sábado, 31 de março de 2012

EM TRIBUTO AOS 143 ANOS DO DESENCARNE DE ALLAN KARDEC


Viveu na França do século XIX um homem extremamente estudioso, pesquisador, sensato, culto, poliglota, ético, educador, honesto, íntegro, conceituadíssimo na sociedade francesa e em grande parte da Europa e, sobretudo, possuidor de uma conduta moral ilibada. Esse homem era o professor Hyppolite Léon Denizard Rivail. Dominava os conhecimentos na área da Matemática, da Física, da Química, da Astronomia, da Biologia e foi o autor da mais conceituada Gramática Francesa da época. Foi um dos mais notáveis discípulos de Pestalozzi e tornou-se famoso na Europa pelos trabalhos admiráveis que realizou. Era também muito cético e bastante exigente quanto a tudo o que lhe apresentassem como diferente do senso comum. Nada poderia ser aceito se não passasse pelo crivo da lógica, da razão e do bom senso, fosse quem fosse o autor da idéia. Foi então convidado por uns amigos para assistir a uma reunião na casa de um deles, onde se processavam fenômenos mediúnicos. (Vale lembrar que a mediunidade não é um patrimônio do Espiritismo e já existia há milênios, muito antes da existência da Doutrina Espírita, sendo praticada em vários lugares do mundo, nas diversas camadas da população, independentemente de crença religiosa, já que é uma faculdade humana). Utilizando seu indispensável ceticismo, resolveu pesquisar profundamente os fenômenos e pode comprovar que, de fato, os espíritos dos chamados "mortos" se comunicavam com os "vivos", iniciando aí uma série de contatos e indagações àqueles espíritos, questionando-os dentro do mais absoluto rigor, exigido pelo seu conhecimento científico profundo, sem qualquer sistema preconcebido. Por essa sua seriedade, pelos requisitos culturais, intelectuais e sobretudo morais, foi então escolhido pelos espíritos para organizar em livros os ensinamentos que lhe foram passados, para que a humanidade tivesse conhecimento.

Num ato de extrema grandeza, conclui que os livros não deveriam ter seu nome como sendo o autor, haja vista que se tratava de um nome bastante famoso, o que faria com que a obra fosse vendida pelo autor e não pelo seu conteúdo. Preferiu então adotar um pseudônimo, escolhendo um nome que havia tido em encarnação anterior, que lhe fora revelado por Zéfiro, um espírito amigo. Esse nome fora Allan Kardec. Desencarnou no dia 31 de março de 1869, em Paris, absolutamente lúcido, em franca atividade, quando, juntamente com um seu empregado, arrumava livros nas estantes da sua livraria, vitimado por um aneurisma cerebral. Sua história mais detalhada pode ser conhecida no livro "O que é o Espiritismo", editado pela Federação Espírita Brasileira. Esse livro é um resumo da Doutrina dos Espíritos. Seu conhecimento mais profundo e detalhado só pode ser obtido com o estudo criterioso de suas obras básicas.





AFIRMATIVAS DOUTRINÁRIAS



FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO - Somente com a prática da Caridade Material e Moral atingiremos nossa evolução espiritual.

DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER- Toda ajuda espiritual prestada é absolutamente gratuita; quer sejam: passes, água fluidificada, ou qualquer outro tipo de assistência.

Para a realização de uma sessão espírita não há material nenhum para ser utilizado porque não se usa, nem se recomenda: velas, incensos, imagens, amuletos, talismãs, paramentos, bebidas, fumo, animais, aves, etc. A Doutrina Espírita não admite isso. Como também não realiza nem promove casamentos, batizados e nenhum tipo de sacramento.

SE ALGUM DIA A CIÊNCIA PROVAR que a doutrina espírita está errada em algum ponto; ela se modificará.

O ESPIRITISMO É A DOUTRINA DA FÉ RACIOCINADA.

FÉ RACIOCINADA É AQUELA QUE PODE ENCARAR A RAZÃO FACE A FACE EM TODAS AS ÉPOCAS DA HUMANIDADE.

CRENÇA na existência de vida humana em outros planetas e possibilidade de reencarnações recíprocas. O Espiritismo é uma CIÊNCIA (de observação) e uma FILOSOFIA de conseqüências religiosas. Como RELIGIÃO difere das demais por não possuir dogmas, rituais, imagens, objetos de culto e sacerdócio organizado.

MORAL - A moral pregada pela doutrina é a contida no Evangelho de Jesus.

