, que podem atingir à liberdade individual, aos bens e à própria vida do indivíduo.
O julgamento de Deus é um processo permanente em função de suas leis, eternas e imutáveis. Toda e qualquer transgressão já traz em seu bojo o mecanismo da retificação. Pode-se dizer que cada um julga a si mesmo por seus pensamentos e atos.
A Lei de Deus, perfeita em sua concepção e mecanismo, atinge a todos. Ninguém pode fugir ao seu alcance, assim co­mo os corpos celestes não podem furtar-se às leis da gravitação e da atração universais.
O livre-arbítrio de cada um permite-lhe pensar e agir nesse ou naquele sentido, ponderados todos os fatores externos, as influências boas ou más. Cada qual inscreve em sua consciência as boas ou más conseqüências de seus pensamentos e ações.
Eis o mecanismo do julga­mento.
Compete a cada um corrigir e reparar os próprios transvia­mentos. Progredirão mais rapidamente e mais felizes serão os que mais se aplicarem no bem, porque não sofrerão retardamentos em sua marcha ascensional, enquanto que os transgressores da Lei arcarão com a necessidade inarredável das retificações voluntárias ou compulsórias, que quase sempre resultam em sofrimentos e dores.
Portanto, o avanço progressivo ou o retardamento da marcha é obra de cada um.
A Justiça de Deus respeita a liberdade individual, distribuindo-se eqüitativamente a cada qual, segundo as próprias obras.
Não há exceções, nem privilégios, nem escolha pela graça. Deus é justo e bom para com todos. Sua graça e misericórdia são distribuídas equanimemente.
Também as influências exteriores não incidem arbitraria­mente sobre os pensamentos íntimos e as ações de cada indivíduo. A aceitação das in­fluências boas ou más depende de nossa vontade, de nossa disposição e inclinações. O campo Intimo determinará a adesão ou a rejeição às sugestões exteriores.
Uma obsessão simples ou grave só se instala porque encontra o campo próprio da simpatia, da tendência semelhante, dos objetivos comuns, da invigilância, da indiferença. A atração pode acontecer in­conscientemente, quando existe simpatia de sentimentos e pendores.
De outro lado, a influência espiritual benéfica precisa encontrar receptividade, afinidade, boa vontade, desejo de praticar o bem, fraternidade.
Em suma, as influências negativas ou positivas dependem da recepção do Espírito, de forma consciente, voluntária, ou de forma inconsciente. A in­diferença, a invigilância e a displicência facilitam as in­fluências inferiores.
Em quaisquer circunstâncias, a responsabilidade final é do próprio ser.
Estagnando, por sua omissão, agindo contrariamente à norma divina, que visa sempre ao bem, o Espírito automaticamente se compromete, submetendo-se à sanção da Lei imutável que impõe a reparação, cedo ou tarde.
Mundos materiais atrasados como o nosso, em que milhões de criaturas permanecem indiferentes ao progresso espiritual, são o habitat apropriado aos que tendem à maldade, à intemperança, à avareza, à inveja, à luxúria e aos crimes de variada natureza. Os sofrimentos e as dores são a resposta natural da Lei.
Expiações e provas são as características essenciais do nosso Mundo, pela condição de seus habitantes.
O Consolador vem para re­verter o triste quadro geral da Terra, em que predominam o egoísmo e o orgulho, conclamando os de boa vontade, os arrependidos, os dispostos ao trabalho no bem, os que aceitam o Cristo como Condutor e Salvador, a conjugarem esforços para que haja progresso efetivo do Orbe, possibilitando-lhe a transformação em mundo regenerado.
O juízo de Deus, segundo expressão humana corrente, deve ser entendido não mais como julgamento semelhante ao dos tribunais dos homens, mas como forma da Justiça Divina, proporcionando o progresso de todos, bons e maus, aqueles votados ao bem e estes transitoriamente nos transvios do mal.
Jesus tornou claro esse pensamento ao ensinar:
“Vós julgais segundo a carne, eu porém, a ninguém julgo.” (João, 8:15.)
Como expressão da vontade do Pai e, nesse sentido, uno com o Pai, também o Cristo a ninguém condena, cabendo ao Espírito o próprio julgamento.
Deixou, em sua passagem pela Terra, exemplos magníficos a respeito do entendimento e da aplicação da Lei.
Para simples ilustração, lembremos uma vez mais o episódio da mulher adúltera, antes referido.
Havia na lei hebraica disposição expressa sobre a sanção imposta à transgressão do adultério.
Os acusadores cercaram a mulher, apanhada em flagrante delito, exigindo o cumprimento da lei humana — a lapidação.
Jesus, interpelado pelos acusadores, dirige-se à cons­ciência Íntima de cada circunstante. Apela não à “justiça” in­senda na Lei humana, mas a Justiça como sentimento interior, que não pode prescindir de uma consciência que pesa sobre as próprias condições daquele que se arroga o direito de julgar.
Como todos nós somos devedores perante a Lei maior, não nos sentimos aptos a condenar, nem mesmo a julgar nosso semelhante.
Foi o que ocorreu naquele instante de claridade espiritual inspirada pelo Mestre a todos os que exigiam a lapidação da pecadora.
No entanto, chamados à razão justa, ninguém se aventurou a atirar a primeira pedra. Cada um se retirou silenciosa-mente, como narram os Evangelhos.
Também Jesus não condenou a mulher, que por si mesma já se havia julgado, limitando-se a exortá-la a que não mais pecasse.
Na Terra, o Cristo é o aplicador da Lei Divina. Esta estabelece, como torna claro o Consolador, que o Espírito culpa­do, vale dizer transgressor, é quem se julga a si mesmo. Nesse auto julgamento não há enganos como nos tribunais humanos, uma vez que a Lei Divina e seus mecanismos são perfeitos.
Em lugar do julgamento seguido de condenação dos culpados, dos rebeldes, dos que praticam o mal por sua escolha, os Espíritos transgressores, encarnados ou desencarnados, são conduzidos às retificações através das expiações. A lei da reencarnação funciona como instrumento da Justiça Divina, proporcionando aos que se desviaram os meios de ressarcimento dos prejuízos causados, ao mesmo tempo que torna possível o progresso individual do deve­dor.
Os que conseguem caminhar pelas sendas da Lei, sem se desviarem, obedecendo—a voluntariamente, realizam seu progresso em demanda da per­feição, submetendo-se a provações, que são as formas de aferição do aproveitamento do Espírito. Para esses não há expiações, reservadas aos que contraem débitos.
Há clara distinção entre provas e expiações. A população da Terra submete-se ora a provas, ora a expiações, ora a ambas.
Jesus não veio para julgar os homens, mas para os sal­var, ensinando-lhes como de­vem viver e morrer, tendo em vista a vida eterna da alma.
Para a regeneração de cada um e da Humanidade, fase que sucederá à de provas e expiações, em futuro imprevisível, deixou ensinos e exemplificações de todas as virtudes, que são os meios, os caminhos pa­ra todos de se entenderem fraternalmente, de compreenderem o verdadeiro sentido da vi­da, na prática de toda a Lei, que se resume em Amor, Justiça, Caridade.
Fonte: Reformador – agosto, 1989

