quarta-feira, 30 de maio de 2012

MINHA HOMENAGEM AOS 581 ANOS DA DESENCARNAÇÃO DE JOANA D'ARC ( 30.05.1431)


 O motivo que nos leva a escrever sobre a Donzela de Orleans, não é o de pormenorizar a sua vida, cheia de heroísmo e estoicidade, porque se acha descrita de modo magnífico na obra monumental de Léon Denis, que se intitula "Joana D'Arc Médium".  Essa obra é toda apoiada em documentos insofismáveis, da qual respigamos alguns dados para a elaboração desta despretensiosa monografia.
Foi com vistas ao período agudo por que passa a humanidade, pejada de sofrimentos e apreensões, que achamos de bom alvitre lembrar, aqui, a figura da grande guerreira que foi Joana D'Arc.
Os seus feitos nobilíssimos na expulsão dos ingleses da França, no século XV, foram decisivos para a independência e liberdade desta grande e portentosa nação, graças ao feliz desempenho da sua mediunidade.
O que torna mais admirável esta jovem extraordinária é a evidência das faculdades mediúnicas de que era possuidora, quais sejam: as da visão, audição e premonição, às quais obedecia sem discrepância.
Sem tais faculdades, de per si ela nada teria realizado, tendo-se em vista a sua pouca idade e a sua nenhuma cultura.
Joana D'Arc nasceu em Domremy (França) em 1412. Era filha de pobres lavradores. Quando não fiava a lã junto de sua mãe, apascentava o rebanho às margens do Vale do Mosa, tendo, muitas vezes, ladeado seu pai no manejo da charrua.
Joana era morena, alta, forte e bela; a sua voz era suave, a expressão graciosa, o todo modesto.
Em uma moça como quase todas de sua idade, sonhadora. Comprazia-se em contemplar o céu, à noite, quando pontilhado de estrelas; apreciava vaguear pelas frescas campinas, pelas manhãs e, à tarde, sentar-se sob o carvalho anoso, fronteiriço à sua casa, onde ouvia, embevecida, o tanger dos sinos da igreja de sua aldeia.
Joana frequentava assiduamente essa igreja, onde orava com devoção.
Próximo à sua casa havia um jardim, bem cuidado, onde igualmente costumava orar.
A sua primeira visão, segundo Léon Denis, teve-a ela nesse local, quando se achava em prece.
Nessa visão, aparece-lhe um espírito de grande formosura, cujo esplendor deslumbra-a. Em seguida, é S. Miguel que lhe surge com urna corte de espíritos puros, que lhe fala da situação angustiosa de seu país e lhe revela a missão que lhe estava destinada de salvá-la.
A princípio, Joana reluta, confessando sua incapacidade para tão alto desígnio, sendo encorajada com a promessa de ajuda dos bons espíritos que a guiariam nesse arrojado empreendimento.
As entidades que mais frequentemente se comunicavam com ela, eram os espíritos boníssimos de Santa Catarina, Santa Margarida e S. Miguel, assim designados por ela, em virtude dos ensinamentos católicos, adquiridos naquela época em que o Catolicismo Romano imperava quase absoluto.
É de se notar que Joana jamais saiu de sua aldeia. Adorava seus pais, aos quais ajudava dedicadamente nos seus misteres e nunca ia deitar-se sem antes depositar-lhes na fronte seu ósculo filial.

JOANA ACEITA A MISSÃO
Um dia, na sua visão, reaparece-lhe S. Miguel que lhe diz: "Filha de Deus, tu conduzirás o Delfim a Reims, a fim de que receba aí sua digna sagração". A essas palavras Joana junta-lhes ação. Assim, antes do romper da aurora, em plena estação hibernal, Joana se levanta da cama e, pé ante pé, sem fazer ruído para não trair o sono de seus pais que a impediriam, por certo, de realizar seu intento divino, faz uma mala de roupas, salta a janela de seu quarto e vai para onde mandam suas vozes.
Quando sua fuga se deu, para cumprimento dessa missão, contava Joana a idade de 17 anos.
Só, ignorante, contando unicamente com o auxílio de seus espíritos, nos quais depositava toda a fé, ela deixa a aldeia que muito amava e onde nascera, e que não veria mais. Deixa ainda, o seu rebanho do qual nunca se tinha apartado e, conforme suas vozes, segue em direção a Paris, passando, antes, por Vaoucoleres, onde põe seu tio ao par do que lhe cumpria fazer por determinação do Alto.
Até então, sua vida havia transcorrido entre o trabalho, que muito amava, e o repouso.

JOANA É CONDUZIDA AO SUPLICIO
O dia 30 de Maio de 1431 assinala o término da sua gloriosa missão na Terra. Nesse dia, os sinos bimbalham o dobre fúnebre desde á 8 horas da manhã. É que anunciam a morte de uma inocente criatura, cujo único crime fora ter amado e servido fielmente à sua Pátria.
Diante de tanta injustiça, de tantos sofrimentos, que iriam, dentro em breve, culminar numa fogueira, Joana chora amargamente. Preferiria, ela própria o diz ser decapitada sete vezes, a morrer queimada.
Os monstros conduzem-na numa carreta. Oitocentos soldados ingleses escoltam-na até ao local do suplício. Grande multidão se comprime na praça onde Joana deveria receber o gênero de morte destinado aos piores assassinos.
Na Praça Vieux-Marché, em Rouen, são erguidos três palanques, para serem ocupados pelos altos dignitários. Entre eles achavam-se presentes o Cardeal de Wenchester, o Bispo de Beauvais e o de Bolonha, e todos os juízes e capitães ingleses.
Entre os palanques ergue-se um monte de lenha, de grande altura, dominando toda a praça. A intenção dos verdugos era aumentar o sofrimento de Joana, espetacularizando-Ihe a morte, a fim de que ela renegasse, pela dor, à sacrossanta missão e às suas vozes.
Nessa ocasião, é lido um libelo acusatório, composto de 70 artigos, no qual transparece todo o ódio, toda a calúnia dos seus inimigos.
Joana ora com fervor, em voz alta, e pede, nessa prece, Q Deus, que lhe dê a coragem precisa para suportar a prova final, sem queixumes, sem tergiversar.
Em seguida, implora o perdão divino aos seus algozes, tal como fizera Jesus quando pregado ao madeiro.
Em dado momento, suas palavras comovem aquela gente, em número superior a 10 mil pessoas, que soluçam ante os horrores daqueles momentos. Os próprios juízes, sentindo o remorso morder-lhes a consciência, choram diante dessa cena.
A um aceno do cardeal, Joana é amarrada ao poste fatídico, com fios de ferro.
A vítima dirige-se, então, a uma pessoa que se achava perto e pede-lhe que vá buscar uma cruz na igreja mais próxima. Ao ter o símbolo da dor entre as mãos, cobre-o de beijos e lágrimas. É que nesse momento trágico, ela queria ter diante de seus olhos a imagem do Crucificado, para inspirar-lhe a coragem de que carecia.
Naquele momento, Joana reviveu todo o seu passado de glórias, cheio de gratas recordações, que só pode acudir à mente das criaturas verdadeiramente puras, como ela, que ia, daí a instantes, sacrificar sua vida pela verdade.

