domingo, 19 de agosto de 2012

AÇÃO ESPÍRITA CONTRA A PROSTITUIÇÃO INFANTO-JUVENIL



No grande capítulo da sexualidade humana, o direito de expressão e de escolha dos relacionamentos em cotejo com a evolução da compreensão acerca dos sentimentos e manifestações simbolizam a caminhada do ser rumo à espiritualização. Em tempos de inúmeras e pungentes dúvidas sobre a expressão sexual, em que reconhecemos, por vezes, nossa incapacidade de compreensão total das atitudes e preferências humanas, neste campo, ressoa uma unanimidade: a individualidade espiritual, senhora de si mesma, adota em regra os posicionamentos que sua consciência franquear e arca com as conseqüências diretas (nesta e nas vivências futuras), conforme os mecanismos de aplicabilidade da Justiça Divina – nela compreendida a sistemática de causa e efeito.

Todavia, só podemos pensar em responsabilização espiritual plena, se estivermos diante de criaturas em idade cronológica e psicológica capaz de aferir a condição de aquilatar seus atos e de prever as ocorrências futuras. Isto só é possível, em regra, a partir da maturidade biológica que, em geral, se materializa a partir dos 16 anos. Antes disso, na chamada infância e, até, na adolescência, a notória condição de hipossuficiência destes indivíduos – portadores que são, relativamente, de direitos e deveres na ordem civil – impõe à Sociedade um conjunto de medidas sócio-assistenciais, jurídicas ou não, para a proteção integral de nossas crianças e jovens. Daí a existência, nas principais nações do Mundo e, também, no Brasil, de um avançado código de normas protecionistas, evitando-se o (ainda maior) desrespeito aos direitos deste contingente populacional.

Um recente relatório decorrente de estudos desenvolvidos em parceria da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com o Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF) aponta para a existência de 1819 pontos vulneráveis à exploração sexual infanto-juvenil em rodovias federais brasileiras. O conceito de “ponto vulnerável” enquadra ambientes cujas características, localização ou finalidades favorecem ou encobrem a atividade de “venda de sexo”, envolvendo menores – prática considerada criminosa em nosso país – como postos de gasolina, hotéis, boates, restaurantes e, até, estacionamentos de caminhões, estimando-se que, em um determinado ponto possa existir um ou mais estabelecimentos que favorecem ao crime.

Esta diagnose deve ser suficiente para provocar medidas corretivas, repressoras e/ou protecionistas, não só por parte dos órgãos policiais e judiciais, mas de toda a Sociedade, contando, ainda, com a participação ativa dos cidadãos, já que o problema é de todos e a conscientização e a ação efetiva são as armas de que dispomos para enfrentá-lo. Assim sendo, todos somos responsáveis na divulgação da proteção destinada a crianças e adolescentes bem como devemos atuar na repressão direta a atitudes de exploração sexual daqueles, denunciando a existência de locais ou a participação de pessoas promovendo ou acobertando ações delituosas, utilizando os telefones disponibilizados, em sua cidade, para contato com os Conselhos de Direitos da Criança ou do Adolescente, ou, mesmo, os números da Polícia Rodoviária Federal (191) e da Polícia Militar (190).

Em paralelo, em termos de ações institucionais espíritas, seria recomendável uma participação mais efetiva junto a tais conselhos, empreendendo trabalho conjunto, voluntário, assim como distribuindo, nas próprias instituições e em locais considerados “suspeitos” de promover o crime, material explicativo e oportuno.

É tempo, pois, dos bons, ora tímidos e fracos, conforme a diretriz contida na questão n. 932, de O livro dos espíritos, sobrepujarem os maus, intrigantes e audaciosos, já que esta superação de uns pelos outros, na defesa dos valores espirituais, é tarefa que só dos primeiros depende: “Quando estes o quiserem, preponderarão.”



Marcelo Henrique Pereira, Mestre em Ciência Jurídica

sábado, 11 de agosto de 2012

PRECE PELO MEU PAI


Onipotente Deus, que a tua misericórdia se derrame sobre a alma de meu pai, a quem acabaste de chamar da Terra. Possam ser-lhe contadas as provas que aqui sofreu, bem como ter suavizadas e encurtadas as penas que ainda haja de suportar na Espiritualidade!

       Bons Espíritos que o viestes receber e tu, particularmente, seu anjo guardião, ajudai-o a despojar-se da matéria; dai-lhe luz e a consciência de si mesmo, a fim de que saia ileso da perturbação inerente à passagem da vida corpórea para a vida espiritual. Inspirai-lhe o arrependimento das faltas que haja cometido e o desejo de obter permissão para as reparar, a fim de acelerar o seu avanço rumo à vida eterna bem-aventurada.

