segunda-feira, 31 de outubro de 2011

REFLEXÕES SOBRE A MORTE


Cidadão da eternidade, o homem convive, simultaneamente, com o mundo físico e o espiritual. Durante o sono, verifica-se a separação provisória entre a alma e o corpo. Enquanto este dorme, o Espírito semiliberto, envolto em seu corpo fluídico, ou períspirito, pode adentrar o mundo invisível, em excursão de aprendizagem ou em tarefa de ajuda aos mais necessitados nos dois planos da vida.
Na morte, porém, a libertação é definitiva: a vida, no corpo espiritual, desabrocha intensa e livre, pois “semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual” (Paulo, I Cor. 15:44). Por outro lado, o nascimento na Terra é como uma morte para o Espírito: este é encerrado em um “túmulo de carne”, no dizer de Léon Denis. O mesmo se infere do conselho de Jesus ao homem que queria segui-Lo: “A outro disse: - Segue-me”. “Mas ele disse: - Senhor, permite-me que eu vá primeiro sepultar meu pai”- “Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; quanto a ti, vai anunciar o reino de Deus” (Lucas, 11:59-60).
É evidente que Jesus não censurava a preocupação piedosa do filho: providenciar o sepultamento de seu pai. A lição que se infere dessa passagem evangélica é que a vida real, intensa e bela, é a vida espiritual, natural ao ser; havia, pois, urgência em proclamá-la.
Toda morte é um renascimento: o despertar da vida em sua plenitude.
Assim como morre a feia lagarta para surgir a borboleta multicolor, assim também desagrega-se o invólucro material para libertar o Espírito que, em sua roupagem diáfana, flutua rumo ao verdadeiro lar, em busca de novos compromissos.
No dia de Finados, uma multidão de pessoas comparece aos cemitérios, cumprindo a tradição do culto aos mortos. As necrópoles ficam em festa, numa profusão de flores e velas, com direito à cobertura da mídia. Respeitamos aqueles que assim o fazem; no entanto, somos levados a refletir sobre o fato à luz dos ensinamentos da Doutrina Espírita.
Não é no silêncio frio das sepulturas que vamos encontrar os nossos entes queridos que partiram. Dos tristes despojos muitas vezes, resta apenas pó. Não raro, os amores por que choramos e vamos procurar no cemitério estão ao nosso lado, velando por nós. Às vezes sofrem e perturbam-se, angustiados com o nosso sofrimento.
Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec pergunta: (323) – “ A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?”
“Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo.
Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.”
Convocados pelo pensamento, os finados comparecem ao triste local, em atenção aos seus familiares e amigos que lá se encontram. Tal, porém, poderia ser feito no recesso do lar, quando, em demonstração de saudade e carinho, fosse-lhes oferecida cariciosa vibração de uma prece. .

Reformador Nov. 1999

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O LIVRE ARBÍTRIO


Que é o livre-arbítrio?

Abrindo “O Livro dos Espíritos”, vamos encontrar no Capítulo X - Da Lei de Liberdade -, 3ª Parte da obra, oito questões relacionadas com o assunto livre-arbítrio (Questões 843 a 850), nas quais os Espíritos superiores instruem-nos a respeito.
Logo na Questão 843, indaga o Codificador se o homem tem o livre-arbítrio de seus atos. E os Espíritos respondem que se tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar, porquanto, sem o livre-arbítrio ele seria máquina.
Em resposta à Questão 845, os Espíritos afirmam que conforme se trate de Espírito mais ou menos adiantado, as predisposições instintivas podem arrastá-lo a atos repreensíveis, porém não existe arrastamento irresistível.
Basta que o Espírito (encarnado ou desencarnado), sendo consciente do mal a que esteja ou se sinta arrastado, utilize a vontade no sentido de a ele resistir.

Verificamos, no contexto geral das Questões acima referidas, que não há desculpa óbvia para o mal que o homem venha a praticar, uma vez que ele, por mais imperfeito que seja, tem a consciência do ato que pratica - se é bom ou se é mau.