QUEIMADA VIVA
Eis que o momento azado chega. Ao monte de lenha que se ergue da praça, os carrascos lançam fogo. As labaredas começam a subir atingindo a vitima. Já lambem suas carnes. O Bispo de Beanvais aproxima-se da fogueira e grita: "Joana! Abjura!" ao que lhe responde: "Bispo, morro por vossa causa, apelo de vosso julgamento para Deus!"
Quando o fogo começa a chamuscar seu corpo, Joana, estorcendo-se nos ferros onde se achava presa, grita à multidão: "Sim, minhas vozes vinham do Alto! Minhas vozes não me enganaram. Minhas revelações eram de Deus. Tudo que fiz, fi-Io por ordem de Deus!"
Seu corpo arde-se todo. Eis q:ue novo grito abafado pelo crepitar da fogueira, ecoa de dentro dela; era seu apelo ao mártir do GóIgota: "JESUS".
Seu corpo fora carbonizado nessa fogueira e reduzido a cinzas, as quais, depois foram lançadas ao Sena.
Desta forma, negaram-lhe seus inimigos uma sepultura onde pudessem seus admiradores ir pranteá-la!
Os ingleses pensavam terem vencido com a morte de Joana, Mas, enganavam-se. Carlos VII consegue reorganizar rapidamente suas tropas e ganhar as batalhas de Formigni e Castillon, findando-se, assim, a guerra com o triunfo dos franceses.
Seus inimigos mataram-na tal como queriam, isto é, lentamente, com requintes de crueldade.
 Joana morreu para os ingleses, para a Terra; porém, viveu para o céu. É a recompensa divina.

CANONIZAÇÃO DE JOANA
Alguns anos mais tarde, Joana é canonizada pela Igreja Romana, a mesma que a tinha acusado de herética. A sua santificação foi mais por conveniência política, que por outro motivo qualquer, porquanto Joana sempre inspirou à Igreja sentimento de repulsão em virtude da sua mediunidade; e por isso, era tida, pelo clero, como "feiticeira", por não querer obedecer-lhe negando a origem extraterrena da sua missão.
O processo de reabilitação de Joana, levado a efeito no século XV, marca a queda da Inquisição na França. Eis o que os franceses devem, ainda, a Joana D'Arc.
A vida de Joana D'Arc, verdadeiro martirológio, continuará sendo sempre a fonte inexaurível de supremos consolos a todos os que sofrem neste vale de dor.
Mártir da mediunidade, a sua fé em Deus, o seu amor a Jesus, cujo nome fora a sua derradeira palavra, reavivará a fé nos corações atribulados que a ela Se voltarem.
Formosa flor de Lorena! Donzela santa! Alma Lirial! Destas plagas sombrias e expiatórias, eu, humilde rabiscador destas linhas, saúdo-te ó pastora  de Domremy, heroína de Orleans, mártir de Rouen!

CONCLUSÃO
Por que, dirão, Joana teria sofrido tanto? A verdade é que, ninguém sofre se não pecou. Esta é uma das leis divinas que cabia ao Espiritismo revelar aos homens, mostrando-lhes que Deus não é um experimentador de almas, concedendo, a uns privilégios, e a outros martírios.
A reencarnação, ensinada pelo Cristo e sancionada pelo Espiritismo, veio patentear aos homens a misericórdia Divina. Assim é que se numa existência o homem vem a falir, desarmonizando-se com as leis naturais estabelecidas por Deus, outra lhe é facultada, para que ele possa resgatar (mais duramente em virtude da sua reincidência no mal) o passado delituoso, e ascender, assim, a outros mundos mais felizes, que Deus destinou a todas as suas criaturas. Deus não criou estes mundos que gravitam no espaço imensurável, inutilmente. E o Cristo dissera que "nenhuma ovelha do seu rebanho se perderá,", o que equivale dizer: não existe o tão lendário inferno com a eternidade de suas penas.
O que existe, e isto é muito justo, porque se concilia perfeitamente com a justiça de Deus, é a reparação de erros; em seguida, provação, para ficar evidenciado se o pecador incorrerá ou não no mesmo erro; após o que - redenção, uma vez triunfante da prova.

UMA REENCARNAÇÃO PASSADA DE JOANA, SEGUNDO UM ESPÍRITO.
H. de Campos, chamado com justeza o repórter do Além, lançou um pouco de luz sobre a vida da grande personagem de quem acima tratamos.
Das páginas de um de seus livros post-mortem, depreende-se que Joana fora a reencarnação do espírito de Judas Iscariotes.
Não deve causar estranheza aos espíritas, a diferença de sexos dessas duas existências, porquanto, o sexo, conforme nos ensina a Doutrina dos Espíritos, não é mais que um acidente na vida humana, necessário à execução dos desígnios divinos.
O ter sido, Joana D'Arc, a reencarnação do espírito de Judas Iscariotes, conforme revelação do espírito citado deve ser motivo de júbilo, principalmente para os espíritas, porque isso vem demonstrar que o perdão de Jesus concedido a Judas, que o traiu, não foi em vão.
Consoante a concepção católica, Judas é um espírito errante, sem probabilidades de remissão, cuja eterna existência ele arrastará penando.
Assim sendo, perguntamos, de que valeu, então, ter Jesus perdoado a Judas? Felizmente assim não é. O perdão de Jesus não foi inútil. Judas penitenciou-se, pedindo a Deus uma nova existência, cheia de renúncia e de sofrimentos dolorosos, que se epilogou numa fogueira, na pessoa de Joana D'arc.
Que o espírito de Judas Iscariotes, emancipado aos olhos de Deus pelo seu martírio de Rouen, se compadeça dessas infelizes criaturas que, desconhecedoras da lei reencarnacionista, e da misericórdia do Pai ainda queimam - "o Judas de pano" - como desagravo à sua alta traição, ocorrida no passado remoto.