terça-feira, 10 de março de 2009

PERANTE A DESENCARNAÇÃO



Resignar-se ante a desencarnação inesperada do parente ou do amigo, vendo nisso a manifestação da Sábia Vontade que nos comanda os destinos.
Maior resignação, maior prova de confiança e entendimento.
Dispensar aparatos, pompas e encenações nos funerais de pessoas pelas quais se responsabilize, abolir o uso de velas e coroas, crepes e imagens, e conferir ao cadáver o tempo preciso de preparação para o enterramento ou a cremação.
Nem todo Espírito se desliga prontamente do corpo.
Emitir para os companheiros desencarnados, sem exceção, pensamentos de respeito, paz e carinho, seja qual for a sua condição.
A caridade é dever para todo clima.
Proceder corretamente nos velórios, calando anedotário e galhofa em torno da pessoa desencarnada, tanto quanto cochichos impróprios ao pé do corpo inerte.
O companheiro recém-desencarnado pede, sem palavras, a caridade da prece ou do silêncio que o ajudem a refazer-se.
Desterrar de si quaisquer conversações ociosas, tratos comerciais ou comentários impróprios nos enterros a que comparecer.
A solenidade mortuária é ato de respeito e dignidade humana.
Transformar o culto da saudade, comumente expresso no oferecimento de coroas e flores, em donativos às instituições assistenciais, sem espírito sectário, fazendo o mesmo nas comemorações e homenagens a desencarnados, sejam elas pessoais ou gerais.
A saudade somente constrói quando associada ao labor do bem.
Ajuizar detidamente as questões referentes a testamentos, resoluções e votos, antes da desencarnação, para não experimentar choques prováveis, ante inesperadas incompreensões de parentes e companheiros.
O corpo que morre não se refaz.
Aproveitar a oportunidade do sepultamento para orar, ou discorrer sem afetação,
quando chamado a isso, sobre a imortalidade da alma e sobre o valor da existência humana.
A morte exprime realidade quase totalmente incompreendida na Terra.

“Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra,
nunca verá a morte.” — Jesus. (JOÃO, 8:51.)