O livre-arbítrio é uma faculdade indispensável ao ser humano, não nos resta qualquer dúvida, pois, sem ele, já foi dito, o ser espiritual seria simples máquina ou robô, sem qualquer responsabilidade dos atos que viesse a praticar.
É justamente a faculdade do livre-arbítrio que empresta ao homem certa semelhança com o Pai soberano do Universo. E constitui desiderato pleno desse Pai magnânimo que os Espíritos, seus filhos, cresçam para a glória eterna, iluminando-se na prática da sabedoria e do bem.
A prática do mal pelo Espírito, encarnado ou desencarnado, não tem qualquer justificativa porque ele sabe quando obra indevidamente. Caim, no exemplo bíblico, ao matar Abel, tinha plena consciência do que fazia tanto que o fez às escondidas. O que faltou a Caim foi a compreensão de que nada há oculto aos olhos de Deus!
Pode-se, verdadeiramente, lesar os homens, pode-se até mesmo lesar-se a si próprio, mas nunca lesará alguém a magnânima justiça de Deus.
Esclarece-nos a Revelação da Revelação, ou “Os Quatro Evangelhos”, que o Espírito antes de encarnar toma resoluções quanto ao gênero das provações, quanto à extensão e ao termo delas, até mesmo quanto à duração da existência bem como quanto aos atos que praticará durante a mesma, no entanto, o em­prego, o uso ou o abuso que ele faz da vida terrena muitas vezes o impedem de atingir o limite e o bom cumpri­mento daquela resolução (lº Volume, pág. 139, 7ª edição FEB).
No caso enfocado, o Espírito teve o livre-arbítrio de programar o que seria a sua encarnação, no entanto, em função do próprio livre-arbítrio, por usá-lo mal ou dele abusar, estragou um bom programa de vida. Há, porém, aqueles que procuram justificar-se com fundamento no esquecimento produzido pelo véu da carne.
Os Espíritos, todavia, em resposta à Questão 392 de “O Livro dos Espíritos”, explicam que “não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o claro.” E concluem: “Esquecido de seu passa­do ele é mais senhor de si.”
Vejamos, por exemplo, uma situação em que determinado indivíduo houvesse sido homicida em sua última encarnação e tivesse programado para a atual existência a quitação desse delito. Não obstante a desnecessidade de desencarnar assassinado, ele não teria paz até o dia de seu retorno à vida espírita. Estaria sempre sobressaltado e na expectativa da presença de alguém que lhe viesse sub­trair a vida física, se recordasse sua transgressão anterior.
O esquecimento do passado é necessário, misericordioso, e justifica perfeitamente a prova ou provas a que todos estamos natural­mente submetidos, pois essa é uma das funções da vida corporal.

Sentimos a importância do livre-arbítrio quando somos levados a tomar decisões que incomodam a consciência... Isto significa quanto o Pai celestial é bom, nos ama e se preocupa com o nosso progresso. Concede-nos o livre-arbítrio, mas concede-nos igualmente a consciência, espécie de censor natural, que nos alerta quando dele pretendemos abusar.
A propósito queremos fazer um paralelo entre duas informações ou elucidações em torno do livre-arbítrio e as conseqüências de sua errônea utilização. Uma se encontra em “Os Quatro Evangelhos” ou Revelação da Revelação (lº Vol. pág. 299, 7ª edição FEB), nos seguintes termos:
“Esses Espíritos presunçosos e revoltados, cuja queda os leva às condições mais materiais da Humanidade, são então humanizados, isto é, para serem domados e progredirem sob a opressão da carne, encarnam em mundos primitivos, ainda virgens do aparecimento do homem, mas preparados e prontos para essas encarnações” (grifos da obra).
A outra se encontra em “O Evangelho segundo o Espiritismo” (Capítulo III, Item 16, edição FEB), nos termos seguintes:
“Já se vos há falado de mundos onde a alma recém-nascida é colo­cada, quando ainda ignorante do bem e do mal, mas com a possibilidade de caminhar para Deus, senhora de si mesma, na posse do livre-arbítrio. Já também se vos re­velou de que amplas faculdades é dotada a alma para praticar o bem. Mas, ah! Há as que sucumbem, e Deus, que não as quer aniquiladas, lhes permite irem para esses mundos onde, de encarnação em encarnação, elas se depuram, regeneram e voltam dignas da glória que lhes fora destinada.”
Em ambas as elucidações, vê-se que o livre-arbítrio é um dom de que o Espírito pode abusar, mas terá sempre de enfrentar as conseqüências desse abuso, sofrendo encarnações destinadas a purificá-lo, transformá-lo, regenerá-lo, o que não deixa de ser pena de efeito verdadeira­mente misericordioso.
Os itens 16 e 17 desse capítulo de “O Evangelho segundo o Espiritismo” são constituídos de uma mensagem de Santo Agostinho, que deve ser lida atenciosamente pelo espírita estudioso. Pois a questão livre-arbítrio confunde bastante aqueles que a conhecem apenas superficialmente, literariamente, sem analisar-lhe a profundidade científico-filosófica.
Há, ainda, aqueles que confundem livre-arbítrio com direito, quando são duas coisas diferentes. No livre-arbítrio temos uma ação voluntariosa de escolha entre alternativas diferentes em que o ator é responsável pelas conseqüências do seu ato. Na ciência do direito a responsabilidade do ato praticado decorre da lei humana.
A Doutrina Espírita exerce, por­tanto, considerável papel em sua função de Consolador prometido pelo Cristo de Deus: o de alertar as almas que atingiram determinado degrau da escala evolutiva, em que a alegação de ignorância já não atenua determinados erros cometidos em função do livre-arbítrio. No que diz respeito aos habitantes de um mundo em vias de mudança para estágio de regeneração, vale acentuar ainda, conforme vimos acima, a função da consciência como faculdade de alertamento no processo optativo das alternativas para a ação.
A Doutrina está no mundo para todos. Ela não pertence aos espiritistas. Enviou-a Jesus à Humanidade. Os espiritistas somos apenas seus instrumentos de exemplificação e divulgação sem qualquer outro “privilégio” além da consciência do livre-arbítrio.