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terça-feira, 29 de maio de 2012

EVENTOS EM CENTRO ESPÍRITA

Bem, leitor, é nesse pé, infelizmente, que as coisas estão. Porém há eventos ainda mais acachapantes.

Durante conferências públicas, certa instituição espírita do Rio não perde tempo e vende sem pestanejar (e sem vergonha) tômbolas e rifas para os presentes. Além de ilegal e repetitiva do que fazem os católicos, a prática é perturbadora do clima espiritual dessas horas e, ainda, constrangedora tanto para o público quanto para o orador. Mas pior é ler artigos de quem se julga com autoridade para orientar, inclusive com livros, o movimento espírita, defendendo a prática do jogo do bingo nas instituições, a fim de angariar  recursos. É lastimável tamanha irresponsabilidade ética e religiosa. E por que não roleta, bacará, vinte-e-um, campista? Todos geram cornucópias de cruzeiros e dólares.

Triste, tristíssimo atalho moral e espiritual.

Continuemos. Certa fraternidade espírita se comprometia a abrir possibilidades para as pessoas vencerem na vida através do diagnóstico mediúnico do olhar. Consulta paga, é obvio... No local do antigo Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel, foi montada, em 1973, a Feira da Primavera.

Conhecida instituição, genuinamente kardecista, armou a sua barraca. Logo na frente, alinhou uma série de garrafas cujas doses eram vendidas em benefício da instituição. Conteúdo: pinga, cachaça. Olhe o leitor que eu disse tratar-se de instituição genuinamente kardecista... Desculpa apresentada quando um verdadeiro espírita estranhou aquele comércio: as garrafas foram doadas...

Se fosse para vender livro, vá lá; mas pastel, banana, torta, linguiça... ah, essa não me desce na garganta. Talvez seja fastio. Fastio principalmente desse alimento putrescente que é o miasma de todos os atalhos. O Reformador de dezembro de 1966, p. 266, publicou valiosa nota condenando os bailes públicos em prol do espiritismo. Vale a pena também reler o artigo estampado na mesma revista de junho de 1948, p. 142, sobre festividades, músicas e bailes nas associações espíritas. Avalio, porém, como a melhor advertência, aquela que se contém na mensagem de Djalma Montenegro de Farias, psicografada por Divaldo Pereira Franco e inserida no Reformador de junho de 1960, pp. 135-136, sob o título "Templo Espírita". Copio dois parágrafos:

Lentamente, vai-se generalizando nos centros espíritas uma prática que é, positivamente, afrontosa ao lema que ostentamos em memória do Codificador do espiritismo: "Fora da Caridade não há Salvação".

         Desejamos referir-nos aos chamados movimentos financeiros, tais como: apelos de dinheiro, venda de rifas, brincadeiras cômicas para aquisição de moedas, concomitante ao serviço de difusão doutrinária, em casas de pregação e assistência.

Nesse sentido recordemos a linguagem vibrante de Jesus aos vendilhões do Templo, em Jerusalém, que transformavam o recinto de oração em balcões de comércio.

Conduta Espírita, André Luiz recomenda, no capítulo 14: "Sustentar a dignidade espírita diante das assembleias, abstendo-se de historietas impróprias ou anedotas reprováveis."

Mas existe outro tipo de promoção, já bem ampla nas hostes espíritas, que extrapola qualquer diretriz do bom senso. É a instituição de dias comemorativos, a exemplo do que faz a Igreja Católica com a distribuição dos santos pelo calendário, a fim de serem efusivamente festejados. Não estou me referindo às datas de fundação das entidades, nem as rememorativas de algum acontecimento inquestionavelmente importante, do ponto de vista histórico, como a reencarnação de Allan Kardec, o lançamento de O Livro dos Espíritos, a descida de Jesus à Terra, etc. Isso é outra coisa. Refiro-me às extravagâncias que não passam de meras bajulações ou marcos estapafúrdios. Por exemplo: entidades, consideradas de bom conhecimento doutrinário, já propuseram, e algumas comemoram, religiosamente, o Dia da Mocidade Espírita (14 de

maio), o Dia da Saudade (5 de outubro, para reverenciar a memória dos médiuns), Dia da Doutrina Espírita (31 de março, transformado em lei estadual), Dia do Médium (30 de maio, este para homenagear os que ainda estão encarnados, e cujo documento foi-me presenteado pelo Divaldo Pereira Franco, então horrorizado com a ideia; e há também o Mês do Médium, que é em agosto, com 30 dias de puxa-saquismo), Dia do Espírita (3 de outubro; e eu que pensei que o espírita fosse espírita todos os dias ... ) e, para encerrar esse folclórico calendário, o Dia da Caridade (19 de julho, transformado na lei federal nº 5036, de 4.7.1966). Este último é hilariante e muito digno das religiões que instituíram cronologia para a salvação, mas, sem dúvida, há de ser repudiado pelos espíritas sérios. Caridade com dia marcado? Onde já se viu isso? Caridade é para ser pensada e praticada em qualquer dia, a qualquer hora, sempre que for possível e desejável. E se se tratar apenas de data evocativa, também de nada vale, pois a evocação desse dever é permanente, como o é a do próprio bem. Já pensaram na hipótese de se criar o Dia do Bem, para que nos lembremos de sermos bons? Por favor, freiem a imaginação e poupem-me o riso (ou o pranto!).

