sábado, 29 de agosto de 2009

EM HOMENAGEM AOS 178 ANOS DE NASCIMENTO DO DR. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES CAVALCANTI


Nascido na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, hoje Solonópole, no Ceará, aos 29 dias do mês de agosto de 1831, e desencarnado no Rio de Janeiro, a 11 de abril de 1900.
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, no ano de 1838, entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde em dez meses apenas, preparou- se suficientemente até onde dava o saber do mestre que lhe dirigia a primeira fase de educação. Bem cedo revelou sua fulgurante inteligência, pois, aos onze anos de idade, iniciava o curso de Humanidades e, aos treze anos, conhecia tão bem o latim que ministrava, a seus companheiros, aulas dessa matéria, substituindo o professor da classe em seus impedimentos.
Seu pai, o capitão das antigas milícias e tenente- coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo, de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em fazendas de criação. Com a política, e por efeito do seu bom coração, que o levou a dar abonos de favor a parentes e amigos, que o procuravam para explorar- lhe os sentimentos de caridade, comprometeu aquela fortuna. Percebendo, porém, que seus débitos igualavam seus haveres, procurou os credores e lhes propôs entregar tudo o que possuía, o que era suficiente para integralizar a dívida. Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo- lhe que pagasse como e quando quisesse.
O velho honrado insistiu; porém, não conseguiu demover os credores sobre essa resolução, por isso deliberou tornar- se mero administrador do que fora sua fortuna, não retirando dela senão o que fosse estritamente necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da abastança às privações.
Animado do firme propósito de orientar- se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.
Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou- se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes. A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina, com a memória "Algumas Considerações sobre o Cancro encarado pelo lado do Tratamento". O parecer foi lido pelo relator designado, Acadêmico José Pereira Rego, a 11 de maio de 1857, tendo a eleição se efetuado a 18 de maio do mesmo ano e a posse a 1.o. de junho. Em 1858 candidatou- se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Por intercessão do mestre Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião- Mor do Exército, Bezerra de Menezes foi nomeado seu assistente, no posto de Cirurgião- Tenente.
Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador, Haddock Lobo, sob a alegação de ser médico militar. Objetivando servir o seu Partido, que necessitava dele a fim de obter maioria na Câmara, resolveu Bezerra de Menezes afastar- se do Exército. Em 1867 foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado em lista tríplice para uma cadeira no Senado.
Quando político, levantou- se contra ele, a exemplo do que ocorre com todos os políticos honestos, uma torrente de injúrias que cobriu o seu nome de impropérios. Entretanto, a prova da pureza da sua alma deu- se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía.
Corria sempre ao tugúrio do pobre, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.
Desviado interinamente da atividade política e dedicando- se a empreendimentos empresariais, criou a Companhia de Estrada de Ferro Macaé a Campos, na então província do Rio de Janeiro. Depois, empenhou- se na construção da via férrea de S. Antônio de Pádua, etapa necessária ao seu desejo, não concretizado, de levá- la até o Rio Doce. Era um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872, abriu o "Boulevard 28 de Setembro", no então bairro de Vila Isabel, cujo topônimo prestava homenagem à Princesa Isabel. Em 1875, era presidente da Companhia Carril de S. Cristóvão.
Retornando à política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato até 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.
O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos". Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando- o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu- mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar- me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi- me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei- me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".
No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.
Bezerra era um religioso no mais elevado sentido. Sua pena, por isso, desde o primeiro artigo assinado, em janeiro de 1887, foi posta a serviço do aspecto religioso do Espiritismo. Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico e religioso, quer pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espírita do Brasil, incumbiu- o de escrever, aos domingos, no "O Paiz" tradicional órgão da imprensa brasileira, a série de "Estudos Filosóficos", sob o título "O Espiritismo". O Senador Quintino Bocaiúva, diretor daquele jornal de grande penetração e circulação, "o mais lido do Brasil", tornou-se mesmo simpatizante da Doutrina Espírita.
Os artigos de Max, pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. De novembro de 1886 a dezembro de 1893, escreveu ininterruptamente, ardentemente.
Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui- la sem dano para a Nação", "Breves considerações sobre as secas do Norte", "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro -- o Leproso", "História de um Sonho", "Evangelho do Futuro". Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de "A Reforma", órgão liberal da Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade".
Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele: "Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar- se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro -- esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida."
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Em 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo brasileiro e os que dirigiam os núcleos espíritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais bem estruturada e que, por isso mesmo, se tornasse mais indestrutível.
Os Centros, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia a sua atividade em um determinado setor, sem conhecimento das atividades dos demais. Esse sentimento levou- os à fundação da Federação Espírita Brasileira.
Nessa época já existiam muitas sociedades espíritas, porém, as únicas que mantinham a hegemonia de mando eram quatro: a "Acadêmica", a "Fraternidade", a "União Espírita do Brasil" e a "Federação Espírita Brasileira", entretanto, logo surgiram entre elas vivas discórdias.
Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando prescrições das importantes "Instruções" recebidas do plano espiritual pelo médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso "Centro Espírita", o que, entretanto, não impediu que Bezerra desse a sua colaboração a todas as outras instituições. O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único freqüentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico.
Em 1893, a convulsão provocada no Brasil pela Revolta da Armada, ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou a série de "Estudos Filosóficos" que vinha publicando no "O Paiz".
Em 1894, o ambiente mostrou tendências para melhora e o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar o movimento espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, cargo que ocupou até a sua desencarnação.
Iniciava- se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria.
Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa. Ora o rico, ora o pobre, ora o opulento, ora o que nada possuía.
Ninguém desconhecia a luta tremenda em que se debatia a família do grande apóstolo do Espiritismo. Todos conheciam suas dificuldades financeiras, mas ninguém teria a coragem de oferecer fosse o que fosse, de forma direta. Por isso, os visitantes depositavam suas espórtulas, delicadamente, debaixo do seu travesseiro. No dia seguinte, a pessoa que lhe foi mudar as fronhas, surpreendeu- se por ver ali desde o tostão do pobre até a nota de duzentos mil reis do abastado!...
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Ocorrida a sua desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar- lhe a última visita.
No dia 17 de abril, promovido por Leopoldo Cirne, reuniram- se alguns amigos de Bezerra, a fim de chegarem a um acordo sobre a melhor maneira de amparar a sua família, tendo então sido formada uma comissão que funcionou sob a presidência de Quintino Bocaiúva, senador da República, para se promover espetáculos e concertos, em benefício da família daquele que mereceu o cognome de "Kardec Brasileiro".
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Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinqüenta mil réis (antiga moeda brasileira), para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá- lo.
Desesperado -- uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida -- e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.
Poucos dias após bateram- lhe à porta. Era um moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de Matemática.
Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando- se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.
O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou- lhe então a quantia de cinqüenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu- se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.
No ano de 1894, em face das dissensões reinantes no seio do Espiritismo brasileiro, alguns confrades, tendo à frente o Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidar Bezerra a fim de assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira.
Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou- se a seguinte conversação:
-- Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.
-- O trabalhador da vinha, disse Bittencourt Sampaio, é sempre amparado. A Federação pode estar errada na sua propaganda doutrinária, mas possui a Assistência aos Necessitados, que basta por si só para atrair sobre ela as simpatias dos servos do Senhor.
-- De acordo. Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata. Isto aliás me tem criado sérias dificuldades, tornando- me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão.
-- E por que não te tornas médico homeopata? disse Bittencourt.
-- Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.
Nessa altura, o médium Frederico Júnior, incorporando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:
-- Tanto melhor. Ajudar- te- emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.
-- Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?
-- Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Homeopatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo- te, quando precisares, novos discípulos de Matemática...
Grandes Vultos do Espiritismo