Fonte: Reformador nº1984 – Julho/1994 

sábado, 8 de outubro de 2011

OBSESSÃO - O Livro dos Médiuns


Dá-se o nome de obsessão ao “domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas”.1 Com estas palavras Allan Kardec inicia o capítulo XXIII, segunda parte, de O Livro dos Médiuns, antecedidas pelo esclarecimento de que a obsessão encontra-se na primeira linha das dificuldades da prática espírita.1
 Mais comum do que imaginamos, a obsessão não se manifesta somente entre desencarnados e encarnados, enfoque dado na referida obra, mas em ambos os planos da vida, o físico e o espiritual, em razão de um fator primordial: a imposição da vontade. Esta é a forma de agir do obsessor, que gosta de dar ordens e de ser obedecido.
 [...] É praticada unicamente pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar, pois os Espíritos bons não impõem nenhum constrangimento. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não são ouvidos, retiram-se. Os maus, ao contrário, agarram-se àqueles a quem podem aprisionar. Se chegam a dominar alguém, identificam-se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança.1
O domínio obsessivo pode estar associado a muitos fatores: mágoa, revolta, ciúme, inveja, orgulho, fraqueza de caráter etc., sobretudo, à incapacidade de perdoar ou relevar ofensas. Daí a obsessão apresentar diferentes características: desde uma simples influência sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais, “que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz”.1
Dessa forma, “a palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação”.1 As causas da obsessão, portanto,
[...] variam de acordo com o caráter do Espírito. Às vezes é uma vingança que ele exerce sobre a pessoa que o magoou nesta vida ou em existências anteriores. Muitas vezes, é o simples desejo de fazer o mal; como o Espírito sofre, quer fazer que os outros também sofram; encontra uma espécie de prazer em atormentá-los, em humilhá-los, e a impaciência que a vítima demonstra o exacerba mais ainda, porque é esse o objetivo que o obsessor tem  em vista, enquanto a paciência acaba por cansá-lo. Ao irritar-se e mostrar-se despeitado, o perseguido faz exatamente o que o perseguidor deseja. Esses Espíritos agem, não raras vezes, por ódio e por inveja do bem, o que os leva a lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. [...]2
Na Obsessão simples, também conhecida como influência espiritual, a ação da entidade desencarnada se manifesta de forma episódica, inoportuna e desagradável, produzindo mal-estar generalizado e inquietações ao obsidiado. Na prática mediúnica, a obsessão simples ocorre “quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, intromete-se contra a sua vontade nas comunicações que ele recebe, impede-o de se comunicar com outros Espíritos”.3 Esta situação pode ser percebida pelo teor das comunicações que, usualmente, apresenta um mesmo tipo de ideias, variáveis apenas quanto à forma, mas não quanto ao conteúdo. O Espírito comunicante apresenta interpretações próprias a respeito de diferentes assuntos, nem sempre condizentes com a orientação espírita. Kardec, contudo, pondera:
Ninguém está obsidiado pelo simples fato de ser enganado por um Espírito mentiroso. O melhor médium se acha exposto a isso, principalmente no começo, quando ainda lhe falta a experiência necessária, do mesmo modo que entre nós as pessoas mais honestas podem ser enganadas por espertalhões. Pode-se, pois, ser enganado, sem estar obsidiado. A obsessão consiste na tenacidade de um Espírito, do qual a pessoa sobre quem ele atua não consegue desembaraçar-se.3
O Codificador considera também que na obsessão simples, o médium sabe muito bem que está lidando com um Espírito mentiroso e este não se disfarça, nem dissimula de forma alguma suas más intenções e seu propósito de contrariar. O médium reconhece a fraude sem dificuldade e, como se mantém vigilante, raramente é enganado. [...]3