No remate, a advertência de ouro feita por quem tinha verdadeira autoridade - Léon Denis:

O Espiritismo propagou-se, invadiu o mundo. Desprezado, repelido ao começo, acabou por atrair a atenção e despertar interesse. Todos quantos se não imobilizavam na esfera do preconceito e da rotina e o abordaram desassombradamente, foram por ele conquistados. Agora penetra por toda a parte, instala-se em todas as mesas, tem ingresso em todos os lares. À sua voz, as velhas fortalezas seculares - a Ciência e a própria Igreja, até aqui hermeticamente aferrolhadas - arrasam suas muralhas e entreabrem suas portas. Dentro em pouco se imporá como soberano.

Que traz ele consigo? Será sempre e por toda a parte a verdade, a luz e a esperança? Ao lado das consolações que caem na alma como o orvalho sobre a flor, de par com o jorro de luz que dissipa as angústias do investigador e ilumina a rota, não haverá também uma parte de erros e decepções?

O Espiritismo será o que o fizerem os homens. Similia similibus! Ao contato da humanidade as mais altas verdades às vezes se desnaturam e obscurecem. Podem constituir-se uma fonte de abusos. A gota de chuva, conforme o lugar onde cai, continua sendo pérola ou se transforma em lodo.



Fonte: Item 28 de ‘O Atalho - Análise Crítica do Movimento Espírita’ por Luciano dos Anjos

quinta-feira, 17 de maio de 2012

EXISTE ESPÍRITA CATÓLICO?

Na verdade há o ESPÍRITA, o CATÓLICO-ESPÍRITA e o ESPÍRITA-CATÓLICO.

O ESPÍRITA não faz uso de amuletos, patuás, imagens, escapulários, promessas, defumações, não reza repetidas vezes preces prontas, não faz novenas, não acende velas, não manda rezar missas de 7º dia, não batiza, não se casa no templo religioso, não faz uso de bebidas alcoólicas ou qualquer outra droga, é freqüentador e trabalhador da casa espírita e instituições de caridade, ele não fica ocioso porque acredita que “a fé sem obras (úteis) é morta”. Enfim, ele não fica dividido entre duas religiões e se esforça para ser melhor e útil hoje mais do que foi ontem e tentará ser amanhã mais do que foi hoje.

 O CATÓLICO-ESPÍRITA é o católico simpatizante da doutrina espírita. Frequenta o catolicismo, mas de vez em quando aparece na casa espírita para, por exemplo: tomar “passe”, buscar curas espirituais, cartas consoladoras, etc. Geralmente, quando alcança (ou não) seu objetivo, não aparece mais.

 O ESPÍRITA-CATÓLICO é freqüentador e trabalhador da casa espírita, mas casa-se na igreja, batiza o filho, usa amuletos, é supersticioso, manda rezar missa de 7º dia quando um ente querido desencarna, faz uso de bebidas alcoólicas, etc. Geralmente, são estes que querem implantar modismos de outras religiões na Casa Espírita. O espírita-católico diz não ser fácil se desvincular dos dogmas e rituais já que freqüentou muito tempo outra religião. Mas, quando se desvinculará? Que testemunho o espírita-católico dá de sua fé na doutrina para outras religiões? Será que não está dizendo, indiretamente, que freqüenta a casa espírita, mas o casamento de verdade, a melhor prece aos desencarnados, etc., é o da outra religião? Por que os protestantes, que se intitulam evangélicos, geralmente cortam o laço com a religião que freqüentavam com mais facilidade que o espírita-católico? É para se pensar já que o espírita lê e estuda mais, segundo estatísticas. Será que o espírita está lendo e não está entendendo ou não está se esforçando para entender? Sem escolher se é espírita ou católico, a doutrina nunca terá "espíritas" de verdade, terá apenas simpatizantes do Espiritismo. Precisamos de adeptos convictos para ajudar a divulgar a doutrina.

 Como diz Therezinha Oliveira, “o Espiritismo precisa de espíritas que ajudem na renovação das ideias religiosas e não conseguirá isso, se não buscar o que desconhece, se ocultar sempre o que já conhece e ceder sempre aos costumes religiosos tradicionais.”

 Se continuarmos com um pé cá e outro lá o Espiritismo nunca terá "espíritas" de verdade, mas apenas simpatizantes do Espiritismo. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

REENCARNAÇÃO


“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” - (João, 3:3)

“E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” - (João, 9:1-2)

“Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que Jesus lhes falara de João Batista.” - (Mateus, 17: 11.12)

 Estas três passagens dos Evangelhos comprovam que o princípio da reencarnação era ponto pacífico entre os discípulos de Jesus, sendo também apregoado pelo próprio Mestre. No colóquio com Nicodemos, ficou bem positivado:

“Quem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” — quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Na passagem do cego de nascença deduz-se com clareza que, se os apóstolos não partilhassem da crença da reencarnação, não fariam uma pergunta daquela forma: “Quem pecou para que o homem nascesse cego, ele ou seus pais?”. É óbvio que o pecado somente poderia ter sido cometido em vida anterior. Na passagem sobre João Batista, o Mestre deixou bem definido que “o Espírito de Elias estava reencarnado em João Batista”.

Apesar de ter havido, nos primórdios do Cristianismo, muitos doutores da Igreja que esposavam a lei da reencarnação, o apego ao formalismo fez com que esse postulado fosse abandonado, passando a prevalecer o dogma da unicidade da existência do Espírito. Deste modo cumpriu-se a advertência de Jesus: “os edificadores rejeitaram a pedra que deveria servir de esquina”. Na construção do majestoso edifício do Cristianismo, desprezaram a pedra angular: a lei das vidas sucessivas do Espírito.

A crença nas vidas sucessivas é compartilhada por mais da metade da população do mundo, embora para algumas igrejas ela constitua autêntica heresia.