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A SUBSTITUTA

A jovem foi atraída por um anúncio pedindo uma diretora de programação de eventos para uma determinada empresa.
Apresentou-se e conseguiu a vaga. O primeiro dia foi aterrador.
Logo que chegou ao escritório, a funcionária da recepção a saudou com:
Você é a sucessora de Helena? Vai ser difícil chegar à altura dela. Ela era um fenômeno.
Logo adiante, no corredor, outra pessoa lhe disse:
Sinto pena de você. Não existe ninguém no Mundo como Helena!
A terceira pessoa que encontrou, a recebeu com votos de boas-vindas, afirmando que a empresa era um ótimo lugar para se trabalhar, mas completou entristecida:
No entanto, é claro que as coisas nunca serão as mesmas sem Helena!
A jovem estava a ponto de dar meia volta e largar tudo. Como ela poderia competir com aquela pessoa que todos mencionavam?
Finalmente, indicaram a sala onde ela deveria trabalhar. A mesma sala em que trabalhara Helena, tão mencionada, que ela estava substituindo.
O que viu foi uma montanha de cartas, memorandos, folheto, recorte de jornal, tudo sobre a mesa de trabalho.
Uma montanha de quase um metro de altura.
Bem, falou a diretora de pessoal, Helena era brilhante, criativa, extraordinária, mas um pouco... Desorganizada.
A novata mal se sentou à mesa, olhando ainda apavorada para aquela montanha de papéis que deveria ler selecionar, arquivar, jogar fora, quando a porta se abriu:
Olá, disse uma voz cordial. Seja bem-vinda. Helena trabalhou aqui 28 anos.
Você acha que vai durar tanto assim?
Era o fim. Ela tomou o telefone, discou para uma amiga, quase aos prantos e disse do seu grande erro.
Estou me demitindo, vou embora daqui! Não vou conseguir competir com o espectro de alguém tão bom em tudo que fazia.
Rose a amiga, falou-lhe com firmeza:
Epa! Espere aí! Onde está aquela minha amiga com desejo de crescer, de progredir?
Onde está a pessoa que conheço sempre pronta a enfrentar desafios e alcançar vitória?
A propósito, você lembra de seu nome?
Surpresa, a jovem chorosa respondeu:
Que pergunta estranha! Claro que sei o meu nome: Rosa.
Isso mesmo, você é Rosa, não é Helena. Não pode e nem deve ser igual à
Helena.
Mostre a sua capacidade de trabalho, a sua criatividade, a sua forma de trabalhar, o seu potencial.
Você é Rosa. Não esqueça disso. Não deseje ser igual a ninguém. Não imite ninguém.
O maravilhoso, neste imenso Universo de Deus, é que cada pessoa é inigualável. Por isso, você nunca deverá querer ser igual a Helena.
Seja você mesma. E conquiste suas colegas, sua chefia, os clientes por suas próprias qualidades.
Rosa ficou no emprego. Alcançou um grande sucesso na carreira.
E, por ter tido oportunidade de entrar em constante contato com autores célebres, ganhou inspiração e estímulo para escrever seu próprio livro.
Diga-se: um grande sucesso!
* * *
Deus criou os espíritos simples e ignorantes.
Conferiu-lhes a imensa possibilidade de progredirem.
Cada qual utiliza essa possibilidade como melhor lhe apraz.
Por isso, cada um tem seus méritos, suas qualidades inigualáveis.
E ninguém deve almejar ser exatamente igual ao outro. Seguem-se exemplos, mas não se reprisam os mesmos atos.
Observam-se experiências, mas não se reproduzem posturas.
Cada um de nós, espírito imortal, é único em seu potencial de Ser inteligente.
Pense nisso!
Redação do Momento Espírita, com base nas págs. 51 a 55 do livro Pequenos milagres, de Yitta Jalberstam e Judith Leventhal, 4. ed., ed. Sextante.

domingo, 23 de agosto de 2009

PRECE POR UM NASCIMENTO


Meu Deus, tu enviaste entre nós este Espírito, para que ele cumprisse numa existência nova tua lei de trabalho e de progresso.
Ele acaba de reencarnar na Terra, para desenvolver nela suas faculdades e suas qualidades morais, a fim de se elevar mais alto na hierarquia das almas e se reaproximar de Ti, porque este é o objetivo da vida, de todas as vidas.
Permitiste, ó Deus, que ele escolhesse esta família para aí reencontrar a forma, o corpo material, o instrumento necessário à realização desse fim. Faz que ele se torne para seus ascendentes um motivo constante de alegria, de satisfação moral e, mais tarde, um sustento, um apoio. Dá a seus pais o sentimento de seus deveres e de suas responsabilidades para com esta criança, da qual eles devem ser os protetores, os educadores.
Em Tua justiça e bondade, tu queres que cada Espírito seja o artífice de sua própria felicidade, que ele construa, com suas próprias mãos, sua coroa de luz e tu lhe deste para isso todos os recursos: a inteligência, a consciência e com elas as forças latentes que sua tarefa precisa para ser posta em ação, em seu próprio bem e no de seus semelhantes.
Tu queres, meu Deus, que, nas etapas inferiores de sua evolução, o Espírito suporte a lei da necessidade, isto é, as privações e as dificuldades da vida material; são os muitos estimulantes para sua iniciativa e sua energia, muitos meios para formar seu caráter e seu raciocínio, a fim de que, pelo trabalho, estudo e provas, saia de cada vida maior e melhor do que quando ali entrou.
Pela encarnação, reuniste a forma à idéia, para que a idéia espiritualista a forme e que o ser humano participe, por seus esforços, do progresso e da harmonia universais.
Ó Deus, nós te agradecemos por tua bondade, que envia para nós este Espírito! Que seu guia celeste o proteja, que nossa solicitude o envolva. Seus irmãos o recebem com afeição e ternura; eles se esforçarão em aplainar seu caminho, a fim de que siga sempre a senda da justiça e do amor que conduz para essa vida superior que tu reservas aos que lutaram, penaram e sofreram!
(Retirado do livro 'Síntese Doutrinária' – Léon Denis)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