Ditado Pelo Espírito - André Luiz - Psicografia Waldo Vieira

domingo, 8 de março de 2009

VOCÊ E A REENCARNAÇÃO



A reencarnação é o retorno da alma à Terra, repetidas vezes, no corpo humano. Sòmente essa doutrina explica a aparentes injustiças da vida. É a verdade eterna.
Na sucessão dos nascimentos, o homem adquire experiência e conhecimento acerca de si mesmo e do seu destino. Pela reencarnação aprende-se que “o homem colhe aquilo que semeia”.
Toda vida é eterna. A lei da justiça é infalível. Não há um pensamento, uma palavra ou uma ação que não tenha o seu eco. Para possuir, dê. Você tem de saber disso. O homem cria as causas e a lei cármica ajusta os efeitos. Você tem liberdade de escolher entre o bem e o mal.
Portanto, o melhor esforço está no aperfeiçoamento próprio. É isso que importa, afinal de contas? A instrução é o tesouro da alma. Mas, que aproveita ao homem possuir um tesouro e não usa-lo em boas ações?
O desenvolvimento da nossa acuidade espiritual faz brilhar a luz dentro de nós. Não basta ao homem espiritualizar-se. Ele deve aplicar e demonstrar a sua espiritualização. Viver é dar.
Deus enviou-nos, a cada um de nós, para ser um trabalhador do Seu Reino. O fruto da cultura é semeado em obras para a generosidade de Deus no mundo.
De outro lado, o conhecimento é como a semente; a que cai no coração aberto, produz o fruto da perfeição.
Se a nossa fé em Deus for suprema, Deus retribui na mesma medida. A justiça o exige e, assim, o entendemos. Destinamo-nos à felicidade aqui ou além se, acima de tudo, proporcionarmos felicidade ao nosso semelhante. Essa é a lei de causa e efeito – renascimento.
De que serve o conhecimento inativo?
Dê amor à Humanidade e Você receberá amor, em todas as suas manifestações.
Todo ser humano é rodeado de oportunidades sem fim e de infinitas possibilidades. A lei cármica retribui a Você do modo como Você a recebe. Procure conhecer-se e praticar as boas ações sempre. Experimente.

(Nova Iorque, N.I., E.U.A, 14, Julho, 1965.)

Mensagens Recebidas em Língua Inglesa, tradução de Hermínio Corrêa de Miranda
Livro “Entre Irmãos de Outras Terras” – Psicografia Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.

sábado, 7 de março de 2009

IGREJA LIVRE



"Mas a Jerusalém que é de cima, é livre, a qual é mãe de todos nós." - Paulo. (GÁLATAS, 4:26.)

O exame isolado deste versículo sugere um tema de infinita grandeza para os discípulos religiosos do Cristianismo.
A palavra do apóstolo aos gentios recorda-nos a igreja liberta do Cristo, não na esfera estreita dos homens, mas no ilimitado pensamento divino.
O espírito orgulhoso e sectário, há tanto tempo dominante nas atividades da fé, encontra na afirmativa de Paulo de Tarso um antídoto para as suas venenosas preocupações.
Em todas as épocas, têm vivido na Terra os nobres excomungados, os incompreendidos valorosos e os caluniados sublimes. Passaram, nos círculos das criaturas, qual acontece ainda hoje, perseguidos e desprezados, entre o sarcasmo e a indiferença.
Por vezes, sofrem o degredo social por não se aviltarem ante as explorações delituosas do fanatismo; em outras ocasiões, são categorizados à conta de ateus pelas suas idéias mal interpretadas.
É que, de quando em quando, rajadas de ódios e dúvidas sopram nas igrejas desprevenidas da Terra. Os crentes olvidam o "não julgueis" e confiam-se a lutas angustiosas.
Semelhantes atritos, contudo, não alteram a consciência tranqüila dos anatematizados que se sentem sob a tutela do Divino Poder. Instintivamente, reconhecem que além da esfera obscura da ação física resplandece o templo soberano e invisível em que Jesus recolhe os servidores fiéis, sem deter-se na cor ou no feitio de suas vestimentas.
Benfeitores e servos excomungados dos caminhos humanos, se tendes uma consciência sem mácula, não vos magoe a pedrada dos homens que se distanciam uns dos outros pelo separatismo infeliz! Há uma Igreja augusta e livre, na vida espiritual, que é acolhedora mãe de todos nós! ...

Livro: Vinhas de Luz - Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier

sexta-feira, 6 de março de 2009

TRANSFORMANDO A FÉ EM CERTEZA


Nos últimos tempos tem-se acirrado a discussão entre a adjetivação do Espiritismo como religião ou não. No cerne do debate, figura a conotação moral dos ensinos espíritas, e sua aplicabilidade prática à conduta e ao comportamento dos indivíduos (espíritos), que corresponde à idéia de uma ética espírita. Religião, na acepção comum e tradicional, o Espiritismo, convenhamos, não o é, de vez que não possui os elementos formais que a caracterizam: culto, rituais, imagens, sacramentos, dogmas e práticas religiosas, e organização hierárquica.