Em épocas imemoriais, os Vedas, no transcurso da iniciação, apregoavam as leis que presidem os chamados mistérios da imortalidade da alma, da pluralidade das existências e dos mundos, e das comunicações dos chamados mortos. O Bramanismo também tinha e tem como base a crença nessa lei. Krishna renovou as doutrinas védicas, ensinando que “o corpo é o envoltório da alma que aí faz a sua morada, sendo uma coisa finita, porém a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna”, “quando o corpo entra em dissolução, se a pureza é que predomina, a alma voa para as regiões onde habitam esses seres puros, que têm o conhecimento do Altíssimo. Mas se é dominada pela paixão, a alma vem de novo habitar entre aqueles que estão presos às coisas da Terra”, “todo o renascimento, feliz ou desgraçado, é uma conseqüência das obras praticadas em vidas anteriores”. Krishna afirmou ainda aos seus discípulos: “Tanto eu como vós temos tido vários nascimentos. Os meus, só de mim são conhecidos, porém vós nem mesmo os vossos conhecereis”, “como a gente tira do corpo as roupas usadas e as substitui por novas e melhores, assim também o habitante do corpo (o Espírito), tendo abandonado a velha morada mortal, entra em nova e recém-preparada para ele”.

Buda foi ainda mais incisivo, afirmando: “o que é que julgais, ó discípulos, seja maior: a água do vasto oceano, ou as lágrimas que vertestes quando, na longa jornada, errastes ao acaso, de renascimento em renascimento, unidos àquilo que odiastes separados daquilo que amastes? Uma vida curta, uma vida longa, um estado mórbido, uma boa saúde, o poder, a fraqueza, a fortuna, a pobreza, a ciência, a ignorância, tudo isso depende de atos cometidos em anteriores existências”.

No Egito, aos neófitos, o hierofante falava assim: “Oh! alma cega arma-te com o facho dos mistérios e, na noite terrestre, descobrirás teu dúplice luminoso, tua alma celeste. Segue esse gênio divino e que ele seja teu guia, porque tem a chave das tuas existências passadas”.

A. Dastie, em seu livro “La Vie et la Mort”, afirma que “no Egito a doutrina das transmigrações era representada por imagens surpreendentes. Cada ser tinha o seu duplo. Ao nascer, o egípcio era representado por duas figuras. Durante a vigília as duas individualidades confundem-se numa só; mas durante o sono, ao passo que uma descansa e restaura suas energias, a outra lança-se no país dos sonhos. Não é, entretanto, completa essa separação; só o será pela morte ou, antes, a separação completa é que será a morte. Mais tarde este duplo poderá reencarnar num outro corpo e terá assim uma nova existência”

Na Grécia, a doutrina das vidas sucessivas é encontrada nos poemas órficos.

Orfeu e Homero exprimiram-na, a princípio, com o adjutório dessas duas harmonias celestes tomadas humanas: a música e a poesia. Orfeu, para inspirar seus cânticos, evocava constantemente o Espírito de Eurídice.

Plutarco, sacerdote no tempo de Apolo Pitico, afirmou que “aqueles que têm vivido várias existências virtuosas estão em condições de se elevarem ao estado de Espíritos puros e vêem-se visitados por outros Espíritos que os sustentam nas provações, uma vez que eles são geralmente perseguidos entre os homens”.

Sócrates e Platão, conforme se depara em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, eram apologistas da lei da reencarnação. Os gauleses também tinham a certeza de reviver em corpo e alma nos mundos que turbilhonam pelo infinito. A este respeito nutriam tão grande fé que uns aos outros emprestavam dinheiro para ser pago noutra esfera. A morte, para eles, era uma simples imigração.

Goddeu, em “Barddas”, afirma que o cântico do bardo Taliesino, célebre em toda a Gália, dizia: “Existindo, desde toda a antigüidade, no meio dos vastos oceanos, não nasci de um pai e de uma mãe, mas das formas elementares da Natureza, dos ramos da betula, do fruto das florestas, das flores das montanhas. Brinquei à noite; dormi pela aurora; fui víbora no lago, água nas nuvens, lince nas selvas. Depois, eleito por Gwyon (Espírito divino), Sábio dos sábios, adquiri a imortalidade. Bastante tempo decorrido fui pastor. Vaguei longamente sobre a Terra, antes de me tomar hábil na ciência. Enfim, brilhei entre os seres superiores. Revestido dos hábitos sagrados, empunhei a taça dos sacrifícios. Vivi em cem mundos; agitei-me em cem círculos”.

Entre os hebreus, os Essênios admitiam a preexistência e as vidas sucessivas da alma no corpo.

Na história do Cristianismo também encontramos vários testemunhos: Clemente de Alexandria e Gregório de Nice exprimem-se no mesmo sentido.

Este último expõe que “a alma imortal deve ser melhorada e purificada; se ela não fez isso na existência terrena, o aperfeiçoamento se operará nas vidas futuras e subseqüentes” (Grand Discours Catéchétique — III).

Orígenes, um dos mais eruditos doutores da Igreja, em “De Principii”, sustenta que as almas se purificam nas séries de existências, antes de merecerem admissão nos céus.

O Espiritismo, com base nos ensinamentos dos Espíritos e nos Evangelhos, tem a lei da reencarnação como um dos seus postulados fundamentais. A luz das vidas sucessivas a justiça divina se toma mais equitativa e mais justa, Deus nos é apresentado como Pai de justiça e de amor, e, como conseqüência, passa a ter lógica a recomendação de Jesus: “Sede perfeitos como perfeito é o Pai Celestial”, perfeição essa que somente é admissível quando se leva em conta a plural idade das existências do Espírito.



