quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SEXO E NAMORO


A palavra namoro perdeu o sentido inicial de despertar amor, de criar situações para o conhecimento entre os parceiros.
Namorar era envolver-se com o outro no sentido de perceber as afinidades ou as incompatibilidades entre o casal. Hoje, isto parece remoto e ridículo. Não se namora mais, “fica-se”, atitude muitas vezes traduzida na primitiva expressão “catar”. Esta última dá a nítida impressão de que a menina foi “catada”.
Com o espiritismo, sabemos que estamos na Terra para o progresso espiritual.
Todas as oportunidades da vida material devem ser, pois, consciencialmente transformadas em degraus evolutivos. Assim, nossa vida afetiva, especialmente, é ponto crucial para esse objetivo.
Com Kardec, aprendemos que a poligamia significa atraso moral, pois o poligâmico preocupa-se apenas consigo mesmo, desrespeitando o sentimento de sua parceira.
É a vitória do orgulho e do egoísmo, que aí encontram mais um estímulo para se cristalizarem no coração humano.
Em contrapartida, a monogamia desperta no casal o estímulo para a construção da vida a dois e, ao longo dos tempos, superando as crises, as diferenças individuais, vai harmonizando-se, construindo um amor sereno e profundo que traz a felicidade pelo amadurecimento espiritual.
O ato de “ficar”, que vai do simples beijo a relação sexual, nada mais é do que a banalização do desrespeito ao ser humano, que é usado e jogado fora como algo descartável, facilmente substituível. Troca-se de parceiro como quem troca de roupa, sem se deter sequer no tipo de sentimento que se provocou no outro. E nem em si mesmo...
Os jovens não dão tempo para o jogo da conquista, para o despertar dos sentimentos antigos que vêm do passado remoto, de outras encarnações, quando se prometeram um ao outro. E depois choram por não encontrar um parceiro digno do seu amor... O “ficar” não apenas desestimula um relacionamento mais profundo como alimenta a infidelidade, que aumenta suas estatísticas nos casamentos.

O jovem e o namoro

Muitos jovens se vangloriam de “ter ficado” com quatro ou cinco parceiros numa só noite! Não têm nenhuma idéia da necessidade de preservação de sua própria integridade moral, física e espiritual. Uma vez perguntaram a Chico Xavier o que ele achava do amor livre. E ele surpreendeu a todos ao responder que era a favor. “O amor deve ser livre, porém o sexo não”, completou. E ensina-nos Emmanuel: sexo, só com a responsabilidade do lar constituído.
Eis que o amor é muito mais que sexo.
E sexo não se limita ao prazer periférico a que as criaturas o estão reduzindo. Sexo é transfusão não só de hormônios, mas de energia criadora, não apenas a que gera os descendentes, mas que cria laços energéticos entre os parceiros, ligando-os entre si. O sexo também cria obras científicas e artísticas, cria o bem e o belo, quando é submetido ao amor, sua fonte beneficiadora.
Sexo com amor e responsabilidade constrói. O sexo aviltado destrói, provocando desde as doenças sexualmente transmissíveis como a Aids até os crimes que apavoram a sociedade.
O jovem de hoje passa pelo difícil teste de ter responsabilidade para bem direcionar a liberdade que conquistou para construir a vida feliz com que sonha. Sexo e responsabilidade precisam ser inseparáveis nos relacionamentos afetivos. Eis que namorar é preciso. Namorar mesmo... E não ser amantes.
Do livro: Orientações Espirituais

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O INSTINTO E A INTELIGÊNCIA


11. - Qual a diferença entre o instinto e a inteligência? Onde acaba um e o outro começa? Será o instinto uma inteligência rudimentar, ou será uma faculdade distinta, um atributo exclusivo da matéria?

O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles. Nos atos instintivos não há reflexão, nem combinação, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, se volta para a luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutriente; que a flor se abre e fecha alternativamente, conforme se lhe faz necessário; que as plantas trepadeiras se enroscam em torno daquilo que lhes serve de apoio, ou se lhe agarram com as gavinhas. É pelo instinto que os animais são avisados do que lhes convém ou prejudica; que buscam, conforme a estação, os climas propícios; que constroem, sem ensino prévio, com mais ou menos arte, segundo as espécies, leitos macios e abrigos para as suas progênies, armadilhas para apanhar a presa de que se nutrem; que manejam destramente as armas ofensivas e defensivas de que são providos; que os sexos se aproximam; que a mãe choca os filhos e que estes procuram o seio materno. No homem, só em começo da vida o instinto domina com exclusividade; é por instinto que a criança faz os primeiros movimentos, que toma o alimento, que grita para exprimir as suas necessidades, que imita o som da voz, que tenta falar e andar. No próprio adulto, certos atos são instintivos, tais como os movimentos espontâneos para evitar um risco, para fugir a um perigo, para manter o equilíbrio do corpo; tais ainda o piscar das pálpebras para moderar o brilho da luz, o abrir maquinal da boca para respirar, etc.