ESPÍRITOS QUE NOS CERCAM


* Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desembaraçadas de seu invólucro corporal, ainda apresentam uma variedade maior que a que encontramos entre os homens na Terra, por isso que vêm de todos os mundos, e porque entre os mundos a Terra nem é o mais atrasado, nem o mais adiantado. Há, pois, Espíritos muito superiores, como os há muito inferiores; muito bons e muito maus, muito sábios e muito ignorantes, há os levianos, malévolos, mentirosos, astutos, hipócritas, facetos, espirituosos, trocistas, etc.
* Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que, nem por serem invisíveis aos nossos olhos materiais, deixam de estar no espaço, em redor de nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo os nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, segundo os Espíritos bons ou maus.
* Pela inferioridade física e moral de nosso globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos que os superiores.
* Entre os Espíritos que nos cercam, há os que se ligam a nós, que agem mais particularmente sobre o nosso pensamento, aconselhando-nos, e cujo impulso seguimos sem nos apercebermos; felizes se escutarmos a voz dos bons. * Liga-se os Espíritos inferiores àqueles que os ouvem, junto aos quais têm acesso e aos quais se agarram. Se conseguirem estabelecer domínio sobre alguém, identificam-se com o seu próprio Espírito, fascinam-no, obsidiam-no, subjugam-no e o conduzem como se fosse uma criança.
* A obsessão jamais se dá senão por Espíritos inferiores. Os bons Espíritos não produzem nenhum constrangimento: aconselham, combatem a influência dos maus, afastam-se, desde que não sejam ouvidos.
* O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que produz marcam a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação.
A obsessão é a ação quase que permanente de um Espírito estranho, que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo.
A subjugação é uma ligação moral que paralisa a vontade de quem a sofre, impelindo a pessoa às mais desarrazoadas ações e, por vezes, às mais contrárias ao seu próprio interesse.
A fascinação é uma espécie de ilusão produzida, ora pela ação direta de um Espírito estranho, ora por seus raciocínios capciosos; e esta ilusão produz um logro sobre as coisas morais, falseia o julgamento e leva a tomar-se o mal pelo bem.
* Por sua vontade pode sempre o homem sacudir o jugo dos Espíritos imperfeitos, porque em virtude de seu livre-arbítrio, há escolha entre o bem e o mal. Se o constrangimento chegou a ponto de paralisar a vontade e se a fascinação é tão grande que oblitera a razão, então a vontade de uma terceira pessoa pode substituí-la. Antigamente dava-se o nome de possessão ao império exercido pelos maus Espíritos, quando sua influência ia até à aberração das faculdades. Mas a ignorância e os preconceitos, muitas vezes, tomaram como possessão aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão seria sinônimo de subjugação. Não adotamos este termo por dois motivos: primeiro porque implica a crença em seres criados para o mal e a ele votados, perpetuamente, quando apenas existem seres mais ou menos imperfeitos e todos podem melhorar; segundo, porque ele implica igualmente a idéia de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabitação, ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação dá uma idéia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados.
Por idêntico motivo não usamos o vocábulo demônio na acepção de Espírito imperfeito, de vez que freqüentemente esses Espíritos não valem mais que os chamados demônios: é apenas por causa da especialidade e da perpetuidade que estão ligadas a este vocábulo. Assim, quando dizemos que não há demônios, não queremos dizer que apenas existam bons Espíritos; longe disto: sabemos muito bem que os há maus e muito maus, que nos solicitam para o mal, armam-nos ciladas e isto nada tem de admirável, porque eles foram homens. Queremos dizer que não formam uma classe à parte na ordem da Criação, e que Deus deixa a todas as criaturas o poder de melhorar-se.
(Allan Kardec - R. E. 1858).

domingo, 16 de agosto de 2009

EGOÍSMO: FONTE DE TODOS OS MALES SOCIAIS


Os problemas pessoais, tão discutidos atualmente, não são somente do governo. Os problemas são nossos também. Cada um de nós tem uma tarefa a desempenhar na sociedade. O excelso Mestre Jesus disse: "A cada um segundo as suas obras". Assim, não é justo voltarmos as costas aos problemas sociais, deixando a responsabilidade de resolvê-los ao governo, com o pensamento errado de que os eles são frutos do regime. Não é a mudança do regime que vai melhorar a situação do nosso povo. O problema prende-se à consciência, à evolução espiritual. Enquanto houver EGOÍSMO haverá sempre injustiça social, porque o egoísmo é cego e não conhece direito alheio. Se não houver mudança mental, não poderá haver mudança social. Daí o afirmarmos que o fator da evolução história não é econômico e a solução não está na mudança do regime, mas é o grau de desenvolvimento das forças fundamentais do homem e sua aplicação e solução está na educação moral, verdadeiramente cristã.
Na verdade, quando nos desabafamos contra as injustiças sociais, acusando o regime, revelamos falta de compreensão da evolução histórica da liberdade e da tendência egoística dos espíritos inferiores. Não é contra o regime que devemos lutar nem contra quem quer que seja, mas contra o egoísmo, contra a petrificação do sentimento, contra a cristalização mental, contra o mal, por todos os meios possíveis, procurando sempre dar o exemplo, pois a solução precisa começar em nós. Como podemos exigir que outros sejam justos, quando ainda somos injustos? como exigir que outros pratiquem a lei quando ainda a infligimos?
Nesta oportunidade transcrevemos o parágrafo 785 do Livro dos Espíritos:
"Pergunta: Qual o maior obstáculo ao progresso?
Resposta: O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura."
Diante do exposto que não será lícito julgarmos uma situação como a que atravessamos, que tem suas raízes ao longo da história, por alguns fatos isolados. Será que temos realmente a visão do conjunto para julgar o problema? Pelo texto acima, verificamos que o problema não é tão grave quanto parece. A transformação virá e é necessário que trabalhemos para isso. Mas o nosso trabalho é para transformar moralmente os homens e não o regime. Nossa tarefa é a mais difícil, mas trará resultados positivos. Não somos conservadores, porque não concordamos também com essa situação social. Mas achamos que não haverá solução completa sem o fator moral. E a Doutrina Espírita oferece poderosa argumentação e forças extraordinárias para esse trabalho dignificante.
Deolindo Amorim, em seu livro O Espiritismo e os Problemas Humanos - cap. XXXVI, página 177, nos ensina:
"O Espiritismo, sem se descuidar do aspecto espiritual que lhe é notoriamente essencial, não despreza o aspecto econômico da existência humana. Mas a doutrina espírita prescreve a reforma moral como fundamento de toda a reforma social".
Veja, o prezado leitor, como que Deolindo se expressa. Observe bem a última frase e não tenha dúvida de que a nossa tese está fundamentada. Há quem pensa que Deolindo Amorim está pregando socialismo. Porque pensa de forma socialista, quer confundir a mais bela obra que até agora conhecemos na literatura espírita, referente ao assunto. E quem duvidar ainda de nossa assertiva, leia o seguinte tópico do referido escritor:
"Não precisamos buscar luzes fora do Espiritismo, nas horas de incertezas ou inquietação espiritual, uma vez que a doutrina tem base filosófica para guiar a razão e remover as perturbações interiores diante das transformações inevitáveis por que passa o mundo." (Cap. XXVII).
Se o leitor não estiver satisfeito, leia também o capítulo VII do livro: Grandes e Pequenos Problemas, onde o guia espiritual do autor Angel Aguarod afirma que a solução do problema está na ética. Para equilibrar o capital e o trabalho ele aponta um terceiro elemento: - AMOR.
Segundo os livros mais credenciados que possuímos na literatura espírita, como vimos, os fatos sociais são analisados e enquadrados no Espiritismo, porque o Espiritismo em comparação com outras doutrinas, é muito mais completo, claro, conciso e oferece ao homem tudo o que ele precisa para viver bem na Terra e no Além após o desencarne. É preciso, pois, que nossos leitores se convençam de que a doutrina espírita também prega justiça social e com mais segurança porque mostra os dois aspectos do homem: o material e o espiritual.