NASCER, VIVER, MORRER, RENASCER E PROGREDIR SEMPRE, TAL É A LEI.

Espíritas: amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.( O Espírito de Verdade )

"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar sua inclinações más.

O Espiritismo, é a ciência que estuda os espíritos, sua origem, destino e natureza, bem como suas relações com o mundo corporal.

Allan Kardec.

quinta-feira, 29 de março de 2012

PRESERVAÇAO DOS PRICÍPIOS DOUTRINÁRIOS

Em seu livro História Eclesiástica, os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã, Eusébio de Cesaréia – que viveu de 260 a 340 d.C. – relata que, desde o seu início, o Cristianismo correu o risco de sofrer distorções na sua prática, devido às heresias que foram surgindo. Algumas provocaram prolongadas polêmicas; outras, verdadeiras cisões em alguns núcleos cristãos.

A partir do ano 325, quando passou a ser a religião oficial do Império Romano, o Cristianismo não conseguiu manter a sua pureza original e acabou sofrendo significativos desvios na interpretação dos ensinamentos e na prática.

A situação agravou-se a partir do ano 553 – Concílio de Constantinopla II –, quando a tese da preexistência da alma, de Orígenes, foi condenada. Isso significou a exclusão do princípio da reencarnação.

Na nova roupagem, o Cristianismo não conseguiu mais explicar as desigualdes de oportunidades entre os seres humanos, a lei de causa e efeito, a compatibilização entre a lei de justiça e a misericórdia divina. Em conseqüência, perdeu a sua força como doutrina que foi legada aos homens para esclarecê-los, promover a sua transformação moral e trazer-lhes a esperança por uma vida melhor.

O Espiritismo completa 150 anos. É muito jovem ainda. Surgiu numa época bastante favorável, com a Humanidade bem mais desenvolvida. Os seus ensinamentos não são apresentados sob forma alegórica, são claros, podem ser entendidos tanto pelas pessoas mais cultas, quanto pelas menos letradas.

Além disso, há grande número de livros de autoria dos Espíritos e de escritores encarnados que explicava os seus princípios; assim, praticamente não ficam dúvidas.

Enquanto a redação definitiva dos evangelhos só foi feita mais de doze anos depois da volta de Jesus à Pátria Espiritual – manuscrita, em papiro –, os ensinamentos espíritas já foram lançados em livros, escritos e revisados por Kardec, sob a supervisão dos Espíritos superiores; por isso o Espiritismo corre risco bem menor de ser alterado no conteúdo doutrinário, especialmente o que está exposto nas obras básicas. O mesmo não se pode dizer com relação à prática: nesta há certo risco.

Os desvios podem ocorrer pela introdução de práticas estranhas à Doutrina, por priorizarem o fenômeno mediúnico, ou por iniciá-las e mantê-las sem o conhecimento seguro da teoria; ou ainda pela presunção de pessoas ou grupos de terem competência para reformar a base doutrinária, ou mesmo de elaborar outra teoria. Em todos esses casos, costuma haver a participação de Espíritos, adversários do Espiritismo, que agem orientando grupos crédulos, ou insuflando idéias em desacordo com os princípios espíritas e cristãos a pessoas dominadas pelo orgulho, pela presunção.

Para evitar que isso aconteça, é fundamental preservar-se os princípios doutrinários tanto na teoria como na prática. Para se atingir esse objetivo, são indispensáveis: estudo contínuo, para se ter orientação adequada e segurança nas atividades, e humildade, para nunca se afastar desse caminho seguro.

Assim, o Espiritismo – que restaura o Cristianismo na sua pureza – não sofrerá alterações, nem desvios; será preservado em toda a sua integridade.

Reformador Janeiro2008

terça-feira, 27 de março de 2012

A INDULGÊNCIA


José – Espírito Protetor – fala-nos dessa nobre virtude (...) “sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do qual bem poucos fazem uso. A indulgência não vê os defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los.” (1)

É claro que quando se visa a prestar um serviço à coletividade, os próprios Espíritos advertem que os maus atos de outrem devem ser apontados, mas mesmo neste caso, ter o cuidado de os atenuar tanto quanto possível, não se esquecendo de ser caridoso...

Conta-se que um rapaz procurou Sócrates – sábio da Grécia Antiga – e lhe disse que precisava contar algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:

- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

– Três peneiras? Indagou o jovem assustado.

Continuando disse Sócrates:

- Sim. A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer por aí mesmo.

