sábado, 30 de janeiro de 2010

VOLTANDO

Precioso é o sofrimento, na floresta humana, para rasgar alguma clareza amiga por onde a luz possa penetrar nas furnas da sombra; contudo, ainda não me refiz totalmente dos choques trazidos daí, depois de minha consagração à mediunidade, por alguns anos.
Tive a felicidade de transmitir aos meus contemporâneos as notícias de vários pensadores e literatos redivivos, incorporando-as ao Espiritismo luso-brasileiro, qual o telegrafista postado à ponta do fio estendido entre os dois mundos; entretanto, guardo ainda bem vivas as marcas do sarcasmo e da perseguição que o serviço me valeu, por parte de muitas personalidades importantes, já agora recambiadas para cá, onde não mais se dispõem ao mau gosto de escarnecer a verdade.
Não é fácil entregar certas mensagns a destinatários que se voltam contra elas.
Por mais que se identifique o portador, através de palavras e atitudes a lhe positivarem a idoneidade moral, há sempre recursos multiplicados para evasivas.
Se a tarefa mediúnica representasse um manancial de ouro e de prazeres imediatos no currículo da carne, acredito que o povo se congregaria em massa, ao ruído de foguetes e ao som festivo de filarmônicas para recebê-la. O emissário da realidade, porém, não dispõe senão de palavras e de emoções para distribuir, apelando para realizações e louros, que quase toda a gente considera remotos ou inaceitáveis.
Raríssimas pessoas admitem a medicina preventiva. A maioria espera que a doença lhe desordene os nervos ou lhe apodreça a carne para se resolver, pondo a boca no mundo, a procurar clínicos ou cirurgiões.
Muito poucos, na atividade usual da Terra, se inclinam ao socorro da medicação religiosa. Detidos temporariamente nas ilusões do império celular, que se desmorona no sepulcro, passam por aí distraídos, no que tange aos interesses do espírito eterno.
Na morte, sim. Exasperam-se e choram até à prostração, lastimando-se, contudo, algo tarde. Não porque alguma vez lhes faltasse – como a ninguém falta – a Compaixão Divina: a paciência do Pai é inexaurível. É que se postergam, nas circunstâncias da luta terrena e nos quadros da parentela consangüínea, as valiosas oportunidades de mais amplo serviço.
O ensejo de aprender, corrigir, restaurar e auxiliar é indefinidamente adiado.
Indispensável se torna aguardar outra época, outros meios e reajustes.
O chamado “homem prático” ainda se assemelha, em diversas tendências, aos seres rudimentares do mundo, vivamente apaixonados pelas bactérias do solo e indiferentes à claridade solar.
Por esta razão, o serviço da mediunidade, por agora, ainda não é apetecível tentame para mim.
Compreendo que é preciso amargurar-se alguém para que outrem se alegre. Curte o cascalho a provação da fealdade, mas vive na alegria de fornecer o ouro precioso. Para nutrir-se, a célula física ainda exige no mundo a existência do matadouro. O que, no entanto, me estarrece não é o sacrifício de um homem pela melhoria dos semelhante: é a indiferença das criaturas pensantes e responsáveis, diante da ternura e da renunciação dos amigos de além-mundo.
O enrijecimento e a impermeabilidade das inteligências encarnadas, com reduzidas exceções, só os podem corrigir a dedicação e o carinho dos Espíritos Superiores.
Muitas vezes aí observei a deplorável paga do bem pela ingratidão, a revolta e a vaidade a troco da humildade e da ternura.
Que sempre houve muita gente preocupada em ouvir os desencarnados não padece dúvida; mas pessoas realmente interessadas na verdade jamais encontrei, exceção feita de alguns raros amigos, considerados bonzos e loucos, quanto eu mesmo o fui.
As entidades comunicantes por meu intermédio eram admiradas, ou suportadas, sempre que lisonjeassem, confortassem ou distraíssem; mas quando tangiam as cordas da realidade no mágico instrumento da palavra, convertiam-se em demônios de mistificação ou de inconveniência.
Entre máscaras e almas, vivi perplexo e atenazado por interrogações e decepções contundentes.
Daí, talvez, a exaustão que me colheu, de súbito, em plena luta.
Meu cérebro era uma trincheira sob contínuas investidas.
De obstáculo em obstáculo, caí sobre as pedras do meu caminho, minado por intraduzível esgotamento.
Alguns companheiros verificaram, em meu drama doloroso na casa de saúde, a falência de minhas faculdades, acreditando-me desprezado pelos amigos espirituais. Na verdade, porém, os mensageiros da luz não me haviam abandonado. Quando se inutiliza o filamento frágil de uma lâmpada, assim fazendo o aposento às escuras, isso não quer dizer que a usina geradora de força houvesse deixado de existir. Os vexilários da causa de Jesus eram excessivamente bondosos para não desculparem a insignificância e a pobreza do amigo que lhes acompanhava as pegadas na romagem difícil.
Ainda que me fosse dado cumprir todos os deveres que a mediunidade me indicava ou impunha, sentir-me-ia efetivamente pequenino e derrotado perante a magnitude da idéia que me cabia servir.
Creia, porém, que a minha desencarnação, em dificuldades prementes, depois de haver conquistado vasta corte de amizades e relações em Portugal e no Brasil, traz-me à lembrança curiosa narrativa de um amigo, a propósito de esquecido adivinho do povo de Israel.
Ao tempo dos Juízes, apareceu um homem inteligente e prestativo nas cercanias de Jerusalém, que era procurado por centenas de pessoas todas as semanas. Sacerdotes e instrutores, políticos e negociantes, cavalheiros e damas de prol vinham ouvir-lhe a palavra inspirada e reveladora.
Tamanha era a movimentação popular, ao redor dele, que de maneira nenhuma lhe era permitido cuidar do seu interesse e sustento. Mal conseguia repousar, apenas algumas horas escassas, quando a noite adormentava os inquietos consulentes de toda parte.
E os grandes homens da raça, porque se sentissem na presença de missionários incomum, começaram a encher-lhe o nome de títulos imponentes e a enfeitar-lhe o peito com medalhas diversas. Era considerado o mensageiro de Jeová, o sucessor de Moisés, o profeta dos profetas, o emissário da verdade, o revelador do oculto, o médico infalível e o sábio protetor do povo.
Rara a semana em que solene comissão não lhe procurasse o lar, trazendo-lhe novas comendas e homenagens, papiros comovedores e honrosas felicitações.
O mago maravilhoso e incompreendido, sorridente e valoroso, definhava, incapaz de uma reação, parecendo cada vez mais pálido e abatido, até que, um dia, foi encontrado morto em seu singelo montão de palha.
Ante os clamores públicos, um médico foi chamado à pressa, a fim de verificar o acontecimento, certificando, com facilidade, que o glorioso filho de Israel morrera de fome.
Reuniu-se o conselho do Povo Escolhido, com veneráveis solenidades, e, depois de acalorados debates, concluíram os conspícuos maiorais de Jerusalém que o famoso adivinho falecera em tão deploráveis circunstâncias, em virtude de provação determinadas pelo Divino Poder.
E todos esqueceram a singular personagem, guardando a consciência tranqüila, tanto quanto lhes era possível.
Não desejo com a presente história constituir-me advogado em causa própria. Cada qual principia a tarefa que lhe cabe entre os homens e termina os serviços que lhe compete, de conformidade com os seus merecimentos.
O problema do médium, no entanto, é questão fundamental no Cristianismo renascente.
Em quase toda parte há uma tendência positiva para a fiscalização ou para tomar conta da criatura que as circunstâncias apresentam por veículo de comunicação entre os dois planos. Raros medianeiros, por isso, terminaram o ministério com a galhardia e a segurança que deles se deveria esperar. Logo depois de encetada a marcha, retornam aos pontos de origem ou se perdem nos vastos espinheiros da desilusão, após tentarem a fuga do caminho reto, atendendo às sugestões das zonas inferiores.
Mas, se é justo dar onde exigimos, se é imperioso auxiliar onde somos auxiliados, se protegemos o canteiro de legumes para que estes nos não faltem à mesa, se providenciamos a devida instrução para o moço de recados que desejamos converter em colaborador do escritório, por que motivo negar a piedade e o estímulo ao companheiro que se transforma em cooperador de nossa alegria e elevação na senda do espírito?
Até que o avanço moral do Planeta possibilite equações definitivas da ciência, no terreno da sobrevivência e da intervenção das almas desencarnadas no círculo terrestre, o médium será a “cabeça de ponte” do mundo espiritual entre os homens, solicitando compreensão, solidariedade e incentivo para funcionar com a eficiência precisa.
A questão é, pois, das mais delicadas. Como será resolvida, não sei.
É assunto, porém, de imediato interesse para o ideal que esposamos e para a coletividade a que servirmos, achando-se naturalmente sob a responsabilidade dos homens encarnados, que para ele necessitam voltar olhos amigos.
Deus dá a semente e o clima, a água e o solo; quem dirige, porém, o arado e sustenta a lavoura, esse é o próprio homem, herdeiro e usufrutuário dos benefícios da Terra.
Que o Céu nos ajude a vencer as dificuldades, a fim de que a evolução permaneça baseado nas palavras do Senhor; “misericórdia quero e não sacrifício”.

