"Amarás
o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo semelhante a
este; Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem
toda a Lei e os profetas." – Mateus 22:37 a 40.
O
amor de Deus é a força misteriosa da vida: cria, conserva, e transforma a vida
no Universo. Tudo quanto vive é animado pelo amor divino. Sem ele nada
existiria; nenhum Ser viveria. Ele é a energia que engendra, organiza e governa
tudo quanto existe, visível ou invisível, mutável ou perpétuo. É o poder
universal e eterno que em tudo e todos se manifestam numa variedade infinita de
formas.
As
leis de coesão, atração, gravitação, repulsão, reprodução, são manifestações
materiais do amor divino que tudo governa de toda a eternidade e por toda a
eternidade.
A
sede desse amor se manifesta inconscientemente nos seres inferiores e
conscientemente nos mais adiantados.
Como
todas as formas de vida física da Terra recebem e refletem do Sol a luz e o
calor vivificante; assim também todos os seres do Universo recebem e refletem o
amor divino, que é a vida mesma em toda a sua gloriosa manifestação. A luz e o
calor do Sol que se projetam sobre a Terra são os mesmos, mas a recepção e a
reflexão podem ser em parte impedidas por obstáculos materiais. Igualmente o
amor divino é o mesmo para todos os seres, mas encontra obstáculos morais e
intelectuais, em grau maior ou menor, que o forçam a refletir-se de modos
diferentes nos seres vivos, sedentos de individualização ilusória e de
monopólio da vida.
Somente
os seres muito avançados em perfeição recebem e refletem em toda a plenitude o
amor de Deus, e amam com todas as veras de sua alma o Criador e a todas as suas
criaturas, sem distinguir entre bons ou maus, isto é, entre felizes e
infelizes, adiantados e atrasados na escala do progresso. Essa capacidade de
receber e distribuir em toda a plenitude o amor divino, é a suma felicidade, a
bem-aventurança indizível na pobre linguagem humana, incompreensível para nós,
retrógrados terrícolas, calcetas do pecado e da ignorância.
Só
podemos por enquanto gozar as formas muito menos elevadas do amor, formas quase
materiais, como o amor materno, o amor conjugal, ainda muito próximos da
animalidade; porém, mesmo estas formas elementares já nos permitem imaginar a
suprema ventura dos seres que já podem cumprir literalmente o primeiro
mandamento; porque amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si
mesmo, significa viver a vida superior na plenitude do amor divino, haver-se
identificado com Deus e realizado o Cristo em seu próprio ser, possuir em si a
Eternidade e o Infinito; ter o pleno gozo da força, da bondade, da compreensão,
da vida completa e indestrutível; gozar toda a luz que irradia de Deus; estar
integrado em tudo que vive; ser uno com O Criador e com todas as Suas
criaturas.
Tristes
calcetas do pecado, ligados à roda dos renascimentos expiatórios em mundos
inferiores: ousando julgar, pelas aparências enganosas do curto momento de uma
encarnação, as criaturas de Deus; esquecidos do passado e apavorados diante do
porvir; preocupados com o que havemos de comer e com o que havemos de vestir;
famintos e sedentos de aprovação e simpatia; tentando egoisticamente
monopolizar em nosso favor as coisas que nos parecem boas, em detrimento dos
nossos companheiros de peregrinação; divididos pelo medo em grupos que se
hostilizam; confundindo o cárcere do corpo com ai vida. Contudo isso, somos os
beneficiários do amor divino que nos não abandona um momento e nos faz caminhar
para a plenitude da vida, para a plenitude do amor, para a Bem-aventurança dos
eleitos do Pai; somos as ovelhas do rebanho confiado a Jesus, e nunca seremos
abandonados, porque ele é o bom pastor que disse: Dou a minha vida pelas
ovelhas (*), e nos levará um dia ao supremo bem.
Ismael
Gomes Braga
Reformador
(FEB) Junho 1954
(*)
João 10:15
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