Na pauta de nossas considerações, existem os chamados princípios fundamentais do espiritismo: existência de Deus, imortalidade da alma, reencarnação, pluralidade dos mundos habitados, comunicabilidade entre os espíritos (mundo material e mundo espiritual) e evolução. A diferença de enquadramento destes (como dogmas ou leis) é exatamente o mote deste artigo. Temos visto a absoluta passividade da grande maioria dos espíritas, que não estuda e nem se interessa na promoção do estudo sério e complementar do trabalho dos Espíritos Superiores, assinado como "Codificação Espírita". É bem verdade que existem vários grupos renomados e conceituados, pelo Brasil afora, que excepcionam a regra acima destacada. Mas, em linhas gerais, os grupos "de estudo" das casas espíritas (independente da nomenclatura que ostentem), visam, tão-somente, reproduzir o saber adquirido, ou seja, repetir (à exaustão, ou, também, nem tanto), as idéias contidas nos livros fundamentais da Doutrina Espírita. Decora-se, repete-se, reproduz-se o que Kardec e a Falange da Verdade tenham "revelado", deixando de promover o desenvolvimento das idéias espíritas, em face do próprio processo evolutivo (individual e coletivo) do planeta. Muitos, até, pasmem, aguardam que novos espíritos "reveladores" (e, somente eles) venham, se for o caso, acrescentar novos pontos, necessários em função da modificação dos temas de interesse da Humanidade (considerando, é claro, a limitação do Prof. Rivail em função do contexto histórico-social da Europa do século XIX, o qual, claramente, é bem distinto dos "ares do século XXI").

Em termos de Reencarnação, a história não é nem um pouco diferente. Os espíritas "de carteirinha" (e os que vão a reboque destes, também, abdicando do direito-dever de estudar, pensar e construir seu próprio raciocínio lógico), acabam tratando os principais temas como "artigos de fé". Então, diz-se, comumente: "Eu sou espírita; eu creio na reencarnação". Melhor, no entanto, e mais apropriado, seria dizer: "Eu sou espírita, e tenho certeza que a reencarnação existe!".

Por que certeza? Pelas evidências que estão ao nosso derredor, e que saltam aos nossos olhos:
1) somente a reencarnação pode explicar a origem da diversidade entre os espíritos - e, em conseqüência, por que uns têm oportunidades tão distintas em relação a outros;
2) a existência de fenômenos (espontâneos ou artificialmente provocados), como a regressão de memória, a terapia de vidas passadas e o "déjà-vu" (a impressão de já ter visto ou experimentado algo antes), demonstram a existência de uma memória espiritual, pretérita, somente possível em face das múltiplas existências;
3) a formação e o desenvolvimento de nossa "inteligência espiritual", não é obra de uma única vida, de vez que, seja em relação aos gênios (que, desde tenra idade, demonstram capacidades e habilidades inatas), seja em relação ao homem comum, médio, todos nós resgatamos o aprendizado de vivências anteriores, para continuá-lo, complementá-lo ou aplicá-lo na atual encarnação).
Assim, é comum ver-mos que nossa "tendência" para esta ou aquela área do conhecimento, estudo ou profissão, não é uma escolha casual, mas uma decorrência de nossa afinidade com tal matéria, egressa de outras existências.

O que nos falta, sinceramente, é tomar coragem e empreender pesquisas e experimentos científicos sérios, nas principais universidades, laboratórios e instituições análogas deste país, para a formatação de teses que possam ser demonstradas segundo critérios específicos, particulares a uma "nova" ciência, a Ciência do Espírito. Adotando, assim, objetivos, método e metodologia próprios de uma ciência distinta das demais existentes (materiais), poderá o Espiritismo adentrar ao ramo do conhecimento comum da Humanidade, deixando de ser mera crença ou razão ideológica com ligação religiosa.

Com isto, verdadeiramente, trataremos de desmistificar o Espiritismo, cunhando-o com caracteres de respeitabilidade, permitindo sua divulgação a todos aqueles que se sintam sensibilizados - pelo despertamento de suas inteligências - em relação às teses espíritas.

Se é comum, nas Instituições Espíritas, rever, relembrar e acentuar certas "passagens evangélicas", permita o leitor que usemos do mesmo artifício, em relação à teoria filosófica espírita (e sua comprovação prática, por meio de evidências científicas), para asseverar: "veja quem tem olhos de ver, e ouça quem tem ouvidos de ouvir".

Isto, é claro, não com olhos "religiosos", mas, sim, filosófico-práticos, transformando a fé espírita em certeza espírita.