Paulo Alves Godoy

Livro: Os Padrões Evangélicos

segunda-feira, 14 de maio de 2012

COMPORTAMENTO DO ESPÍRITA NO VELÓRIO


 Recentemente, fomos a um velório e nos vimos constrangidos a ouvir um "pastor", pregando a insustentável tese da unicidade das existências. Aliás, assunto inoportuno para a ocasião. O religioso, sempre com a bíblia de folhas desgastadas debaixo do braço, umedecido de suor, certamente, foi convidado a falar sobre o tema por solicitação da família do desencarnante. Detalhe: tais parentes "crentes", do "morto", sabiam que espíritas estariam presentes no local. Ao revés, poderiam ter aproveitado a oportunidade do sepultamento para orar ou discorrer, sem afetação, sobre a imortalidade da alma (como ensinou Jesus) e sobre o valor da existência humana. Porém, infelizmente, para esses cristãos, narcotizados pela idéia de "salvação" e que pensam poder comprar a "felicidade eterna" através dos dez por cento "doados" para a igreja, "a morte ainda exprime realidade quase totalmente incompreendida na Terra". (1)

Em outra ocasião, fui informado, por uma grande amiga, líder espírita no DF, de que um irmão, também espírita conhecido na cidade, solicitara-lhe um espaço no salão de palestras, para velar um corpo (o desencarnado era endinheirado). Velório (2), no centro espírita? Rimos, eu e ela, muito embora, lamentando o triste episódio.

É óbvio que a solicitação do imaturo confrade lhe fora negado.

Velórios! Eis o nosso tema. Essa celebração se desviou, e muito, do sentido religioso, pois, acima das emoções justificáveis, por parte dos parentes e amigos, ostenta-se um funeral por despesas excessivas com flores, santinhos, escapulários, velas [o uso de velas não tem valia para o espírita, pois só imprime um aspecto mais lúgubre à morte], etc., etc. A eventual preocupação com a conservação dos túmulos, que, normalmente, só são lembrados no dia consagrado aos mortos, no mês de novembro, respondem por um protocolo social, também, extravagante. Não devemos converter as necrópoles vazias em "salas de visita do além", qual recorda o escritor Richard Simonetti, (3) até porque, há locais mais indicados para expressarmos o nosso sentimento aos que já desencarnaram. Não aprovamos, nem reprovamos, intransigentemente, as homenagens fúnebres, em memória de alguém, pois, "são justas e de bom exemplo". (4) Todavia, a Doutrina Espírita revela que o desejo de perpetuar a lembrança que as pessoas deixam de si, nos imponentes mausoléus, vem do derradeiro ato de orgulho. "A suntuosidade dos monumentos fúnebres, determinada por parentes que desejam honrar a memória do falecido, e não por este, ainda faz parte do orgulho dos parentes, que querem honrar-se a si mesmos. Nem sempre é pelo morto que se fazem todas essas demonstrações, mas por amor-próprio, por consideração ao mundo e para exibição de riqueza ."(5)

Devemos sempre dispensar, nos funerais, as honrarias materiais exageradas e as encenações, pois, considerando que, "nem todo Espírito se desliga prontamente do corpo" (6), urge que lhe enviemos cargas mentais favoráveis de bênçãos e de paz, através da oração sincera, principalmente, nos últimos momentos que antecedem ao enterramento ou à cremação. Oferenda de coroas e flores deve transformar-se "em donativos às instituições assistenciais, sem espírito sectário". (7)

Pasmem! Já, até, inventaram o velório virtual (visualização à distância) das cerimônias fúnebres de entes queridos e o encaminhamento de condolências via e-mail.

Salas de velório foram equipadas com câmeras que permitem, em tempo real, uma visão geral do público e da pessoa que está sendo velada. Nesses casos, parentes e amigos podem enviar as mensagens de condolências para a família por meio de um link por site que oferece técnicas de preparação de corpos como a tanatopraxia (8) e a necromaquiagem, além de produtos como, urnas, mantos, vestuário etc. Sobre isso, sabemos que, quando comparecemos a um velório, cumprimos sagrado dever de solidariedade, oferecendo conforto à família.

"Infelizmente, tendemos a fazê-lo pela metade, com a presença física, ignorando o que poderíamos definir por compostura espiritual, a exprimir-se no respeito pelo ambiente e no empenho de ajudar o morto". (9)

Analisemos o fato recente de desencarnação do cantor e ator, Michael Jackson.

Mais de meio milhão de admiradores, de todo o mundo, já solicitaram entradas para o serviço fúnebre de seu corpo, agendado para os próximos dias. O nosso irmão, "rei do pop", certamente, está na mais atroz penúria na dimensão póstuma, devido à tresloucada emanação de energias mentais desfavoráveis dos "fãs". Em razão disso, admitimos que, nesse caso, felizes são os obscuros indigentes, porque são velados nas câmeras dos institutos médico-legais, posto que o velório e o sepultamento são, quase sempre, mais um motivo de sofrimento para o desencarnante. É óbvio que as preces, pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra, têm por fim, não apenas, proporcionar-lhes uma prova de simpatia, mas, sobretudo, ajudá-los a se libertarem das ligações terrenas, abreviando a perturbação que, normalmente, ocorre após a separação do corpo, e tornando mais tranqüilo o seu despertar. (10) No caso em tela, os idólatras transmitem emoções angustiantes em face da saudade, razão pela qual suas súplicas desconexas têm alcance limitado.

Imaginemos a situação desconfortante do Espírito, ainda ligado ao corpo, mergulhado num oceano de vibrações heterogêneas emitidas por pessoas, em nome da admiração, mas agem como indisciplinados espectadores a dificultar a tarefa de diligente equipe de socorro, no esforço por retirar um ferido dos escombros de uma casa que desabou. "Contribuição" lamentável, essa! "Preso à residência temporária, transformada em ruína pela morte, o desencarnante, em estado de inconsciência, recebe o impacto dessas vibrações desajustantes que o atingem penosamente, particularmente as de caráter pessoal. Como se vivesse terrível pesadelo ele quer despertar, luta por readquirir o domínio do corpo, quedando-se angustiado e aflito". (11)

São muitos os que, a título de se despedirem do "defunto", fazem do cemitério uma extensão a mais do barzinho da esquina, discutindo assuntos triviais como política, negócios e futebol - quando não, coisas piores. Isso, obviamente, tornará mais penosa a travessia entre os dois mundos. Mais do que nunca, o desencarnado precisa de vibrações de harmonia, que só se formam através da prece sincera e de ondas mentais positivas. Em o livro Conduta Espírita, o Espírito André Luiz adverte: "proceder corretamente nos velórios, calando anedotário e galhofa em torno da pessoa desencarnada, tanto quanto cochichos impróprios ao pé do corpo inerte. O companheiro recém-desencarnado pede, sem palavras, a caridade da prece ou do silêncio que o ajudem a refazer-se." (12) É importante expulsar de nós "quaisquer conversações ociosas, tratos comerciais ou comentários impróprios nos enterros a que comparecermos". (13) Até porque, a "solenidade mortuária é ato de respeito e dignidade humana". (14)