Pai, acabas de entrar no mundo dos Espíritos e, no entanto, presente aqui te achas entre nós; tu nos vês e ouves, por isso que de menos do que havia, entre ti e nós, só há o corpo perecível que vens de abandonar e que em breve estará reduzido a pó.

Despiste o envoltório grosseiro, sujeito a vicissitudes e à morte, e conservaste apenas o envoltório etéreo, imperecível e inacessível aos sofrimentos. Já não vives pelo corpo; vives da vida dos Espíritos, vida essa isenta das misérias que afligem a Humanidade.

Já não tens diante de ti o véu que às nossas vistas oculta os esplendores da vida no

Além. Podes, doravante, contemplar novas maravilhas, ao passo que nós ainda continuamos mergulhados em trevas.

Vais, em plena liberdade, percorrer o espaço e visitar os mundos, enquanto nós rastejaremos penosamente na Terra, à qual se conserva preso o nosso corpo material, semelhante, para nós, a pesado fardo.

 Diante de ti, vai desenrolar-se o panorama do Infinito e, em face de tanta grandeza, compreenderás a vacuidade dos nossos desejos terrestres, das nossas ambições mundanas e dos gozos fúteis com que os homens tanto se deleitam.

 A morte, para os homens, mais não é do que uma separação material de alguns instantes. Do exílio onde ainda nos retém a vontade de Deus, bem assim os deveres que nos correm neste mundo, acompanhar-te-emos pelo pensamento, até que nos seja permitido juntar-nos a ti, como tu te reuniste aos que te precederam.

Não podemos ir onde te achas, mas tu podes vir ter conosco. Vem, pois, aos que te amam e que tu amaste; ampara-nos nas provas da vida; vela pelos que te são caros; protege-nos, como puderes; suaviza-lhes os pesares, fazendo-lhes perceber, pelo pensamento, que és mais ditoso agora e dando-lhes a consoladora certeza de que um dia estareis todos reunidos num mundo melhor.

 Nesse, onde te encontras, devem extinguir-se todos os ressentimentos. Que a eles, daqui em diante, sejas inacessível, a bem da tua felicidade futura! Perdoa, portanto, aos que hajam incorrido em falta para contigo, como eles te perdoam as que tenhas cometido para com eles.

 Assim seja.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A ALEGRIA DE SER ESPÍRITA


“Querem escravos para os sistemas falaciosos que mentalizam, quando Jesus deseja te faças livre para a conquista da própria felicidade.” Emmanuel1



“Mãe estou aqui!” A psicografia, assinada por uma garota que desencarnara aos 14 anos e voltava para amparar a inconsolável mãezinha, é o retrato da era que começa a se delinear na Terra.

O próprio Allan Kardec fez a evocação e registrou a conversa na edição de lançamento da Revista Espírita,2 em janeiro de 1858.

Ante as provas contundentes da identidade de Júlia, o Codificador indagou aos leitores: “[...] quem ousaria falar do vazio do túmulo, quando a vida futura se nos revela assim tão palpável?”.

O Espiritismo é o sol de nossas vidas. Alegremo-nos em saber que não estamos sós, pois a morte foi desmistificada e todos os dias – na bendita seara espírita – temos provas da justiça e da perfeição absoluta das leis divinas. Cansados do vazio secular que nos invadia a alma em turvação, entre erros crassos, viciações e crimes, ora desperdiçando encarnações, ora malbaratando o tempo na erraticidade, fomos chamados à iluminação de nós mesmos. Eis a fonte de alegria perene dos nossos dias...

Retirados dos escombros morais, resgatados por almas afins ou mentores espirituais, percorremos longos caminhos e estudos para estarmos aqui hoje, irmanados no grande ideal tão bem expressado nas obras básicas da Codificação. O Evangelho hoje renasce das cinzas a que foi relegado pela nossa própria ignorância, em tempos não tão longínquos...

Incitam-nos Emmanuel e Bezerra de Menezes, entre outros benfeitores, a aplicarmos as lições de Jesus a nós, primeiramente, depois ao lar, por fim ao mundo...

Quanta alegria em saber que até os espinhos colaboram em nossa ascensão, ainda quando provenientes dos que mais amamos!