Suponhamos então, que seja verdade. Deve passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer me contar é verdade, é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

E arremata Sócrates:

- Se passar pelas três peneiras, conte. Tanto eu, quanto você e seu irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo.

Será uma intriga a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.

Ainda com relação aos comentários de José – Espírito Protetor – (op. cit.) diz o mesmo: “Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros”.

Há ditos populares que nos advertem quanto aos reproches, como por exemplo: “Nunca digas dessa água não beberei”, “Fulano pagou com a língua”...

A verdade é que ninguém se encontra indene para bater no peito e dizer:

“Isso, eu nunca farei...”

Não conhecemos as nossas fraquezas mais íntimas, Jesus, referindo-se a essa questão, disse a Pedro: (...) “Mas vais aprender, ainda hoje, que o homem do mundo é mais frágil do que perverso.” (2) E tão logo se consumou a prisão de Jesus, Pedro ataca com a espada um dos soldados que veio prender o Mestre, cortando-lhe uma das orelhas... Parece, neste momento, ter esquecido as lições de amor do Mestre Jesus. E mais adiante, nega-o por três vezes, lembrando-se de imediato, após a terceira negação, das palavras sábias de Jesus a dizer-lhe o quanto o homem no mundo é frágil.

Jesus nos deu mostras em diversas passagens do Evangelho da indulgência para com as imperfeições alheias, como no caso da mulher adúltera, dos soldados que o crucificaram, do próprio Judas que o traiu. E nos advertiu da severidade do julgamento do Pai para conosco, na mesma proporção com que julgarmos os outros. (Mateus, 7:1-2).

Óbvio está que a falta de indulgência para com o próximo demonstra o nosso esquecimento dos ensinos de Jesus – prova inequívoca da nossa fraqueza espiritual.

Exorta o Espírito Dufêtre: (3)

“Caros amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas dos outros. É esta uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas observam. Todos vós tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos a modificar; todos tendes um fardo mais ou mesmos pesado a alijar (...)

Por que, então, haveis de mostrar-vos tão clarividentes com relação ao próximo e tão cego com relação a vós mesmos?”

Tanto tempo temos estudado a Doutrina Espírita. É preciso, pois, que nós, os espíritas, adotemos os ensinos morais, como este, aplicando-os, sobretudo dentro das nossas Casas Espíritas. Entendendo a individualidade espiritual de cada um, deixando de tentar submeter consciência às “nossas verdades”. Sabendo implementar os conhecimentos doutrinários de acordo com a capacidade de aprendizado de cada um. Acabando com as rusgas, maledicências, comentários infelizes acerca do próximo, que demonstram a nossa falta de indulgência e de evangelho no coração.

Busquemos primeiro, acender a nossa luz interior, para depois começarmos a iluminar as trevas que nos cercam. .





Reformador set99





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: S

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 16. 111. ed. FEB.

2. XAVIER, F. C., Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos, cap. 26, pág. 173, 20 ed. FEB.

3. KARDEC, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. X, item 18. 111. Ed. FEB.

domingo, 25 de março de 2012

ESTUDO


É bom viver em contato pelo pensamento com os escritores de gênio, com os autores verdadeiramente grandes de todos os tempos e países, lendo, meditando suas obras, impregnando todo o nosso ser da substância de sua alma. As radiações de seus pensamentos despertarão em nós efeitos semelhantes e produzirão, com o tempo, modificações de nosso caráter pela própria natureza das impressões sentidas.

E necessário escolhermos com cuidado nossas leituras, depois amadurecê-las e assimilar-lhes a quintessência. Em geral lê-se demais, lê-se depressa e não se medita. Seria preferível ler menos e refletir mais no que se leu. É um meio seguro de fortalecer nossa inteligência, de colher os frutos de sabedoria e beleza que podem conter nossas leituras. Nisso, como em todas as coisas, o belo atrai e gera o belo, do mesmo modo que a bondade atrai a felicidade, como o mal atrai o sofrimento.

O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as grandes obras. A palavra é brilhante, mas degenera demasiadas vezes em conversas estéreis, às vezes maléficas; com isso, o pensamento se enfraquece e a alma esvazia-se. Ao passo que na meditação o Espírito se concentra, volta-se para o lado grave e solene das coisas; a luz do mundo espiritual banha-o com suas ondas. Há em volta do pensador grandes seres invisíveis que só querem inspirá-lo; é à meia-luz das horas tranqüilas ou então à claridade discreta da lâmpada de trabalho que melhor podem entrar em comunhão com ele. Em toda parte e sempre uma vida oculta mistura-se com a nossa.

