sábado, 31 de julho de 2010

VERSÃO MODERNA DO SERMÃO DA MONTANHA


- Bem-aventurados os pobres de ambições escuras, de sonhos vãos, de projetos vazios e de ilusões desvairadas, que vivem construindo o bem com o pouco que possuem, ajudando em silêncio, sem a mania de glorificação pessoal, atentos à vontade do Senhor e distraídos das exigências da personalidade, porque viverão sem novos débitos, no rumo do céu que lhes abrirá as portas de ouro, segundo os ditames sublimes da evolução.

- Bem-aventurados os que sabem esperar e chorar, sem reclamação e sem gritaria, suportando a maledicência e o sarcasmo, sem ódio, compreendendo nos adversários e nas circunstâncias que os ferem, abençoados aguilhões do socorro divino, a impeli-los para diante, na jornada redentora, porque realmente serão consolados.

- Bem-aventurados os mansos, os delicados e os gentis que sabem viver sem provocar antipatias e descontentamentos, mantendo os pontos de vista que lhes são peculiares, conferindo, ao próximo, o mesmo direito de pensar, opinar e experimentar de que se sentem detentores, porque, respeitando cada pessoa e cada coisa em seu lugar, tempo e condição, equilibram o corpo e a alma, no seio da harmonia, herdando longa permanência e valiosas lições na Terra.

- Bem-aventurados os que tem fome e sede de justiça, aguardando o pronunciamento do Senhor através dos acontecimentos inelutáveis da vida, sem querelas nos tribunais e sem papelórios perturbadores que somente aprofundam as chagas da aflição e aniquilam o tempo, trabalhando e aprendendo sempre com os ensinamentos vivos do mundo, porque, efetivamente, um dia serão fartos.

- Bem-aventurados os misericordiosos, que se compadecem dos justos e dos injustos, dos ricos e dos pobres, dos bons e dos maus, entendendo que não existem criaturas sem problemas, sempre dispostos à obra de auxílio fraterno a todos, porque, no dia da visitação da luta e da dificuldade, receberão o apoio e a colaboração de que necessitem.

- Bem-aventurados os limpos de coração que projetam a claridade de seus intentos puros, sobre todas as situações e sobre todas as coisas, porque encontrarão a "parte melhor" da vida, em todos os lugares, conseguindo penetrar a grandeza dos propósitos divinos.

- Bem-aventurados os pacificadores que toleram sem mágoa os pequenos sacrifícios de cada dia, em favor da felicidade de todos, e que nunca atiçam o incêndio das discórdias com a lenha da injúria ou da rebelião, porque serão considerados filhos obedientes de Deus.

- Bem-aventurados os que sofrem a perseguição ou incompreensão por amor à solidariedade, à ordem, ao progresso e à paz, reconhecendo acima da epiderme sensível, os sagrados interesses da Humanidade, servindo sem cessar ao engrandecimento do espírito comum, porque assim se habituam à transferência justa para as atividades do Plano Superior.

- Bem-aventurados todos os que forem dilacerados e contundidos pela mentira e pela calúnia, por amor ao ministério santificante do Cristo, fustigados diariamente pela reação das trevas, mas agindo valorosos, com paciência, firmeza e bondade pela vitória do Senhor, porque se candidatam, desse modo, à coroa triunfante dos profetas celestiais e do próprio Mestre que não encontrou, entre os homens, senão a cruz pesada, antes da gloriosa ressurreição.

Rejubilem-se, cada vez mais, quantos estiverem nessas condições, porque, hoje e amanhã, são bem-aventurados na Terra e nos Céus.

Humberto de Campos  ( Irmão X )

sexta-feira, 30 de julho de 2010

MEIOS DE COMUNICAÇÕES COM OS ESPÍRITOS

As teorias proclamadas pelo Espiritismo são de um valor incalculável, mas a incredulidade arraigou-se tanto no espírito humano que só mesmo os fatos, que são as demonstrações dessas teorias, poderão convencer o homem da sua imortalidade.

É preciso, entretanto, procurarmos a Verdade, e não ela que nos deve procurar. Procuremos os fatos e eles serão apresentados com toda a clareza para quebrar a monotonia estúpida de uma "crença banal": a crença no nada; - ou a crença naquilo que nos apresenta como verdadeiro, mas que a nossa consciência repele e a nossa razão repugna.

Para ter certeza se a alma sobrevive a morte do corpo, o meio mais seguro é procurarmos estabelecer relações com essas almas nossas amigas que já se despojaram do seu corpo material.