12. - A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, de acordo com a oportunidade das circunstâncias.
É incontestavelmente um atributo exclusivo da alma.
Todo ato maquinal é instintivo; o ato que denota reflexão, combinação, deliberação é inteligente. Um é livre, o outro não o é.
O instinto é guia seguro, que nunca se engana; a inteligência, pelo simples fato de ser livre, está, por vezes, sujeita a errar.
Ao ato instintivo falta o caráter do ato inteligente; revela, entretanto, uma causa inteligente, essencialmente apta a prever. Se se admitir que o instinto procede da matéria, ter-se-á de admitir que a matéria é inteligente, até mesmo bem mais inteligente e previdente do que a alma, pois que o instinto não se engana, ao passo que a inteligência se equivoca.
Se se considerar o instinto uma inteligência rudimentar, como se há de explicar que, em certos casos, seja superior à inteligência que raciocina? Como explicar que torne possível se executem atos que esta não pode realizar?
Se ele é atributo de um principio espiritual de especial natureza, qual vem a ser esse principio? Pois que o instinto se apaga, dar-se-á que esse princípio se destrua? Se os animais são dotados apenas de instinto, não tem solução o destino deles e nenhuma compensação os seus sofrimentos, o que não estaria de acordo nem com a justiça, nem com a bondade de Deus. (Cap. II, 19.)

13. - Segundo outros sistemas, o instinto e a inteligência procederiam de um único princípio. Chegado a certo grau de desenvolvimento, esse principio, que primeiramente apenas tivera as qualidades do instinto, passaria por uma transformação que lhe daria as da inteligência livre.
Se fosse assim, no homem inteligente que perde a razão e entra a ser guiado exclusivamente pelo instinto, à inteligência voltaria ao seu estado primitivo e, quando o homem recobrasse a razão, o instinto se tornaria inteligência e assim alternativamente, a cada acesso, o que não é admissível.
Aliás, é freqüente o instinto e a inteligência se revelarem simultaneamente no mesmo ato. No caminhar, por exemplo, o movimento das pernas é instintivo; o homem põe maquinalmente um pé à frente do outro, sem nisso pensar; quando, porém, ele quer acelerar ou demorar o passo, levantar o pé ou desviar-se de um tropeço, há cálculo, combinação; ele age com deliberado propósito. A impulsão involuntária do movimento é o ato instintivo; a calculada direção do movimento é o ato inteligente. O animal carnívoro é impelido pelo instinto a se alimentar de carne, mas as precauções que toma e que variam conforme as circunstâncias, para segurar a presa, a sua previdência das eventualidades são atos da inteligência.

14. - Outra hipótese que, em suma, se conjuga perfeitamente à idéia da unidade de princípio, ressalta do caráter essencialmente previdente do instinto e concorda com o que o Espiritismo ensina no tocante às relações do mundo espiritual com o mundo corpóreo.
Sabe-se agora que muitos Espíritos desencarnados têm por missão velar pelos encarnados, dos quais se constituem protetores e guias; que os envolvem nos seus eflúvios fluídicos; que o homem age muitas vezes de modo inconsciente, sob a ação desses eflúvios.
Sabe-se, ao demais, que o instinto, que por si mesmo produz atos inconscientes, predomina nas crianças e, em geral, nos seres cuja razão é fraca. Ora, segundo esta hipótese, o instinto não seria atributo nem da alma, nem da matéria; não pertenceria propriamente ao ser vivo, seria efeito da ação direta dos protetores invisíveis que supririam a imperfeição da inteligência, provocando os atos inconscientes necessários à conservação do ser. Seria qual a andadeira com que se amparam as crianças que ainda não sabem andar.
Então, do mesmo modo que se deixa gradualmente de usar a andadeira, à medida que a criança se equilibra sozinha, os Espíritos protetores deixam entregues a si mesmos os seus protegidos, à medida que estes se tornam aptos a guiar-se pela própria inteligência.
Assim, o instinto, longe de ser produto de uma inteligência rudimentar e incompleta, sê-lo-ia de uma inteligência estranha, na plenitude da sua força, inteligência protetora, supletiva da insuficiência, quer de uma inteligência mais jovem, que aquela compeliria a fazer, inconscientemente, para seu bem, o que ainda fosse incapaz de fazer por si mesma, quer de uma inteligência madura, porém, momentaneamente tolhida no uso de suas faculdades, como se dá com o homem na infância e nos casos de idiotia e de afecções mentais.
Diz-se proverbialmente que há um deus para as crianças, para os loucos e para os ébrios. É mais veraz do que se supõe esse ditado. Aquele deus, outro não é senão o Espírito protetor, que vela pelo ser incapaz de se proteger, utilizando-se da sua própria razão.

