quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MAIS ALÉM DO MEU OLHAR


Convidou-nos a orar e como o fizemos com fervor! Hilário, em seguida, iniciou uma preleção sobre João Batista:

- O precursor de Jesus, filho de Zacarias e Isabel, segundo palavras do próprio Cristo, era o Espírito, nascido de mulher, mais perfeito na face da Terra. Nasceu seis meses antes de Jesus e se tomou profeta na Judéia, alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre no deserto. Vestia-se toscamente com peles de camelo, pregando a vinda do Messias, o arrependimento através do batismo da água. Sabemos que o Espírito errante tem de mergulhar num corpo carnal para cumprir sua etapa reencarnatória - é o batismo do arrependimento, pregado por João Batista. Ao receber um corpo carnal, o Espírito está simbolicamente mergulhando no rio Jordão para propor a Deus uma renovação de atitudes. O batismo se perdeu no passar dos anos, e hoje sabemos que o Espírito mais endividado é considerado cristão, porque alguém o batizou. Entretanto, no início não era assim. O batismo que João Batista pregava significava a reforma do homem. João foi um personagem típico e original. Viveu numa época conturbada que produziu muitos pregadores itinerantes de ideias extremistas. Ele mesmo tinha uma certa urgência e uma proposta especial, insistindo na iminência do advento do Messias e introduzindo a ideia do batismo pela água, como um passo para a salvação, querendo dizer que cada homem, ao chegar ao mundo, tinha por obrigação procurar matar o homem velho de ontem e sofrer uma limpeza perispiritual para ser digno de ser chamado filho de Deus. João Batista já vinha abrindo o caminho do conhecimento desde sua encarnação como Moisés. Portanto, Moisés foi precursor do Cristo, porque iniciou as primeiras pegadas do caminho estreito. Como João Batista, apertou a mão do Messias, que tem a missão de levar a Humanidade até o Pai. Esses dois Espíritos - Jesus, o sublimado, e João Batista, Seu precursor - são dois baluartes na reforma da Humanidade. Um, como Moisés, iniciou a conquista da Terra Prometida, e o Cristo, juntamente com o Consolador por Ele prometido, está convidando a todos para as bodas, a grande festa, quando receberá das mãos de Deus a Terra Prometida desde a época de Moisés: o Planeta regenerado. Cada um de nós, os irmãos do Cristo, temos de nos preparar para este grande momento, que esperamos não demore muito. Moisés recebeu os dez mandamentos e as leis morais. O Cristo, como Mestre, como o Verbo de Deus, viveu os, pregando pelo exemplo. E o Consolador prometido por Jesus, que é a Doutrina Espírita, está chamando os homens para o batismo que se toma preciso: reforma interior e mudança de hábitos, transformando o homem velho, arraigado nos erros, para surgir, depois do batismo da carne, um novo ser. João introduzira a ideia do batismo pela água como um passo para a salvação, que o Messias completara pelo batismo com o Espírito Santo. João Batista abriu o caminho; o Mestre ensinou-nos a caminhar e o Consolador veio completar Sua obra. Por isso, a um espírita não é dado olhar para trás, apresentando desculpas. Ele conhece o festim das bodas e sabe que há muito o Senhor nos está chamando: primeiro, com o precursor de Jesus - Moisés; depois, Moisés como João Batista e, mais além, o próprio Cristo, que desceu até os pecadores e disse em João CAPITULO 14, versículo 6: {eu sou o caminho, a verdade e a vida.} E hoje com os Espíritos do Senhor, que compõem a plêiade de trabalhadores do Cristo e são chamados de {Espírito Santo.} São as vozes que sopram nos ouvidos de toda a Humanidade, alertando-a para a urgente mudança de atitudes. Chegou a hora do segundo batismo – o do fogo - quando cada alma terá de provar sua fé. Mesmo em lares contrários ao seu modo de pensar, o seguidor do Cristo tem de lutar pela própria perfeição. Até hoje o Senhor está convidando Seus filhos para o grande momento, quando o nosso Cristo receberá das mãos de Deus a Terra regenerada. Quer o Pai Celeste que todos nós já estejamos com as nossas vestes - o perispírito - reluzentes de pureza, porque Seus filhos rebeldes rasgaram a primeira carta que Deus lhes mandou, trazida pelo carteiro divino, chamado Moisés, e ainda jogaram fora esta carta viva, translúcida, brilhante de amor, chamada Jesus Cristo. Agora, o que estão fazendo com a terceira e última carta, aquela que uma plêiade de Espíritos do Senhor trouxe à Humanidade - a Doutrina Espírita? O que os espíritas, estão fazendo com a terceira carta? Louvando os carteiros, ou lendo-a, procurando colocar em prática os ensinos de Deus, tentando fazer brilhar o trono de nossa consciência, onde estão gravadas as leis morais, tesouro divino que nossos erros fizeram com que fosse ignorado? João Batista foi o precursor do Cristo e, em encarnação anterior, o nosso doce e dinâmico Moisés, conforme citações em Números Capítulo 12, versículo 3: Moisés era homem muito humilde, mais do que Qualquer pessoa sobre a face da terra; e em Eclesiástico CAPITULO 45, versículo 4: [referindo-se a Moisés] Por sua fidelidade e brandura o consagrou, e escolheu-o dentre todos os viventes. Ele recebeu do Pai a primeira promessa de dar à Humanidade deste Planeta a Terra Prometida, isto é, a Terra regenerada. Que tenhamos a humildade de transmitir alguma coisa boa aos nossos irmãos tão necessitados, como fizeram os carteiros de Deus. Assim seja.

Emocionei-me. Era muito para nossos Espíritos. Nisso, Jessé enlaçou-me o ombro e meus olhos se turvaram de lágrimas.

Luiz Sérgio

Trecho do Livro: Mais Além do Meu olhar

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A VERGONHA


Os dias que longe vão levam-me à triste lembrança de meu afastamento obrigatório, através do aborto.
Ainda me recordo daquela noite, em que às pressas fui convocado para reencarnar, porque uma inexperiente jovem acabara de se entregar aos braços de um rapaz que tanto amava.
O amor se realizara fecundo fora o óvulo na presença da vida, e a concepção se faziam e eu, de uma forma repentina, me via ligado àquela criatura que me receberia em seus braços, como filho querido.
Dias, semanas e meses se passaram. Agora, nada mais dava para esconder. A notícia chegara ao conhecimento dos familiares que seriam meus avós maternos, e, por não quererem ver a família passar diante da sociedade por esse ato vergonhoso, obrigaram aquela jovem futura mãezinha abortar-me.
Duas escolhas lhe propuseram: o aborto ou rua!
A inexperiente jovem, sem saber o que fazer, sozinha, diante de tão triste situação, porque já amava o pequenino feto que se desenvolvia dentro de suas entranhas, derramava lágrimas copiosas.
Não faltou, porém, quem não a aconselhasse: quase todos tinham a mesma opinião, parentes, vizinhos e amigos.
“Vamos, menina, o que você está esperando? Vá logo abortar essa criança, para que a mesma não venha ser a vergonha de sua tão honrada família”.
E, assim, na calada noite, senti frios aços vindo de encontro a mim, impulsionados pelas mãos de uma parteira curiosa, expulsando-me sem piedade.
E aqui termino mais um triste episódio da curta vida de um feto que foi denominado,

“A Vergonha”
Livro: Os abortados