A mentora do médium Divaldo Pereira Franco, Joanna de Ângelis, na obra Alegria de Viver, 3 nos faz um apelo sublime, mas não pela alegria estúrdia dos que riem sem saber o porquê. A referida obra concita-nos à alegria existencial, inspirada nas bem-aventuranças que o Cristo proclamou. A alegria do dever cumprido, da quitação, de conviver em sociedade, de saber obedecer a Deus.

A bandeira de luz que levamos adiante é rota segura. Ainda nos momentos de dor suprema, termo inspirado em obra homônima do Espírito Victor Hugo,4 a misericórdia do Pai estende-se aos filhos sequiosos do pão da vida. Não há existência sem motivo, não há um homem sequer criado para a inutilidade, nada que nos alcance sem objetivo providencial e útil, quando vemos o mundo pela ótica espírita. As aflições são justas, ensina-nos O Evangelho segundo o Espiritismo, mas não cultuemos a dor e a expiação.

Que falar da justiça? O escritor Vinícius (Pedro de Camargo) escreveu que a lei mosaica era “prelúdio de justiça”,5 limitando a vingança a ato equivalente ao mal sofrido. Ou seja, visava impedir reações desproporcionais. “Nosso orbe [...] não chegou sequer a integrar-se no vetusto e rude dispositivo da legislação hebraica”, diz. Quanta alegria em conhecermos a justiça mais branda, inspirada na lição inesquecível do Mestre de nossas vidas, de fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem!

Que estejamos sendo veículos do prelúdio dessa outra justiça, mais espiritualizada, a do Cristo!

Amando e reconstruindo vidas, em vez de apenas cumprir leis e regras para cercear e punir. Cultuando pensamentos, palavras e atos voltados ao bem, ainda que por ora sejamos meros vasos de barro, na acepção evangélica. Façamo-nos a pergunta: servimos a quem, sob a luz retumbante que rasgou os dogmas e o academicismo, iluminando-nos como ao peixinho vermelho, citado por Emmanuel em Libertação?6

Quanta gratidão à Doutrina de nossas vidas, que nos elucidou, após séculos de procuras infrutíferas, o verdadeiro sentido da caridade que salva! A definição surge em O Livro dos Espíritos, questão 886: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.7 Aprendemos que a caridade não se faz apenas com a moeda que sobra nos bolsos e aplicações financeiras, mas também no sorriso generoso, que se torna verdadeiro cartão de visita do espírita e dos ideais que professa.

Quantas benesses e quanto refrigério em saber que nossa elevação não depende de indulgências e favores, mas apenas de nós mesmos!

Quanta justiça! Não se compra um céu de fantasias nem se herda um inferno injusto, mas se conquista a evolução, dia a dia, com a renovação moral. Que importam, então, as pequenas diferenças?

Aprendamos a servir amando, unidos, como uma família disciplinada ante o “dirigente” maior, Jesus.

Quantas bênçãos temos colhido tão-só com o Evangelho no lar, evitando desastres!...

Tenhamos em mente o desfavor das queixas. Quanto deixamos de sofrer com isso! Há uma justiça subliminar que a tudo permeia, em tudo conspirando a nosso favor... Kardec abriu a trincheira pela qual tantos bandeirantes da nossa Doutrina, abusando do codinome aplicado ao precursor paulista Cairbar Schutel, semearam ou estão semeando um futuro melhor para a humanidade terrena. Hoje, como nos tempos de Jesus, tudo parece desvirtuado, incorrigível. Mas o exército do bem nos sustentará, firmemente.

Os benfeitores estão por todos os lados, amparando-nos. Nunca estivemos sós. Quanta consolação nessa verdade! Quanto a isso, a plêiade do Espírito de Verdade não deixa dúvidas, em O Evangelho segundo o Espiritismo: Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.8

Os que não alcançaram o oásis do Evangelho são os cegos, como já fomos um dia. Irmãos estorcegam aniquilados, outros zombam da realidade espiritual, mas no íntimo amargam o vazio existencial, sinal dos tempos que varrerão o egoísmo e o orgulho do planeta-escola.

Espíritas, herdeiros dos mártires à excelsa Codificação, amparemos o próximo! Felizes pelo despertar gradual, mas compungidos ante a dor alheia, recordemos a menina Júlia e Kardec, há 152 anos, testemunhando:

Jesus! Estou aqui!