(*) Marcelo Henrique Pereira, Mestre em Ciência Jurídica, Presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo de Santa Catarina e Delegado da Confederação Espírita Pan-Americana para a Grande Florianópolis (SC)

quarta-feira, 4 de março de 2009

PACIÊNCIA E DIÁLOGO


Em família, dentro do lar, muitas vezes, a batalha da intolerância de cada um de seus membros, colhe fora as armas da contrariedade com que se digladiarão.

A impunidade alimenta a fogueira, que transformará em inferno, o que se criou para ser um paraíso.

Diferentes são os valores espirituais dos familiares, assim, como são diferentes as épocas em que cada um reencarnou.

Aos pais cabem o equilíbrio e a harmonia, severos aqui, compreensivos acolá, bondosos mais adiante e, sobretudo, procurando ambos dar os bons exemplos.

Os pais devem se dar conta de que tomar certas posturas diante dos filhos, orientá-los sobre o que o que devem fazer, é justamente do que eles necessitam.

É necessário que os pais possuam segurança e firmeza na educação que estão usando para instruir os filhos.

Tudo evolui e os meios de educar também, porém o que acontece normalmente, é que os pais se apegam aos métodos das suas épocas e, os filhos evocam os conceitos de seu tempo, nascendo assim os conflitos, frutos de exageros em ambos os lados.

Sendo assim, é preciso estabelecer a ponte do diálogo, os pais devem reunir-se com os filhos e, sem maldade, ironia ou ressentimento, procurando ouvir com atenção o que os filhos desejam. Incentivar os filhos a falarem de si mesmos, do que gostam e do que não gostam, fazendo com que cada um procure expor com coragem e sinceridade as razões das suas queixas, sem ofensa alguma; é essencial que se ouça e medite e depois através de conversas fraternas e muita boa vontade de cada um - os que tiverem ouvidos logicamente irão atentar e os que tiverem vontade poderão fazer. Os pais não devem temer os filhos, mas amá-los, a ponto de, quando necessário, corrigi-los com energia. É assim que Deus faz, é isso que espera que os pais façam com os espíritos que confia à sua guarda, na condição de filhos.

Um outro ponto importante é que, em muitos lares modernos, seus membros se empenham em trazer de fora males, para se torturarem mutuamente; entretanto, apiedam-se das aflições alheias e não medem esforços para extingui-las ou atenuá-las - é um detalhe a que os pais devem estar atentos pois, antes de mais nada, esse esforço deve ser aplicado primeiro no próprio lar.

É preciso educar os filhos com responsabilidade, legando-lhes valores sociais, morais e religiosos, sem pieguice nem afetação. Pois, se desejamos um mundo novo e melhor, devemos ensinar aos filhos o respeito, a fidelidade, a honradez.

FONTE: Sucessivas manifestações publicadas na Internet, além de matérias da lista "Momento Espírita".

terça-feira, 3 de março de 2009

O PERISPÍRITO



O que é o perispírito? Qual a sua origem e natureza? Quais são as suas propriedades e funções? É ele a sede da memória e da sensibilidade? É o molde do corpo físico? À luz da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, tentaremos, resumidamente, responder a essas questões.

DEFINIÇÃO, ORIGEM E NATUREZA

O perispírito é uma condensação do fluido cósmico universal em torno de um foco de inteligência, ou Alma. É o envoltório semimaterial do Espírito e o laço que une o Espírito à matéria do corpo. Portanto, nos Espíritos desencarnados o perispírito forma o corpo fluídico que eles possuem, enquanto nos Espíritos encarnados ele é o órgão semimaterial que une o corpo físico ao Espírito, sendo, dessa forma, o órgão de transmissão de todas as sensações. Se diz que o perispírito é semimaterial porque pertence à matéria pela sua origem (Fluido Universal) e à espiritualidade pela sua natureza etérea. Por sua natureza e em seu estado normal o perispírito é invisível, porém, ele pode sofrer modificações que o tornem perceptível e até tangível, ou seja, possível de ser visto e tocado.

O Espírito extrai seu perispírito dos elementos contidos nos fluidos ambientes de cada mundo, de onde se deduz que os elementos constitutivos do perispírito variam conforme os mundos. A natureza do perispírito está sempre em relação ao grau de adiantamento moral do Espírito, portanto, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele venha encarnar.

PROPRIEDADES

O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma em torno do corpo uma atmosfera que o pensamento e a força de vontade podem dilatar com maior ou menor intensidade. A Ciência comprova isso através de fotografias se utilizando da máquina Kirlian.

Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos do mundo espiritual, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, re­age sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.