As experiências por meio da Mesinha que constituem o A-B-C do espiritismo prático já caíram em desuso, visto os meios que temos de mais fácil comunicação; entretanto não deixaremos de dar aqui algumas indicações sobre esse meio, se bem que rudimentar, pelo qual podemos conversar com nossos parentes e amigos "que já morreram", como se diz em linguagem vulgar.

Aproveitamos o método preconizado por "Stainton Moses":

"Escolhei de 4 a 8 pessoas entre homens e mulheres, colocai-vos em torno de uma mesa redonda, de tamanho conveniente, e estendam todos as palmas das mãos sobre a mesa. Não é necessário que as mãos se toquem. O prelúdio do sucesso é habitualmente uma corrente de ar frio que passa pelas mãos e braços de alguns dos operadores e uma espécie de tremor da mesa.

"Assim que a mesa começar a agitar-se, deixai as mãos repousarem delicadamente sobre a sua superfície a fim de terdes a certeza de que não sois compartes nos seus movimentos.

"Dentro em pouco vereis provavelmente os movimentos ainda se reproduzirem mesmo que as vossas mãos se conservem acima da mesa sem tocá-la.

"Logo que julgardes estar bem desenvolvido esse trabalho escolhei dentre vós alguém para dirigir a conversação.

"Manifestai à inteligência invisível o desejo de se convencionar certos sinais, e pedi-lhe que dê uma pancada cada vez que ao pronunciar-se lentamente as letras do alfabeto chegar-se àquelas que entram na formação da palavra que a inteligência quer ditar. Será bom usar-se uma pancada para exprimir não, três para sim, e de duas quando houver "indecisão".

"Uma vez estabelecidas suficientemente as comunicações, perguntai à inteligência quem ela é ou pretende ser, e quem é o médium dentre vós, e fazei o questionário que puder auxiliar vossas investigações.

"Se houver tentativa de pôr o "médium" em "transe" ou de produzir manifestações violentas, solicitai que essas experiências sejam adiadas até poderdes contar com o concurso de um espírita bem prático.

"No caso da inteligência não concordar com o vosso pedido levantai a sessão.

"Nunca tenteis uma investigação tão séria por frivolidade ou passatempo.

"Tende boas intenções e um raciocínio criterioso se quiserdes encontrar a verdade.

"Existem muitos meios de comunicações, porém a escrita manual é a mais simples, a mais cômoda e a mais completa. Esta é a forma de mediunidade que permite estabelecer relações com os Espíritos, tão seguidas e tão regulares como as há entre nós, tanto mais que é por meio dela que os Espíritos revelam melhor a sua natureza, grau de sua perfeição ou de sua inferioridade.

"A faculdade de escrever por um médium é a que é a mais suscetível de se desenvolver pelo exercício.

"Entre outros graus de mediunidade distinguimos aqui: o "Médium Mecânico", quando o impulso da mão é dado independente da sua vontade; o Espírito atua diretamente sobre a mão, escrevendo enquanto tem o que o dizer. Neste caso o médium não tem consciência do que escreve.

Médium Intuitivo é o que recebe o pensamento do Espírito. Neste caso o Espírito não atua sobre a mão e sim sobre a alma do médium com a qual se identifica. A alma com esse impulso dirige a mão, e a mão dirige o lápis.

Médium semi-mecânico é o que sente o impulso dado à sua mão, sem que o queira, mas tem ao mesmo tempo consciência do que escreve.

"Fazei vossas experiências, tomai o lápis e papel e esperai por 15 minutos, todos os dias a uma hora determinada, durante 15 dias - 1 mês - 2 ou mais se for preciso, que obtereis a prova do prolongamento da vida daqueles que vos são caros. Existem médiuns que só depois de seis meses de exercício diário conseguiram escrever, ao passo que outros escrevem corretamente logo à primeira vez.

"Não há fórmula sacramental para as invocações, entretanto convém que sejam feitas em nome de Deus. Pode ser nos seguintes termos ou em outros equivalentes: "Rogo a Deus Todo Poderoso me conceda a graça de comunicar-me com o Espírito de F..."

"Quando se chama por Espírito determinado é muito essencial ao começar não se dirigir senão aos que só sabem ser bons e simpáticos, e que podem ter um motivo para vir como parentes e amigos.

"Quereis ver o que é uma alma - disse o padre Vieira - olhai para um corpo sem alma".