15. - Nesta ordem de idéias, ainda mais longe se pode ir. Por muito racional que seja essa teoria não resolve todas as dificuldades da questão.
Se observarmos os efeitos do instinto, notaremos, em primeiro lugar, uma unidade de vistas e de conjunto, uma segurança de resultados, que cessam logo que a inteligência o substitui. Demais, reconheceremos profunda sabedoria na apropriação tão perfeita e tão constante das faculdades instintivas às necessidades de cada espécie. Semelhante unidade de vistas não poderia existir sem a unidade de pensamento e esta é incompatível com a diversidade das aptidões individuais; só ela poderia produzir esse conjunto tão harmonioso que se realiza desde a origem dos tempos e em todos os climas, com uma regularidade, uma precisão matemáticas, cuja ausência jamais se nota. A uniformidade no que resulta das faculdades instintivas é um fato característico, que forçosamente implica a unidade da causa. Se a causa fosse inerente a cada individualidade, haveria tantas variedades de instintos quantos fossem os indivíduos, desde a planta até o homem. Um efeito geral, uniforme e constante, há de ter uma causa geral, uniforme e constante; um efeito que atesta sabedoria e previdência há de ter uma causa sábia e previdente. Ora, uma causa dessa natureza, sendo por força inteligente, não pode ser exclusivamente material.
Não se nos deparando nas criaturas, encarnadas ou desencarnadas, as qualidades necessárias à produção de tal resultado, temos que subir mais alto, isto é, ao próprio Criador. Se nos reportamos à explicação dada sobre a maneira por que se pode conceber a ação providencial (cap. II, nº 24); se figurarmos todos os seres penetrados do fluido divino, soberanamente inteligente, compreenderemos a sabedoria previdente e a unidade de vistas que presidem a todos os movimentos instintivos que se efetuam para o bem de cada indivíduo. Tanto mais ativa é essa solicitude, quanto menos recursos tem o indivíduo em si mesmo e na sua inteligência. Por isso é que ela se mostra maior e mais absoluta nos animais e nos seres inferiores, do que no homem.
Segundo essa teoria, compreende-se que o instinto seja um guia seguro.
O instinto materno, o mais nobre de todos, que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria, fica realçado e enobrecido. Em razão das suas conseqüências, não devia ele ser entregue às eventualidades caprichosas da inteligência e do livre-arbítrio. Por intermédio da mãe, o próprio Deus vela pelas suas criaturas que nascem.

16. - Esta teoria de nenhum modo anula o papel dos Espíritos protetores, cujo concurso é fato observado e comprovado pela experiência; mas, deve-se notar que a ação desses Espíritos é essencialmente individual; que se modifica segundo as qualidades próprias do protetor e do protegido e que em parte nenhuma apresenta a uniformidade e a generalidade do instinto. Deus, em sua sabedoria, conduz ele próprio os cegos, porém confia a inteligências livres o cuidado de guiar os clarividentes, para deixar a cada um a responsabilidade de seus atos. A missão dos Espíritos protetores constitui um dever que eles aceitam voluntariamente e lhes é um meio de se adiantarem, dependendo o adiantamento da forma por que o desempenhem.

17. - Todas essas maneiras de considerar o instinto são forçosamente hipotéticas e nenhuma apresenta caráter seguro de autenticidade, para ser tida como solução definitiva. A questão, sem dúvida, será resolvida um dia, quando se houverem reunido os elementos de observação que ainda faltam. Até lá, temos que limitar-nos a submeter às diversas opiniões ao cadinho da razão e da lógica e esperar que a luz se faça. A solução que mais se aproxima da verdade será decerto a que melhor condiga com os atributos de Deus, isto é, com a bondade suprema e a suprema justiça. (Cap. II, nº 19.)