Fernando de Lacerda
Texto extraído do livro "Falando à Terra" Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

SELO

SELO COMEMORATIVO DO CENTENÁRIO DE NASCIMENTO FRANCISCO CANDIDO XAVIER, LANÇADO PELOS CORREIOS


A CAMA "ASSOMBRADA"

A situação que vou relatar passou-se há cerca de 25 anos.
Era um sábado, dia da reunião de encaminhamento espiritual. Os componentes do grupo mediúnico estavam reunidos. Faltavam alguns, que só chegariam algum tempo depois, dado o impedimento por razões de trabalho e porque habitavam a trinta quilômetros de distância.
Deu-se início à reunião, que decorreu normalmente até à chegada desses companheiros. Fez-se uma pausa e eles entraram para o recinto onde decorria a mesma. Todos em oração e concentrados.
De repente, através de um médium que lá se encontrava desde o início, manifesta-se uma entidade:
“Ninguém dorme na minha cama! Foi feita para mim e ninguém mais há-de dormir nela!”
Todos nós ficámos surpreendidos com esta intervenção inesperada. Não sabíamos do que se tratava. O doutrinador entrou em diálogo com a entidade:
Doutrinador: Mas o que tem a tua cama?
Espírito: Foi feita para mim. Fui eu quem a mandou fazer. E ninguém dorme nela, porque eu não deixo!!!
Doutrinador: E há pessoas que dormem na tua cama?
Espírito: Sim! Mas eu não vou deixar!
Doutrinador: E há quanto tempo mandaste fazer a cama?
Espírito: Ah, isso não sei. Só sei que não vou deixar ninguém deitar-se nela!
Doutrinador: De que país és?
Espírito: Sou espanhola. Ninguém vai dormir na minha cama!
Doutrinador: E qual é o rei que governa?
Espírito: Rei, não. Rainha. Isabel.
Doutrinador: Isabel, a Católica?
Espírito: Sim.
[Aqui o doutrinador percebe que tem que trazer esta entidade à realidade presente, pois ela não se deu ainda conta de que já não pertence ao mundo físico e que há muito permanece no mundo espiritual, ligada a um objeto terreno que, certamente, lhe era muito caro. Essa permanência estacionária no tempo estava retardando a sua evolução espiritual.]
Doutrinador: Olha, minha amiga: isso já se passou há muito tempo, de que tu perdeste a noção. Neste momento já não te encontras no mundo físico.
Espírito: Quero lá saber. A cama é minha e ninguém se vai deitar nela.
Doutrinador: Neste momento estás aqui connosco, numa reunião de auxílio espiritual e estás a falar através de um médium. Olha lá: experimenta colocar a mão na tua cara e nos teus cabelos...
[A entidade leva a mão à cara e aos cabelos. É surpreendida pela barba do médium e pelos cabelos curtos. Apercebe-se que não são dela.]
Espírito: Esta cara não é minha. Estes cabelos não são meus...
Doutrinador: Pois é, minha amiga. Como te disse, estás neste momento no mundo dos espíritos. O teu corpo de carne há muito desapareceu. Estás a falar através de um médium, usando a sua voz. Mas isto te será explicado mais tarde. Agora o que importa é que sejas auxiliada. Presta atenção ao que se passa à tua volta.
[Os componentes do grupo continuam em oração, mentalizando muita luz e pedindo por esta nossa irmã.]
Espírito: Estou a ver pessoas vestidas de branco....
Doutrinador: Fala com elas.
Espírito (após alguns momentos): Sim, vou.
Doutrinador: Então vai, minha irmã. Acompanha estes amigos que te vieram socorrer e esclarecer. Que Deus te acompanhe.
Espírito: Adeus a todos e obrigada.
Doutrinador: Agradece a Jesus.
É feita uma oração de agradecimento pelas bênçãos recebidas, manifestando-se, posteriormente, o guia espiritual dos trabalhos, que explica que esta nossa irmã, há muito vinha sendo seguida e que tinha chegado agora o momento de ela poder ser auxiliada.
Foi feita a oração de encerramento da reunião que foi dada por terminada.
Só depois obtivemos a explicação do sucedido, vinda da parte de um dos participantes da reunião que havia chegado posteriormente. Contou-nos ele que havia comprado a cama num antiquário e que nunca ele e a sua esposa tinham conseguido dormir naquela cama. Deitavam-se mas não conseguiam conciliar o sono. Sentiam-se inquietos sem saber a razão.

Moral da história:
1. Não nos apeguemos demasiado aos bens materiais, pois estes são transitórios;
2. Quando adquirirmos uma antiguidade, tenhamos em conta que podemos também adquirir quem, por ignorância, a ela se encontra ainda ligada.


Do blog Ideia Espírita

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MEDIUNIDADE NOS ANIMAIS

A questão da mediunidade nos animais apareceu no tempo de Kardec e foi objeto de estudos e debates na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Tanto os Espíritos,quanto Kardec e a Sociedade Espírita consideraram o assunto como sem fundamento.
O animal pode ser considerado como o último elo da cadeia evolutiva que culmina no homem. Depois da Humanidade inicia-se um novo ciclo da evolução com a Angelitude (Reino Espiritual). Não há descontinuidade na evolução. Tudo se encadeia no Universo, como acentuou Kardec.
A teoria doutrinária da criação dos seres, isto é, a Ontogênese Espírita (do grego: onto é ser; logia é estudo) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal.
Léon Denis a divulgou numa sequência poética e naturalista: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem“. Entre cada uma dessas fases existem faixas intermediárias , nas quais o ser guarda características da fase que está deixando, incorporando-se à próxima, sem que esteja plenamente caracterizado. Assim, a teoria espírita da evolução considera o homem como um todo formado de espírito e matéria. A própria evolução á apresentada como um processo de interação entre esses dois elementos.
Cada fase, definida num dos reinos da Natureza, caracteriza-se por condições próprias, como resultantes do desenvolvimento de potencialidades dos reinos anteriores. Só nas zonas intermediárias, que marcam a passagem de uma fase para a outra, existe misturas das características anteriores com as posteriores.
Por exemplo: entre o reino vegetal e o reino animal, há a zona dos vegetais carnívoros; entre o reino animal e o reino hominal, há a zona dos antropóides. A teoria da evolução se confirma na pesquisa científica por dados evidentes e significativos.
A caracterização específica de cada reino define as possibilidades de cada um deles e limita-os em áreas de desenvolvimento próprio. A pedra não apresenta sinais de vida, embora em seu núcleo estrutural intensa atividade esteja se processando nas forças de atração; o vegetal tem vida e sensibilidade, o animal acrescenta às características da planta a mobilidade e os órgãos sensoriais específicos, com inteligência em processo de desenvolvimento. Somente no homem todas essas características dos reinos naturais se apresentam numa síntese perfeita e equilibrada, com inteligência desenvolvida, razão e pensamento contínuo e criador. Mas a mais refinada conquista da evolução, que marca o homem com o endereço do plano angélico (Reino Espiritual) é a Mediunidade. Função sem órgão, resultante de todas as funções orgânicas e psíquicas da espécie, a Mediunidade é a síntese por excelência, que consubstancia todo o processo evolutivo da Natureza. Querer atribuí-la a outras espécies que não a humana é absurdo, uma vez que mediunidade requer processo de sintonia impossível de acontecer no pensamento fragmentado do animal. Por isso, todos os que querem encontrá-la nos animais a reduzem a um sistema comum de comunicação animal, desconhecendo-lhe a essência para só encará-la através dos efeitos.
O ponto de máximo absurdo nessa teoria da mediunidade nos animais é a aceitação de “incorporação” de espíritos humanos em animais.
As comunicações mediúnicas são possíveis somente no plano humano. A Natureza emprega os processos das formas no desenvolvimento das espécies animais e no crescimento das criaturas humanas, sempre no âmbito de cada espécie e segundo as leis das lentas variações da formação dos seres. Jamais o Espiritismo admitiu os excessos de imaginação que o fariam perder de vista as regras do bom senso e a firmeza com que avança na conquista dos mais graves conhecimentos de que a Humanidade necessita para prosseguir na sua evolução moral e espiritual.
As pesquisas parapsicológicas atuais demonstram a percepção extra-sensorial no animal que lhes permite perceber (enxergar, ouvir) vibrações de ondas não passíveis de serem captadas pelo sensório humano.
Certas faculdades dos animais são agudas como a visão na águia e no lince, a do olfato e da audição nos cães, a da direção nas aves e animais marinhos; faculdades estas desenvolvidas na medida das necessidades de sobrevivência de certas espécies.
As nossas faculdades correspondentes são menos acentuadas, porque já possuímos outros meios para aferir a realidade, usando faculdades superiores de que temos maior necessidade no campo da evolução espiritual. A percepção extra-sensorial é muito difundida no reino animal, e os espíritos incumbidos de zelar por esse reino, em certos casos podem excitar suas percepções para atender a circunstâncias especiais. Os casos de animais que se recusam a passar num trecho da estrada porque este é assombrado - segundo lendas, nada tem que ver com a mediunidade. Muitas vezes o animal se recusa porque percebeu não um espírito, mas sim a presença de uma serpente no mato.
Na Revista Espírita, Junho de 1860, pg 179, no artigo - O Espírito e o Cãozinho - é relatado o caso de um cão que percebia a presença do Espírito de seu dono, desencarnado havia pouco. É perguntado ao Espírito do rapaz por que meios o cão o reconhece, e ele responde:
“A extrema finura dos sentidos do cão”.
Posteriormente o Espírito Charles comunica-se explicando:
“A vontade humana atinge e adverte o instinto dos animais, sobretudo dos cães, antes que algum sinal exterior o revele. Por suas fibras nervosas o cão é colocado em relação direta conosco, Espíritos, quase tanto quanto com os homens: percebe as aparições; dá-se conta da diferença existente entre elas e as coisas reais ou terrenas, e lhes tem muito medo”.
“(...) Acrescentarei que seu órgão visual é menos desenvolvido do que as suas sensações; ele vê menos do que sente; o fluido elétrico o penetra quase que habitualmente”.
Desse modo, compreendemos que o cão percebe a presença de Espíritos, não através da mediunidade, mas através da percepção peculiar acentuada e por ser, em princípio, constituído do mesmo fluido que os Espíritos.
Outros casos comentados são as aparições de animais - fantasmas. Na Revista Espírita - Maio de 1865, pg 125 a 129, é relatada a aparição de uma cachorra chamada Mika.
Será que o princípio inteligente, que deve sobreviver nos animais como no homem, possuiria, em certo grau, a faculdade de comunicação como o Espírito humano?
Posteriormente, é recebida a seguinte comunicação de um Espírito, sobre o assunto (transcrevemos parte dela):
“(...) Assim, a manifestação pode dar-se, mas é passageira, porque o animal para subir um degrau, necessita de um trabalho latente que aniquila, em todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual, onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura reprodutiva de traços (...)“.
“(...) que o animal, seja qual for, não pode traduzir seu pensamento pela linguagem humana, suas idéias são apenas rudimentares; para ter a possibilidade de exprimir-se como faria o Espírito de um homem, ele necessitaria ter idéias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem, nem pode ter. Tende, pois,como certo, que nem o cão, o gato, o burro, o cavalo ou o elefante, podem manifestar-se por via mediúnica. Os Espíritos chegados ao grau da humanidade, e só eles, podem fazê-lo, e ainda em razão do seu adiantamento porque o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como o de um homem civilizado”.
As manifestações de fantasmas-animais não são naturalmente conscientes como as de criaturas humanas, mas são produzidas por entidades espirituais interessadas nessas demonstrações, seja para incentivar o maior respeito pelos animais na Terra, seja por motivos científicos.
Continuando nossa análise, recorremos aos capítulos XIX e XXII de O Livro dos Médiuns e juntos, analisemos fatores que nos permitam compreender o papel dos médiuns nas comunicações, excluindo assim a possibilidade dos animais serem médiuns.
O Livro dos Médiuns,
cap XIX - Papel dos Médiuns nas Comunicações;
Cap XXII – Da Mediunidade nos animais, q.236
”(...) que é um Médium? É o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens, Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja”.
“(...) os semelhantes agem através de seus semelhantes e como os seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos, encarnados ou não? (...) o vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntica, são, numa palavra, semelhantes. Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite aos Espíritos e aos encarnados entrar facilmente em relação. Enfim, o que pertence especificamente aos médiuns, à essência mesma de sua individualidade, é uma afinidade especial, e ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que anulam neles toda possibilidade de rejeição, estabelecendo entre eles e nós, uma espécie de corrente ou fusão, que facilita as nossas comunicações. É, de resto, essa possibilidade de rejeição, própria da matéria, que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade, na maior parte dos que não são médiuns”.
“(. ..) o fogo que anima os irracionais, o sopro que os faz agir, mover, e falar na linguagem que lhes é própria, não tem quanto ao presente, nenhuma aptidão para se mesclar, unir, fundir com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito em uma palavra, que anima o ser essencialmente perfectível: o homem (...)“.
“(...) não mediunizamos diretamente nem os animais, nem a matéria inerte. Precisamos sempre do concurso consciente ou inconsciente, de um médium humano, porque precisamos da união de fluidos similares, o que não achamos nem nos animais nem na matéria bruta”.
O Sr. T..., diz-se, magnetizou o seu cão. A que resultado chegou? Matou-o, porquanto o infeliz animal morreu, depois de haver caído numa espécie de atonia, de langor, conseqüência de sua magnetização. Com efeito, saturando de um fluido haurido numa essência superior à essência especial da sua natureza de cão, ele o esmagou, agindo sobre ele, embora mais lentamente, à semelhança do raio. Assim, não havendo nenhuma possibilidade de assimilação entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais, propriamente ditos, nós os esmagaríamos imediatamente ao mediunizá-los.
"(...)sabeis que tiramos do cérebro do médium os elementos necessários para dar ao nosso pensamento a forma sensível e apreensível para vós. É com o auxílio dos seus próprios materiais que o médium traduz o nosso pensamento em linguagem vulgar. Pois bem: que elementos encontraríamos no cérebro de um animal? Haveria ali palavras, números, letras, alguns sinais semelhantes aos que encontramos no homem, mesmo o mais ignorante? Entretanto, direis, os animais compreendem o pensamento do homem, chegam mesmo a adivinhá-lo. Sim, os animais amestrados compreendem certos pensamentos, mas já os vistes reproduzi-los? Não. Concluí, pois, que os animais não podem servir-nos de intérpretes".
Resumindo: os fenômenos mediúnicos não podem produzir-se sem o concurso consciente ou inconsciente dos médiuns, e é somente entre os encarnados, Espíritos como nós, que encontramos os que podem servir-nos de médiuns. Quanto a ensinar cães, pássaros e outros animais, para fazerem estes ou aqueles serviços, é problema vosso e não nosso. – ERASTO”
Assim concluímos ser a Mediunidade uma faculdade natural do Espírito. Querer encontrá-la nos animais significa não entender seu mecanismo, finalidade e função, ignorando-lhe a essência para só encará-la através dos efeitos. Os principais elementos que permitem o desabrochar dessa faculdade só apareceram no homem: a sensibilidade aprimorada ao extremo das possibilidades materiais, o psiquismo requintado e sutil, a afetividade elaborada aos impulsos da transcendência, a vontade dirigida por finalidades superiores, a mente racional e perquiridora , a consciência discriminadora e analítica, o juízo disciplinador e avaliador que avalia a si mesmo, a memória arquivada nas profundezas do inconsciente, o pensamento criador e dominador do espaço e do tempo, a intuição inata de Deus como o selo vivo e atuante do Criador na criatura.