A nova filosofia agora vem nos dizer o que Vieira não o pôde: "Quereis ver o que é uma alma?" "Privai com ela por algum tempo, fazei-a escrever, conversar, se fotografar, e vos convencereis da existência das almas".

Não se procura demonstrar mais a sobrevivência da alma com floreados de retórica, mas mandando aplicar os métodos indutivos da ciência:

Estuda - Observa – Experimenta.

Allan Kardec trata da parte "Experimental do Espiritismo" no seu livro "O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores" que recomendamos a atenção dos que quiserem fazer experiências.

Cairbar Schutel
Espiritismo e Materialismo

quinta-feira, 29 de julho de 2010

APELO EM FAVOR DOS ANIMAIS

Vós que vedes luzes nestas letras, que traçam a estrada da Evolução Espiritual, e não vos achais mais escravizados pelo "gênio do mundo'', à erva que seduz, às flores que encantam, tende compaixão dos pobres animais, não os espanqueis, não os maltrateis, não os repudieis!

Lembrai-vos, amigos meus, que o Pai, em sua infinita misericórdia cerca-os de carinhos, e, prevendo a deficiência de seus Espíritos infantis, lhes dá fartas colheitas sem a condição de que semeiem ou plantem: prados cobertos de ervas e Flores odorosas, bosques sombrios, planícies e planaltos, onde não faltam os frutos da vida; rios, lagos e mares, por onde se escoam os raios do Sol, a luz da Lua, o brilho das estrelas!

Sede bons para com os vossos irmãos inferiores, como desejais que o Pai celestial vos cerque de carinho e de amar!

Não encerreis em gaiolas os pássaros que Deus criou para povoarem os ares, nem armeis ciladas aos animais que habitam as matas e os campos!

Renunciai as caçadas, diversão vil das almas baixas, que se alegram com os estertores das dores alheias, sem pensar que poderão também ter dores angustiosas, e que, nesses momentos, em vez de risos e alegria, precisarão de bálsamo e misericórdia!

Homens! Tratai bem os vossos animais, limpai-os, curai-os, alimentai-os fartamente, dai-lhes descanso, folga no serviço, porque são eles que vos ajudam na vida, são eles que vos auxiliam na manutenção da vossa família, na criação dos vossos filhos!

Senhores! Acariciai os vossos ginetes, os vossos cães, dai-lhes remédio na enfermidade, tratamento, liberdade e repouso na velhice!

Carroceiros! Não sobrecarregueis os vossos burros e os vossos cavalos como fazem com os homens os escribas e fariseus: impondo-lhes pesados fardos que eles, nem com a ponta do dedo os querem tocar!

Lembrai-vos que os animais são seres vivos, que sentem, que se cansam, que têm força limitada, e finalmente, que pensam, e que, em limitada linguagem, acusam a sua impotência, a sua fadiga irreparável aos golpes do relho e das bastonadas com que os oprimis!

Sede benevolentes, porque também em comparação aos Espíritos Divinos, de quem implorais luz e benevolência, sois asnos sujeitos à ação reflexa do bem e do mal!

Senhores e matronas! Moços, moças e crianças! Os animais domésticos são vossos companheiros de existência terrestre; como vós, eles vieram progredir, estudar, aprender! Sede seus anjos tutelares, e não anjos diabólicos e maléficos, a cercá-los de tormentos, a infringir-lhes sofrimentos!

Sede benevolentes para com os seres inferiores, como é benevolente, para com todos, o nosso Pai que está nos Céus!

Cairbar Schutel
Livro: A Gênese da Alma

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A EFICÁCIA DA PRECE EM FAVOR DO SUICIDA