18. - Sendo o instinto o guia e as paixões as molas da alma no período inicial do seu desenvolvimento, por vezes aquele e estas se confundem nos efeitos. Há, contudo, entre esses dois princípios, diferenças que muito importa se considerem.
O instinto é guia seguro, sempre bom. Pode, ao cabo de certo tempo, tornar-se inútil, porém nunca prejudicial. Enfraquece-se pela predominância da inteligência.
As paixões, nas primeiras idades da alma, têm de comum com o instinto o serem as criaturas solicitadas por uma força igualmente inconsciente. As paixões nascem principalmente das necessidades do corpo e dependem, mais do que o instinto, do organismo. O que, acima de tudo, as distingue do instinto é que são individuais e não produzem, como este último, efeitos gerais e uniformes; variam, ao contrário, de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. São úteis, como estimulante, até à eclosão do senso moral, que faz nasça de um ser passivo, um ser racional. Nesse momento, tornam-se não só inúteis, como nocivas ao progresso do Espírito, cuja desmaterialização retardam. Abrandam-se com o desenvolvimento da razão.

19. - O homem que só pelo instinto agisse constantemente poderia ser muito bom, mas conservaria adormecida a sua inteligência. Seria qual criança que não deixasse as andadeiras e não soubesse utilizar-se de seus membros.
Aquele que não domina as suas paixões pode ser muito inteligente, porém, ao mesmo tempo, muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se.

Livro A GÊNESE - Cap. III

domingo, 28 de agosto de 2011

OS MILAGRES

Dispensando o significado etimológico da palavra, verificamos as mais diferenciadas interpretações, conceituando o seu significado: Para uns, milagre é uma manifestação do Poder Divino acima das convenções humanas; para outros, são graças concedidas por entidades espirituais, denominados Santos, para outros, ainda, é fenômeno sobrenatural, chegando mesmo à derrogação das Leis. A maioria dos milagres são pedidos feitos, poucos são espontâneos.

Inúmeras pessoas dão seu sacrifício em forma de penitência, em busca de um milagre, outras apelam para as chamadas "Promessas"; outras mais utilizam em forma de último recurso, a ida a qualquer lugar, bem ou mal informadas, para conseguir a realização de um milagre. Não sabem o que buscar e não acham o que queriam, desconsiderando a lei dos méritos.

Não somos censores dos que procuram as fórmulas cabalísticas em busca do efeito milagroso, porquanto não ignoramos o desejo e até mesmo o desespero de quem parte em busca de um lenitivo para o mal que o aflige.

Batizamos, com o nome milagre, o fenômeno que poucos sabem explicar, escapando ao raciocínio e ao entendimento de muitos, mas não ignoramos que ele existe.

Afinal, o que é o milagre? – Derrogação das Leis Naturais? – Como e por que funciona? – Por que não acontece com todos? – Existem preferências em sua concessão?

O sol brilha para todos. A chuva cai sobre justos e injustos. O Homem ainda necessita das regras para viver, porque não aprendeu ainda a conviver com as Leis naturais. O mérito e demérito ainda agasalham o nosso caráter espiritual, portanto, somos mais que necessitados do "acréscimo de misericórdia". Quanto aos critérios adotados pelo Plano Superior, escapa a nossa análise. O que sabemos é que o "batei e abrir-se-vos-á" e o pedis dar-se-vos-á, não descrimina a ninguém.

O importante é saber bater e pedir. Procurar o que não sabe, acha o que não quer.

Se pudéssemos viajar em uma imaginária máquina do tempo e transladarmo-nos à era Socrática em meio aos grandes filósofos que o mundo conheceu, levando, por exemplo, a tecnologia da luz elétrica, por certo até mesmo para aqueles sábios seria um substancioso milagre; se levássemos ainda todo arsenal tecnológico do século XX, os seguidores de Zeus, por certo sentir-se-iam frustrados em seus conceitos religiosos e, sem dúvida nos moveriam um implacável processo de condenação à morte, talvez sob a acusação de "bruxos" ou de "feiticeiros" ou ainda” filhos do demo". Por muito menos Sócrates foi levado a beber cicuta, condenado e julgado por mais de 500 juízes escolhidos pelo Estado que foi o berço da Democracia...

Falamos estritamente de coisas de natureza material.

Reportando-nos a Jesus, o único emissário provindo da Corte Celeste, que por amor a nós, submetera-se a estar conosco, trouxe investido em Sua personalidade Messiânica a manifestação do Poder de Deus, além dos próprios de Sua Altipotência, que estamos longe de avaliar; chocou a nossa cegueira espiritual com a exuberância de limpar os leprosos, corrigir as deformidades dos coxos e estropiados, dar luz aos cegos, ressuscitar defuntos, expulsar os espíritos malignos, etc., etc..., e a nossa idiotia foi tanta que acabamos por matá-LO...

Por certo seríamos também assassinados se levássemos à Grécia Antiga os conhecimentos tecnológicos de hoje.