A Fascinação é bem mais grave que a obsessão simples, caracterizando-se por “uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que de certa forma paralisa a sua capacidade de julgar as comunicações”.4 O obsessor age sobre a mente do obsidiado projetando imagens e pensamentos hipnotizantes, alimentadores de ideias fixas: o indivíduo fascinado “não acredita que esteja sendo enganado; o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve [ou do que faz], ainda quando esse absurdo salte aos olhos de todo mundo”.4
Não é fácil lidar com a fascinação. “[...] Para chegar a tais fins, é preciso que o Espírito seja muito esperto, astucioso e profundamente hipócrita, porque só pode enganar e se impor à vítima por meio da máscara que toma e de uma falsa aparência de virtude.”4
Já dissemos que as consequências da fascinação são muito mais graves. Com efeito, graças à ilusão que dela resulta, o Espírito dirige a pessoa que ele conseguiu dominar, como faria com um cego, podendo levá-la a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se fossem a única expressão da verdade. Mais ainda: pode arrastá-la a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas.4
Para auxiliar a pessoa que se encontra sob fascinação espiritual é preciso tato, paciência e compaixão, pois “o que o fascinador mais teme são as pessoas que veem as coisas com clareza, de modo que a tática deles, quase sempre, consiste em inspirar ao seu intérprete [obsidiado] o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos”.4
A Subjugação é grau mais aprofundado da obsessão, manifestada como constrição ou opressão, moral ou corpórea, “que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir contra a sua vontade. Numa palavra, o paciente fica sob um verdadeiro jugo”.5 Nestas condições, a assistência médica especializada é requisitada, e deve ser associada ao apoio espiritual, uma vez que a pessoa já não tem domínio sobre si mesma. Na subjugação moral, “o subjugado é constrangido a tomar decisões muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas”.5 Na subjugação corpórea, “o Espírito atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. [...]
Algumas vezes, a subjugação corpórea vai mais longe, podendo levar a vítima aos atos mais ridículos”.5
O médium obsidiado não deve participar das reuniões mediúnicas enquanto durar o processo obsessivo porque “toda comunicação dada por um médium obsidiado é de origem suspeita e não merece nenhuma confiança”.6 Entretanto, não lhe deve faltar o amparo do passe, da prece, da conversa fraterna, do Evangelho no lar, da água magnetizada, do estudo, do trabalho no bem.
“Os meios de se combater a obsessão variam de acordo com o caráter que ela reveste”7 e a capacidade do obsidiado em se libertar do jugo, o que não é fácil, porque “as imperfeições morais do obsidiado constituem, quase sempre, um obstáculo à sua libertação”.8
Na obsessão simples depende do esforço do obsidiado, que deve “provar ao Espírito que não está iludido por ele e que não lhe será possível enganar; depois, cansar a sua paciência, mostrando-se mais paciente que ele”.7
Na fascinação, “a única coisa a fazer-se com a vítima é convencê-la de que está sendo ludibriada e reverter a sua obsessão ao nível de obsessão simples. Isto, porém, nem sempre é fácil, para não dizer impossível, algumas vezes”.9
Na subjugação, “se torna necessária a intervenção de outra pessoa, que atue pelo magnetismo ou pela força da sua própria vontade. Em falta do concurso do obsidiado, essa pessoa deve ter predomínio sobre o Espírito; porém [...] só poderá ser exercido por um ser moralmente superior ao Espírito [...]. É por isso que Jesus tinha grande poder para expulsar os que, naquela época, se chamavam demônios, isto é, os Espíritos maus obsessores”.10