Evitemos as discussões ruidosas, as palavras vãs, as leituras frívolas. Sejamos sóbrios em relação aos jornais, pois a sua leitura, fazendo-nos passar continuamente de um assunto para outro, torna o Espírito ainda mais instável. Vivemos numa época de anemia intelectual, que é causada pela raridade dos estudos sérios, pela procura abusiva da palavra pela palavra, da forma enfeitada e oca, e, principalmente, pela insuficiência dos educadores da mocidade. Apliquemo-nos a obras mais substanciais, a tudo o que pode esclarecer-nos a respeito das leis profundas da vida e facilitar nossa evolução. Pouco a pouco, edificar-se-ão em nós uma inteligência e uma consciência mais fortes e nosso corpo fluídico iluminar-se-á com os reflexos de um pensamento elevado e puro.

Dissemos que a alma oculta profundezas onde o pensamento raras vezes desce, porque mil objetos externos ocupam-no incessantemente. Sua superfície, como a do mar, é muitas vezes agitada; mas por baixo se estendem regiões inacessíveis às tempestades. Aí dormem as potências ocultas, que esperam nosso chamamento para emergirem e aparecerem. O chamamento raras vezes se faz ouvir e o homem agita-se em sua indigência, ignorante dos tesouros inapreciáveis que nele repousam.

É necessário o choque das provações, as horas tristes e desoladas para fazer-lhe compreender a fragilidade das coisas externas e encaminhá-lo para o estudo de si mesmo, para a descoberta de suas verdadeiras riquezas espirituais.

É por isso que as grandes almas se tornam tanto mais nobres e belas quanto mais vivas são suas dores. A cada nova desgraça que as fere têm a sensação de se haverem aproximado um pouco mais da verdade e da perfeição, e com esse pensamento experimentam uma espécie de volúpia amarga. Levantou-se no céu de seu destino uma nova estrela, cujos raios trêmulos penetram no santuário de sua consciência e lhe iluminam os recônditos. Nas inteligências de cultura elevada faz sementeira a desgraça: cada dor é um sulco onde se levanta uma seara de virtude e beleza.

Em certas horas de nossa vida, quando morre nossa mãe, quando se desmorona uma esperança ardentemente acariciada, quando se perde a mulher, o filho amado, cada vez que se despedaça um dos laços que nos ligavam a este mundo, uma voz misteriosa eleva-se nas profundezas de nossa alma, voz solene que nos fala de mil leis augustas, mais veneráveis que as da Terra, e entreabre-se todo um mundo ideal. Mas os ruídos do exterior abafam-na bem depressa e o ser humano recai quase sempre em suas dúvidas, em suas hesitações, na vulgaridade de sua existência.

LÉON DENIS

quinta-feira, 22 de março de 2012

SÍNDROME DE DOWN E O ESPIRITISMO


A síndrome de Down corresponde a uma alteração cromossômica relativamente frequente, verificada em uma para cada 500 crianças nascidas (cerca de 0,2%), acarretando deficiência mental e anomalias no desenvolvimento ósseo e de vários órgãos internos.

A ciência explica que a síndrome é devida à presença de um cromossomo 21 a mais nas células (95% dos casos). Assim, os indivíduos comprometidos apresentam três cromossomos 21, em vez de apenas um par desses elementos. Pode, também, a anomalia, em 4% dos casos, ser decorrente de uma translocação do braço longo do cromossomo 21 para um do grupo D ou do próprio G. Finalmente, em 1% dos pacientes, os denominados mosaicos, com a mistura de células com 46 e 47 cromossomos, revelando melhor prognóstico, apresentando-se com poucos estigmas e maior inteligência.

Em verdade, sabemos que o acaso não existe. A própria harmonia que a natureza revela é prova redundante que fatores casuais não têm expressão. O comprometimento cromossômico é resultante da presença do Espírito, irradiando um campo energético próprio, agindo, não somente na atração dos gametas sexuais, como também na intimidade do zigoto, em plena elaboração do ser embrionário.

Como todo efeito inteligente tem sempre uma causa também inteligente, pode-se deduzir a presença, durante a fecundação, do Espírito reencarnante, ligado vibratoriamente à sua futura mãe, exercendo ação sobre o óvulo, atraindo depois o espermatozóide que lhe é afim, isto é, aquele que está sintonizado com suas expressões energéticas, dentro da faixa evolutiva em que se encontra.