Os fenômenos milagrosos, ainda incompreendidos dada a nossa imaturidade espiritual em alguns casos, são atribuídos a ordens de Belzebu. Nem o Cristo escapou dessa pecha ditada pela ignorância.

Quantos homens e mulheres dotados de certos poderes parapsicológicos e aparentemente desajustados no tempo foram jogados à fogueira da Inquisição nas condições de "bruxos" e "feiticeiros". John Hus, Joana D’arc, sem falar de Galileu Galilei que teve de abjurar de sua teoria heliocêntrica, para salvar a própria pele.

Os homens nunca se conformaram com os poderes de que outros foram dotados, ou investidos.

Nunca se interessaram e nem procuraram saber as razões dessas fenomenologias; atribuíram-nas a coisas do diabo e tinham que ser exterminadas. Foi o milagre da estupidez...

Jesus, quando curava alguém, recomendava que não dissesse a ninguém, mas que se mostrasse ao Sacerdote.

Hoje, quantas pessoas são curadas nas sinceras casas de orações, em que o beneficiado conta para todo mundo menos para o sacerdote da medicina. São pessoas que receberam a cura, talvez não por méritos e sim por acréscimo de misericórdia. Envergonham-se de dar o seu testemunho.

Certa feita, Jesus curou de uma só vez uma dezena de leprosos; só um voltou para agradecer. Somos egoístas até mesmo para reconhecer o benefício recebido; achamos na maioria das vezes que somos merecedores e que a graça concedida não foi mais que obrigação.

Milagres existem todos os dias e os autores somos nós mesmos.

Quantas desgraças seriam evitadas através de um conselho bem dado ou bem aceito.

Quantos males seriam evitados pelo silêncio, diante das ofensas recebidas.

Alexandre Fleming - com a descoberta da penicilina, o primeiro dos antibióticos evitou muitas mortes prematuras e consequentemente muitos prantos familiares.

Sabin - não curou nenhum coxo ou paralítico, mas evitou que muitos os fossem.

O milagre dos transplantes retardou as idas para as sepulturas.

Observe bem as diferenças entre os milagres do considerado sobrenatural e os da ciência. Os primeiros socorrem as nossas precariedades, dando solução aos nossos desesperos, aliviando as dores. Os milagres da ciência, elaborados pelo próprio homem, evitam os desesperos. Um é clemente e piedoso, o outro, apesar da eficácia, não damos conta de que ele existe. Um cura, o outro previne.

O nosso impressionismo vulgar se enleva muito com o que vem do desconhecido, mas se acomoda à realidade de nossa própria capacidade.

Esses ‘’bruxos’’ e "feiticeiros" da ciência também encontraram a fogueira inquisitória da nossa ingratidão. Foram queimados pela nossa indiferença, apesar dos milagres que realizaram, mesmo temporariamente, salvando vidas. - Quantas preces já foram feitas em direção aos céus em agradecimento a esses gênios e sacerdotes da ciência?

Sacrifícios? "Misericórdia quero e não sacrifícios" Jesus. (MAT 12 – 7). Tem gente que se martiriza, auto flagelando-se com a intenção de se redimir aos olhos de Deus, para se fazer digno da graça desejada.

Promessas? – tentando não só barganhar, mas subjugar as Leis Divinas aos caprichos de uma necessidade. Por que, ao invés de prometermos, não procurássemos realizar sem espera de recompensa? Sem dúvida ganharíamos muito mais; mas desgraçadamente só acreditamos no "toma lá e dá cá", tentando subornar a excelsa vontade do Senhor.

Todos nós somos portadores de fluido vital, magnético, cósmico ou prana, seja lá qual for o nome dado; o importante é que todos nós o possuímos, uns pouco e outros muito. O quantitativo nem sempre depende dos valores morais de seu portador.

Em determinadas circunstâncias vimos pessoas bem dotadas desse potencial energético aplicando-o no mal e outros dimensionando-o no bem. É como a água onde podemos depositar o remédio que salva ou o veneno que mata. O direcionamento, mal comparando, é o mesmo que se dá à dinamite, que tanto serve para explodir pedreiras, atendendo ao espírito comunitário, como pode, em mãos criminosas, agir como elemento exterminador. Esses são os nossos recursos.

Entidades espirituais, de caráter moral elevada, possuem aquele fluido vital em abundância ou buscam, em fontes da natureza, as substâncias que operam, aos olhos do leigo, verdadeiros milagres. Algumas dessas entidades, que atingiram determinados degraus na escala da evolução, têm essas substâncias agregadas ao seu porte individual, funcionando segundo a sua vontade irrestrita e irresistível. Assim foi Jesus.