Reformador Junho 2010


1XAVIER, Francisco C. Palavras de vida eterna. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Uberaba, MG: Comunhão Espírita Cristã, 2007. p. 134.
2KARDEC, Allan. Evocações Particulares – Mãe, estou aqui! In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 1, p. 42-45, jan. 1858. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
3FRANCO, Divaldo P. Alegria de viver. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL.
4GAMA, Zilda. Dor suprema. Pelo Espírito Victor Hugo. Rio de Janeiro: FEB, 2007.
5VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Na escola do mestre. 7. ed. São Paulo: FEESP. Cap. 3, p. 27-35.
6XAVIER, Francisco C. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Ante as portas livres.
7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
8Idem. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. 129. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Prefácio.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

FÉRIAS ESPÍRITAS?!


O espírita tem direito a férias?

Os Espíritos saem de férias?

A Casa Espírita pode tirar férias?

O vocábulo férias é um substantivo feminino plural que significa “período de descanso a que têm direito empregados, servidores públicos, estudantes etc., depois de passado um ano ou um semestre de trabalho ou de atividades.” (1) O conceito vale para labor remunerado ou prestação de serviços.

A Lei Divina do Trabalho insere em suas diretrizes a necessidade do repouso. (2) Como ser humano e profissional, o espírita tem direito de usufruir as férias decorrentes da sua prestação de serviços. É comum que parte ou totalidade desse período de férias também seja utilizada para uma pausa em suas atividades na Casa Espírita. Alguns aproveitam parcela desse tempo para dedicação aos afazeres espiritistas, ofertando outra porção de tempo aos interesses particulares, familiares e sociais. Nada que fuja à normalidade, considerando-se a necessidade de cuidar da vida material. Porém, cabe lembrar: na vida cotidiana, somos espíritas todos os dias.

No que tange aos Espíritos saírem de férias, aprendemos que a Lei do Repouso é rigorosamente observada por eles. Quando consciente de seu papel na construção de um mundo melhor, o Espírito aproveita utilmente o “tempo livre”. A palavra férias se aplica mais a nós que aos Espíritos libertos do corpo físico, sobretudo àqueles evoluídos.

A terceira questão é complexa e exige seguro posicionamento. A Casa Espírita jamais deve fechar as suas portas, pois a necessidade não tira férias e a dor não tem hora marcada. Por esta razão, há que se organizar equipes de trabalho para se garantir o ininterrupto funcionamento das atividades destinadas ao atendimento do público, encarnado e desencarnado. Feriados como Natal, Ano Novo, Carnaval, entre outros, são oportunidades de servir. É recomendável manterem-se ativos, principalmente, os serviços de palestras públicas, passes, atendimento fraterno e reuniões mediúnicas.

A Casa Espírita é uma fonte de luz constante para assistência, consolo e esclarecimento aos necessitados do corpo e do espírito.


1 Assim define o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.

2 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.  Trad. de Evandro Noleto. 1. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2007. q. 674-685a.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A VIDA É UM TRATO QUE PRECISA SER CUMPRIDO

"A quem muito foi dado, muito será cobrado. Entender esta máxima é o primeiro passo para uma vida plena e feliz. Não viemos a este mundo para simplesmente passar por ele, sem deixar marcas. Se assim fosse, não precisaríamos viver tanto.

Temos todos a missão e a incumbência de fazer com que nossa existência seja sentida, aproveitada e que, no mínimo, traga benefícios a alguém.

Temos de trabalhar incansavelmente, sem delongas, sem mas nem porquês. Aceitamos e nos dispusemos a isso antes. Foi um trato que muitas vezes deixamos de cumprir.

Mediunidade é coisa séria e de muita valia se for utilizada da forma correta. E, para ser utilizada da forma certa, deve ser praticada onde quer que seja. Contanto que estejamos com a mente aberta e limpa, sempre atrairemos os bons espíritos.

Concentremo-nos e peçamos a ajuda desses espíritos para realizar nosso trabalho, afinal nós precisamos deles e eles de nós para passar as mensagens e ensinamentos.

Tratar a mediunidade como um passatempo só nos atrasa em nossa caminhada e evolução espiritual. Precisamos trabalhar com afinco, sem hesitação e sem medo de fazer errado. É errando que se aprende.

Tudo é válido e tudo é possível quando se faz com amor e dedicação. Não há como se melhorar fazendo esporadicamente a lição de casa. Vamos nos aprimorar e estudar, e praticar até que entremos verdadeiramente em sintonia com o plano espiritual. Temos todos os recursos necessários para um trabalho louvável. Basta dedicação e interesse.

Os primeiro passo após acreditar que temos uma missão  e que seremos cobrados pelo que nos foi dado, é acreditar, crer sem muitas perguntas. Aceitar o invisível aos olhos como acreditamos no que podemos ver.