(Extraído de "Correio Fraterno do ABC" - Ano 2 - agosto 1969)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

EM HOMENAGEM AOS 121 ANOS DE NASCIMENTO DE ANDRÉ LUIZ




ANDRÉ LUIZ
Em 19.5.04, distribuí texto pela internet sobre o espírito André Luiz, mostrando-lhe os olhos e informando que o médium Waldo Vieira identificara para um amigo dele (e meu) quem era realmente o famoso médico carioca. Naquele texto, voltei a explicar que, no início da década de 70, após extenuante pesquisa com 286 médicos desencarnados de 1926 a 1936 (68 foram categoricamente de doenças ou cirurgias gastro-intestinais), eu houvera chegado ao verdadeiro nome, que nada tem a ver com Carlos Chagas, Miguel Couto, Osvaldo Cruz ou Francisco de Castro, os mais citados. O médium Francisco Cândido Xavier me confirmara o nome, mas considerou que a identidade deveria ser mantida em segredo.
Durante minhas pesquisas aconteceu o menos esperado: a família soube dos meus passos e me procurou. Percebi então que o Chico tinha razão quanto a sermos cautelosos e disse àqueles familiares - que já sabiam de tudo - que, de minha parte, o público ainda nada saberia.
Guardei esse segredo até a recente distribuição do texto pela internet, quando divulguei junto os olhos de André Luiz, receoso de que a revelação do Waldo se espalhasse sem mais controle. Agora porém tudo mudou e não vejo mais motivo para qualquer reserva. Pretendo contar tudo e até publicar minha pesquisa em livro, pois não sei quem conheça mais detalhes dessa história do que eu; não apenas em relação às ponderações do Chico, mas também relativamente à conversa que tive com a família de André Luiz.
A pessoa a quem o Waldo passou a informação é meu amigo, Osmar Ramos Filho. Ele é o autor da extraordinária obra O Avesso de um Balzac Contemporâneo, análise de amplo espectro do livro Cristo Espera por Ti, de Honoré Balzac, psicografado pelo Waldo Vieira. Um estudo notável de corroboração da mediunidade do Waldo. Acertei com o Osmar que continuaríamos mantendo segredo, transferindo para meu filho Luciano dos Anjos Filho o encargo de fazer a identificação pública, quando as circunstâncias se mostrassem propícias, isto é, ao tempo em que a conduta terrena de André Luiz, narrada em Nosso Lar, pudesse ser melhor assimilada pelos descendentes.
Por que meu novo posicionamento? Afirmei certa vez que, após a precisão da minha pesquisa, o Chico havia passado para o Newton Boechat a identificação correta. Eles eram muito amigos, muito ligados. A atitude do Chico, portanto, nunca me surpreendeu, especialmente ao constatar que eu já havia chegado ao nome certo. Em qualquer circunstância acabaria ali o mistério. E - confesso hoje mais claramente - eu sabia que o Boechat sabia, pois a respeito disso conversamos várias vezes, sempre sem nenhuma testemunha.
Ocorre que o Newton Boechat achou por bem abrir uma exceção e estendeu a identificação, também em caráter confidencial, a uma outra pessoa. E esta, por motivos que ignoro, recentemente repassou a informação para mais alguém, num lamentável e inconseqüente deslize verbal. Bem, agora já se trata de segredo condominial. Estão querendo inclusive publicar um livro sobre a vida do verdadeiro André Luiz. Já tem até editora. A intenção é temerária, porque nem sabem da conversa que tive com os familiares. O levantamento dos dados está sendo feito às pressas e em sigilo, naturalmente para parecer que a identificação já era conhecida antes de mim. Como não sou tão ingênuo como os mais ingênuos supõem, estou agora abortando essa esperteza.Já relembrei que desde o início da década de 70 divulguei na imprensa, por mais de uma vez, minha pesquisa, embora sem revelar o resultado final. Não seria, pois, tão necessária essa minha decisão de agora, pois ninguém no movimento espírita desconhece meu trabalho. Mas já apareceu até quem dissesse que foi um velho amigo meu de Franca que me passou o segredo. Lorota de alto vôo e alta envergadura, seja lá de quem for a versão e diante da qual os que me conhecem preferem acreditar que os condores têm medo das alturas... Ninguém mais além de mim, do Newton Boechat, do Chico e do Waldo (estes dois obviamente) sabiam da verdadeira identidade de André Luiz. Incluo ainda a discreta e amorável Maria Laura Hermida de Salles Gomes (Mariazinha), que se relacionava com uma sobrinha de André Luiz e a qual teve papel importante na conexão com o Chico e o Waldo. Pouco depois, mais aquele amigo do Newton Boechat passou a saber também, em caráter excepcional. Foi ele que, aperaltando assunto tão sério, acabou contando para quem está agora esboçando o livro. Minimizar minha pesquisa fazendo dela fruto de mera informação do amigo francano é denunciar a si mesmo de oportunista, enquanto perambula pelo humorismo barato dos pobres de espírito, na tentativa de ignorar que uma lorota dessas só é degustável com sal de fruta.
Ora, nesse ritmo, logo outros, muitos outros, todos saberão e, se eu esperasse o tal livro aparecer, ninguém mais deixaria de saber, com todos os holofotes em quem tomou o bonde andando. Eis por que, nesta data, me antecipo e universalizo o segredo.
FAUSTINO ESPOSEL
André Luiz é Faustino Esposel.
Faustino Monteiro Esposel nasceu na rua dos Araújos nº 10, bairro do Engenho Velho, cidade do Rio de Janeiro (registro 14º 69), em 10.8.1888. Desencarnou no Rio de Janeiro, às 17 horas de 16.9.1931, residindo então na rua Martins Ferreira nº 23, no bairro nobre de Botafogo.
Era filho de João Paiva dos Anjos Esposel e de Maria Joaquina Monteiro (filha reconhecida, ou seja, não registrada oficialmente).
Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 29.5.1847, conforme registro de batismo feito em 2.8.1847 (livro AP 1199, fls. 128 v.), na Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora do Monte Carmo. Desencarnou de tísica, no Rio de Janeiro, em Irajá, em 1º.5.1900, sendo sepultado no carneiro CP 1814 quadra 39 do cemitério de São João Batista. Foi a mulher dele, Maria Joaquina Monteiro, quem mandou fazer a sepultura. Ela desencarnou no Engenho Velho, no Rio de Janeiro, em 29.9.1910, portanto, dez anos depois dele. Casados no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro nº 6º, 35), em 7.12.1871.João Paiva dos Anjos Esposel e Maria Joaquina Monteiro tiveram os seguintes filhos:1. Oscar Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 8º 73). Casado com Orminda Monteiro Esposel. Moravam na rua Bambina (estou omitindo o número de propósito). Seu filho, Léo Esposel, em 1974 estava casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel. Tinha também três filhas, Lívia Monteiro Esposel, que morava em 1974 na praia do Flamengo (idem, idem), Ida Esposel Neves e Elza Esposel. Orminda nasceu em 1884, no Rio de Janeiro, tendo desencarnado em novembro de 1978, quando morava na praia do Flamengo. Oscar e Orminda tinham sete netos (Luiz, Francisco, Nélida, Consuelo, Maria Cristina, Mônica e Patrícia) e oito bisnetos (Marcos André, Luiz, Guilherme, Marcelo, Ricardo, Luciana, Márcia e Camila).2. Noêmia Monteiro Esposel, nascida no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 10º v.).3. Mário Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 11º, 64). Era almirante. Em 1975 morava na rua Prudente de Morais (idem, idem).4. Adolfo Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, no Rio de Janeiro, em 30.11.1885. Desencarnou com apenas quatro meses, no Rio de Janeiro, em 13.4.1886, na rua dos Araújos nº 10, tendo sido sepultado no cemitério do Caju (4m.B.d.). (Em Nosso Lar aparece como menina, mas na verdade era um menino. Quando desencarnou, em 1886, Faustino ainda não era nascido, o que só vai acontecer dois anos depois, em 1888. André Luiz deslocou o acontecimento para depois do nascimento dele, quando ele era "pequenino".)