A oração é um recurso mental de poder extraordinário.
Podemos orar pelos encarnados e pelos desencarnados, por nós mesmos e pelos outros.
Através da oração não podemos mudar o curso dos resgates necessários, em nós ou nos outros, mas podemos confortar e ser confortados. Quando bem utilizada, ela amplia a nossa receptividade, favorecendo aos bons Espíritos, nos inspirarem.
Quantos problemas poderiam ter morrido no nascedouro, se o recurso da oração sincera tivesse sido utilizado!
A oração feita com amor gera ondas mentais, que se propagam no espaço em direção ao alvo para o qual é endereçada. No caso específico de Espíritos sofredores, ela proporciona alívio e conforto espiritual.
No entanto, muitas pessoas, mesmo aquelas que são conhecedoras do poder da oração, externam certa dúvida, quando se trata de orar pelos que se suicidaram.
Certamente supõem que o suicida, sofredor de dores inimagináveis, como descrevem algumas obras espíritas, permanecendo longo período em total perturbação, dispensariam o recurso da oração.
É como se imaginassem um determinismo, que a oração não poderia mudar.
Comete grande equívoco quem defende esta tese. É no mínimo uma prova de desconhecimento a respeito do assunto.
Os efeitos da prece acontecem através de mecanismos não totalmente conhecidos por nós, humanos.
Os relatos feitos por desencarnados, que foram vítimas de suicídio, comprovam a eficácia da prece e revelam ser uma importante caridade, realizada em benefício destes sofredores.
Ela é um recurso algumas vezes esquecido, porém, poderoso em qualquer circunstância.
Claro que não podemos interpretá-la como um recurso mágico para isentar o devedor do débito.
Mas com certeza lhe dará conforto e forças para reagir, impedindo, em alguns Espíritos, o prolongamento desnecessário do seu sofrimento.
Para melhor esclarecimento a respeito do assunto, consideraremos duas situações, colhidas do livro Memórias de um Suicida, ed. FEB, recebido mediunicamente por Yvonne do Amaral Pereira:

a) Espíritos resgatados das zonas de sofrimento, em recuperação nas colônias espirituais – comentário de Camilo Cândido Botelho:
Da Terra, todavia, não eram raras as vezes que discípulos de Allan Kardec [...] emitiam pensamentos caridosos em nosso favor, visitando-nos frequentemente através de correntes mentais vigorosas que a Prece santificava, tornando-as ungidas de ternura e compaixão, as quais caíam no recesso de nossas almas cruciadas e esquecidas, quais fulgores de consoladora esperança! (Op. cit., cap. Jerônimo de Araújo Silveira e família, p. 105-106.)

b) Espíritos ainda não resgatados – comentário de Yvonne Pereira:
Certa vez, há cerca de vinte anos, um dos meus dedicados educadores espirituais – Charles – levou-me a um cemitério público do Rio de Janeiro, a fim de visitarmos um suicida que rondava os próprios despojos em putrefação. [...] Estava enlouquecido, atordoado, por vezes furioso, sem se poder acalmar para raciocinar, insensível a toda e qualquer vibração que não fosse a sua imensa desgraça! [...] E Charles, tristemente, com acento indefinível de ternura, falou:
– “Aqui, só a prece terá virtude capaz de se impor! Será o único bálsamo que poderemos destilar em seu favor, santo bastante para, após certo período de tempo, poder aliviá-lo...” [...] (Op. cit., cap. Os réprobos, Nota da médium no 3, p. 49.)

De acordo com o exposto, não poderá restar dúvida sobre a eficácia da prece. E no caso específico do suicídio, podemos afirmar que é o único recurso de que nós, encarnados, dispomos para, com certeza, aliviar o sofrimento imenso causado por tão enganosa solução.
Abaixo, transcrevemos um trecho do diálogo entre Divaldo Pereira Franco e o Espírito de um suicida, que sofreu vários anos os efeitos dolorosos da sua precipitada ação (do livro O Semeador de Estrelas de Suely Caldas Schubert):
[...] Dei-me conta, então, que a morte não me matara e que alguém pedia a Deus por mim.
Lembrei-me de Deus, de minha mãe, que já havia morrido. Comecei a refletir que eu não tinha o direito de ter feito aquilo, passei a ouvir alguém dizendo:
“Ele não fez por mal. Ele não quis matar-se”. Até que um dia esta força foi tão grande que me atraiu; aí eu vi você nesta janela, chamando por mim.
– Eu perguntei – continuou o Espírito – quem é? Quem está pedindo a Deus por mim, com tanto carinho, com tanta misericórdia? Mamãe surgiu e esclareceu-me:
– É uma alma que ora pelos desgraçados.
– Comovi-me, chorei muito e a partir daí passei a vir aqui, sempre que você me chamava pelo nome.
Dá para perceber, nestes dois exemplos, que a oração, também para os casos de suicídio, tem o poder de lenir a dor e aplacar o desespero da vítima. Nestas condições, poderá acontecer a mudança gradativa dos painéis mentais (gerados pelo sentimento de culpa), à medida que surge o arrependimento sincero, proporcionando aos samaritanos da Espiritualidade resgatarem a vítima, que ainda se encontre nas regiões de sofrimento, para uma colônia espiritual.