O mundo espiritual está inteiro à disposição e a espera de obreiros do Senhor. São poucos os que se sujeitam e servem sem perguntar, sem questionamentos. Tudo se acerta, tudo se resolve na confiança e no trabalho.

Como nos velhos tempos em que a palavra dada era ‘palavra empenhada’. Demos a palavra e cumpramos com o prometido. Que Deus ilumine nossos passos e que estes sejam longos e ligeiros em busca da evolução.”



Assinado : Josué

Local :  "Casa da Prece" - Sorocaba ( SP )

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

NOÇÕES ESPÍRITAS

O desvio natural das práticas espíritas, sendo uma consequência do atraso moral da humanidade contemporânea, deve merecer cuidados especiais de todos quantos, bem intencionados, se proponham realizar praticamente, a demonstração da sua eficácia regeneradora no seio da sociedade em que vivem.
O arrastamento, a fascinação que sobre o nosso espírito exerce o mundo material, nos seus múltiplos aspectos, é incalculável e poderia contar-se por todos os nossos atos e pensamentos, em permuta constante com esse ambiente em que peiados somos, qual seixo à mercê da corrente.
Uma vez, porém, que não podemos contrariar a corrente nem inverte-la, pois que tudo se justifica e se move na criação por desígnios superiores, procuremos ao menos encaminhar essa corrente no sentido de apressar o adventos das verdades, a nós tão graciosa quão imerecidamente confiadas.
E esse movimento é tanto mais necessário quanto a própria transcendência filosófica da nossa doutrina produz benefícios negativos quando não procuramos servi-la com intuitos igualmente elevados, como decorrentes legítimos de um coração abnegado e de uma inteligência lúcida.
Não queremos dizer com isso que só o homem culto esteja em condições de praticar o Espiritismo, o que seria rematado absurdo, aliás incompatível com o caráter eminentemente livre e popular da doutrina: - mas queremos tão somente afirmar que para compreender, aceitar e praticar principalmente o Espiritismo com proveito, é preciso possuir uma serena consciência, na qual se possa refletir como em cristalino espelho todos os bons sentimentos, desde a humildade contrastante com os códigos da época, até o altruísmo imoldável aos interesses individuais de cada dia, de cada hora, de cada instante.
Tendo em vista os abusos que diariamente se cometem à sombra da doutrina espírita, explorados ao demais pelos inimigos interessados e gratuitos que nos espreitam, não é de estranhar a prevenção nem o ridículo com que ainda hoje, a despeito das brilhantes vitórias da nossa causa, somos acolhidos – quando o somos - e julgados por uma certa parte da sociedade.
Poderíamos replicar a esses tais que assim nos julgam, que o Espiritismo, servido pelos homens é como tudo mais, partícipe de sua natureza, não podendo responder pela idoneidade dos seus intérpretes, preferimos, no entanto, registrar o fato como aviso salutar, redobrando esforços para vulgarizar ensinamentos que só podem ser de regeneração que não de perversão.
E para que não se diga nem suponha que o Espiritismo só produz visionários e fanáticos, bom seria nos fossemos apresentando como quem somos, para que o mundo nos conhecesse como somos, isto é, racionais e humanos como qualquer mortal, pensando, vivendo e agindo na esfera das nossas atribuições e necessidades.
A timidez injustificável de muitos dos nossos confrades tem concorrido para essa noção falsa do que sejam o Espiritismo e seus prosélitos: - há, entretanto, mais de uma razão militando contra esse precedente, cujos efeitos aí estão clamando reparação.
Em primeiro lugar temos que, se os homens nos julgam mal pelo que de mal se pratica à sombra do nosso nome, há mostrar-lhes o que de bom e só de bom pode e deve produzir o Espiritismo.
Em segundo lugar temos que sendo o Espiritismo uma revelação divina corroborada por fatos tão espontâneos quão inconcussos, não devemos os que os estudamos, bem intencionados e cônscios dos seus benefícios, ser avaros da sua propaganda, mas antes imitar os exemplos generosos dos missionários do espaço.
Finalmente sendo o Espiritismo a síntese de tudo quanto de grandioso e bom pode conceber o homem, quer individual que coletivamente, e sendo mais, de fato, a doutrina do Amor e do Perdão a chave de ouro de todos os problemas que agitaram, agitam e hão de agitar a mente humana no roteiro da Verdade, nobreza só pode haver em afirma-lo à face dos homens, por atos e palavras.
Mais por atos que por palavras.

Manoel Quintão
Reformador (FEB) pág. 250 ano 1906