BIBLIOGRAFIA:
1. KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2.ed. São Paulo:FEESP, 1989 - Cap. XIX e XXII
2. KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos: ed. especial São Paulo:EME, 1997 - Cap. XI q. 592 a 613
3. KARDEC, Allan – Revista Espírita: Sobradinho-DF: EDICEL,
Junho de 1860 – O Espírito e o Cãozinho
Julho de 1861 – Papel dos médiuns nas comunicações, Erasto e Timóteo
Agosto de 1861 – Os animais médiuns, Erasto
Setembro de 1861 – Carta do Sr Mathieu sobre mediunidade das aves
Maio de 1865 – Manifestação do Espírito dos animais
4. PIRES, J. Herculano - Mediunidade: 2. ed. São Paulo: PAIDÉIA, 1992 - Cap XI, Mediunidade Zoológica

Centro Espírita Batuíra
Tereza Cristina D'Alessandro

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

HARMONIA INTERIOR

O uso da música para combater enfermidades é tão antigo quanto a própria música e são muitas as evidências disso em épocas diferentes. Os papiros médicos egípcios descobertos em Kahum. em 1899, mostram registros que datam por volta do ano 1500 a.C.. Platão (427-347 a.C.) ressaltava que "a música dá asas ao pensamento. vôo à imaginação, encanto à tristeza, alegria e vida a todas as coisas". Aristóteles (384-322 a.C.) também defendia o valor terapêutico da música.
Já no século XIX, o renomado educador e músico suíço Emile Jacques - Dalcroze (1865-1950) dizia que a música deve desempenhar um papel importante ria educação em ,geral, reintegrando corpo e mente, pensamento e comportamento. Nos Estados Unidos, desde a Primeira Guerra Mundial, os veteranos contratavam músicos profissionais para o auxílio no tratamento.
A música sempre esteve ligada à evolução do homem e, em especial, aos cultos religiosos como torna de expressão e louvor a Deus. Apesar destes poderosos aliados, o ser humano ainda não aprendeu a se equilibrar. Do computador pessoal ao cabo de fibra ótica. do satélite de comunicação ao CD, o homem do nosso tempo domina os mais poderosos instrumentos de informação da história da humanidade. Infelizmente. o progresso científico nem sempre é acompanhado da evolução espiritual.
São inúmeros os relatos de pessoas que encontram na Doutrina Espírita o bálsamo consolador para as dores da alma. A prática espírita consciente e racional, fundamentada na ciência, na filosofia e na religião, tem respondido às argumentações do homem no final deste século. Mas, de acordo com Herculano Pires,"não basta compreender a doutrina; é preciso assimila-la" e aplicar os ensinamentos em nossa vida cotidiana. Como tudo que se passa na vida atual é agitado, também é sonoro, ou melhor, barulhento. Para contrabalançar, os sons da TV, do rádio e da própria voz têm que ser aumentados numa competição enlouquecedora.
Atualmente já é comprovado que o sistema auditivo está intimamente ligado ao nervoso, logo, o som interfere rias ondas cerebrais. Urna sobrecarga sonora pode causar dor de cabeça, fadiga, irritabilidade, aumento da concentração de suco gástrico entre outros sintomas, por isso a Organização Mundial de Saúde adverte sobre os perigos da poluição sonora, tão arrasadora quanto os outros tipos de poluição. A relação desgastante entre o homem e o meio ambiente também é fonte de desequilíbrio.
Entretanto, a música é um exímio instrumento na busca da reflexão, do auto conhecimento, da paz e da desobsessão. André Luiz, no livro "Ação e Reação" (cap. 10) nos relata que certo obsessor insistia no desejo impetuoso de vingança, apesar da doutrinação de instrutores espirituais. Porém, cientes de que o perseguidor admirava Beethoven, 'levaram-no para uma casa onde se ouvia a Pastoral. O obsessor, ao ouvir a preciosa obra-prima do compositor, foi então recuperando o equilíbrio e a paz, após "expungir do coração ferido as suas dores, narrando o seu drama íntimo."
Léon Denis explica no livro "O Espiritismo na Arte" que "a harmonia musical quando sustentada por nobres palavras. pode elevar as almas pis regiões celestes, já que o cântico produz uma dilatação salutar da alma, uma emissão fluídica que facilita a ação das torças invisíveis". "A música, melhor do que a palavra, representa o movimento, que é uma das leis da vida: por isso ela é a própria voz do mundo superior".
Os sons da natureza também abrem as portas para a reconquista da paz e, normalmente, não emite ruídos que ultrapassam o limite tolerado pelo ser humano. Os sons dos pássaros, da água, do vento batendo nas folhas são relaxantes, agradáveis. O tempo para a pausa em busca da descoberta de sons curativos e do silêncio é, sem dúvida, uma forma eficaz de evitar o estresse. É estender o equilíbrio do centro espírita para nossa vida diária.

O Médium – Ano 66 – nº 596 – 07 e 08/97

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A OPINIÃO DOS OUTROS

Você se importa com a opinião que os outros têm a seu respeito?