Em virtude de sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode atuar sobre a matéria grosseira, sem intermediário, isto é, sem o elemento que o ligue à matéria. Esse intermediário, que é o perispírito, é o princípio de todas as manifestações espíritas e anímicas, pois possibilita ao Espírito atuar sobre a matéria.

O perispírito é o intermediário pelo qual se processa a transferência dos fluidos, da energia, nos processos de curas e passes espirituais.

FUNÇÕES


O perispírito é o organismo que personaliza e individualiza o Espírito e o identifica quanto à aparência. A alma após a morte jamais perde sua individualidade. Ela comprova essa individualidade, apesar de não mais possuir o corpo material, através de um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito. É através dele que um ser abstrato como é o Espírito se torna um ser concreto, definido e apreensível pelo pensamento.

Órgão sensitivo do Espírito:

O perispírito é o órgão de transmissão de todas as sensações do Espírito. O corpo recebe uma sensação que vem do exterior, o perispírito que está ligado a esse corpo transmite essa sensação e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente a recebe. E vice-versa: quando o ato é de iniciativa do Espírito, o perispírito transmite e o corpo executa.

Princípio das Comunicações:

Para atuar na matéria, o Espírito precisa de matéria. Como já foi dito, em virtude de sua natureza etérea, o Espírito, propriamente dito, não pode atuar sobre a matéria grosseira sem um intermediário que o ligue a essa matéria. Esse intermediário, que nós chamamos de perispírito, nos faculta a chave de todos os fenômenos espíritas de ordem material. Portanto, o perispírito é o órgão de manifestação utilizado pelo Espírito nas comunicações com o plano dos espíritos encarnados.

SEDE DA MEMÓRIA E SENSIBILIDADE

É comum encontrarmos alguns autores espíritas que confundem alguns atributos do Espírito como sendo do perispírito. A sede da memória é um deles. Segundo Kardec, o Espírito é quem possui a sede da memória, pois ele é o ser inteligente, pensante e eterno. Sem o Espírito, o perispírito é uma matéria inerte privada de vida e sensações. É importante lembrar que os Espíritos ao passarem de um mundo para outro, mudam de perispírito de acordo com a natureza dos fluidos ambientes. Se no perispírito residisse a sede da memória, o Espírito a perderia cada vez que tivesse que mudar a constituição íntima de seu envoltório fluídico.

A mesma coisa se dá quando nos referimos à sede da sensibilidade. É o Espírito quem ama, sofre, pensa, é feliz, triste, ou seja, é nele que residem todas essas sensações ou faculdades. O perispírito é apenas o órgão que transmite todas essas sensações, portanto, é um instrumento a serviço do Espírito. Logo, segundo Kardec, é in­correto dizer que é no perispírito que ficam marcadas ou gravadas certas memórias ou atos do Espírito durante sua vida. Como já vimos, o perispírito é matéria, não pensa nem tem memória. Isso são atributos do Espírito.

MOLDE DO CORPO FÍSICO

Outra questão polêmica é se o perispírito é o molde do corpo físico. Analisando detidamente a questão à luz da Codificação Espírita feita por Kardec, chegaremos à conclusão que o perispírito não é o molde, modelo ou forma do corpo físico. É, sim, o princípio diretor da vida organizada, o elemento de aglutinação, de organização da matéria obediente às leis biológicas e ao comando do Espírito. Citaremos apenas três passagens das obras de Allan Kardec para demonstrarmos o que foi acima exposto "A Gênese" - cap. XI - 11:

"Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio espírito que molda o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com sua inteligência."

"A Gênese" - cap. XI - 18:

"Quando o Espírito tem de encarnar num corpo em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível desde o momento da concepção. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio de seu perispírito se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra...:" No desencarne ocorre exatamente o contrário: o perispírito se desprende molécula a molécula, conforme se unira e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo e, sim, a morte do corpo é que determina a partida do Espírito.

Finalmente, em "O Livro dos Espíritos, pergunta n. 356”:

P - “Entre os natimortos alguns haverá que não tenham sido destinados à encarnação de Espíritos?"
R - “Alguns há, efetivamente a cujos corpos nunca nenhum Espírito esteve destinado. Nada tinha que se efetuar para eles. Tais crianças só vêm por seus pais."

Pergunta n. 356-A:

P - “Pode chegar a termo de nascimento um ser dessa natureza?"
R - “Algumas vezes, mas não vive."

Ora, se existem corpos físicos aos quais nunca nenhum Espírito esteve destinado, obviamente não havendo Espírito, não haveria perispírito para servirem de modelos. E como conseguiram as células se multiplicarem e darem ao final uma conformação humana a esse corpo físico se não havia o perispírito para servir de molde? Isso nos leva à conclusão de que o perispírito não é o molde ou forma do corpo humano.