5. Carlos Monteiro Esposel, nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 12º 4v). Em 1974 morava na rua São Salvador (idem, idem). Mudou-se depois para a rua Paissandu (idem, idem). Acabou indo morar em Santa Catarina.6. Faustino Monteiro Esposel.
Eram avós paternos de Faustino Esposel: José Maria dos Anjos Esposel e Margarida Maria; e avós maternos: Isidro Borges Monteiro (desembargador) e Paulina Luísa de Jesus.
João Paiva dos Anjos Esposel, pai do Faustino, tinha um irmão chamado Joaquim Maria dos Anjos Esposel (1842-1897), casado com Maria José de Barros Carvalho (filha de Delfim Carlos de Carvalho, barão da Passagem, herói da primeira guerra do Paraguai, e de Ana Elisa de Mariz e Barros, filha do visconde de Inhaúma). O casamento foi celebrado na igreja de São José. Tiveram quatro filhos:
1. Alice Esposel (casada com Andrônico Tupinambá).
2. Dulce Esposel (casada primeiro com Sabino Elói Pessoa e, em segundasnúpcias, com Joaquim Bernardo da Cruz Secco).
3. Eponina Esposel (casada com Alberto da Costa Rodrigues).
4. Delfina Esposel.
(Há uma rua no Rio de Janeiro chamada Joaquim Esposel.)
Faustino Esposel tinha muitos sobrinhos, dentre os quais Lívia Monteiro Esposel, Elza, Ida Esposel Neves, Lúcia e Léo, casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel (todos residentes no Rio de Janeiro). E sobrinhos-netos: Élcio (almirante), Carlos, Ronaldo (morava em 1974 na rua Prudente de Moraes, era comerciante de couro, casacos de couro, ligado ao Jockey Club Brasileiro). Todos pessoas de bem.
Outros parentes: Laís de Niemeyer Esposel, residente em 1974 na av. Vieira Souto, desencarnada em fevereiro de 1994; Jayme Carneiro de Campos Esposel, residente em 1974 na estrada do Joá, era capitão de fragata quando comandou o contratorpedeiro Ajurieda, de 16.10.56 a 29.11.1957; Marcello, residente em 1974 na rua Cândido Mendes. Nomes de respeitabilidade entre os que os conhecem.
Faustino Esposel casou com Odette Portugal Esposel, conhecida por Detinha. Era filha do médico José Teixeira Portugal, nascido em 1874 e desencarnado em 1927. Ela nasceu em 6.6.1900 e desencarnou em 5.2.1978. A missa foi rezada no dia 13 daquele mês, na igreja de Santa Margarida Maria, na Lagoa.Irmã da Odette Portugal Esposel: Olga Portugal, viúva de Gumercindo Loretti da Silva Lima, casada em segundas núpcias com o primo Arthur Machado Castro, que tinha uma irmã chamada Lygia. Odette e Olga tiveram uma filha: Regina, casada com Jorge C. Dodsworth. Gumercindo Loretti foi figura muito ligada aos ideais do escotismo e tinha um irmão, Jarbas Loretti da Silva Lima, diplomata e poeta, nascido em 1868, no Rio de Janeiro, autor de Vozes Andinas, 1918.
Faustino Monteiro Esposel e Odette Portugal Esposel moravam na rua Martins Ferreira nº 23, em Botafogo, cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1954, a casa passou a ser propriedade da Associação de Educação Católica do Brasil, subordinada à Conferência dos Religiosos do Brasil e que permaneceu ali até 1981, quando se transferiu para Brasília. A casa passou a abrigar, então, a Creche Escola Favinho do Mel, patrocinada pela Associação e dirigida por três senhoras que ali residem até hoje (2005). O atual porteiro se chama “coincidentemente” André Luiz...
Faustino Esposel nasceu na capital federal, no dia 10 de agosto de 1888. Era professor substituto da seção de neurologia e psiquiatria da Faculdade de Medicina e reputado clínico, catedrático de neurologia na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda chefe do serviço da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo e médico da Associação dos Empregados do Comércio. E era também sanitarista, portador por concurso do título de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual foi continuamente encarregado de cursos complementares. Fez os estudos primários na Escola Alemã, conhecia profundamente o idioma germânico, cursou durante alguns anos o externato Mosteiro de São Bento. Formou-se em 1910 em farmácia e em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde defendeu tese sobre "Arteriosclerose cerebral", em que recebeu a nota de distinção.
Durante o curso acadêmico, foi adido dos serviços clínicos da 7ª e da 18ª enfermarias da Santa Casa da Misericórdia, chefiadas respectivamente pelos mestres Miguel Couto e Paes Leme. Ainda nessa época, exerceu o internato oficial da Clínica Pediátrica dos professores Barata Ribeiro e Simões Corrêa.
Pouco após a formatura, candidatou-se a médico da Assistência de Alienados do Rio de Janeiro, classificando-se em primeiro lugar, pelo que foi nomeado assistente do Hospital Nacional de Alienados. Chegou a titular de livre docente da Faculdade de Medicina, exercendo ali o cargo de professor substituto de neurologia e psiquiatria. Nessa condição teve ensejo de integrar diversas bancas examinadoras de teses de doutoramento.
Foi ainda interno e assistente da clínica neurológica e médico adjunto do Hospital da Misericórdia. Deixou muitos trabalhos publicados sobre a especialidade, o que lhe permitiu ingressar em diversas sociedades científicas nacionais e estrangeiras. Em 1918 fez parte da missão médica brasileira que foi à Europa durante a I Grande Guerra. Como representante do Brasil participou de congressos na Europa e na América do Sul. Foi organizador e secretário-geral da Segunda Conferência Latino-Americana de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Sobre a epidemia de gripe no Hospital Brasileiro, em Paris, apresentou em 1919 substancioso relatório ao chefe da Missão Médica Brasileira. Recebeu honroso diploma do curso oficial de Pierre-Marie, assinado por este famoso professor e pelo decano da Faculdade de Paris, professor Roger.
Durante o impedimento do professor Antônio Austregésilo Rodrigues de Lima, catedrático de Clínica Neurológica (fora eleito para o Congresso Nacional), Faustino Esposel exerceu com brilho aquela função, conquistando grande renome como didata. Conseguiu elevado prestígio entre os seus colegas, gozando de justa projeção nos meios sociais. Aficionado dos esportes, criou largo círculo de amizades nas rodas desportivas, em época em que o futebol não era unanimidade nas elites do país.
Faustino Esposel desencarnou na capital federal, às 17 horas do dia 16 de setembro de 1931, com 43 anos 1 mês e 7 dias. O sepultamento foi numa quinta-feira, no dia 17, às 16:30h, no cemitério de São João Batista (registro 9817 – Quadra 12, Nº RG Livro 775 – p. 17). O corpo saiu da residência. Missa de 7º dia foi celebrada em 23.9.31, às 10 horas, na igreja da Candelária.