Se a sua resposta for não, então você é uma pessoa que sabe de si mesma. Que se conhece. É auto-suficiente.
No entanto, se a opinião dos outros sobre você é decisiva, vamos pensar um pouco sobre o quanto isso pode lhe ser prejudicial.
O primeiro sintoma de alguém que está sob o jugo da opinião alheia, é a dependência de elogios.
Se ninguém disser que o seu cabelo, a sua roupa, ou outro detalhe qualquer está bem, a pessoa não se sente segura.
Se alguém lhe diz que está com aparência de doente, a pessoa se sente amolentada e logo procura um médico.
Se ouve alguém dizer que está gorda, desesperadamente tenta diminuir peso.
Mas se disserem que é bonita, inteligente, esperta, ela também acredita.
Se lhe dizem que é feia, a pessoa se desespera. Principalmente se não tem condições de reparar a suposta feiúra com cirurgia plástica.
Existem pessoas que ficam o tempo todo à procura de alguém que lhes diga algo que as faça se sentir seguras, mesmo que esse alguém não as conheça bem.
Há pessoas que dependem da opinião alheia e se infelicitam na tentativa de agradar sempre.
São mulheres que aumentam ou diminuem seios, lábios, bochechas, nariz, para agradar seu pretendido. Como se isso fosse garantir o seu amor.
São homens que fazem implante de cabelo, modificam dentes, queixo, nariz, malham até à exaustão, para impressionar a sua eleita.
E, quando essas pessoas, inseguras e dependentes, não encontram ninguém que as elogie, que lhes diga o que desejam ouvir, se infelicitam e, não raro, caem em depressão.
Não se dão conta de que a opinião dos outros é superficial e leviana, pois geralmente não conhecem as pessoas das quais falam.
Para que você seja realmente feliz, aprenda a se conhecer e a se aceitar como você é.
Não acredite em tudo o que falam a seu respeito. Não se deixe impressionar com falsos elogios, nem com críticas infundadas.
Seja você. Descubra o que tem de bom em sua intimidade e valorize-se. Ninguém melhor do que você para saber o que se passa na sua alma.
Procure estar bem com a sua consciência, sem neurose de querer agradar os outros, pois os outros nem sempre dão valor aos seus esforços.
A meditação é excelente ferramenta de auto-ajuda. Mergulhar nas profundezas da própria alma em busca de si mesmo é arte que merece atenção e dedicação.
Quando a pessoa se conhece, podem emitir dela as opiniões mais contraditórias que ela não se deixa impressionar, nem iludir, pois sabe da sua realidade.
Nesses dias em que as mídias tentam criar protótipos de beleza física, e enaltecer a juventude do corpo como único bem que merece investimento, não se deixe iludir.
Você vale pelo que é, e não pelo que tem ou aparenta ser. A verdadeira beleza é a da alma. A eterna juventude é atributo do espírito imortal.
O importante mesmo, é que você se goste. Que você se respeite. Que se cuide e se sinta bem.
A opinião de alguém só deve fazer sentido e ter peso, se esse alguém estiver realmente interessado na sua felicidade e no seu bem-estar.

Pense nisso!
Nenhuma opinião que emitam sobre você, deve provocar tristeza ou alegria em demasia.
Os elogios levianos não acrescentam nada além do que você é, e as críticas negativas não tornarão você pior.
Busque o autoconhecimento e aprenda a desenvolver a auto-estima.
Mas lembre-se: seja exigente para consigo, e indulgente para com os outros.
Eis uma fórmula segura para que você encontre a autoconfiança e a segurança necessárias ao seu bem-estar efetivo.
E jamais esqueça que a verdadeira elegância é a do caráter, que procede da alma justa e nobre.
Pense nisso, e liberte-se do jugo da opinião dos outros.

Momento Espírita

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

COMO IDENTIFICAR UMA CASA ESPÍRITA IDÔNEA


Pode parecer um contra-senso alguém dizer a uma pessoa que ela precisa verificar se a casa espírita que freqüenta é digna de credibilidade. Mas, não é. A experiência demonstra que existem muitos problemas nos centros espíritas, que os freqüentadores precisam identificar com precisão para não serem prejudicados por eles.

O Movimento Espírita Brasileiro é um organismo coletivo que apresenta inúmeros desvios doutrinários. E, dentre os centros espíritas que o compõe, não faltam aqueles que de "kardecista" só tem o nome. Falam em nome do codificador do Espiritismo, Allan Kardec, mas desconhecem os princípios fundamentais que norteiam sua obra.

Por uma série de motivos, os centros espíritas no Brasil se formam ao sabor das idéias de seus fundadores, que buscam interpretar o Espiritismo sob sua ótica. E as interpretações variam ao infinito. Não existem diretrizes claras a respeito de como os dirigentes e trabalhadores espíritas devem agir no dia-a-dia das casas. Cada um faz o que bem entende. E, numa situação dessas, é evidente que se encontrará em cada lugar, um modelo diferenciado sobre a interpretação doutrinária, métodos de tratamento, de orientações, ações sociais etc. O resultado é a desorganização e a irracionalidade permeando as práticas.

Os organismos federativos, sob a égide da Federação Espírita Brasileira - FEB, foram criados, em tese, para resolver esses problemas. Mas, nem sempre conseguiram cumprir esse papel. Em alguns Estados do país as federações espíritas são atuantes, interagem com os centros. Em outros, tornou-se objeto de ocupação por grupos de indivíduos de mentalidade retrógrada, cuja maior preocupação é a de manterem-se em seus cargos diretivos de poder.

O espírita que pretende dedicar-se verdadeiramente à sua convicção, vivenciando os ensinos de Jesus e Allan Kardec, precisa cuidar-se para não se envolver com pessoas ou grupos assistidos por Espíritos pseudo-sábios e galhofeiros. O Espiritismo é uma doutrina libertadora e faz um bem enorme a quem se coloca sob sua orientação. Porém, quando mal praticado, é fonte de intensas perturbações do organismo psíquico, de fanatismos e idolatrias. Abaixo, estaremos citando alguns cuidados que se deve ter para identificar uma casa espírita séria ou grupo que se possa freqüentar com segurança.

A palavra "Espiritismo" A palavra 'Espiritismo' foi criada por Allan Kardec para designar a Doutrina Espírita. No meio religioso convencional, os pastores e padres colocam como adeptos do 'espiritismo', as pessoas que 'mexem' com os Espíritos. Para eles os seguidores do Candomblé, da Umbanda, os ledores de sorte, de tarô etc, são todos praticantes do Espiritismo. Isso, evidentemente, não é verdade. Nós, espíritas, temos o dever de procurar esclarecer esse ponto de vista, sempre que a confusão se estabelecer. Mas, como o termo já está introjetado na linguagem popular, é aconselhável que se diga 'Doutrina Espírita' em lugar de 'Espiritismo', quando a ocasião exigir. É necessário ter em mente os princípios básicos doutrinários para que se tenha condições de prestar esclarecimentos. São eles: a crença em Deus como princípio criativo, a existência do Espírito e sua imortalidade, a reencarnação, a lei de causa e efeito, a influência do mundo invisível sobre o visível, a comunicação entre esses dois mundos e a evolução moral e intelectual progressivas.

Espiritismo e Umbanda É muito comum se encontrar casas com denominação de "espíritas" que dizem trabalhar com o Espiritismo e com a Umbanda ao mesmo tempo. É importante definirmos o que é uma coisa e outra. Espiritismo é a doutrina que nos foi deixada por Allan Kardec, como a mensagem do Consolador Prometido. A Umbanda é um culto com identidade própria e suas práticas, embora tenha alguns pontos em comum com o Espiritismo, de modo geral são antagônicas. Portanto, não se pode ser umbandista e espírita ao mesmo tempo.

A Umbanda tem público e finalidade apropriados. Suas práticas são voltadas a rituais e procedimentos que nada tem a ver com a Doutrina Espírita. Mais grave ainda são as casas que em alguns dias trabalham com o Espiritismo e em outros com a Umbanda. Não se deve servir a dois Senhores. Portanto, o frequentador deve escolher seus caminhos. Não é aconselhável inclusive que se trabalhe em duas casas espíritas simultaneamente. Imagine a confusão espiritual que se forma quando se participa de dois cultos que não possuem afinidade entre si. Isso tem sido fonte de desequilíbrio para a vida de pessoas pouco esclarecidas quanto a esse aspecto. Para maiores informações sobre a Umbanda: Clique aqui!

Existe, ainda, as casas que se dizem espíritas, mas que realizam práticas provenientes da Umbanda, como reuniões mediúnicas com público presente, consultas com guias (que sempre têm nomes venerados como Bezerra de Menezes, por exemplo), médiuns em lugar de destaque na casa, passes com passistas "incorporados" etc. Isso se dá pelo total desconhecimento dos dirigentes do que seja a Doutrina Espírita. Instruem-se, muitas vezes, vendo os outros fazerem ou em leituras superficiais de livros da literatura acessória.

Desenvolver Mediunidade É muito comum a uma pessoa que chega na casa espírita com problemas pessoais, receber a orientação de um dirigente ou médium, dizendo que ela precisa 'desenvolver' a mediunidade. Afirmam, que a faculdade mediúnica é a fonte das suas dificuldades e que se não praticá-la jamais encontrará seu equilíbrio. Essa idéia popularesca, nada tem a ver com as orientações de Allan Kardec. Nasceu nos terreiros primitivos de mediunismo, e veio parar nos centros ou grupos espíritas por falta de orientação doutrinária adequada.

Todos os seres vivos têm a mediunidade natural, sensibilidade necessária ao processo evolutivo dos Espíritos, mas nem sempre necessitam desenvolver seus dons espirituais. Só o devem fazer, aquelas pessoas que são dotadas de mediunidade ostensiva, ou seja, portadoras de mediunato. E mesmo assim, após dedicação ao trabalho e ao estudo da Doutrina Espírita.

Ninguém tem o poder de saber se alguém é médium ostensivo ou não. A única forma de se reconhecer o dom da mediunidade é fazendo experiências. E, de preferência, numa casa espírita bem orientada. Primeiro, caso esteja perturbado, o interessado passará por um tratamento espiritual. Depois, receberá instruções teóricas básicas, freqüentando os cursos doutrinários. Mais tarde, quando já estiver familiarizado com o Espiritismo e com o grupo no qual se integrou, visitará as sessões práticas para experimentar. Mas, fará isso por vontade própria. Ninguém é obrigado a desenvolver a mediunidade. Quem o faz por 'obrigação' já estabelece um entrave para produzir no campo do Bem.

A maioria das pessoas que chegam na casa espírita 'sentindo coisas', está sendo vítima de obsessões e desajustes pessoais. Primeiro, precisa de um tratamento sério, destinado a restabelecer seu equilíbrio psíquico e emocional. Depois, caso queira, poderá ingressar nas fileiras de trabalho com Jesus, candidatando-se ao quadro de trabalhadores da sociedade espírita. Portanto, uma casa espírita que coloca pessoas recém-chegadas à casa para participar das reuniões de intercâmbio espiritual por ser classificada como médium, está sem a segura orientação kardequiana.