Reformador Nov.09

sábado, 24 de julho de 2010

DEFICIÊNCIA FÍSICA E MENTAL

Quando nos deparamos com um deficiente físico ou mental, ficamos a indagar o porquê de determinadas pessoas encarnarem em corpos enfermos. Na antiguidade, a humanidade pensava que os indivíduos vinham com essas enfermidades por que os deuses não gostavam deles, assim, seria um castigo imposto por algo indevido que haviam praticado.

Toda enfermidade é um resgate por excessos do pretérito. É uma forma de reorganizarmos nossas energias. No livro Deficiente Mental: Por que fui um?, há o seguinte comentário sobre esse assunto: “Temos muitas oportunidades de voltar à Terra em corpos diferentes e que são adequados para o nosso aprendizado necessário.

Quando há muito abuso, há o desequilíbrio, e para ter novamente o equilíbrio tem de haver a recuperação. Quando se danifica o corpo perfeito, podemos, por aprendizado, tê-lo com anormalidades para aprender a dar valor a essa grande oportunidade que é viver por períodos num corpo de carne. “O acaso não existe, Deus não nos castiga, somos o que fizemos por merecer, e as dificuldades que temos encarnados são lições preciosas”.

A deficiência não quer dizer que se trata de um espírito inferior, pelo contrário, muitas vezes é mais inteligente do que uma pessoa que ocupa um corpo sadio.

Os espíritos superiores, em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, explicam que “é uma expiação imposta ao abuso que fizeram de certas faculdades; é um tempo de prisão”.

O físico inglês Stephen Hawking é considerado um gênio. Ele tem deficiência física. Entre os seus estudos, há a busca de uma fórmula para explicar a origem do Universo, como também extinguir a necessidade de um Deus para criá-lo e governá-lo. Se esse gênio viesse em um corpo sem limitações, suas ideias poderiam ser nocivas à humanidade, criando interpretações diversas sobre a existência de Deus. Conforme explica Kardec: “A superioridade moral não está sempre em razão da superioridade intelectual, e os maiores gênios podem ter muito a expiar; daí resulta, frequentemente, para eles, uma existência inferior a que tiveram e uma causa de sofrimentos. Os entraves que o Espírito experimenta em suas manifestações lhe são como as correntes que comprimem os movimentos de um homem vigoroso”.

Não podemos generalizar

O Brasil é um país acolhedor. Temos a liberdade de expressão, opinião, religião, política etc. Isso não quer dizer que não sofremos preconceitos. Eles existem, mas comparados a outros países, são mais amenos.

Glenn Hoddle, técnico da seleção inglesa de futebol, deu uma entrevista ao jornal The Times, explanando sobre reencarnações e carmas: “Veja os deficientes físicos”...

Por que eles são assim? “Devem ter feito algo”. Sua declaração causou constrangimento, e o homem que havia classificado a Inglaterra para uma Copa do Mundo depois de 12 anos, foi demitido. Ele declarou “cometi um grande erro ao me deixar levar por minhas convicções religiosas”.

Devemos ter a consciência de que estamos em um processo de evolução. O importante é sabermos que nada acontece por acaso. Uma vez um pastor comentou comigo que “Deus foi generoso conosco ao nos dar um corpo sadio”. Isso não tem lógica. Por que Deus faria isso com uns e com outros não, já que somos todos filhos Dele. No Evangelho Segundo o Espiritismo, consta que “as contrariedades da vida têm, pois, uma causa e, uma vez que Deus é justo, essa causa deve ser justa”.

Atualmente, existe um bom nível de aprimoramento em instituições especializadas no tratamento de deficientes físicos e mentais. Campanhas na televisão e outros órgãos não governamentais arrecadam dinheiro para esse desígnio, no sentido de fornecer a essas pessoas um tratamento digno e melhor convivência junto à sociedade.

A família tem um papel primoroso nessa relação com o ente enfermiço. Primeiro, por se tratar de uma expiação em conjunto, os pais têm este resgate a fazer junto ao filho. Segundo, porque se não houver esse carinho, amor e paciência, o deficiente terá muitas dificuldades na sua reabilitação, aprendizado e convivência.

Afinal, o amor é imprescindível em qualquer situação da existência, independente de qual seja o nosso problema. Todos nós precisamos de carinho e, principalmente, dar carinho.