O molde, a forma ou modelo se encontra nos fatores genéticos e hereditários de cada ser, herdados do material genético doado pelos seus pais. "O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito." O Livro do Espíritos, perg. 207 e ainda em João 3:6, Jesus disse: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito."

Enfatizamos ainda que o Espírito se utiliza do perispírito como um laço fluídico para se ligar ao corpo em formação, corpo este que se desenvolve conforme os fatores genéticos e hereditários de cada ser herdado, como já foi dito, do material genético doado pelos seus pais. ("A Gênese", cap. XI - item 18).

Sendo o Espírito o arquiteto e condicionador do seu corpo de manifestação, juntamente com as Leis Naturais, não há que se falar que o perispírito seja o molde do corpo físico e, sim, o perispírito, em cada encarnação, que se modela para o corpo físico.

BIBLIOGRAFIA:
Obras da Codificação Espírita de Allan Kardec (O Perispírito) de Rubens P. Meira; Novo Testamento João, 3:6.

segunda-feira, 2 de março de 2009

ATMOSFERA ESPIRITUAL.


O Espiritismo nos ensina que os Espíritos constituem a população invisível do globo, que estão no espaço e entre nós, nos vendo e nos acotovelando sem cessar, de tal sorte que, quando nos acreditamos sós, temos constantemente testemunhas secretas de nossas ações e de nossos pensamentos. Isto pode parecer incômodo para certas pessoas, mas uma vez que assim é, não se pode impedir que o seja; cabe a cada um fazer como o sábio que não tinha medo de que sua casa fosse de vidro. Sem dúvida nenhuma, é a esta causa que é preciso atribuir a revelação de tantas torpezas e más ações que se cria enterradas na sombra.

Além disso sabemos que, além dos assistentes corpóreos, há sempre ouvintes invisíveis; que sendo a permeabilidade uma das propriedades do organismo dos Espíritos, estes podem se encontrar em número ilimitado num espaço dado. Freqüentemente, nos foi dito que, em certas sessões, estavam em quantidades inumeráveis. Na explicação dada ao Sr. Bertrand a propósito das comunicações coletivas que obteve, foi dito que o número dos Espíritos presentes era tão grande, que a atmosfera estava, por assim dizer, saturada de seus fluidos. Isto não é novo para os Espíritas, mas não se deduziu disto talvez todas as conseqüências.

Sabe-se que os fluidos emanado dos Espíritos são mais ou menos salutares segundo o grau de sua depuração; conhece-se o seu poder curativo em certos casos, e também seus efeitos mórbidos de indivíduo a indivíduo. Ora, uma vez que o ar pode estar saturado desses fluidos, não é evidente que, segundo a natureza dos Espíritos que proliferam em um lugar determinado, o ar ambiente se acha carregado de elementos salutares ou malsãos, que devem exercer uma influência sobre a saúde física tão bem quando sobre a saúde moral? Quando se pensa na energia da ação que um Espírito pode exercer sobre um homem, pode-se admirar daquela que deve resultar de uma aglomeração de centenas ou de milhares de Espíritos? Esta ação será boa ou má conforme os Espíritos derramem no meio dado um fluido benfazejo ou malfazejo, agindo à maneira das emanações fortificantes ou dos miasmas deletérios, que se esparramam no ar. Assim podem se explicar certos efeitos coletivos produzidos sobre as massas de indivíduos, o sentimento de bem-estar ou de mal-estar que se sente em certos meios, e que não têm nenhuma causa aparente conhecida, o arrastamento coletivo para o bem ou o mal, os impulsos gerais, o entusiasmo ou o desencorajamento, por vezes espécie de vertigem que se apodera de toda uma assembléia, de todo um povo mesmo. Cada indivíduo, em razão do grau de sua sensibilidade, sofre a influência dessa atmosfera viciada ou vivificante. Por este fato, que parece fora de dúvida, e que confirmam, ao mesmo tempo, a teoria e a experiência, encontramos nas relações do mundo espiritual com o mundo corpóreo, um novo princípio de higiene que a ciência, sem dúvida um dia fará entrar em linha de conta.

Podemos, pois, subtrair-nos a essas influências emanando de uma fonte inacessível aos meios materiais? Sem nenhuma dúvida; porque do mesmo modo que saneamos os lugares insalubres destruindo- lhes a fonte dos miasmas pestilentos, podemos sanear a atmosfera moral que nos cerca, subtraindo-nos às influências perniciosas dos fluidos espirituais malsãos, e isto mais facilmente do que não podemos escapar às exalações pantanosas, porque isto depende unicamente de nossa vontade, e ali não estará um dos menores benefícios do Espiritismo quando for universalmente compreendido e sobretudo praticado.