O Salão de Palestras Para se conhecer uma casa espírita idônea é importante que se preste atenção na sala de palestras. Se o centro espírita que você está visitando tem o hábito de colocar quadros ou imagens no salão destinados às exposições, possivelmente o ambiente é carente de orientação doutrinária correta. Certamente é costume que vem do catolicismo e se está apenas substituindo as imagens por quadros de personalidades ou Espíritos que são admirados pelo grupo. Um outro hábito não pouco comum, é o costume de se fazer a abertura dos trabalhos públicos de esclarecimento valendo-se de músicas e cantorias. Cânticos enaltecendo a Virgem Maria e até mesmo Allan Kardec são freqüentes. A casa espírita é um ambiente semelhante a uma escola e não tem sentido agir dentro das suas dependências como numa igreja.

Instituições que fecham suas portas nas sessões públicas, que promovem manifestações de Espíritos com público presente, que desenvolvem trabalhos públicos de 'desenvolvimento das potencialidades mediúnicas', que são dirigidas pelo 'guia da casa', que exigem que todos se levantem na hora da abertura são casas assistidas por Espíritos pouco adiantados, que ainda se encontram, no mundo espiritual, presos às suas convicções religiosas. E o que é pior, passam-se por Espíritos elevados e os dirigentes sequer desconfiam por não desconhecem o básico das orientações kardequianas, no que diz respeito à identidades dos Espíritos. Nesses ambientes, dificilmente se poderá conseguir ajuda no tratamento de obsessões graves e mesmo orientações suficientes para se corrigir posturas morais inadequadas.

A Sala de Passes Para identificar uma boa casa espírita, também é importante prestar atenção naquilo que se passa dentro da sala de passes. Primeiro, esteja atento nas atitudes dos passistas. Se o médium que está transmitindo o passe estiver "incorporado" por um Espírito, certamente não possui orientação doutrinária adequada. O trabalhador espírita não precisa desse recurso para dar passes. Seu guia espiritual pode assisti-lo, sem que seja necessário manifestar-se ostensivamente. Em casa espírita com boa instrução kardequiana, não se vê esse tipo de procedimento.

Outro costume estranho ao trabalho espírita, é o médium dar conselhos às pessoas que estão recebendo passes, quando supostamente vêem ou sentem esta ou aquela coisa. Isso cria uma aura de importância pessoal em torno do passista, inadequada ao equilíbrio do trabalho com Jesus. A sala de passes não é o ambiente apropriado para se ministrar orientações individuais.

Os ensinamentos são dados principalmente na sala de palestras e as conversas particulares devem acontecer nas salas de entrevistas. A sala de passes é um lugar com um papel fundamental: oferecer energias que vão restabelecer o equilíbrio fluídico dos enfermos e necessitados.

Para ministrar o passe, o médium não necessita tocar nas pessoas que vão receber as energias. Também não é necessário que o médium estale os dedos, que fungue como se estivesse tendo uma síncope respiratória ou que faça movimentos exagerados com o corpo para a magnetização. O passe deve ser administrado de forma simples, com preces e imposição de mãos, deixando de lado as técnicas mirabolantes que não possuam fundamentação doutrinária.

Os chamados "passes anímicos" também são uma incoerência, uma vez que na casa espírita, mormente neste trabalho de fluidoterapia, estamos sempre secundados pelos Espíritos amigos. Os passes com cores (cromoterapia), encontrados em muitas casas espíritas, também devem ser vistos com cautela, afinal a cromoterapia nada tem a ver com a Doutrina Espírita.

É bom observar se os passistas têm roupas especiais, como vestir-se de branco por exemplo, ou se ficam descalços para trabalhar. Isso é desnecessário. Veja se é mantida uma certa disciplina na sala ou se existem os tais "passistas especiais" cujos passes duram uma eternidade, atraindo filas quilométricas para eles. Ambientes onde se estudam as obras do Codificador, não se coadunam com tais coisas.

A Reunião Pública Um ponto muito importante a ser observado no reconhecimento de uma boa casa espírita é a forma como é estruturado o trabalho de esclarecimento ao público. Certamente que todos são livres para desenvolver essa tarefa da forma que acharem mais conveniente, mas deixaremos aqui nossa opinião, baseada no objetivo maior do centro espírita que é fazer despertar o homem novo.

A reunião de esclarecimento destinada ao público em geral que freqüenta a casa espírita, deve ter uma característica diferente das que são realizadas para estudos com os trabalhadores. Isto nos parece claro, uma vez que a população destes dois grupos é completamente diferente. Enquanto estes últimos já estão em busca do entendimento da Doutrina Espírita propriamente dita, através do estudo, os primeiros necessitam de conforto e esclarecimento básico das coisas espirituais, com raras exceções.

A maioria das pessoas que procuram o centro espírita, o faz porque é portadora de problemas os mais diversos. Busca encontrar ali o conforto, o amparo e respostas para suas perguntas. Carece de orientação evangélica, à luz do Espiritismo, e esse deve ser o papel da instrução dada nas reuniões públicas. Primeiro somos evangelizados para depois entrarmos no entendimento do pensamento kardequiano. Jamais entenderemos Allan Kardec, sem conhecermos os fundamentos dos ensinamentos de Jesus.

O trabalho de explanação da palavra divina ao povo é a mais grave tarefa da casa espírita e deve ser realizada por aqueles que têm um mínimo amadurecimento espiritual, conhecimento evangélico e doutrinário, além de conduta moral sadia como força de exemplificação.

A mensagem deixada deve despertar na criatura que a ouve o gosto pelas coisas espirituais, caso contrário será trabalho vão. Deve ser simples e objetiva, sem preocupações maiores com a forma, passando de maneira adequada os ensinamentos de Jesus à luz da Doutrina Espírita. Precisa encaminhar sempre o indivíduo à reflexão, ao conhecimento de si mesmo, única forma de motivar mudanças de posturas.

Palestras com temas doutrinários complexos, ou aquelas onde predominam as historinhas dos livros psicografados, ou ainda as que são permeadas pelos exemplos pessoais de quem fala deveriam ser deixadas de lado, pois são carentes do essencial que mobiliza a criatura para a busca do conhecimento. A palavra precisa ser clara, simples e objetiva para atingir os simples de coração, conforme ensina Jesus.

Corpo de trabalhadores
A casa espírita necessita ter um copo de trabalhadores definido para desempenhar as tarefas de uma atividade tão grave como essa. Pessoas que sejam preparadas dentro de um espírito de servir e não o de ser servido. Casas que não se preocupam com essa importante orientação de Allan Kardec, que, a pretexto da caridade, colocam as pessoas para trabalhar sem o menor preparo, apenas baseado na boa vontade do indivíduo que chega na casa "querendo trabalhar", são vítimas freqüentes da desorganização, dos melindres e inúmeros problemas advindos do orgulho e vaidade dos membros.

Assistência Social
Toda casa espírita adequadamente orientada deve ter atividades de amparo aos mais necessitados. Sopa, creches, orfanatos, asilos, farmácias, visitas aos hospitais, presídios etc. Entretanto, esta não deve e nem pode ser a coisa mais importante, o carro chefe da casa. O que deve preponderar é o ensino, pois só através do ensino a criatura sentirá a necessidade verdadeira de servir ao seu irmão. A atividade de caridade deve ser uma conseqüência do esclarecimento e não ser realizado com a idéia de que as obras boas fazem o homem bom. Na verdade é o homem bom que faz as boas obras, ou seja, o homem reformado faz obras sem preocupação de estar angariando um lugar no céu (no caso dos espíritas, fora do umbral). Essa postura é um equívoco e mais uma vez é fruto do espírito católico que contaminou o movimento com suas idéias seculares de promessas e mercadejamento das coisas de Deus.

domingo, 24 de janeiro de 2010

ESPÍRITAS VERDADEIROS E EMBUSTEIROS

Entre os grandes males que sempre afligiram a humanidade, destaca-se a prática da magia negra, disfarçada, muitas vezes, com rótulos de “centro espírita”, tem papel dos mais destacados.
Nesses “centrelhos” não se cogita da regeneração moral de quem quer que seja. O que neles se trata é de vinganças, cangamentos e outras misérias morais. A ajudá-los, estão os espíritos malfeitores, zombeteiros, embusteiros que viveram, quando encarnados, sempre praticando patifarias.
Se à humanidade fossem explicados os porquês da vida, inclusive a composição do Universo, que é a mesma do ser humano – Força e Matéria – estaria ela hoje esclarecida, e dispensaria aos pensamentos o mesmo cuidado que tem com a eletricidade, o radium etc. É pelo pensamento que o ser humano alcança a saúde ou a doença, o êxito ou o fracasso.
A solução dos problemas da vida dos indivíduos, das coletividades, das nações e do mundo, depende da normalidade dos homens, da sua educação moral e preparo intelectual, baseados em princípios racionais e científicos, cada um sabendo que é uma força geratriz de pensamentos e que, como os alimentar, assim será: bom ou mau, feliz ou infeliz, saudável ou doente.
Sendo os pensamentos forças saturadas de poder, preciso se torna esclarecer as criaturas, fazendo-lhes ver que sem preparo, sem disciplina, sem bom estado psíquico, sem moral em todos os lares, nada absolutamente de bom, de útil, de estável conseguirão, porque sem esses predicados, as fobias várias que avassalam a humanidade, filhas da falta de moral, continuarão a imperar por toda parte.
Para que isso se não dê, é necessário que cada um de nós, os já esclarecidos, já senhores dos porquês das coisas, não deixe que caminhe tão desenfreadamente esse veneno mental, essa praga de espíritas embusteiros, como são os praticantes da magia negra.
O Espiritismo é a ciência das ciências! A filosofia das filosofias! Aquela que sendo a ciência da vida, nos guia, acertadamente, na luta travada na Terra, preparando a alma para a vida de elevação moral e de futura vitória espiritual!
O Espiritismo, quando bem orientado e colocado no campo do esclarecimento, consola, anima, encoraja e retempera os espíritos para os embates da vida, como ensina o notável médico Pinheiro Guedes em sua obra magistral: Ciência espírita, é “a chave certa de todos os problemas”.
Entretanto, para certos “espíritas”, é ele capa de sem-vergonhices, praticamente limitado ao desenvolvimento de médiuns, alguns analfabetos que se prestam à prática do mal, à corrupção de políticos, à desonra de lares, satisfazendo aos consulentes, também maldosos, que não tendo a hombridade precisa para enfrentar criaturas de algum valor material, moral ou político, vão às escondidas, a altas horas da noite, fazer as suas encomendas aos “pais de serviço”, “pais de mesa” ou “pais santos”, aos quais pagam bem para que o “trabalhinho” visado seja bem feito.
Desgraçados daqueles que mercantilizam com o espiritismo e abusam da fraqueza e ignorância dos seres humanos!
É chegada a hora de todos se esclarecerem para se libertarem desses embusteiros.
Só triunfarão na luta pela vida os que souberem o que são como Força e Matéria, e quanto valem a vontade educada e os pensamentos ao seu serviço.
Os esclarecidos de verdade nada temem, porque a sua arma de defesa consiste no valor, na honradez, na calma, no desprendimento, e quem emite pensamentos elevados, jamais será atingido pelas falanges obsessoras postas ao serviço maldoso dos perversos, dos comodistas e negocistas da desgraça alheia.
Trabalhar para bem pensar é dever que se impõe a todos que da honra têm noção.
 