Antônio Austregésilo, amigo de infância, assinou o atestado de óbito, nele fazendo constar, como causa da morte, apenas uremia. Era portador de uma nefrite crônica. Entretanto, os familiares sabiam e alguns descendentes vivos sabem que ele desencarnou de câncer, o que foi omitido por todos os jornais da época, que apenas mencionaram, como era praxe nesses casos, "a violência da súbita enfermidade que o acometeu" sendo "todos os esforços impotentes no combate ao mal insidioso" (Diário de Notícias, 17.9.31); ou "acometido de moléstia aguda, que sobreveio inesperadamente" (Jornal do Commércio, 17.9.31). Quando do falecimento, o amigo Antônio Austregésilo fez um panegírico, inserido em Arquivo Brasileiro de Medicina, nº 8, de 1931 (Biblioteca Nacional).
Em 29.9.1927, Faustino Esposel inscreveu-se à vaga aberta na Academia Nacional de Medicina decorrente da passagem de Teófilo de Almeida Torres, membro titular da Seção de Medicina Geral, para a classe dos Membros Titulares Honorários. Apresentou juntamente com os seus trabalhos a memória intitulada "Em torno do sinal de Babinsky". Aprovado, a eleição teve lugar em 17.11.1927 e a cerimônia de posse na sessão de 24.5.1928, sob a presidência do acadêmico Miguel Couto, que designou os acadêmicos Antônio Austregésilo e J. E. da Silva Araújo para acompanhar o novo acadêmico ao recinto. Fez-lhe a saudação de paraninfo o acadêmico Joaquim Moreira da Fonseca. Com o seu falecimento, sua poltrona passou a ser ocupada pelo acadêmico Odilon Gallotti, eleito em 23.6.32 e empossado em sessão de 25.6.36. Na sessão de 30.6.32 a Academia promoveu uma homenagem a Faustino Esposel, discursando na ocasião o orador oficial Alfredo Nascimento. Tenho em meus arquivos todos os discursos pronunciados naquela instituição.
Faustino Esposel era católico. Militou na União Católica Brasileira. Foi congregado mariano. Comungava com freqüência, o que era hábito da maioria religiosa daquela época.
Tinha ficha de cadeira cativa do Clube de Regatas do Flamengo, dos anos de 1925 a 1930. Foi presidente do clube no biênio 1920-1922, depois de 1924 a 1927, ano este em que renunciou, assumindo Alberto Borgerth. Em 1928 voltara à presidência, não tendo completado o mandato em virtude da doença. Na assembléia de 23 de dezembro de 1920, quando o presidente já era Faustino Esposel, o Flamengo aprovou o seu novo uniforme, usado até hoje. Em 1926, os Guinle pediram a devolução do imóvel que estava arrendado ao clube. Fez-se então uma campanha de arrecadação junto ao quadro social para a aquisição de um local próprio. Desde 25 de março de 1925, Faustino Esposel havia reunido a diretoria comunicando a disposição do então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Antônio Prado Jr., de ceder uma área de mais de 34 mil metros quadrados às margens da lagoa Rodrigo de Freitas. Após negociações que se sucederam com o prefeito Alaor Prata, o presidente Faustino Esposel obteve a desejada área na Gávea.
O primeiro jogo ali promovido, ainda sem muro e cercado por madeiras, aconteceu sob a presidência de Faustino Esposel, no dia 26 de novembro de 1926, entre a Liga de Amadores de Foot-Ball (São Paulo) e a Association de Amateurs de Argentina. Nesse período, Oscar Esposel, irmão de Faustino e conselheiro do clube, propôs a inauguração do estádio da Gávea em 15 de novembro de 1938, quando o Flamengo estaria completando 43 anos de fundação. Mas a festa acabou acontecendo antes, no dia 4 de setembro daquele ano com um jogo entre Flamengo e Vasco, vitória vascaína por 2 a 0 que, no entanto, não abafou a alegria rubro-negra, por estar com a nova casa concluída.Entusiasta dos esportes e da educação física, que sempre cultivou, pertenceu a muitas associações esportivas em que exerceu cargos técnicos e administrativos e de que foi presidente por diversas vezes, como a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos e a Federação Brasileira de Desportes.
Há dois retratos de Faustino Esposel na sede do Flamengo, na Gávea. Outro, de corpo inteiro, não está, como alguns parentes supunham, no gabinete do Deolindo Couto, de quem foi professor. Constatei que se encontrava no corredor escuro da Faculdade de Medicina, então na praia Vermelha (hoje não existe mais). Existe também um quarto quadro, em que ele está de meio-perfil, na residência da Maria Laura Hermida de Salles Gomes (Mariazinha), em Cambuquira, na rua Getúlio Vargas, 141.
Um último registro: Antônio Austregésilo, talvez o maior amigo do Faustino, chegou a presentear Odette com livros de André Luiz.
Bem, eis o que posso adiantar. Tenho muitas outras informações, mas meu acervo completo só pode ser aberto realmente em livro, dados os comentários e as explicações que o tema exige. Aí então farei a necessária análise comparativa com o livro Nosso Lar e outros da série. Devo salientar, desde logo, que André Luiz fez pequenas modificações para despistar o leitor, em obediência à preocupação exposta no prefácio de Emmanuel no sentido de ocultar sua verdadeira identidade, o que ele mesmo reafirma na mensagem de abertura ("Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato que obedece à caridade fraternal.") Noutras ocasiões deixou pistas insuspeitadas. Mas, num único ponto a modificação não foi pequena, ou melhor, foi radical: a família deixada na terra. Na verdade, Faustino Esposel não deixou filhos. Então, quem são aquelas pessoas referidas no livro? Segundo explicação do Chico, apresentada desde 1975, são todos membros de uma família de que o Faustino era membro em encarnação anterior. A fim de ilustrar os ensinamentos ele foi buscar a situação doméstica no seu passado mais remoto.Outros detalhes que posso antecipar:
- André Luiz informa que foi assistido na colônia Nosso Lar por um médico chamado Henrique de Luna. Na terra, De Luna (médico, com esse mesmo nome) era contemporâneo de Faustino Esposel.
- André Luiz narra em Nosso Lar que teve quinze anos de clínica. Formado em 1910, consta que a partir da segunda metade da década de 20 ele viveu muito mais para o magistério e trabalhos intelectuais ligados à medicina, além das atividades desportivas.
- Luísa, a irmã que André Luiz conta ter desencarnado cedo, quando ele era "pequenino", na verdade era um irmão (Adolfo Monteiro Esposel), desencarnado com apenas quatro meses, em 1886, dois anos portanto antes de ele nascer.
- Quem privou muito da proximidade de Faustino Esposel foi um porteiro que, até meados da década de 70, embora aposentado, ainda costumava freqüentar o Pinel. Disse-me conhecer toda a vida do professor Faustino Esposel, que ele atendia muitos doentes de graça e que era famoso de verdade. A par disso, aludiu a alguns fatos que se ajustam perfeitamente ao que está confessado nas páginas de Nosso Lar. E confirmou, inclusive, detalhes de comportamento que o próprio André Luiz também não escondeu no livro.
Rio de Janeiro, 1º de julho de 2005
LUCIANO DOS ANJOS