Um princípio perfeitamente averiguado por todo Espírita, é que as qualidades do fluido perispiritual estão em razão direta das qualidades do Espírito encarnado ou desencarnado; quanto mais seus sentimentos são elevados e livres das influências da matéria, mais seu fluido é depurado. Segundo os pensamentos que dominam num encarnado, ele irradia raios impregnados desses mesmos pensamentos que os viciam ou os saneiam, fluidos realmente materiais, embora impalpáveis, invisíveis para os olhos do corpo, mas perceptíveis para os sentidos perispirituais, e visíveis para os olhos da alma, uma vez que impressionam fisicamente e tomam aparências muito diferentes para aqueles que estão dotados da visão espiritual.

Unicamente pelo fato da presença dos encarnados numa assembléia, os fluidos ambientes serão, pois, salubres ou insalubres, segundo os pensamentos dominantes sejam bons ou maus. Quem traz consigo pensamentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de animosidade, de cupidez, de falsidade, de hipocrisia, de maledicência, de malevolência, em uma palavra, pensamentos hauridos na fonte das más paixões, espalha ao seu redor eflúvios fluídicos malsãos, que reagem sobre aqueles que o cercam. Numa assembléia, ao contrário, onde todos não trouxessem senão sentimentos de bondade, de caridade, de humildade, de devotamento desinteressado, de benevolência e de amor ao próximo, o ar estará impregnado de emanações saudáveis no meio das quais sente-se viver mais comodamente.

Se se considera agora que os pensamentos atraem os pensamentos da mesma natureza, que os fluidos atraem os fluidos similares, compreende-se que cada indivíduo conduz consigo um cortejo de Espíritos simpáticos, bons ou maus, e que assim o ar está saturado de fluidos em relação com os pensamentos predominantes. Se os maus pensamentos estão em minoria, eles não impedirão as boas influências de se produzirem, mas as paralisam. Se eles dominam, enfraquecem a irradiação fluídica dos bons Espíritos, ou mesmo por vezes, impedem os bons fluídos de penetrar nesse meio, como o nevoeiro enfraquece ou detém os raios do sol.

Qual é, pois, o meio de se subtrair à influência dos maus fluidos? Este meio ressalta da própria causa que produz o mal. Que se faz quando se reconheceu que um alimento é contrário à saúde? É rejeitado, e se os substitui por um alimento mais sadio. Uma vez que são os maus pensamentos que engendram os maus fluidos e os atraem, é preciso se esforçar de deles não ter senão bons, repelindo tudo o que é mau, como se repele um alimento que pode nos tornar doentes, em uma palavra, trabalhar pela sua melhoria moral, e, para nos servir de uma comparação do Evangelho, "não só limpar o vaso por fora, mas limpá-lo, sobretudo, por dentro."

A Humanidade, em se melhorando, verá se depurar a atmosfera fluídica no meio da qual ela vive, porque não a rodeará senão de bons fluidos, e que estes últimos oporão uma barreira à invasão dos maus. Se um dia a Terra chegar a não ser povoada senão por homens praticando entre eles as leis divinas, de amor e de caridade, ninguém duvida que não se encontrem nas condições de higiene física e moral diferentes daquelas que existem hoje.

Esse tempo está ainda longe, sem dúvida, mas em esperando-o, estas condições podem existir parcialmente, e é nas assembléias espíritas que cabe dar-lhe o exemplo. Aqueles que tiverem possuído a luz, serão um tanto mais repreensíveis quanto terão tido entre as mãos os meios de se esclarecer; incorrerão na responsabilidade dos atrasos que seu exemplo e sua má vontade terão levado na melhoria geral.

Isto é uma utopia, uma má declamação? Não; é uma dedução lógica dos próprios fatos que o Espiritismo nos revela a cada dia. Com efeito, o Espiritismo nos prova que o elemento espiritual, que, até o presente, foi considerado como antítese do elemento material, tem, com este último, uma conexão íntima, de onde resulta uma multidão de fenômenos inobservados ou incompreendidos. Quando a ciência tiver assimilado os elementos fornecidos pelo Espiritismo, ela nele haurirá novos e importantes recursos para apropria melhoria material da Humanidade. Assim, cada dia vemos se estender o círculo das aplicações da doutrina que está longe, como alguns o crêem ainda, de estar restrita ao pueril fenômeno das mesas girantes ou outros efeitos de pura curiosidade. O Espiritismo, realmente, não foi tomado em seu vôo, senão do momento em que entrou na via filosófica; é menos divertido para certas pessoas, que nele não procuravam senão uma distração, mas é melhor apreciado pelas pessoas sérias, e o será ainda mais, à medida que for melhor compreendido em suas conseqüências.
REVISTA ESPÍRITA JORNAL DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS PUBLICADA SOB A DIREÇÃO DE ALLAN KARDEC ANO 10 - MAIO 1867 - Nº. 5