A preguiça e a negligência são os temperos de nossa sofreguidão. A omissão é o manto trevoso que acoberta os mais terríveis dos pesadelos. Os ‘’ais’’ de nossos próprios gemidos são tão gélidos que não ressoam nem mesmo na acústica do nosso padecer. Indiferentes a nós mesmos, acabamos de nos transformar em verdadeiros zumbis; em algumas vezes, fazendo-nos verdadeiros cadáveres ambulantes, sem sensibilidade alguma com o sentimento de vida. A indolência é tanta que acabamos por sucumbir no mais tétrico resvaladouro da apatia individual, empesteando sempre o ambiente por onde passamos. E quando se fala em direitos, achamos que o céu nos pertence e exigimos o que há de melhor para nós. Fazemo-nos campeões da inutilidade com as almas atrofiadas, mergulhadas no pantanal da ignorância. E mesmo assim, Deus socorre...

Existe o mais belo e sublime de todos os milagres que carreará consigo o maior júbilo, que abalará até as Potestades Divinas. Milagre que nem Jesus, até o momento, não conseguiu operar, e este milagre só você poderá realizá-lo, e o conseguindo terá o mundo aos seus pés. É a sua reforma interior.

Texto retirado do Livro O ovo de Colombo de Milled Assed

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

INTERPRETAÇÕES ESPÍRITAS


Símbolo: Os Espíritas não adotam símbolo
O Deus: DEUS.
Interpretação da Morte: Para os Espíritas a verdadeira vida é a espiritual, morte é uma passagem de uma vida para outra, ou melhor, nunca morremos, ou somos espíritos encarnados ou desencarnados. A morte é o espírito abandonando o corpo e seguindo sua trajetória em busca da perfeição, continuando a estudar, trabalhar e se aperfeiçoando. Os Espíritas acreditam em reencarnação, é através dela que o espírito progride e somente assim, ficando nesse ciclo de aprendizado, acreditam existirem vários Mundos e este em que vivemos é o das "Expiações e Provas", existem outros inferiores e outros superiores, conforme os espíritos vão evoluindo vão mudando de Mundo sempre no ciclo de vida encarnada e espiritual até atingirem a condição de espírito PURO, que continuará trabalhando na orientação dos que estão numa evolução inferior.
Cremação: Para os Espíritas o que importa não é o corpo e sim o espírito, portanto a cremação do corpo é perfeitamente aceita, orientam, porém, para o desligamento mais tranqüilo do espírito do corpo dá-se um prazo de 72hs a contar da morte até a cremação.
Doação de órgãos: A doação de órgãos é vista como um ato de caridade e, portanto incentivada.
Suicídio: Quando se encarna tem-se uma programação (não se deve confundir programação com destino) de vida, esta não pode ser interrompida e ninguém nasce programado para suicidar-se; portanto é considerado um ato criminoso contra si.
Autópsia: Não há nenhuma restrição.
Eutanásia: Dentro da filosofia que todos nascemos com uma programação de vida, a eutanásia não é aceita. Ninguém tem a capacidade de saber o momento certo de interromper essa programação (não se deve confundir programação com destino).
Aborto: Aborto intencional é considerado crime, a não ser por orientação médica para se salvar a vida da mãe. A programação de vida da mãe já está em curso e é preferível sacrificar a vida que vai nascer, pois este espírito terá outras oportunidades para reencarnar.
Exumação: Não há nenhuma restrição.
Embalsamamento: Apesar dos espíritas não verem nenhuma justificativa para isso, não há restrições.