Lamentavelmente, "poucos se dão ao trabalho sequer de reduzir o volume da voz, numa zoeira incrível, principalmente ao aproximar-se o horário do sepultamento, quando o recinto acolhe maior número de pessoas". (15) Temos motivos de sobra para o comedimento. Por isso, cultivemos o silêncio, conversando, se necessário, em voz baixa, de forma edificante. Falemos no morto com discrição, evitando pressioná-lo com lembranças e emoções passíveis de perturbá-lo, principalmente, se forem trágicas as circunstâncias do seu falecimento. Oremos muito em seu benefício, porque, morre-se como se vive. Se não conseguirmos manter semelhante comportamento, melhor será que nos retiremos do ambiente, evitando engrossar o barulhento coro de vozes e vibrações desrespeitosas, que tanto atormentam o desencarnado, quanto aos que lá comparecem com objetivos nobres de captar energias dos planos superiores, do foco causal, em favor do próximo que parte para outra dimensão.

É oportuno também explicar ao amigo leitor que a perturbação que se segue à morte nada tem de, insuportavelmente, dolorosa para o justo, aquele que esteve na Terra, sintonizado com o bem. Todavia, para os que viveram presos ao egoísmo, escravos dos vícios e ambições mundanas, a morte é uma noite, cheia de horrores, ansiedades e angústias, apesar de essa perturbação ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos. Em algumas pessoas, ela é de curtíssima duração, quase imperceptível, e nada tem de dolorosa - poderia ser comparada como um leve despertar. No entanto, para outras, o estado de perturbação pode durar muitos anos, até séculos, e pode configurar um quadro de sofrimento severo, com angústia e temores acerbos. Alguns Espíritos mergulham em sono profundo e, nesse estado, ficam durante um tempo muito variável. "O conhecimento que nos tiver sido possível adquirir das condições da vida futura exerce grande influência em nossos últimos momentos; dá-nos mais segurança; abrevia a separação da alma." (16)

O equilíbrio mental dos familiares, ante o desencarne, será de fundamental importância na recuperação do Espírito. Pensamentos de revolta e desespero o atingem como dardos mentais de dor e angústia, dificultando a sua recuperação. A atitude inconformista da família pode criar "teias de retenção", prendendo o Espírito ao seu corpo. É natural que muitos chorem na hora da morte, porém, contendo o desespero. É mister que nos resignemos diante desse fenômeno natural da vida, ainda que, por vezes, inesperado, vendo, nisso, a manifestação da Sábia Vontade que nos comanda os destinos. Em verdade, as lágrimas podem, até, aliviar-nos o coração, entretanto, a atitude do espírita deve ser de compreensão e oração. O dia que tivermos certeza de que o que enterramos não é este ou aquele ser, mas um corpo que serviu para a valorização existencial de alguém que amamos, e que esse alguém estará sempre presente em nossa memória, pois que, experimentamos, apenas, um intervalo momentâneo, se comparado à eternidade, nosso comportamento será outro, muito mais harmonioso com esse fenômeno biológico, a que denominamos "morte".

Jorge Hessen



http://jorgehessen.net


Fontes:
(1) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, RJ: Ed FEB, 1999
(2) Segundo Aulete: "Vigília a defunto". Ato de velar com outros um morto; de passar a noite em claro onde se encontra exposto um morto.
(3)http://comunidadeESPÍRITA.com.br/Imortalidade/quemtemmedo/estranho%20culto.htm 537
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, Perg. 824.)
(5) idem, Pergs. 823 e 823a.
(6) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, RJ: Ed FEB, 1999
(7) idem
(8) Nos dias de hoje essa denominação representa a prática de uma técnica, já desenvolvida há muitos anos em outros países, utilizando meios modernos para a preparação de corpos humanos, vitimados das mais variadas formas de óbitos. Corresponde a aplicação correta de produtos químicos em corpos falecidos, visando à desinfecção e o retardamento do processo biológico de decomposição, permitindo a apresentação dos mesmos em condições surpreendentemente melhores para o velório.
(9) Simonetti Richard. Quem tem medo da morte?, 22ª edição, São Paulo: Gráfica São João, 1995
(10) ESE-cap XXVIII it 59]
(11) Richard. Quem tem medo da morte?, 22ª edição, São Paulo: Gráfica São João,1995
(12) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, RJ: Ed FEB, 1999
(13) idem
(14) idem
(15)______ Richard. Quem tem medo da morte?, 22ª edição, São Paulo: Gráfica São João, 1995
(16) Denis, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor, RJ: Ed FEB, 1993

sábado, 12 de maio de 2012

MÃE


Um dia, a Mulher solitária e atormentada chegou ao Céu e, rojando-se, em lágrimas, diante do Eterno Pai, suplicou:

- Senhor, estou só! Compadece-te de mim.

Meu companheiro fatigado, cada dia, pede-me repouso e devo velar-lhe o sono! Quando triunfa no trabalho, absorve-se na atividade mais intensa e, muita vez distraído, afasta-se do lar, onde volta somente quando exausto, a fim de refazer-se. Se sofre, vem a mim, abatido buscando restauração e conforto...

Tu, que deste flores ao arvoredo e que abriste as carícias da fonte, no seio escuro e ressequido do solo, consagras-me, assim, ao isolamento? Reservaste a Terra inteira ao serviço do homem que se agita, livre e dominador, sobre montes e vales, e concedes a mim apenas o estreito recinto da casa, entre quatro paredes, para meditar e afligir-me sem consolo? Se sou a companhia do homem, que se vale de mim para lutar e viver, quem me acompanhará na missão a que me destinas?

O Senhor sorriu, complacente, em seu trono de estrelas fulgurantes e, afagando-lhe a cabeça curvada e trêmula, falou compadecido:

- Dei o mundo ao homem, mas confiarei a vida ao teu coração.