trecho do livro Cartas oportunas sobre o Espiritismo
Luiz de Mattos

sábado, 23 de janeiro de 2010

EXPRESSÃO FILOSÓFICA DO ESPIRITISMO

O lastro experimental, com a apresentação de fatos comprobatórios, ainda é uma necessidade, pois estamos muito longe, por enquanto, daquele estágio evolutivo em que a mediunidade ficará no puro domínio da intuição , como diz a própria Doutrina. Será uma expressão muito elevada em função, porém do tempo e do melhoramento espiritual do ser humano. Claro que a prática mediúnica, como geralmente falamos, precisa de condições básicas: honestidade pessoal, perseverança, lucidez e prudência do verdadeiro espírito científico. A mediunidade exercitada a esmo, embora bem intencionada, como acontece muitas vezes, tem os seus riscos.
Então, sem perder de vista o valor do estudo filosófico, a que Kardec atribui influência decisiva, é lógico entender que o aspecto mediúnico sempre teve e tem o seu momento de necessidade e relevância, seja pelo consolo das mensagens, seja pelos elementos de estudo e reflexões que oferece. Mas o Espiritismo não se contém todo ele no campo mediúnico, conquanto este lhe tenha servido de ponto de partida, como se sabe. O fenômeno por si só não nos levaria a conseqüências profundas, ou seria apenas objeto de observação ou motivo de deslumbramento, sem a formulação filosófica. Justamente por isso - repetimos kardec - "a força do Espiritismo está em sua filosofia". E por que não está no fato mediúnico? Porque o fato prova e convence objetivamente, não há dúvida, porém não elucida os problemas mais graves de nossa vida, por si mesmo, se não tomar a direção filosófica que conduz à inquirição das causas, dos porquês e das conseqüências.
A comunicação dos espíritos demonstra praticamente a sobrevivência da alma "após a morte". É o elemento básico. Mas é preciso partir daí para as indagações que compreendem esencialmente o destino humano e as conseqüências morais do Espiritismo. A esta altura já é esfera da filosofia e a força do Espiritismo - não faz mal insistir neste ponto - está exatamente nesse corpo de princípios em cuja homogeneidade e coerência e encontramos respostas às mais complexas e momentosas questões de nossa vida: a existência de Deus, a justiça divina e as desigualdades morais, intelectuais e sociais, livre arbítrio e determinismo, a reparação do mal pelas provas, o reajuste de compromissos do passado através das experiências reencamatórias. São temas de reflexão filosófica. Entretanto, a Doutrina estaria incompleta e não decorressem daí as conseqüências morais com que nos defrontamos a cada passo.
Quem, por exemplo, gosta apenas de ver sessões mediúnicas, porque acha interessante ouvir os conselhos dos espíritos ou conversar com os médiuns, mas não vai além desse hábito, que se transforma em rotina com o decorrer do tempo, naturalmente não tem uma visão global do ensino Espírita. Conhece o Espiritismo apenas pela parte fenomênica, que é muito rica de lições e sempre temo que oferecer para estudo e meditação, porém não abre horizonte mais amplo a respeito das leis e causas, a que o fenômeno está sujeito. Há pessoas, por exemplo, que se interessam muito pelo lado experimental do Espiritismo e fazem realmente estudos sérios, mas encaram o fenômeno do intercâmbio entre dois mundos com a mesma neutralidade ou frieza com que os especialistas lidam com os fenômenos da Física ou da Eletrônica, e assim, por diante. A preocupação é exclusivamente com o fenômeno puro e simples. E daí?... Que resulta de tudo isso? Sim, o fenômeno da comunicação entre vivos e mortos é neutro até certo ponto, uma vez que sempre ocorreu no mundo, muito antes das civilizações e, portanto, do Espiritismo. E pode ser observado e registrado em ambientes não espíritas como também pode ser discutido à luz de critérios diversos, nas áreas da Parapsicologia, Psiquiatria, Antropologia, etc., sem nenhuma cogitação quanto às causas e conseqüências. Se o psiquiatra se volta para a procura da anomalidade, já o antropólogo vê o fenômeno dentro de um contexto cultural sem implicações de ordem transcendental, como se costuma dizer.
Quando, porém, o fenômeno está situado no contexto espírita, já não é tão neutro, porque assume um valor moral muito especial e, por isso mesmo, não pode ser considerado indiferentemente, como se estivesse em laboratório de Física ou Química. O fato de o espírito entrar em comunicação com o nosso mundo pela via mediúnica já pressupõe muita responsabilidade para o médium e também para quantos tenham de lidar com esse tipo de trabalho. Há necessidade, portanto, de um preparo moral indispensável. Já se vê que a situação, agora, é bem diferente. E porque, finalmente, o Espiritismo engloba o fato mediúnico numa contextura filosófica de conseqüências tão acentuadas? Exatamente porque a verificação de que os mortos continuam vivos e vêm até nós, identificando-se, interferindo-se, interferindo em nossos atos, "chorando as suas mágoas" ou trazendo alegria e esperança, confirma a tese capital de que a vida continua no tempo e no espaço. Partimos daí, desse princípio essencial, para a especulação filosófica das origens e do chamado sobrenatural. O próprio impulso da sede de saber nos leva a propor questões dessa natureza: que significa esse intercâmbio em nossa vida? Qual o ponto inicial, a causa primária dessa força ou inteligência aparentemente misteriosa? Que benefício poderá esse tipo de conhecimento trazer para a humanidade? Começamos a sentir o conteúdo ético e filosófico do Espiritismo desde o momento em que lhe avaliamos a profundidade e a integridade como Doutrina capaz de corresponder às nossas preocupações com o desconhecido e o nosso destino.
Mas a especulação filosófica, embora necessária e valiosa, ainda não é suficiente para atender satisfatoriamente às necessidades do ser humano quando desperta para os problemas espirituais; torna-se necessário, senão indispensável, além deste passo no conhecimento, procurar as conseqüências dos princípios espíritas na vivência individual e coletiva. E aí, principalmente, que se sente força do Espiritismo em sua filosofia.

Deolindo Amorim

último texto produzido em vida
Harmonia - Revista Espírita nº 64 - Fevereiro/2000

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O BOM COMBATE

Tem todos os seres humanos, na vida de relação, problemas a equacionar, no bom combate em busca do aperfeiçoamento espiritual, que chegará mais cedo ou mais tarde, em função do maior ou menor esforço.
A condição expiatória e provacional de nosso orbe — di-lo a boa doutrina — impõe lutas que renovam e conduzem à felicidade, pelas vias do progresso.
Na questão 998, de «O Livro dos Espíritos», as sublimes entidades asseveram, categóricas, que «a expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito».
No quadro das realidades contingentes, no plano físico, o resgate e a reparação, a lágrima e o suor, entrelaçam-se na tessitura do Destino. Deus, porém, Pai Amoroso e Justo, concede-nos os recursos da reabilitação plena.
Assim sendo, que se multipliquem lutas e problemas, desde que problemas e lutas consubstanciem o ideal do bem e da verdade.
Surjam trabalho e experimentações, mesmo dolorosas e complexas, visando ao amadurecimento espiritual, de maneira que possamos seguir para a frente e para o Alto, de viseira erguida, procurando, no dever bem cumprido, na lucidez consciencial e no saneamento do território mental, adequada equação para os problemas do quotidiano.
André Luiz, em sua notável simplicidade, adverte que somente solucionaremos nossos problemas «se não fugirmos a eles».
A luta por um lugar ao Sol da Imortalidade começou nos primórdios da evolução. A mônada divina, excursionando na sombria noite dos milênios de milênios, pelos caminhos da Natureza, realiza titânico esfôrço na indefectível marcha em direção do progresso.
No tempo e no espaço, chegou o livre arbítrio. E com êle, a conscientização da marcha.
O advento da responsabilidade, como decorrência da livre escolha, pelo discernimento, abre, simultâneamente, os pórticos da Luz Gloriosa, ou as casamatas dos equívocos, que se podem corporificar na invigilância.
Débitos reaparecem, por herança das vidas que se foram. Mas, a consciência pura na tranqüilidade, e tranqüila na pureza, cresce para Deus, na abençoada oportunidade das realidades palingenésicas.
Nas primeiras letras ou no trato com a filosofia e a ciência, a equação dos problemas constitui indispensável condição para que o aluno obtenha os lauréis da diplomação glorificadora.
No campo do Espírito, singulares problemas desafiam-nos a coragem e o bom senso, criando-nos perspectivas para a vitória, se o Evangelho do Mestre fôr o ponto de referência de nosso comportamento, em harmonia com o facho de luz com que o Espiritismo nos clareia a estrada.
Na enfermidade — a dieta e o repouso, o medicamento e a disciplina substancializam valores positivos para o reajuste do cosmo orgânico.
Nas dores morais a esperança e a fortaleza moral, a paciência e o denôdo são terapêutica salutar.
Nos conflitos emocionais, de curta ou longa duração, desarticulando, nas almas descuidadas, as resistências internas — a prudência e a sobriedade, o equilíbrio e a reflexão asseguram à alma inquieta a fé que se esvaecera nas leiras da intemperança.
Dramas e tragédias, insucessos e enganos encontram na luz da oração e na bênção do trabalho valiosos antídotos.
Amargura e tédio, desânimo e pessimismo, são anomalias psicológicas, de caráter transitório, que a fidelidade aos princípios espírita-cristãos afasta para bem longe, restaurando a alegria e a. paz.
Abraçando, pois, na Boa Nova do Reino e na Doutrina dos Espíritos seus eternos preceitos de renovação e luz, construiremos, no solo terrestre, o edifício da felicidade planetária, convertendo a vida em formoso jardim que nos propicie não só o inebriante aroma das flores, mas, também, tranqüila alamêda que nos conduza aos Planos da Imortalidade Gloriosa.