Ritual Fúnebre
Falecimento: Constatado com certeza o óbito, os familiares deverão, munidos dos documentos legais, contatar uma funerária para que solicite imediatamente o caixão, e seu pronto sepultamento. O corpo é colocado no caixão trajado com roupa (cedida pela família) que mais se caracterizava com o falecido (a). É costume se retirar os adornos (anéis, relógio, colar, etc.).
O Caixão: A família, dentro das suas condições financeiras, escolhe. Nenhuma recomendação ou prática especial é exigida.
Velório: Os Espíritas velam seus mortos tanto com caixão aberto como fechado, dependendo da vontade da família. O velório é dirigido ao espírito, onde os presentes permanecem em preces em intenção a Alma criando-se um clima de vibração positiva em favor ao espírito desencarnado. Chorar questionando-se a justiça da morte é considerado prejudicial a essa vibração positiva, bem como qualquer pensamento derrotista. O espírito se liga ao encarnado pelos pensamentos por isso vibrações positivas são benéficas. Música ambiente durante o velório é permitida, ajudando as vibrações positivas. Flores são recebidas embora não seja necessária. Os Espíritas não adotam o uso de velas. 
Condolências: As condolências são dirigidas aos enlutados (apesar dos Espíritas não adotarem o Luto como prática), evitando-se a expressão "Meus Pêsames", e sim "Meus Sentimentos".
Vestimentas: Os Espíritas não adotam a cor preta como de luto, é de bom tom que os visitantes estejam trajados com cores sóbrias e principalmente trajados decorosamente, com devido respeito e senso de reverência.
Os Enlutados: São todos aqueles que se sentirem nessa posição, independente do parentesco com o falecido (a).
Quem Pode ir ao Cemitério: Todas as pessoas que assim o quiserem.
Enterro: Os Espíritas procuram enterrar o mais rápido possível, sem restrição de dia da semana ou datas festivo-religiosas, apenas aguardam os trâmites burocráticos. 
Cortejo: Chegando-se ao cemitério o cortejo seguirá diretamente para o local do sepultamento que será enterrado sem nenhuma cerimônia litúrgica.
O Luto: Na comunidade Espírita, não há a prática do Luto. Após o enterro, os Espíritas não preveem nenhuma cerimônia, ou seja, missas ou orações em intenção aos mortos, sempre que desejam de acordo com o foro íntimo de cada um, rezam positivamente para pedir boas vibrações para os desencarnados, tampouco está previsto descerramento ou inaugurações de túmulos.
Quanto ao túmulo, os Espíritas não adotam imagens e este poderá ser feito de acordo com a vontade e posses dos familiares.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A SÍNDROME DE MARTA