O centro espírita também tem sua eficácia nesse tratamento, por meio da aplicação de passes, que é uma transfusão de energias fisiopsíquicas. Há palestras com conteúdo moral e a desobsessão, pois em alguns casos, a obsessão está aliada à expiação, ou seja, além da deficiência, há inimigos agindo simultaneamente, devido aos gravames do passado.

A revolta e as palavras duras proferidas contra Deus não são providenciais, pelo contrário, serão prejudiciais, pois irão criar uma atmosfera psíquica de baixa sintonia que facilitará o contato obsessivo.

Por isso, devemos nos manter sempre em oração, agradecendo a Deus pela vida e pela reencarnação, que nos proporciona momentos especiais para o nosso aprendizado, aprimoramento e evolução.

Ao passar por essa expiação, o espírito estará mais tranqüilo e refeito dos entraves do pretérito. Não podemos nos preocupar com o que provocou a enfermidade, mas em plantar bons frutos para colher no futuro. A caridade e as boas obras serão o nosso plantio. E lembre-se de que é preciso “ter sempre muita fé e perseverança, pois sem elas você jamais conseguirá vencer os obstáculos da vida”.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

EM SERVIÇO

Irmãos da Terra, em meio às vicissitudes da experiência humana, aprendei a tolerar e perdoar!... Por mais se vos fira ou calunie, injurie ou amaldiçoe, olvidai o mal: fazendo o bem!... Vós que tivestes a confiança traída ou o espírito dilacerado nas armadilhas da sombra, acendei a luz do amor onde estiverdes!... Companheiros que fostes vilipendiados ou insultados em vossas intenções mais sublimes, apagai as ofensas recebidas e bendizei os ultrajes que vos burilam o coração para a Vida Maior!... Irmãs que padecestes indescritíveis agravos na própria carne, desprezadas pelos carrascos risonhos que vos enlouqueceram de angústia, depois de vos acenarem com mentirosas promessas, abençoai aqueles que vos destruíram os sonhos!... Mães solteiras que fostes banidas do lar e batidas até a queda na prostituição, por haverdes tido suficiente coragem de não assassinar no próprio ventre os filhos de vossa desventura, com a insânia do aborto provocado, mães agoniadas às quais tantas vezes se nega até mesmo o direito de defesa, conferido aos nossos irmãos criminosos nas cadeias públicas, perdoai os vossos algozes!. .. Pais que trazeis nos ombros escalavrados de sofrimento a carga dolorosa dos filhos ingratos, filhos que aguentais na carne e na alma o despotismo e a brutalidade de pais insensíveis e cônjuges flechados entre as paredes domésticas pelos estiletes da incompreensão e da crueldade, absolvei-vos uns aos outros!...

Obsidiados de todos os climas tecei véus de piedade e esperança sobre os seres infelizes, encarnados ou desencarnados, que vos torturam as horas!

Criaturas prejudicadas ou perseguidas de todos os recantos do mundo perdoai a quantos se fizeram instrumentos de vossas aflições e de vossas lágrimas!...

Quando sentirdes a tentação de revidar, lembrai-vos daquele que nos concitou a «amar os inimigos» e a «orar pelos que nos perseguem e caluniam»!

Recordai o Cristo de Deus, preferindo ser condenado, a condenar, porque, em verdade, quantos praticam o mal não sabem o que fazem!... Convencei-vos de que as leis da morte não excetuam ninguém e não vos esqueçais de que, no dia do vosso grande adeus aos que ficarem na estância das provas, somente pela bênção da paz e do amor na consciência tranquila é que podereis alcançar a suspirada libertação!...

André Luiz
Livro: E a vida continua...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

PESSOAS DIFÍCEIS

A convivência com pessoas "difíceis", em nossa Terra, é uma necessidade que devemos encontrar diariamente. Ela faz parte das experiências que temos que passar para o nosso crescimento espiritual. Através destes encontros com pessoas que não pensam igual a gente ou que não se comportam como nós desejamos, devemos ir criando e alimentando dentro de nós dois sentimentos muito importantes - a compreensão e a paciência.

Algumas vezes não percebemos a importância destes encontros e perdemos a paciência, tomamos algumas atitudes irritadas ou nos afastamos desta pessoa... na maioria das vezes isto é um erro, pois Deus, que sabe do que precisamos, nos coloca exatamente onde necessitamos para o nosso maior e melhor aprendizado.