Martins Peralva
Reformador – Junho de 1971

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

INUMAR OU CREMAR, EIS A QUESTÃO

A despeito de ser praticada desde a mais remota antigüidade, a cremação (incineração de um cadáver até reduzi-lo a cinzas) é assunto controverso na opinião da sociedade contemporânea ocidental. Em eras recuadas, a prática da cremação provinha de duas razões diferentes: a necessidade de trazer de volta os guerreiros mortos, para receberem sepultura em sua pátria, como sói ocorrer entre os gregos; ou de fundamentos religiosos, como entre os nórdicos, que criam assim libertar o Espírito de seu arcabouço físico e evitar que o desencarnado pudesse causar danos aos encarnados.
Em Roma, quiçá, devido ao ritual adotado para queimar os corpos dos soldados mortos, a cremação se transformou em símbolo de prestígio social, de tal forma que a construção de columbários([1]) tornou-se negócio rentável. De longa data, os indianos e outros povos reencarnacionistas sabem que o corpo físico, uma vez extinto, não mais pode ser habitado por um Espírito, pois isso contraria a Lei Natural; portanto, o cadáver poderá ser cremado, transformado em cinzas, sem qualquer processo traumático.
As obras da codificação espírita nada dizem a respeito da cremação. Por isso, cremos que o problema da incineração do corpo merece mais demorado estudo entre nós. Até porque, se para uns o processo crematório não repercute no Espírito, para muitos outros, por trás de um defunto, muitas vezes, esconde-se a alma inquieta e sofrida, sob estranhas indagações, na vigília torturada ou no sono repleto de angústia. Para semelhantes viajores da grande jornada, a cremação imediata dos restos mortais será pesadelo terrível e doloroso.
Existem correntes ideológicas avessas à cremação, quase sempre embaladas por motivo de ordem médico-legal (nos casos estabelecidos em lei, quando envolva morte violenta, por interesse público); ou movida por razão de ordem afetiva (porque os familiares acham uma violência a incineração do corpo e querem preservar os restos mortais para culto ao morto); ou, ainda impulsionada pela lógica de ordem religiosa (porque muitas pessoas ainda acreditam na ressurreição do corpo etc) principalmente, porque a Igreja de Roma era contra o ato e até negava o sacramento às pessoas cremadas. Poderíamos, ainda, acrescentar mais uma objeção – talvez a mais séria: o desconhecimento das coisas do Espírito, que persiste, em grande parte, por medo infundido, preconceito arraigado e falta de informação.([2])
Além disso, a questão que envolve a cremação tem implicações sociológicas, jurídicas, psicológicas, éticas e religiosas. Até porque, o tema diz respeito a todas as pessoas (lembremos que todos nós, ante a fatalidade biológica, iremos desencarnar). De acordo com tese de pesquisa sobre o tema, a cada 70 anos o planeta terá o número de enterrados na mesma quantidade de encarnados atuais, ou seja: daqui a sete décadas terá 6 bilhões de cadáveres sepultados.
Enquanto os profitentes do enterro tradicional (inumação) o defendem por aguardarem, o juízo final e a ressurreição do corpo físico, os que defendem a cremação, afirmam que o enterramento tem conseqüências sanitárias e econômicas, e nesse raciocínio explicam que os cemitérios estariam causando sérios danos ao meio ambiente e à qualidade de vida da população em geral. Laudos técnicos atestam que cemitérios contaminam a água potável que passa por eles e conduz sério risco de saúde humana às residências das proximidades, além das águas de nascentes podem também contaminar quem reside longe dos cemitérios.
O planeta tem seus limites espaciais o que equivale dizer que bilhões e bilhões de corpos enterrados vão encharcar o solo, invadir as águas com o necrochorume (líquido formado a partir da decomposição dos corpos que atacam a natureza, as quais provocariam doenças), disseminando doenças e outros riscos sobre os quais sanitaristas e pesquisadores têm se preocupado. Por outro lado, o uso da cremação diminuiria os encargos básicos econômicos, como por exemplo: adquirir terreno para construir jazigo; a manutenção das tumbas; nas grandes capitais falta de espaço para construir cemitérios etc. Pelo menos em ralação ao nosso País fiquemos, por enquanto, sossegados, pois, como lembra Chico Xavier“ainda existe bastante solo no Brasil e admitimos, por isso, que não necessitamos copiar apressadamente costumes em pleno desacordo com a nossa feição espiritual.([3])
Sob o enfoque espiritual o assunto é mais complexo quando consideramos que muitas vezes “o Espírito não compreende a sua situação; não acredita estar morto, sente-se vivo. Esse estado perdura por todo o tempo enquanto existir um liame entre o corpo e o perispírito. ([4]) O perispírito, desligado do corpo, prova a sensação; mas como esta não lhe chega através de um canal limitado, torna-se generalizado. Poderíamos dizer que as vibrações moleculares se fazem sentir em todo o seu ser, chegando assim ao seu sensorium commune ([5]), que é o próprio Espírito, mas de uma forma diversa.
Ressalta Kardec, “Nos primeiros momentos após a morte, a visão do Espírito é sempre turva e obscura, esclarecendo-se à medida que ele se liberta e podendo adquirir a mesma clareza que teve quando em vida, além da possibilidade de penetrar nos corpos opacos”.[6] Dessa forma, o homem que tivesse vivido sempre sobriamente se pouparia de muitas tribulações e menos sentirá as sensações penosas. Portanto, para ele, que vive na Terra tão somente para o cultivo da prática do bem, nas suas variadas formas e dentro das mais diversas crenças, a desencarnação não significa perturbações em face de sua consciência elevada e do coração amante da verdade e do amor.
Ao ser indagado se o recém-desencarnado pode sofrer com a incineração dos despojos cadavéricos, Emmanuel respondeu: “Na cremação, faz-se mister exercer a caridade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o ‘tônus vital’, nas primeiras horas seqüentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material”.([7])
Chico Xavier, ao ser questionado no programa “Pinga Fogo”, da extinta TV Tupi, de São Paulo, pelo jornalista Almir Guimarães, quanto à cremação de corpos que seria implantada no Brasil, à época, explicou: “Já ouvimos Emmanuel a esse respeito, e ele diz que a cremação é legítima para todos aqueles que a desejem, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de expectação para a ocorrência em qualquer forno crematório, o que poderá se verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio” (.[8]) (grifamos) porém, Richard Simonetti, em seu livro “Quem tem Medo da Morte” lamenta que “nos fornos crematórios de São Paulo, espera-se o prazo legal de 24 horas, inobstante o regulamento permitir que o cadáver permaneça na câmara frigorífica pelo tempo que a família desejar”.([9]) Nesse caso o prazo poderia ser maior.
O Espiritismo não recomenda nem condena a cremação. Mas, faz-se necessário exercer a piedade com os cadáveres, protelando por mais tempo a incineração das vísceras materiais([10]) pois, existem sempre muitas repercussões de sensibilidade entre o Espírito desencarnado e o corpo onde se esvaiu o "fluido vital", nas primeiras horas seqüentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material. A impressão da desencarnação é percebida, havendo possibilidades de surgir traumas psíquicos. Destarte, recomenda-se aos adeptos da Doutrina Espírita que desejam optar pelo processo crematório prolongar a operação por um prazo mínimo de 72 horas após o desenlace.

Jorge Hessen

FONTES DE REFERÊNCIAS:
([1]) edifício com nichos para as urnas funerárias
([2]) A Igreja romana, por ato do Santo Ofício, desde 1964, resolveu aceitar a cremação, passando a realizar os sacramentos aos cremados, permitindo as exéquias eclesiásticas. Aliás, em nota de rodapé de seu “Tratado” (vol. II. P. 534), o professor Justino Adriano registra o seguinte: “Jésus Hortal, comentando o novo Código de Direito Canônico diz que a disciplina da Igreja ‘sobre a cremação de cadáveres, a que, por razões históricas, era totalmente contrária, foi modificada pela Instrução da Sagrada Congregação do Santo Ofício, de 5 de julho de 1963 (AAS 56, 1964, p. 882-3). Com as modificações introduzidas pelo novo Ritual de Exéquias, é possível realizar os ritos exequiais inclusive no próprio crematório, evitando, porém, o escândalo ou o perigo de indiferentismo religioso.
([3]) Xavier, Francisco Cândido. Escultores de Almas, SP: edição CEU, 1987.
([4]) Ensaio teórico sobre a sensação nos espíritos (cap. VI item IV, questão 257 Livro dos Espíritos).
([5]) Sensorium commune: expressão latina, significando a sede das sensações, da sensibilidade. (N. do E.).
([6]) Ensaio teórico sobre a sensação nos espíritos (cap. VI, item IV, questão 257 Livro dos Espíritos)
([7]) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed. FEB 11 ª edição, 1985, pg 95.
([8]) As duas entrevistas históricas realizadas ao saudoso Francisco Cândido Xavier na extinta TV Tupi/SP canal 4, em 1971 e 1972, respectivamente, enfaixadas nos livros Pinga Fogo com Chico Xavier (Editora Edicel) e Plantão de Respostas - Pinga Fogo II (Ed. CEU),
([9]) Simonetti, Richard.Quem tem Medo da Morte, SP: editora CEAC, 1987.
([10]) Depoimento de Chico Xavier in Revista de Espiritismo nº. 33 (FEP) Out/dez 1996.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