Reformador Nov.2011

Referências:
1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 23, it. 237.
2______. ______. It. 245.
3______. ______. It. 238.
4______. ______. It. 239.
5______. ______. It. 240.
6______. ______. It. 242.
7______. ______. It. 249.
8______. ______. It. 252.
9______. ______. It. 250.
10______. ______. It. 251.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

HIPPOLYTE LÉON-DENIZARD RIVAIL - ALLAN KARDEC


 Allan Kardec nasceu Hippolyte Léon-Denizard Rivail, em 03 de Outubro de 1804 em Lyon, França, no seio de uma antiga família de magistrados e advogados. Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdum, Suíça, tornou-se um de seus discípulos mais eminentes.

Foi membro de várias sociedades sábias, entre as quais a Academie Royale d'Arras. De 1835 à 1840, fundou em seu domicílio cursos gratuitos, onde ensinava química, física, anatomia comparada, astronomia, etc.

Dentre suas inúmeras obras de educação, podemos citar: "Plano proposto para a melhoria da instrução pública" (1828); "Curso prático e teórico de aritmética (Segundo o método de Pestalozzi)", para uso dos professores primários e mães de família (1829); "Gramática Francesa Clássica" (1831); "Programa de cursos usuais de química, física, astronomia, fisiologia"(LYCÉE POLYMATIQUE); "Ditado normal dos exames da Prefeitura e da Sorbonne", acompanhado de "Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849).

Por volta de 1855, desde que duvidou das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec entregou-se a observações perseverantes sobre esse fenômeno, e, se empenhou principalmente em deduzir-lhe as conseqüências filosóficas.

Nele entreviu, desde o início, o princípio de novas leis naturais; as que regem as relações do mundo visível e do mundo invisível; reconheceu na ação deste último uma das forças da Natureza, cujo conhecimento deveria lançar luz sobre uma multidão de problemas reputados insolúveis, e compreendeu-lhe a importância do ponto de vista religioso.

As suas principais obras espíritas são:

- O Livro dos Espíritos, para a parte filosófica, e cuja primeira edição surgiu em 18 de Abril de 1857;

- O Livro dos Médiuns, para a parte experimental e científica (Janeiro de 1861);

- O Evangelho Segundo o Espiritismo, para a parte moral (Abril de 1864);

- O Céu e o Inferno, ou "A Justiça de Deus segundo o Espiritismo" (Agosto de 1865);

- A Gênese, os Milagres e as Predições (Janeiro de 1868);

- A Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos.

Allan Kardec fundou em Paris, a 1º de Abril de 1858, a primeira Sociedade Espírita regularmente constituída, sob o nome de "Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas".

Casado com Amélie Gabrielle Boudet, não teve filhos.

Trabalhador infatigável desencarnou no dia 31 de março de 1869, em Paris, da maneira como sempre viveu: trabalhando.
("Obras Póstumas", Biografia de Allan Kardec, edição IDE)

sábado, 1 de outubro de 2011

CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA


 O estudo da alma humana é um dos objetivos da Doutrina Espírita.

Para que este estudo seja realizado é fundamental observar os fenômenos em que a alma se encontra liberta do corpo físico. Estes fenômenos chamam-se emancipação da alma.

A melhor maneira de estudar a emancipação da alma é começando pelo capítulo VIII da Parte 2a de O Livro dos Espíritos, onde os Espíritos e Kardec apresentam ensinamentos fundamentais à compreensão do tema.

É preciso reconhecer que todos os encarnados podem, em espírito, deixar seu corpo físico e exercer atividades no plano espiritual com maior ou menor grau de liberdade.

Os Espíritos informam que a emancipação da alma acontece com muita freqüência.

Declaram que o Espírito encarnado aspira constantemente a libertar-se do corpo, e que durante o sono afrouxam-se os laços que prendem a alma ao corpo, podendo aquela lançar-se ao espaço e entrar em relação mais direta com outros Espíritos.

Ensinam, também, que, pelos sonhos, é possível julgar da liberdade do Espírito durante o sono; e que não é necessário o sono completo para a emancipação da alma, bastando que os sentidos entrem em torpor para que o Espírito recobre a sua liberdade. Entretanto, percebe-se que o grau de liberdade do Espírito está diretamente relacionado com o grau de relaxamento do corpo físico.