Cientistas da Universidade do Texas e do Instituto Weizmann de Israel também proclamam que óvulos se comunicam com espermatozóides, enviando-lhes sinais para guiá-los até as trompas de Falópio, tornando possível a fecundação, acreditando os pesquisadores que o sinal emitido pelo óvulo é um componente do líquido que o circunda, talvez uma reação química.

A fecundação, encontro de duas células germinativas, proporciona a formação de um ser humano, constituído por cem trilhões de células que funcionam harmonicamente, sendo que diferentes grupos celulares estão especializados no desempenho de diferentes funções, responsáveis por fenômenos bioquímicos precisos. É claro que toda essa complexidade não pode ser fruto do acaso, existindo um substrato energético, agente causal da divisão, organização e metabolismo celular, que preexiste ao corpo físico e lhe serve de campo modelador ou orientador.

A energia espiritual, controladora por excelência, funciona como um campo organizador biológico, atuando sobre os genes e, consequentemente, na dinâmica celular. Todas as transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas de todas as células são orientadas e dirigidas pelo Espírito que preside a tudo, funcionando o corpo humano como um grande computador biológico.

Assim como qualquer obra humana exige uma planta de construção, o corpo humano é formado, nas maravilhosas fases da embriologia, seguindo as determinações do molde espiritual ali presente. O corpo extrafísico é, por conseguinte, o responsável pela formação de seu envoltório somático que, situado num meio vibratório mais denso, proporciona, pela sua resistência própria, as experiências necessárias e o despertamento de potencialidades. 

A partir desse conceito, passa a ter explicação plausível a ocorrência de malformações embrionárias e de afecções congênitas complexas, de acordo com o compromisso assumido pelo ser espiritual ali presente. 

 Na síndrome de Down, tanto na trissomia do cromossomo 21, quanto em sua translocação e no mosaico, a gênese do processo biológico encontra-se no fator espiritual, já que a entidade em vias de reencarnar-se necessita dessa experiência no campo físico.

 A Doutrina Espírita é rica em ensinamentos a respeito do objetivo da reencarnação. Para uns, é expiação; para outros é missão. Mesmo quando a reencarnação é expiatória, o Espírito tem sempre a oportunidade da missão, executada no meio familiar ou até mesmo, de forma mais abrangente, no plano social, ajudando-os a progredir.

 A reencarnação se constitui em um distinto instituto pedagógico, em que o ser recebe a oportunidade do crescimento evolutivo. Como diz o Espírito André Luiz: “A reencarnação é o meio, a educação divina é o fim”. Através das vidas sucessivas, o homem é outorgado pelo merecimento de seus atos, como tem deles a responsabilidade. A Lei é uma só para todos, a qual é refletida na consciência de cada um, estando todos subordinados à justiça de Deus.

 Na dimensão espiritual, quando atormentado pelas torturas morais que o afligem, decorrentes do abuso que fizera de certas faculdades, o ser anseia por uma reencarnação expiatória, onde, ligado à faixa vibratória densa da matéria, terá a possibilidade do esquecimento e, consequentemente, do resgate da falta cometida em pretérita vivência na carne. Vitorioso diante da expiação retornará à verdadeira pátria, agora não mais como algoz, mas sim como vítima, não sendo mais assediado e enredado pelo remorso anterior que parecia não ter fim, quando, envolvido pelo sofrimento, ansiava por uma oportunidade reencarnatória.

 O Espírito que renasce, no meio físico, ostentando um comprometimento físico e mental, como o da síndrome de Down, está tendo uma oportunidade ímpar de crescimento evolutivo. Embora as cadeias temporárias da carne lhe impeçam o voo, o Espírito, durante o repouso do sono, compreende a importância dessa experiência e necessita de muita compreensão, extrema atenção e incomensurável amor de todos os circunstantes, principalmente dos seus familiares e amigos.

 A Doutrina Espírita, como o “Consolador Prometido”, vem reafirmar a existência da presença reconfortante e amorosa da reencarnação, explicando a problemática das crianças com deficiências mentais, decifrando enigmas de difícil compreensão e interpretação, à luz do conhecimento materialista e religioso dogmático.



Acima de tudo a certeza de que “DEUS É AMOR”.