É tão importante a convivência com as pessoas "difíceis" que Jesus nos deixou o seguinte ensinamento "Se apenas amares os que te amam, qual será a tua recompensa?" (Mt 5:46) - devemos entender que Jesus nos solicita que usemos nossa compreensão e indulgência com as faltas alheias (LE 886) para que possamos conviver e aceitar as pessoas que achamos difíceis, pois certamente queremos que as pessoas nos aceitem como somos, concorda?

Algumas vezes, e não estou dizendo que seja o caso porque não conheço nem você nem os detalhes, as pessoas que julgamos difíceis tem a mesma opinião ao nosso respeito... e assim abre margem para fazermos uma auto análise e buscar o conhecimento dentro de nós para termos certeza se os erros e os motivos que levam a esta dificuldade de convivência não estão partindo de nós, para que possamos corrigi-los.

Lembro, por fim, que toda a mensagem de Jesus é baseada na escolha que nós fazemos: não podemos escolher como as pessoas vão se comportar em relação a nós, mas podemos escolher como vamos nos comportar em relação a elas!

Paz contigo.

domingo, 4 de julho de 2010

PROVEITOSA CONQUISTA.

Quando fordes convidados, ide colocar-vos no último lugar, a fim de que, quando aquele que vos convidou chegar, vos diga: meu amigo, venha mais para cima. Isso então será para vós um motivo de glória, diante de todos os que estiverem convosco à mesa; – porquanto todo aquele que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado.” 1

O capítulo VII, de O Evangelho segundo o Espiritismo, itens 3 a 6, destaca o princípio de humildade como fator determinante para a ascensão espiritual de todas as criaturas e fundamenta-se, entre outras, na passagem evangélica em destaque. A análise oferecida por Allan Kardec, no texto em questão, enaltece a ideia fundamental de que necessitamos nos despojar de certas vaidades, chamando atenção, sobretudo, para o cuidado que devemos ter ao assumir situações de relevo social, profissional, ou religioso, frente ao mundo material:

O Espiritismo aponta-nos outra aplicação do mesmo princípio nas encarnações sucessivas, mediante as quais os que, numa existência, ocuparam as mais elevadas posições, descem, em existência seguinte, às mais ínfimas condições, desde que os tenham dominado o orgulho e a ambição. Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. [...]

A valiosa ressalva permite-nos avaliar, essencialmente, as práticas espíritas que desenvolvemos, ao alimentar a superioridade ou a infalibilidade na execução dos trabalhos voluntários, considerando-os extremamente importantes ou prestigiosos. A questão suscita outras indagações indispensáveis à nossa reflexão: Contribuímos sem impor exigências? Abraçamos os deveres humildes com devoção e atendemo-los com amor? Acreditamos cooperar melhor quando nos tornarmos coordenadores de equipes, em tarefas específicas e essenciais? Damos maior valor às próprias ideias do que às orientações estabelecidas pela instituição, para o bom êxito dos labores? Essas perguntas ajudarão na análise do problema.

O Centro Espírita oferece-nos inúmeras oportunidades na realização de tarefas nobres e permite-nos, pelo serviço no Bem, curar as mazelas morais adquiridas no pretérito de nossas existências. As múltiplas ações que abarcamos – no estudo edificante, na mediunidade, na evangelização, na assistência social, no atendimento fraterno, na imprensa espírita, na propaganda libertadora – nos faz viver tempos de renovação e servir motivados pela Doutrina que nos convoca às fileiras da caridade, sem olvidarmos os necessitados do caminho. Cada qual servindo a seu modo. Nem sempre, contudo, estamos preparados para dar a verdadeira importância às obras na esfera doutrinária e compreender o que elas representam para melhoria do nosso aperfeiçoamento próprio. A maneira com que agimos, os motivos que determinam o nosso comportamento sincero, ao aceitarmos de boa vontade determinadas tarefas, é o que irá fixar o valor maior ou menor das nossas ações em benefício dos semelhantes. No entender de Vinícius (pseudônimo de Pedro de Camargo, 1878 -1966), “o valor das obras não está nas suas grandes proporções, mas na pureza de intenção com que são executadas e no esforço empregado para sua consecução. [...]”.O autor, considerado um dos maiores educadores e evangelizadores espíritas do nosso tempo, lembra-nos: “[...] A viúva pobre fez mais deitando no gazofilácio do templo uma moedinha de cobre do que os ricos que ali despejavam punhados de ouro. O óbolo da viúva representa um valor maior, porque é a expressão do sumo esforço; era tudo que ela possuía. Dando tudo, não podia dar mais [...]”, 3 como a querer dizer-nos: na seara do amor, onde operamos, não há serviço insignificante, não há tarefas menores; elas são apreciadas por Deus, segundo a sua soberana justiça, pela exteriorização dos nobres sentimentos que encobrimos no âmago do nosso coração.