No livro Estudando a Mediunidade, Martins Peralva ensina que os sonhos podem ser de três tipos. São eles:

a) Comuns: onde a alma, ao emancipar-se, fica à mercê dos seus pensamentos e da psicosfera que a envolve. São uma repercussão de nossas disposições físicas e psicológicas;

b) Reflexivos: acontecem devido à modificação vibratória resultante do desprendimento da alma, que permite que sejam acessados pela memória fatos, imagens, paisagem e acontecimentos remotos, desta e de outras vidas;

c) Espíritas: acontecem quando a alma, uma vez liberta, entra em relação com outros Espíritos encarnados e desencarnados, respeitando sempre as leis de afinidade e de sintonia.

Continuando o estudo da emancipação da alma em O Livro dos Espíritos, verifica-se que o sonambulismo é, também, um estado de independência da alma. Que pode ser natural ou induzido.

Durante o sonambulismo a alma tem percepções de que não dispõe no sonho,   que o sonho nada mais é que um estado de sonambulismo imperfeito.

Na clarividência sonambúlica é a alma que vê, podendo, assim, enxergar através de corpos opacos e a distância. A alma pode ainda acessar conhecimentos obtidos em outras existências. No caso do sonambulismo induzido, o sonâmbulo é susceptível à influência fluídica e às sugestões do magnetizador.

O sonâmbulo possui acesso a todas as suas potencialidades de Espírito.

Os Espíritos esclarecem também que, no sonambulismo, a alma está na posse de suas faculdades. Os órgãos materiais acham-se de certa forma em estado de catalepsia, deixando de receber as impressões exteriores.

Os conceitos de catalepsia, letargia e sonambulismo apresentam--se muitas vezes mal definidos e até de certa forma confusos. Isto se deve em parte aos magnetizadores, pioneiros no estudo do tema, os quais relatavam suas experiências em uma época onde não existia uniformização dos termos utilizados.

Para evitar dúvidas com relação aos conceitos de catalepsia, letargia e sonambulismo, é fundamental separar o grau de liberdade da alma do grau de relaxamento do corpo físico.

Conforme já foi dito, para que a alma se emancipe é necessário que o corpo se encontre relaxado. O relaxamento do corpo acontece em três diferentes graus. O primeiro grau de relaxamento é o sono. O segundo grau de relaxamento é a catalepsia, que corresponde à perda temporária da sensibilidade e do movimento, podendo  atingir uma ou mais partes do corpo físico. O terceiro grau de relaxamento é a letargia, em que a suspensão das forças vitais é geral, dando ao corpo todas as aparências de morte.

Outro estado de emancipação da alma é o êxtase, que corresponde a um sonambulismo mais apurado. No êxtase a alma é ainda mais independente que no sonambulismo.

Segue (nesta página) um esquema que objetiva relacionar o grau de relaxamento do corpo físico com o grau de liberdade da alma.

No estado de vigília, representado por um círculo vermelho, a alma encontra-se ligada ao corpo físico.

À medida que a alma (representada pela curva azul) se emancipa e afasta-se do corpo (representada pela curva preta), este se relaxa.

No estado de sono, a alma sonha. Quando o corpo entra no estado de catalepsia, a alma encontra-se em estado de sonambulismo. Por fim, quando o corpo entra em estado de letargia, a alma vive o êxtase.

Ressalta-se que a classificação apresentada tem caráter didático, e por isso, na prática, as fronteiras entre um e outro grau de emancipação são muito difíceis de ser definidas com exatidão.

Importante ressaltar que as atividades extra corpóreas refletem as reais e efetivas inclinações da alma, sejam elas superiores ou inferiores.

Quando libertos do corpo, os viciados buscam seus iguais.

De igual modo, o homem e a mulher de bem buscam atividades que os engrandeçam e que permitam que auxiliem seus semelhantes.

A vida que levamos em estado de vigília determina o tipo de ambiente que buscamos fora do corpo físico.

Que Jesus nos conceda sabedoria para cultivarmos um ambiente saudável durante o dia, a fim de que nos seja possível encontrar um ambiente de paz à noite.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. 72. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992. Parte 2a, cap. VIII.
2 _______. O Livro dos Médiuns. 55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987, cap. VI e XIV.
3 Michaelus. Magnetismo Espiritual. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991.
4 Peralva, Martins. Estudando a Mediunidade. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1983, cap. XVII, p. 97.