AMÉRICO DOMINGOS NUNES FILHO

domingo, 18 de março de 2012

A MORTE SEM MISTÉRIOS


Por que a morte, sendo tão natural quanto o nascimento, fenômeno corriqueiro ao qual todos estamos sujeitos, sem exceção, ainda é considerada algo sinistro e tão misterioso?
Por que ela é tão incompreendida e causa tanto sofrimento, sobretudo quando surpreende prematuramente nossos entes queridos?
 O Espiritismo veio, em boa hora, desmistificar a morte, mostrando a sua verdadeira face, e, o que é mais importante, veio realçar a importância da vida, demonstrando que ela transcende a questão da sobrevivência. Entretanto, mesmo para os que estudam a realidade além-túmulo, a morte dos entes queridos é algo difícil de aceitar e administrar.
 Isso mostra quanto ainda somos imaturos, espiritualmente, e quanto temos ainda de desmaterializar nossos pensamentos e sentimentos.
Todas as religiões pregam a imortalidade da alma, mas a Doutrina Espírita foi além: comprovou, cientificamente, a imortalidade e resgatou o espírito da matéria, “matando a morte”. Não se trata mais de convicção religiosa. Trata-se de estar bem ou mal informado, pois, sem prejuízo dos princípios revelados pelo Consolador, o Espírito já foi pesado, medido e fotografado por uma legião de sábios, pesquisadores e cientistas de renome, conforme registrado nos anais da História.
Muito da incompreensão e do temor da morte repousa no desconhecimento da natureza espiritual do homem e no desconhecimento do perispírito, este, o invólucro inseparável da alma ou Espírito, elemento semimaterial, fluídico, indestrutível, que serve de intermediário entre o Espírito e o corpo físico. O estudo das propriedades e das funções do perispírito dilata novos horizontes à Ciência e constitui a chave de uma grande quantidade de fenômenos, preconceituosamente negados pelo materialismo e qualificados por outras crenças como milagres ou sortilégios, entre eles a materialização de Espíritos, confundida com a “ressuscitação” ou “ressurreição” dos mortos.
Denomina-se “morte” o esgotamento ou a cessação da atividade vital nos organismos. Nós, os espíritas, chamamo-la “desencarnação”, palavra que designa, com maior precisão, o evento, pois o que se dá, na realidade, é o desprendimento do Espírito ou do princípio inteligente do corpo físico, que a esse se havia ligado por meio do fenômeno encarnatório.
Deus criou os Espíritos simples e ignorantes, impondo a eles encarnações sucessivas, com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição, gradualmente, pelo próprio mérito. Logo, a evolução se processa por fases, pois não é possível escalar o cume glorioso da plena vitória espiritual sobre si mesmo num só voo. Assim, podemos comparar o mundo físico a uma escola, a um campo de provas para o Espírito. André Luiz afirma:
[...] O Espírito, eterno nos fundamentos, vale-se da matéria, transitória nas associações, como material didático, sempre mais elevado, no curso incessante da experiência para a integração com a Divindade Suprema. [...] (1)

O estágio na carne é o buril que esculpe o aperfeiçoamento do ser. Não é uma excursão de lazer a que somos convidados a gozar, à saciedade, na taça da vida, pois os excessos contribuem para a destruição prematura do corpo físico, equiparando-se a um suicídio inconsciente.
 Com a desencarnação, o corpo grosseiro é descartado, à semelhança de uma roupa imprestável, que se desprende do perispírito e do Espírito, molécula a  molécula. Decompostos os elementos químicos, esses são restituídos à Natureza para serem reutilizados na construção de outros corpos. Sem a veste carnal, o Espírito, em vibração diferenciada, desaparece dos olhos físicos dos encarnados, como se mudasse de residência, mantendo-se intacto e conservando, em outra dimensão apropriada ao progresso realizado, todo o patrimônio de experiências adquiridas.
O corpo é o instrumento do progresso espiritual. A decomposição dele é uma sábia lei da Natureza, sem a qual não haveria renovação e transformação. A encarnação e a morte constituem ciclos na trajetória das criaturas, que permitem o desenvolvimento delas por etapas, o que proporciona, nos intervalos entre uma e outra existência física, a avaliação e a reavaliação das experiências, o planejamento das futuras encarnações, para o recomeço proveitoso de novas provas.
Se a morte fosse a destruição completa do homem (Espírito encarnado), muito ganhariam com ela os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, do Espírito e dos vícios. É uma ideia materialista que repugna o bom-senso e a lógica. A crença de que após a morte física vem o nada, além de anticientífica, é incompatível com a perfeição, a justiça e a bondade do Criador.
A vida na carne é uma constante preparação para a morte.
 Todos sabem que esta é inexorável e pode acontecer a qualquer instante. Apesar disso, raramente valorizamos a existência e quase sempre desprezamos as oportunidades de crescimento:
 A educação para a morte não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir e no transcender. (2)
 Aqueles que, durante a vida terrena, se esforçarem sinceramente por se melhorar, mesmo errando durante o curso de sua existência, podem aguardar, serenos, a hora de seu retorno para o mundo espiritual, pois verão recompensados seus suores, dores e lágrimas. O Espírito Irmão X (Humberto de Campos) relaciona conselhos muito úteis para os que pretendem morrer bem. Eis o resumo de alguns deles, em forma de decálogo:

1. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais.
 2. Evite os abusos do álcool e do fumo.
 3. Não se renda à tentação dos narcóticos.
 4. Quanto ao sexo, guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo.
 5. Se tiver dinheiro, não adie doações aos que realmente precisem e observe cautela com testamentos, pois a morte pode chegar de surpresa, deixando-o aflito com pendências judiciais perante os familiares.
 6. Não se apegue demasiado aos laços consanguíneos, pois os entes queridos não nos pertencem.
 7. Se você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça. É muito grande a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibrar-se dentro dele.
 8. Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos.
 9. Trabalhe sempre. O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas.
 10. Ajude-se, através do leal cumprimento de seus deveres. (3)

Em nossa quadra evolutiva, é normal que sintamos tristeza pela partida, inesperada ou não, dos entes queridos. A lembrança e a saudade geralmente evidenciam o amor que nutrimos por eles, contudo, não devemos nos entregar ao desespero e à tristeza mórbida, sob pena de prejudicarmos o restabelecimento dos recém-desencarnados, pois nossos pensamentos e sentimentos os atingem em cheio.
 Ademais, tal comportamento demonstra o nosso egoísmo pelo apego excessivo aos laços familiares, ou ainda a falta de confiança em Deus, de fé no futuro e na imortalidade dos entes queridos, dos quais, a rigor, nunca nos apartamos, havendo, até mesmo, a possibilidade de nos comunicarmos com eles.
 É realmente consolador haurir a certeza da imortalidade da alma.
 Assimilar esses conhecimentos, adquirir essa convicção eleva a nossa condição de Espíritos, o que nos faz sentir herdeiros do Criador e nos dá mais forças para vencer as dificuldades do dia a dia, permitindo que valorizemos ainda mais a vida.
 A maior prova que damos de que realmente internalizamos as noções imortalistas do ser e da reencarnação é recebermos com resignação e coragem a notícia do passamento de nossos entes queridos.
 Lamentar exageradamente a partida daqueles a quem amamos é falta de caridade, pois seria exigir a permanência deles na prisão do corpo, fustigados por todo o cortejo de provas da existência física, muitas vezes pelo egoísmo de tê-los junto de nós. Saibamos impor silêncio às nossas dores, entregando-nos ao trabalho do bem, que nos dará forças para prosseguirmos no cumprimento dos deveres. Morrer todos os dias para a existência inferior é uma forma de viver a vida eterna, construindo o futuro glorioso que nos aguarda.

Reformador Março 2012

1XAVIER, Francisco C. Obreiros da vida eterna. Pelo Espírito André Luiz. 33. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 19.
 2PIRES, J. Herculano. Educação para a morte. 9. ed. São Paulo: Paideia, 2004. p. 23.
 3XAVIER, Francisco C. Cartas e crônicas. Pelo Espírito Irmão X. 13. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 4. p. 21-24.

sexta-feira, 16 de março de 2012

PONTOS PRINCIPAIS DA DOUTRINA DOS ESPÍRITOS

 Livro dos Espíritos – parte VI da introdução


Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objeções.

“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente, justo e bom”.

“Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.

“Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.

“O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.

“O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.

“Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade.

“Entre as diferentes espécies de seres corpóreo, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras.

“A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.

“Há no homem três coisas: 1°, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2°, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3°, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.

“Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.

“O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.

“O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.

“Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito mais, antes perturbadores e enredadores, do que perversos. A malícia e as inconseqüências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos.

“Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta perfeição moral.

“Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permanece em estado de Espírito errante. (1)

(1) Há entre esta doutrina da reencarnação e a da metempsicose, como a admitem certas seitas, uma diferença característica, que é explicada no curso da presente obra.

“Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos tido muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros mundos.

“A encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal.

“As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.

“As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.

“A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver separado do corpo.

“Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e de todo mal que fez.

“O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal.

“Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.

“Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.

“Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que não encontram explicação racional senão no Espiritismo.

“As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos e assemelhar-nos a eles.

“As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.

“Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação.

“Podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como os das personagens mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além, sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações que lhes sejam permitidas fazer-nos.

“Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que muitas vezes tomam nomes “venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.

“Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconseqüente, amiúde trivial e até grosseira. Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa dos que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com falazes esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde intima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.

“A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações.

“Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e patenteadas todas as suas torpezas, que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem “penas e gozos desconhecidos na Terra.

“Mas, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final.

Este o resumo da Doutrina Espírita, como resulta dos ensinamentos dados pelos Espíritos superiores.

terça-feira, 13 de março de 2012

PÁSCOA


Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para “marcar” a data, como fazem as demais religiões ou filosofias “cristãs”. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada.

Mas, isto não impede uma reflexão mais profunda, sobre mais esta celebração.

Pois, já estamos na hora de mudar nossos paradigmas e por fim as encenações teatrais de adoração, onde as pessoas dizem ir ao culto, as sinagogas, igrejas, adorarem a Deus, mas menosprezam o mesmo Deus nas ruas, como se este, tivesse criado uma linha divisória entre o templo e a oficina.

A verdade é que ninguém pode separar suas horas perante si e dizer, esta hora é para Deus, esta é para mim, esta ação é para Deus, esta é para mim.

Toda a terra é seu altar de oração, por louvá-lo nos templos e despreza-los nas ruas é que temos naufragado mil vezes.

Mais uma páscoa se aproxima e a simonia corre solta, como em todas as outras festas religiosas, a Sexta-feira Santa chega e a humanidade desperta da sua letargia profunda, mas é apenas por algumas horas.

A cada Sexta-Feira Santa as pessoas param com seus afazeres para contemplar uma sombra coroada de espinhos, espinhos estes, que estas mesmas pessoas não quiseram tirar.

Os homens interrompem seus negócios para dirigir-se ao templo pedir ao cristo, mais lucros e confessar seus desenganos, mas o rito nem bem termina e o telefone toca chamando para mais um negócio proveitoso. e as promessas ditas a pouco, perdem seu valor de imediato.

As mulheres distraídas pelo brilho da vida, apaixonadas por jóias e vestidos, saem na Sexta Feira Santa de suas casas para as procissões. Mas mal acaba a cerimônia e todos voltam aos seus caminhos entre risadas e comentários desairosos.

Foi apenas mais uma cerimônia religiosa assim como outras tantas, e nisto se resume às religiões em cerimônias, onde ninguém cogita, ninguém raciocina, para que serve isto?

De adoração exterior, onde as pessoas levantam suas mãos em direção aos céus, mas seu coração jaz adormecido nas trevas pantanosas da maledicência, da inveja, do ciúme, e da falsidade.

A maioria aceita a religião, mas, não se preocupa em praticá-la.

Grita bem alto para todos ouvir, Jesus, Jesus, mas, continua com os ouvidos do coração surdos para suas mensagens?

Aonde tudo vai bem, se tem milagres, onde Jesus paga contas atrasadas, onde Jesus é proprietário de carros, da casa, da isto aquilo e o crente só precisam, para usufruir todas as regalias, contribuir com o DIZIMO.

Que interessa o que Jesus disse sobre a humildade, amor ao próximo, fé do tamanho de um grão de mostarda etc, etc.

Se esta igreja não tiver o que eu busco, existem mil outras para eu garimpar. E assim seguem os garimpeiros dos milagres, saltitando de igreja em igreja, de religião em religião em busca de conforto material.

Por isto a Doutrina Espírita segue seu caminho meio que no anonimato, pois não faz milagres, não promete curas, não oferece um lugar especial no céu, à única coisa que oferece e uma escolha: ou ficar no passado apegado ao materialismo dos rituais, dos mitos e da voracidade carnal, ou buscar o espírito e seu poder na espiritualidade pura que a Doutrina oferece.

O Espiritismo tem por finalidade libertar o espírito humano do visco da matéria, para que ele possa alçar o vôo da transcendência. A religião espírita não comporta lamurias e ladainhas, nem exige de seus adeptos atitudes formais, voz modulada, gestos artificiais e estudados.