 Lucas, 10: 38-42.
A perto de três quilômetros de Jerusalém, na estrada de Jericó, existe, ainda hoje, a cidade de Betânia, cenário de algumas passagens evangélicas.
Ali, segundo Lucas (24:50), Jesus ter-se-ia despedido dos discípulos, retornando à Espiritualidade, após conviver com eles durante quarenta dias, materializado.
Em suas andanças, sempre que ia a Jerusalém, Jesus visitava, em Betânia, os irmãos Lázaro, Marta e Maria, seus amigos.
Lázaro protagonizaria o famoso episódio da suposta ressurreição, quando Jesus o retirou do túmulo. É o evangelista João quem informa que os irmãos moravam no lugarejo (11:1).
Numa de suas visitas, o Mestre conversava com os discípulos.
Maria conservava-se aos seus pés, ouvindo atentamente, embevecida com sua palavra mansa e envolvente.
A presença de Jesus em sua casa constituía maravilhosa oportunidade de edificação, que sua alma sensível não desejava perder.
Marta, atarefada e nervosa, ia e vinha, no desenvolvimento de  rotineiras tarefas domésticas, que podiam ficar para depois, incapaz de aproveitar o glorioso momento.
Imaginemos uma família recebendo a visita de Chico Xavier. Reúnem-se todos ao redor do grande médium, menos a dona da casa.
– Não posso! É dia de faxina...
Era mais ou menos isso que Marta fazia.
Exasperava-se com a irmã. Inaceitável que estivesse a negligenciar as tarefas do lar.
Em dado instante, não se conteve.
Aproximou-se e reclamou, numa atitude indelicada, bem própria de quem fala o que pensa, sem pensar no que fala:
– Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só no serviço? Diz-lhe, pois, que me ajude.
Podemos imaginar o constrangimento dos presentes, ante aquela manifestação intempestiva.
Mas, exercitando o dom maravilhoso de converter as situações mais delicadas e difíceis em ensejo para transmitir valiosas lições, Jesus fitou compassivo a impertinente hospedeira e respondeu, delicadamente:
– Marta, Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. No entanto, uma só é necessária... Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.
Variados problemas de relacionamento que enfrentamos nascem do excessivo envolvimento com situações transitórias, a exacerbada preocupação com a vida material.
Justo e meritório o cuidado da dona-de-casa com a limpeza e a ordem, no lar. Mas, se ultrapassa os limites do razoável, conturba-se o ambiente.
Ralha com a doméstica, porque não passou aspirador de pó num cantinho da sala...
Discute com o marido, porque não pendurou a toalha de banho...
Irrita-se com os filhos porque seus quartos não estão em ordem...
Fica uma fera quando não lhe atendem às exigências.
Lar impecável – regime de quartel...
Os familiares podem levar na esportiva:
– O sargento está impossível!
Não raro se irritam, turvando o ambiente.
Algo semelhante ocorre com o chefe da casa.
Louvável seu esforço em atender à subsistência da família.
Entretanto, quando avança em demasia, além do razoável, cai na ambição, sentimento que germina com facilidade no coração humano, adubado pelo egoísmo.
Empenhado em seus propósitos, poderá prosperar materialmente, mas com graves prejuízos no relacionamento com as pessoas.
Será o chefe exigente...
O pai sem tempo para os filhos...
O cônjuge distante...
O companheiro difícil, duro de engolir!
Justificará diálogos assim:
– E o marido?
– Viajou.
– E com vocês, tudo em ordem?
– Tudo ótimo.
– Algum problema?
– Nenhum! O problema viajou...
– Marta, Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas.
Há uma síndrome de Marta afetando multidões, pessoas excessivamente preocupadas com a subsistência, com a compra de um automóvel, com a construção de uma casa, com o futuro da família, com a limpeza do lar, com os negócios...
Apegam-se a situações efêmeras e bens transitórios.
Perturbam-se facilmente, desgastam-se por nada...
Vivem estressadas, neuróticas, inquietas, irritadas, abrindo campo a desajustes físicos e psíquicos.
– No entanto, uma só é necessária... Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada!
Qual a melhor parte da vida?
Para responder é preciso definir o que fazemos na Terra.
Qual a finalidade da jornada humana?
O Espiritismo revela que estamos aqui como alunos num educandário, convocados ao aprendizado das leis divinas. Isso envolve o aprimoramento espiritual, a aquisição de virtudes, o desenvolvimento de nossas potencialidades criadoras.
Escolhem a melhor parte as pessoas que orientam suas ações em direção a esses objetivos, alunos aplicados e diligentes.
Desapegam-se dos interesses do mundo.
Conscientizam-se de seus deveres diante de Deus e do próximo.
Abrem espaço em seu cérebro para os valores espirituais...
Abrem espaço em seu coração para as virtudes cristãs...
Adquirem valores imperecíveis de sabedoria e virtude, que constituirão sua riqueza inalienável, a lhes garantir bem-estar onde estiverem, na Terra ou no Além.
Condição sine qua non, indispensável ao cultivo da melhor parte:
Simplificar.
Imperioso que coloquemos acima de tudo a edificação de nossa alma, buscando os valores mais nobres.
Sem esse esforço, estaremos simplesmente perdendo tempo, complicando a jornada e acumulando moedas de ilusão que serão irremediavelmente confiscadas quando a Morte conferir nossa bagagem, na alfândega do Além.
Lá chegaremos a mendigar paz, em amargos desenganos.
Importante ressaltar que a edificação de nosso espírito não só abençoará nosso futuro, como também dará estabilidade ao nosso presente.
Buscando a melhor parte seremos capazes de conviver melhor com as pessoas, em âmbito doméstico, social e profissional...
Buscando a melhor parte saberemos resolver problemas, enfrentar dificuldades, superar obstáculos e atravessar os períodos difíceis, sem irritações, sem inquietude, capazes de fazer sempre o melhor...
Menos para Marta.
Mais para Maria!
Em O Sermão da Montanha Jesus já destacara esse tema, recomendando-nos que não nos preocupemos demasiadamente com a nossa vida.
Que busquemos em primeiro lugar o Reino de Deus, a se exprimir no esforço do Bem e da Verdade, e tudo o mais nos será dado por acréscimo.
Ajuda, também, e muito, cultivar alegria.
Se formos capazes de rir um pouco de nossos temores e dúvidas, eles tenderão a dissolver-se, evitando preocupações desajustantes.
A propósito vale lembrar um texto bem-humorado, onde o autor (infelizmente não tenho o seu nome) explica por que não devemos nos preocupar:
Há somente duas coisas com que você deve se preocupar:
Ou terá sucesso ou será malsucedido.
Se tiver sucesso, não terá com que se preocupar.
Se for malsucedido, há somente duas coisas com que se preocupar:
Ou você manterá a saúde ou ficará doente.
Se mantiver a saúde, não terá com que se preocupar.
Se ficar doente, há somente duas coisas com que se preocupar:
Ou você sarará ou morrerá.
Se sarar, não terá com que se preocupar.
Se morrer, há somente duas coisas com que se preocupar:
Ou você irá para o céu ou irá para o inferno.
Se for para o céu, não terá com que se preocupar.
Se for para o inferno, estará tão ocupado cumprimentando velhos amigos, que não terá tempo para se preocupar.
Lembre-se:
Preocupar-se é se pré-ocupar com algo que ainda não aconteceu.
Portanto, relaxe!

RICHARD SIMONETTI