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

CIÚMES NA VISÃO ESPÍRITA



O ciúme está envolvido com as nossas encarnações passadas e talvez seja uma perda muito grande que tivemos e por não querer perder de novo, vivemos inseguros achando que perderemos de novo assim como no passado. É como se fosse uma auto-defesa, uma tentativa de bloqueio a perdas futuras.
Talvez seja até alguma pessoa muito querida nossa que fugiu ou partiu com outro e por isso reencarnamos inseguros de tudo e de todos. Pode ser o caso de que estes ciumentos incontroláveis possam ter sidos suicidas que para não ficarem sozinhos e abandonados se suicidaram e agora tem que passar por tudo de novo para mostrar que estão recuperados.
O ciúme com certeza tem a ver com encarnações passadas e com grandes perdas e muita mágoa, porque hoje vemos que os ciumentos incontroláveis sofrem muito com uma simples "possibilidade" de perda, mesmo que seja coisa de sua mente, eles sofrem com essa situação, os ciumentos não agem assim por prazer por querer dominar, é uma coisa muito forte e pra eles é uma atitude muito correta e justa.
Lembrando que existe o ciumento movido pelo egoísmo, que não tem só ciúmes de pessoas, mas de objetos também e de tudo que outras pessoas possam vir a ter também. E tem os ciumentos que só sentem isso por determinada pessoa, como se fosse uma obsessão, onde pra esta pessoa só existe uma coisa importante neste mundo, a pessoa que eles tanto amam.
O tratamento a base de remédios pode ajudar, mas não de forma completa, já que é uma deficiência do espírito. Com isso a pessoa para tentar amenizar a situação, deve primeiro se reconhecer como uma pessoa ciumenta e a partir daí, buscar uma ajuda psicológica, onde algum
profissional desta área possa junto com o ciumento tentar achar um ponto de equilíbrio, ou até mesmo se for o caso da pessoa ser mais voltada ao lado espiritual,tentar fazer uma regressão por hipnose, pois é uma área que tem conseguido resultados fantásticos, feito está técnica por médicos espíritas e espiritualistas, onde a regressão deve ultrapassar o útero e alcançar encarnações passadas, para descobrir onde está o elo que ficou preso no tempo.
1) O ciúme é realmente o tempero do Amor? Por que?
R: Erradamente foi criada esta afirmação, ao meu modo de ver o ciúme não tem nada a ver com tempero nenhum, talvez seja o tempero da discórdia, das brigas, etc. Infelizmente as pessoas acham que quando demonstram ciúmes a pessoa amada fica feliz e se sente assim mais importante pro outro.
Acham erradamente que quem tem ciúmes do outro é porque ama, só que este ciúme que faz tão bem no início pode vir a ser um empecilho ao prosseguimento da felicidade.
2) O ciúme realmente acontece intensamente nos relacionamentos mal correspondidos, na visão de quem dá atenção somente para a beleza externa, desconhecendo o interior?
R: Não, isso é muito relativo e cada caso é um caso.
3) É verdade que "Quanto mais amor, muito menos ciúme. Quanto mais amor, é possível até não existir o ciúme."? Por que?
R: O amor em si, puro e verdadeiro, ou seja, diferente de muitos "amores" que existem por aí, é um sentimento que combate determinados erros nossos. Explicando melhor, o amor quando é verdadeiro não há espaço para coisas pequenas como o ciúme, porque ele como sentimento nobre, nos envolve de certa forma que fica quase impossível vivê-los ao mesmo tempo.
Podemos assim dizer que o ciúme é a falta ou o uso incorreto do amor.
4) É verdade que "Para haver ciúmes é preciso haver insegurança, falta de diálogo; no extremo, falta de tudo; especificamente, falta de uma decisão."? Por que?
R: Não, estes pontos descritos acima, são apenas conseqüências do ciúme, ou seja, desencadeados por ele. O ciúme vem acompanhado de diversas tendências que assumimos quando "aceitamos" o ciúme em nossas vidas (digo aceitar na forma de não lutar contra, pois isso pra mim é aceitar).
Portanto para mim, para haver o ciúmes é preciso que as pessoas propensas a este sentimento não lutem contra este mal, e assim a propensão aumenta ao ponto de começar-mos a tê-lo no nosso dia-a-dia.
5) O ciúme pode ser uma obsessão? Por que?
R: O ciúme na nossa visão de encarnados é uma obsessão, onde a falta de controle e certas atitudes exclusivas para com determinadas pessoas. Agora levando num outro sentido a palavra obsessão, no sentido espiritual, acho que a obsessão pode ser apenas um aliado para alimentar o ciúme, como um combustível, que só queima se a máquina o processar, ou seja, a obsessão pode sim estar por de trás de um ataque de ciúmes, mas na verdade é preciso muitas coisas acontecerem antes para que um obsessor venha a nos incomodar e nos incentivar no ciúme. Lutar contra o ciúme é o caminho para evitar este tipo de assédio.
6) O ciúme pode gerar uma depressão?
R: Certamente que sim, se não houver busca de tratamento por achar natural os atos de ciúme.
7) O ciúme refere-se simplesmente a casais? Ou pode ser estendido a relacionamentos outros, tipo: de amizade, profissional, de relacionamentos em geral?
R: O ciúme por ser proveniente do espírito, pode sim ser extensivo a demais pessoas, não tendo como base apenas casais, mas sim duas ou mais pessoas ligadas num mesmo passado próximo. Vemos isso muito bem num ciúme natural e muito forte entre certo pai ou mãe a determinado filho, onde apenas um filho é alvo deste ciúme além do comum. Ainda existem pais que tem mais ciúmes dos filhos do que de um para com o outro.
Fim.
Raimundo Pinheiro