QUANDO SENTIR ATRIBULAÇÕES

Coragem, meu irmão, não se deixe dominar pela aflição. Pense positivamente, observe o ambiente, as cores, o mundo, lembre dos bons momentos, não perca a calma; tudo dará certo, creia que você é capaz de resolver qualquer problema, com dignidade.
Não tenha medo, não se desespere, exercite o processo da prece, construa-se, de dentro para fora, com pensamentos de alegria, satisfação e esperança. Não esqueça que é preciso fazer vigilância pessoal, não admitindo a presença do mau pensamento, que traz angústia, derrotismo, sofrimento, portanto a desordem pessoal. Procure olhar, enxergar, ver e sentir a força da vida, e você perceberá em toda parte a harmonia como eterna realidade.
A crença no bem, o trabalho diligente, a descoberta consciente do que há de melhor na vida, produzem o sentido pleno da existência, do ser feliz. O homem deve fazer, diariamente, avaliação do seu sentimento, pensamento e de suas ações, só assim fará a construção crítica e harmônica do seu futuro.
É fácil distinguir o homem que pratica atos de religiosidade do homem que existencializa o processo da fé no Creador. Quem pratica atos de religiosidade está sempre circunscrito pelas dimensões da matéria, vive a ilusão dos dogmas mumificados, dos tabus, não alcançou o sentido, a luz, do Evangelho de Cristo, que liberta e espiritualiza o homem, sem misticismo. Quem existencializa o processo de fé no Creador, sabe sintetizar o que aprendeu, se autoconhece, faz disciplina pessoal, espiritualiza-se pelo conhecimento, pela força de sua própria disciplina.
No cenário da Terra, as atribulações aparecem como provas de resistência em todo o decurso reencarnatório. Por isso, há momentos de agradável prazer, seguido de momentos de amargo desprazer. É preciso que o homem transubstancie em seu ser todas as experiências ao longo da caminhada evolucionária para conseguir vencer a si mesmo.
Em momento algum você deve, a qualquer pretexto, se afastar da prática do bem, da busca da verdade, do trabalho construtivo, da fé no Creador, para poder viver a integração unitária creatura-Creador. A alegria está presente no coração do homem que sabe ajudar, compreender, amparar e promover o seu próximo.
Meu caro amigo, diante da atribulação, aprenda a fazer o melhor; medite, faça reflexão, não perca o seu tem-po em lamentações inúteis, seja forte, faça prece sincera ao Creador, seja comedido, não desanime e o mundo todo sorrirá para você. For tificar os bons pensamentos significa ampliar a felicidade.
Toda construção humana se faz primeiramente no pensamento. A verdadeira prosperidade significa conhecimento e sabedoria espiritual, fontes inesgotáveis do equilíbrio humano, da felicidade, da evolução.
Luz, amor, trabalho.

Texto extraído do livro "Na luta do cotidiano, A força do amor" pelo espírito Leocádio José Correia
Psicografado pelo médium Maury Rodrigues da Cruz

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DÊ UMA CHANCE A VOCÊ MESMO.


Talvez você já tenha feito perguntas como estas:

De onde vim ao nascer?
Para onde irei depois da morte?
O que há depois dela?
Por que uns sofrem mais do que outros?
Por que uns têm determinada aptidão e outros não?
Por que alguns nascem ricos e outros pobres?
Alguns cegos, aleijados, débeis mentais, enquanto outros nascem inteligentes e saudáveis?
Por que Deus permite tamanha desigualdade entre seus filhos?
Por que uns, que são maus, sofrem menos que outros, que são bons?

No entanto, a maioria das pessoas, vivendo a vida atribulada de hoje, não está interessada nos problemas fundamentais da existência. Antes se preocupam com seus negócios, com seus prazeres, com seus problemas particulares. Acham que questões como "a existência de Deus" e "a imortalidade da alma" são da competência de sacerdotes, de ministros religiosos, de filósofos e teólogos. Quando tudo vai bem em suas vidas, elas nem se lembram de Deus e, quando se lembram, é apenas para fazer uma oração, ir a um templo, como se tais atitudes fossem simples obrigações das quais todas têm que se desincumbir de uma maneira ou de outra. A religião para elas é mera formalidade social, alguma coisa que as pessoas devem ter, e nada mais; no máximo será um desencargo de consciência, para estar bem com Deus. Tanto assim, que muitos nem sequer alimentam firme convicção naquilo que professam, carregando sérias dúvidas a respeito de Deus e da continuidade da vida após a morte.
Quando, porém, tais pessoas são surpreendidas por um grande problema, a perda de um ente querido, uma doença incurável, uma queda financeira desastrosa - fatos que podem acontecer na vida de qualquer pessoa - não encontram em si mesmas a fé necessária, nem a compreensão para enfrentar o problema com coragem e resignação, caindo, invariavelmente, no desespero.

Onde se encontra a solução?
Há uma doutrina que atende a todos estes questionamentos. É o Espiritismo.
O conhecimento espírita abre-nos uma visão ampla e racional da vida, explicando-a de maneira convincente e permitindo-nos iniciar uma transformação íntima, para melhor.

Mas, o que é o Espiritismo?
O Espiritismo é a doutrina revelada pelos Espíritos Superiores, através de médiuns, e organizada (codificada), no século XIX, por um educador francês, conhecido por Allan Kardec.
O Espiritismo é, ao mesmo tempo filosofia, ciência e religião.
Filosofia, porque dá uma interpretação da vida, respondendo questões como "de onde eu vim", "o que faço no mundo", "para onde irei depois da morte". Toda doutrina que dá uma interpretação da vida, uma concepção própria do mundo, é uma filosofia.
Ciência, porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. Não existe o sobrenatural no Espiritismo.
Religião, porque tem por objetivo a transformação moral do homem, revivendo os ensinamentos de Jesus Cristo, na sua verdadeira expressão de simplicidade, pureza e amor. Uma religião simples sem sacerdotes, cerimoniais e nem sacramentos de espécie alguma. Sem rituais, culto a imagens, velas, vestes especiais, nem manifestações exteriores.

E quais são os fundamentos básicos do Espiritismo?
A existência de Deus que é o Criador, causa primária de todas as coisas. A Suprema Inteligência. É eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom.
A imortalidade da alma ou espírito. O espírito é o princípio inteligente do Universo, criado por Deus, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços. Como espíritos já existíamos antes do nascimento e continuaremos a existir depois da morte do corpo.
A reencarnação. Criado simples e sem nenhum conhecimento, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Tem a possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para outra, através dos diversos cursos. Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la encarnando no mundo e reencarnando, quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimento, através das múltiplas experiências de vida. O progresso adquirido pelo espírito não é somente intelectual, mas, sobretudo, o progresso moral.
Não nos lembramos das existências passadas e nisso também se manifesta a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente. Pois, muitas vezes, os inimigos do passado hoje são nossos filhos, nossos irmãos, nossos pais, nossos amigos que, presentemente, se encontram junto de nós para a reconciliação. A reencarnação, desta forma, é a oportunidade de reparação, assim como é, também, oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos outros, apressando nossa evolução espiritual. Pelo mecanismo da reencarnação vemos que Deus não castiga. Somos nós os causadores dos próprios sofrimentos, pela lei de "ação e reação".
A comunicabilidade dos espíritos. Os espíritos são seres humanos desencarnados e continuam sendo como eram quando encarnados: bons ou maus, sérios ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros ou mentirosos. Eles estão por toda parte. Não estão ociosos. Pelo contrário, eles têm as suas ocupações. Através dos denominados médiuns, o espírito pode se comunicar conosco, se puder e se quiser.
A pluralidade dos mundos habitados. Os diferentes mundos, disseminados pelo espaço infinito, constituem as inúmeras moradas aos Espíritos que neles encarnam. As condições desses mundos diferem quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridades dos seus habitantes.

Como o Espiritismo interpreta o Céu e o Inferno?
Não há céu nem inferno. Existem, sim, estados de alma que podem ser descritos como celestiais ou infernais. Não existem também anjos ou demônios, mas apenas espíritos superiores e espíritos inferiores, que também estão a caminho da perfeição - os bons se tornando melhores e os maus se regenerando.
Deus não se esquece de nenhum de seus filhos, deixando a cada um o mérito das suas obras. Somente desta forma podemos entender a Suprema Justiça Divina.

Por que o Espiritismo realça a Caridade?
Porque fora dos preceitos da verdadeira caridade, o espírito não poderá atingir a perfeição para a qual foi destinado. Tendo-a por norma, todos os homens são irmãos e qualquer que seja a forma pela qual adorem o Criador, eles se estendem as mãos, se entendem e se ajudam mutuamente.

Por que fé raciocinada?
A fé sem raciocínio não passa de uma crendice ou mesmo de uma superstição. Antes de aceitarmos alguma coisa como verdade, devemos analisá-la bem. "Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade."- Allan Kardec.

E onde podemos encontrar mais esclarecimentos sobre o Espiritismo?
Começando pela leitura dos livros de Allan Kardec:
O LIVRO DOS ESPÍRITOS. O livro básico da Doutrina Espírita. Contém os princípios do Espiritismo sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida futura e o porvir da humanidade.

O LIVRO DOS MÉDIUNS. Reúne as explicações sobre todos os gêneros de manifestações mediúnicas, os meios de comunicação e relação com os espíritos, a educação da mediunidade e as dificuldades que eventualmente possam surgir na sua prática.

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. É o livro dedicado à explicação das máximas de Jesus, de acordo com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida.

O CÉU E O INFERNO, ou "A Justiça Divina Segundo o Espiritismo". Oferece o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual. Coloca ao alcance de todos o conhecimento do mecanismo pelo qual se processa a Justiça Divina.

A GÊNESE. Destacam-se os temas: Existência de Deus, origem do bem e do mal, explicações sobre as leis naturais, a criação e a vida no Universo, a formação da Terra, a formação primária dos seres vivos, o homem corpóreo e a união do princípio espiritual à matéria.

Você poderá ler, ainda, os livros psicografados por Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvonne Pereira, José Raul Teixeira, etc. e os livros de Léon Denis, Gabriel Delanne e de tantos outros autores, encontrando-se entre eles estudos doutrinários, romances, poesias, histórias e mensagens de alento. Depois desta simples leitura, você poderá ter dúvidas e perguntas a fazer. Se tiver, é bom sinal. Sinal que você está procurando explicações racionais para a vida. Você as encontrará lendo os livros indicados acima e procurando um Centro Espírita seguramente doutrinário e indiscutivelmente Espírita.