Certos autores espíritas convocam-nos à labuta simples, sem que tenhamos pretensões de executar grandes feitos, antes mesmo de amadurecermos como tarefeiros, por meio da aquisição de experiências e estudos necessários ao cumprimento de ações que exijam especial dedicação, fidelidade e expressiva responsabilidade. Yvonne A. Pereira (1906-1984), a inesquecível médium, em uma de suas obras, lastima profundamente a incompreensão de alguns iniciantes no Espiritismo, sobretudo os que aspiram trabalhar na utilização de suas faculdades psíquicas, conforme suas possibilidades individuais, a serem bem cultivadas e praticadas, aconselhando-os:

[...] Todo médium deverá iniciar o seu desempenho no campo da Doutrina Espírita pelas vias da beneficência, porque assim fazendo desenvolverá os seus poderes psíquicos envolvido nas faixas vibratórias superiores, junto aos Guias Espirituais, sempre incansáveis em recomendar a prática da beneficência e o estudo constante e metódico, desestimulando a ação arbitrária, de começar pelo fim [...].

A autora esclarece que o profitente, ao principiar na tarefa maior, deve compreender que o trabalho da caridade

[...] é o serviço do silêncio, da modéstia; não vai para os jornais, nem para as tribunas ou rádios. Não serve para exaltar a vaidade, nem o orgulho, nem o prazer de se sentir admirado. É o trabalho da mão direita, que a esquerda não vê... Mas pelo Mestre e seus mensageiros é conhecido e saudado...

Colaborar, anonimamente, em qualquer auxílio de assistência aos irmãos necessitados, fazendo o bem sem ostentação, é uma recomendação indispensável! Trabalhadores existem, aos milhares, colaborando, ativamente, nas instituições espíritas; todavia, raríssimos buscam enriquecer os seus talentos no plantio da verdadeira caridade. Mesmo os mais experientes deixam-se dominar pelo cultivo excessivo do raciocínio, esquecendo-se dos generosos sentimentos no coração, que deve nortear a autêntica prática do Espiritismo junto de Jesus. O livro espírita Os Mensageiros, do Espírito André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier, relata o caso de Monteiro, servidor entusiasta da colônia “Nosso Lar”, preparado para ser colaborador na iluminação de companheiros encarnados e desencarnados. Ao reencarnar, no entanto, aprimorou-se na aplicação do vício intelectual, desorientando-se completamente. Em seu desabafo, comenta alguns aspectos sobre as causas de sua derrota como trabalhador espírita, dirigindo-se aos companheiros que o visitaram, após a desencarnação difícil que tivera:

[...] Chegava ao cúmulo de estudar, pacientemente, longos trechos das Escrituras, não para meditá-los com o entendimento, mas por mastigá-los a meu bel-prazer, bolçando-os depois aos Espíritos perturbados, em plena sessão, com a ideia criminosa de falsa superioridade espiritual. [...]

Andava cego. [...] Talhava o Espiritismo a meu modo. Toda a proteção e garantia para mim, e valiosos conselhos ao próximo. Ao demais disso, não conseguia retirar a mente dos espetáculos exteriores. [...]

Quando, pois, nos seja oferecido o ensejo de ajudar na seara espírita, saibamos agir com simplicidade e humildade, sob os efeitos da legítima fraternidade cristã, sem esperar recompensas, de nenhuma ordem, mas procurando enriquecer os dotes de eficiência imprescindível, apurados nos predicados de bondade, modéstia, perseverança e espírito de sacrifício, para o engrandecimento das realizações que nos aguardam, sob o amparo dos mentores espirituais que nos assistem com conselhos e orientações legítimas. E, conforme adverte o Espírito Emmanuel, estejamos vigilantes para não deixar que “[...] se amorteça, entre os discípulos sinceros, a campanha contra o elogio pessoal, veneno das obras mais santas a sufocar-lhes propósitos e esperanças”. 8 Assim procedendo, haveremos de obter proveitosa conquista, multiplicando as partículas de amor que tivermos distribuído em bênçãos de luz para todos.

Clara Lila Gonzales de Araújo
Reformador Julho2010

Referências:
1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 25. ed. de bolso. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 7, item 5.