segunda-feira, 27 de julho de 2009

O APEGO EFETIVO


Em carta, Chico Xavier explica-nos os antecedentes da mensagem referente ao apego afetivo no meio familial:
“Na noite anterior a uma de nossas reuniões públicas estivemos juntos, provavelmente umas cinqüenta pessoas, num encontro amigo dedicado ao culto do Evangelho no lar. É o assunto dessa reunião doméstica foi a dificuldade para nos separarmos dos laços de família quando os entes amados escolhem caminhos diversos dos nossos. Como era natural, o tema foi ardentemente debatido. E, na noite seguinte, antes da sessão pública, associando-se-nos irmãos de outras localidades, o assunto prosseguiu.
Iniciadas as nossas tarefas O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 9 do capítulo XIV, claramente colocado nas apreciações em foco. E, ao fim da reunião, o nosso abnegado Emmanuel nos deu a página intitulada “Desvinculação”, que envio ao caro amigo no, esperança de que ela nos sirva aos estudos e reflexões habituais.”.

DESVINCULAÇÃO

Emmanuel

Para muitos companheiros na Terra a desvinculação no campo afetivo é prova difícil.
Desligamento do grupo familiar, distância da convivência.
Hora da diferenciação de alguém perante outro alguém.
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Se te vês num momento assim, na posição de quem pode libertar associados de ideal e de afinidade, não hesites no bem por fazer.
Aqueles que anseiam por independência e mudança, depois de te compartilharem a vida, são pedintes de tranqüilidade e renovação. Não precisam tanto de teu ouro e assistência, nome e prestígio. Rogam-te, acima de tudo, escoras de tolerância e bondade, a fim de que te possam deixar sem que o espinheiro da mágoa te nasça no coração.
***
Medita naqueles que, um dia, igualmente largaste para tomar embarcações outras, diferentes do navio em que se te localizava a área doméstica, de modo a te fazeres ao mar profundo e vasto da experiência terrestre.
Familiares que te amavam a presença e amigos que te disputavam a companhia se viram, de instante para outro, apartados de ti por efeito de tuas próprias deliberações.
Assim nos expressamos porque freqüentemente a harmonia na desvinculação depende daqueles que já amadureceram na vida física, aos quais se pede amparo e segurança, auxílio e aprovação.
Se alguém ao teu lado te solicita o cancelamento de compromissos e deveres assumidos para contigo, concede a paz a quem necessita de paz a fim de atender a impositivos da vida em outros setores de evolução.
***
Realmente desejas que os descendentes se garantam para a felicidade, não queres que os filhos bem-amados atravessem tribulações e enganos que te amarguram a infância ou a juventude; habituas-te a desaprovar as resoluções de amigos que se afastam para caminhos que já sabes estarem encharcados de lágrimas, nem concordas em que os entes queridos venham a transitar por estradas que já trilhaste entre pedras e aflições, entretanto, por mais no doa ao coração — muitos daqueles que mais amamos chegaram à Terra exatamente para isso.
Diante dos companheiros que se te distanciam da convivência ou que te dizem adeus para te reencontrarem mais tarde, em outros e novos níveis de espaço e tempo, não lastimes nem condenes.
Bendize e auxilia sempre.
Os que partem ou se te separam da estrada, no dia-a-dia, esperam de ti, sobretudo, o patrocínio do amor e o refúgio da bênção.

NO TREM DOS ESTUDANTES

Irmão Saulo

Emmanuel coloca o problema da desvinculação afetiva em dois planos: o do afastamento de pessoas queridas que se retiram do lar e o da partida para “outros e novos níveis de espaço e tempo”. Em ambos os casos rompe-se o vínculo da convivência. Em ambos os casos há sofrimento moral de parte a parte. O assunto é tratado no item 9 do capítulo ZIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, e ali encontra-mos o seguinte aviso aos que sofrem: “As grandes provas são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus”.
O desastre do Trem dos Estudantes, em 8 de junho de 1972, entre Suzano e Jundiapeba, inclui-se no capítulo das provas coletivas. Além dos mortos e feridos estão sofrendo essa prova os familiares duramente atingidos, os amigos e colegas das vitimas. A tragédia caiu sobre verdadeira multidão. Estamos em face de um processo de desvinculação em massa. Quantos lares enlutados pela perda de entes queridos, quantos corações dilacerados, quantos espíritos aturdidos pela brutalidade da ocorrência'.
O que mais impressiona é o número de jovens que tiveram sua vida bruscamente cortada, quando a caminho da escolas superiores que cursavam em Mogi das Cruzes. Tudo è isso parece aterrador, desnorteante, como se estivéssemos num mundo caótico, sem ordem, sem lei, sem Deus. Não obstante, o Universo nos responde com a ordem absoluta das suas leis que tudo regem, desde a relva humilde na Terra até às constelações gigantescas no infinito.
Nada acontece por acaso. Tudo resulta da lei de causa e efeito. E todo efeito tem um sentido: o da evolução. Todos somos espíritos faltosos e sofremos as provas que pedimos antes de encarnar. Temos dívidas coletivas a resgatar. Mas além do resgate espera-nos a liberdade, a paz, o progresso. Os jovens que morreram foram poupados de sofrimentos futuros numa vida em que a doença, a velhice e a morte são o salário de todos nós.
Transferidos para a Vida Maior, que realmente corresponde às suas necessidade e à sua natureza, são todos eles seres espirituais e não materiais. Agora precisam da compreensão dos pais, dos irmãos, dos amigos e colegas que deixaram na Terra. Precisam de paz, de preces, de bons pensamentos, das vibrações de sincera amizade para se recuperarem em espírito.

Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos

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