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

UMA RELIGIÃO ESPÍRITA


Um conhecido meu, não espírita, questionou-me sobre a condição de religião do espiritismo, propalada pelo movimento espírita como uma de suas características básicas, em paralelo com seus aspectos científico e filosófico. Lembrei-me, então, que essa questão é comumente retomada na imprensa e nas casas espíritas, denotando um importante ponto para debates e esclarecimentos. Vi, certa vez, um orador espírita afirmar que se o espiritismo fosse religião, não seria espírita, e outros que afirmam o inverso, que se interessam pelo espiritismo por conta de seu aspecto religioso, esquecendo um pouco suas outras qualidades.
Meto-me, assim, numa controvérsia, não com a intenção de esclarecer, visto não possuir a verdade, mas para contribuir com minha opinião, mostrando, para tanto, as minhas razões.
O primeiro problema que enfrentei foi a definição de religião, pois como compreender a situação do espiritismo sem antes compreender o que é religião? Resolvi consultar os clássicos da filosofia e da sociologia, que seriam os mais habilitados em resolver essa primeira questão. Apesar de ter consultado vários deles, acabei ficando com as definições colocadas por Émile Durkheim e Mircea Eliade, pensadores do séc. XX e especialistas no tema, que concordam com o fato de que a religião é basicamente caracterizada:
1) pela distinção entre dois mundos diferentes: o sagrado e o profano, sendo o sagrado mais importante que o profano;
2) por seus rituais, que "são regras de conduta que prescrevem como o homem deve comportar-se com as coisas sagradas", no dizer de Durkheim; e
3) pela reunião de seus adeptos em comunidades que seguem determinados comportamentos morais.
Nesse último aspecto, Kant antecipa-se afirmando ser essa a principal característica de uma religião racional, que leve o homem à sua obra "mais difícil", que seria a sua transformação moral, superando sua "tendência radical para o mal".
Essa definição acima colocada, evidenciando as três características presentes em todas as manifestações religiosas, desde as mais simples e antigas às mais complexas e modernas, ampara a minha avaliação sobre o espiritismo, demarcando sua situação como religião ou não, caso apresente todas essas características. Mas, nesse ponto, algumas características atribuídas às religiões já são abandonadas: a crença em deuses, por exemplo. Como bem afirma Durkheim, há religiões em determinadas culturas que são atéias, dentre elas, a mais conhecida é o budismo, motivo da deferência nietzscheana em sua obra "O anticristo". Ressalto que o budismo aqui mencionado, o "hinayana", é aquele ensinado por Buda, e não o budismo reformado, hindu ou tibetano, chamado "mahayana". Portanto, a associação entre religião em suas manifestações concretas e o sempre citado verbo latino "religare" não passa de apelo do senso comum, pois há carência empírica no seu uso, o que Wittgenstein classificaria de jogos de linguagem.
Aqui será feito um necessário corte analítico: dum lado a análise do espiritismo, doutro, a do que se popularizou chamar de movimento espírita. Apesar de este considerar-se representante daquele, suas propostas diferem em inúmeros pontos e a divergência de idéias alcança píncaros que permitem afirmar serem coisas bem diversas.
Primeiramente, coube-me avaliar se o espiritismo distingue um mundo sagrado e um mundo profano. Apesar das colocações expostas na questão 84 de "O livro dos espíritos", em que a resposta à pergunta "Os espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?" é afirmativa, para em seguida, na pergunta 85, ainda reiterar que o mundo dos espíritos é o principal na ordem das coisas, deve-se perceber o sentido dado a essas questões. Fora de contexto, aqui já estariam presentes as bases necessárias para a verificação da primeira característica. Todavia, esse mundo dos espíritos não difere do nosso mundo material, já que ele não é habitado por seres diferentes ou entidades transcendentes, como deuses, ninfas ou duendes, ele é habitado pelos mesmos indivíduos que viveram uma vida corporal. Portanto, não há diferenças na essência daqueles que habitam esses mundos diferentes, são os mesmos indivíduos, apenas em condições de vida distintas.
O mesmo não se dá com o movimento espírita. Esse, apesar da aceitação dos princípios exarados nas obras de Kardec, por vezes somente na letra, age de forma bastante diferenciada. Os espíritos que habitam esse "mundo à parte", passam a ser em muitos casos semideuses que devem ser adorados e venerados. O respeito a essas entidades incorpóreas chega a tal grau que se é proibida a contestação ou argumentação, cabem apenas a reverência e a fé, ou seja, perderam a sua humanidade, principal proposta do entendimento desse mundo por parte do espiritismo kardecista. Aqui, então, há verdadeiramente dois mundos distintos em substância e em personagens, o que faz o movimento espírita cumprir plenamente a primeira das características religiosas.
Em seguida, avaliei a existência de rituais no espiritismo, o que seria, inicialmente, um ponto fora de conflito, pois é sabida a pregação espírita da ausência de rituais. Mas entre o discurso e a prática, há sempre um hiato que cabe ao estudioso debruçar-se. Voltando às definições dos clássicos, entende-se que ritual ou culto "não é simplesmente um sistema de signos pelos quais a fé se traduz exteriormente, é o conjunto de meios pelos quais ela se cria e se recria periodicamente. Quer consista em manobras materiais ou em operações mentais", como afirma Durkheim. Portanto, uma prece é um ritual, uma evocação mediúnica é um ritual, desde que feitas com o intuito da prática da fé, com sua afirmação periódica, pois coincide exatamente com o conceito acima, que não reduz a definição de ritual a práticas materiais, como sói acontecer entre nós espíritas. Mais uma vez a diferença entre espiritismo e movimento espírita é evidente. Enquanto o espiritismo não propõe a prece ou suas reuniões como motivos de reafirmação periódica da fé, e sim como algo espontâneo e sem nenhuma formalização, como exercício de aprendizado e de relação com os espíritos, sem necessidade sequer duma participação efetiva em grupos ou de periodicidade nesse contato, o movimento espírita trilha caminho bem diverso, pois ritualizou preces e reuniões da forma mais objetiva possível, fazendo-as formais com tempo determinado, formas específicas e material sacralizado, como se pode ler nas diversas obras que se tornaram clássicas entre os participantes desse segmento. Alguns já chegam ao extremo de consagrar sacramentos em casas espíritas, como as atuais cerimônias de casamento.
Finalmente, a última questão é a menos problemática, pois é o próprio Kardec quem propõe a necessidade da comunhão dos espíritas em uma comunidade como se vê nos seus escritos póstumos e na Revista espírita ―, reconhecendo, inclusive, os verdadeiros espíritas pelo esforço na sua transformação moral. E, aqui, ambas as posições são coincidentes.
Nesse ponto, concluiria que o espiritismo não é uma religião, já que não possui em suas características aquelas que possam dar-lhe essa definição, como visto acima. Diferente do movimento espírita, que desfruta de todas as características básicas apresentadas pelos estudiosos do assunto, e que, por conseguinte, enquadra-se perfeitamente nessa definição.
Faltaria, entretanto, uma última análise: a opinião de Kardec sobre o tema. Primeiramente lembro o clássico artigo publicado na "Revista espírita" de dezembro de 1868, intitulado "O espiritismo é uma religião?", pois nesse texto, Kardec declara não ser o espiritismo uma religião, por não possuir os caracteres das religiões tradicionais, como as cerimônias e os sacerdotes. Todavia, afirma ele nesse mesmo texto: "o laço estabelecido por uma religião é um laço essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, [...]. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, [...] a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. [...] Se assim é, perguntarão, então o espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores; no sentido filosófico, o espiritismo é uma religião". Kardec é bem claro em sua opinião ao possibilitar que o espiritismo seja considerado uma religião apenas em seu aspecto filosófico, ou seja, por reunir em torno de seus princípios filosóficos os homens numa congregação de fraternidade e benevolência, para então concluir, após a afirmativa acima: "O espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres duma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria ornar-se de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica e moral".
Se tal clareza não for ainda suficiente para ilustrar a opinião de Kardec, resta apenas a citação de mais dois fragmentos da "Revista espírita", o primeiro de maio de 1859, "Refutação dum artigo de L'Univers", em que diz: "Seu [do espiritismo] verdadeiro caráter é, pois, o de uma ciência e não de uma religião, e a prova disso é que conta, entre seus adeptos, com homens de todas as crenças, e que por isso não renunciaram às suas convicções [...]. O espiritismo repousa, pois, sobre princípios gerais independentes de todas as questões dogmáticas. [...] O espiritismo não é, pois, uma religião: de outro modo teria seu culto, seus templos, seus ministros. [...] Em resumo, o espiritismo se ocupa com a observação dos fatos, e não com as particularidades de tal ou tal crença". No segundo artigo, de julho de 1859, "Resposta à réplica do Sr. abade Chesnel, em L'Univers", diz Kardec: "O espiritismo, como eu disse, está fora de todas as crenças dogmáticas, com as quais não se preocupa; não o consideramos senão como uma ciência filosófica, que nos explica uma multidão de coisas que não compreendemos, e, por isso mesmo, em lugar de abafar em nós as idéias religiosas, como certas filosofias, fá-las nascer naqueles em que elas não existem; mas se quereis, por toda a força, elevá-lo à categoria duma religião, vós mesmos o empurrais para um caminho novo". É interessante ler Kardec afirmando que não será ele o criador duma nova religião, mas aqueles que tanto querem.
Portanto, a conclusão é indubitável: o espiritismo não é uma religião, sob qualquer artifício sofista ou de interesse pessoal. Por outro lado, o movimento espírita é uma religião com todas as características inerentes a essa definição. Possui sua sacralidade, seus rituais, sacerdotes e tudo o mais que o faz uma religião com seu séqüito de caracteres tradicionais.
* Sergio Mauricio é professor universitário; graduado em Engenharia Elétrica e Filosofia, com mestrado em Ciências da Família; escritor e dirigente espírita da cidade de Salvador.