Em seguida colocou-lhe nos braços uma frágil criança.

Desde então, a Mulher fez-se Mãe e passou a viver plenamente feliz.


Meimei

Livro: “Cartas do Coração” – Psicografia Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos

sexta-feira, 11 de maio de 2012

MENSAGEM ÀS MÃES


 Mãezinha!

Quando nos acolheste nos braços, sentiste que o coração se te estalava no peito, à feição de harpa repentinamente acordada por mãos divinas.

Rias e choravas, feliz, crendo haver convertido o regaço em ninho de estrelas.

Aconchegaste-nos ao colo qual se trouxesses uma braçada de lírios que orvalhavas de lágrimas.

Quantos dias de ansiedade e ventura, sorrindo ao porvir, e quantas noites de vigília e sofrimento, receando perder-nos!...

O tempo avançou laureando heróis e exaltando sábios, entretanto, para o teu heroísmo oculto e para a tua sabedoria silenciosa nada recebeste do tempo, senão as farpas de pranto que te sulcaram o rosto e os cabelos brancos que te aureolaram a existência.

Depois, Mãezinha, viste-nos crescidos e transformados, sem que o amor se te alterasse ou diminuísse nas entranhas do espírito.

Muitos de nós fomos afastados de teu convívio, lembrando fontes apartadas de um manancial de carinho, na direção de outros campos...

Outros se distanciaram de ti, à maneira de flores arrebatadas ao jardim de teus sonhos para as festas do mundo.

Ninguém te percebeu o frio da saudade e nem te viu o espinheiro de aflição atrás dos gestos de paciência mas, nunca estiveste só...

Deus te ensinou a cartilha da ternura e a ciência do sacrifício, clareou-te a fé e sustentou-te a coragem...

Quanto a nós, parecíamos desmemoriados e distraídos, no entanto, sabíamos, com toda a nossa alma, que tuas preces e exemplos nos alcançavam os caminhos mais escuros, soerguendo-nos da queda ou sustentando-nos o mergulho no abismo, à maneira das fulgurações estelares, que orientam os passos do viajor, quando a noite se condensa nas trevas...

E, ainda hoje, nos instantes de provação, basta que te recordemos o amor para que se nos ilumine o rumo e refaçam as forças.

É por isso, Mãezinha, que em teu diz de luz, enquanto a música da alegria te homenageia nas praças, nós estamos contigo, no aconchego do lar, para ouvir-te de novo as orações de esperança e beijar-te as mãos, repetindo: bendita sejas!


Meimei

Livro: Visão Nova - Francisco Cândido Xavier - Autores Diversos

quinta-feira, 10 de maio de 2012

INTERRUPÇÃO CRIMINOSA - ANENCÉFALOS


 As discussões a respeito dos anencéfalos terem ou não o direito de nascer, a cada dia nos traz novas facetas.

Religiosos, médicos, políticos, mulheres que lutam por direitos opinam. Uns contra, outros a favor da interrupção da gravidez em tais casos.

Nada mais oportuno, portanto, do que tornarmos a enfocar a delicada questão do abortamento que, sempre que provocado, e não tendo por objetivo salvar a vida da mãe, é criminoso. Embora a lei humana estabeleça o contrário, a Lei Divina diz que está se matando uma vida.

O embrião não é apenas uma promessa de vida. É uma vida em desenvolvimento, que guarda um viajor da eternidade prestes a iniciar a jornada humana, assim, quando se interrompe artificialmente a gravidez, comete-se um assassinato e, ao mesmo tempo, se fecha a porta da reencarnação para alguém que estava chegando.

Mesmo que a expectativa de vida seja de poucas horas, por que não lhe permitir a experiência?

Nenhuma reencarnação é ocasional. Todas obedecem a um planejamento prévio do Espírito, que deseja e tem necessidades de resgatar débitos do passado e prosseguir na escalada do progresso. Colocar obstáculos a essa meta é, sempre, ferir a Lei Divina, mesmo porque, quem pode garantir o veredicto de poucas horas de vida?

O cérebro é tão complexo que os cientistas trabalham incessantemente para lhe descobrir o funcionamento. Sabe-se que ele é delicado, que pequenos ferimentos ou choques podem danificá-lo de forma permanente e, em sendo danificado, pode-se perder reações, sentidos. No entanto, a literatura médica cita muitos casos de graves lesões cerebrais que não afetaram de forma alguma os pacientes.

No ano de 1935, em Nova Iorque, um bebê viveu 27 dias no hospital Saint Vincent. Sempre pareceu normal e saudável. Ele chorava, comia e se movia. Somente depois de sua morte é que os médicos descobriram que a criança era destituída de cérebro.

Caso mais extraordinário é o relatado pelo doutor alemão Hufeland, um especialista em cérebro, ao realizar a autópsia de um homem paralisado, que fora bastante racional até o momento da sua morte. Ele simplesmente não encontrou o cérebro - somente 310 gramas de água.

Verifica-se assim que, embora o avanço da ciência médica, a cada dia o homem é convidado a admitir que muito tem ainda a aprender, a descobrir.

Dessa forma, o filho que está a caminho, sejam quais forem as circunstâncias em que venha ao mundo, deve sempre ser considerado como alguém que necessita da experiência do retorno. É alguém enviado por Deus para oferecer à gestante a mais elevada de todas as funções: a de ser colaboradora do Criador na obra da Criação.

Quem pode afirmar, sem sombra de dúvida, que o bebê não viverá ou que viverá apenas poucas horas? Quantas vezes a ciência já se equivocou e necessitou rever apontamentos e deduções?

Não seria mais coerente, em casos semelhantes, permitir-se o nascimento e deixar que o fio da vida se rompa, de forma natural, quando estabeleça a Justiça Divina?



É no momento da concepção que o Espírito se une ao organismo em desenvolvimento. A reencarnação começa, pois, no momento em que o óvulo é fecundado pelo espermatozóide.



Não ignores a presença de Deus na tua vida. Pensa e age sempre com a certeza de que Ele vela por ti e que não caminhas a sós.



Fonte: Redação Momento Espírita