domingo, 29 de agosto de 2010

AJUDAR PARA NÃO ATRAPALHAR

Durante a manifestação dos chamados Espíritos sofredores, nas sessões práticas de Espiritismo, observam-se, em boa parte dos presentes, três freqüentes reações:
Alguns, achando que a comunicação é sem interesse ou se prolonga em demasia, limita-se ao alheamento, voltando sua atenção para assuntos estranhos ao desenrolar dos trabalhos. Outros, imbuídos de curiosidade, procuram identificar o Espírito através dos elementos fornecidos pela psicofonia mediúnica, imaginando tratar-se do senhor fulano ou do senhor beltrano, pessoas de suas relações. E há aqueles que se irritam porque o dirigente da sessão não esclarece logo ao comunicante a sua condição de desencarnado, se este demonstra inconsciência de seu estado, ou não age energicamente, induzindo-o a penitenciar-se de seus erros, se parece alguém comprometido no vicio ou acostumado a utilizar os processos da mistificação e da obsessão.
Identificamos, portanto, três reações: desinteresse, curiosidade e irritação. Todavia, os que assim procedem, revelam, inegavelmente, ausência do sentimento de responsabilidade, nascido de melhor conhecimento do mecanismo de intercâmbio com o Além, o que os torna elementos que prejudicam o bom andamento das tarefas de auxílio.
Para que semelhante prejuízo seja evitado é preciso considerar que os Espíritos que se manifestam, para receber ajuda, estão, geralmente, mergulhados em profunda perturbação, o que não lhes permite raciocinar com lógica. A incapacidade, quase sempre evidenciada, em reconhecer o próprio estado, confirma este fato.
Por isso, aquele que conversa com o Espírito não pode ter pressa em vê-lo afastar-se, antes de lhe haver proporcionado alguns recursos de equilíbrio. Não pode deter-se em questões pessoais, tendentes a identificá-lo, não só porque na maioria das vezes ele não estaria em condições de responder satisfatoriamente, como seria falta de caridade. Que dizer do médico preocupado em interrogar o acidentado ao invés de medicá-lo com presteza? E haverá desastre mais trágico que a desencarnação sem preparo? Finalmente, não pode, como muitos desejam, adotar a atitude de impor princípios, advertir o manifestante, mostrar-lhe o que é certo ou errado, fazê-lo sentir que terá que pagar por seus crimes, porque, principalmente quando se trata de alguém desejoso de mistificar ou exercer vingança, está de tal forma dominado por idéias cristalizadas em longos processos de fixação mental, que simples palavras não modificarão suas disposições.
O principal esforço do dirigente dos trabalhos é o de procurar conquistar a sua simpatia, para em seguida convidá-lo à oração, sem preocupar-se em verberar ou desmascarar, atitude favorita de alguns espíritas, que julgam estar prestando um grande serviço, esquecidos de que com semelhante atitude podem impressionar, mas nunca converter ao Bem.
A oração em benefício da entidade manifestante, prática que, infelizmente, raros adotam, é o grande recurso de esclarecimento e ajuda. Quando proferida sob orientação da mais pura fraternidade, sem fórmulas verbalistas e secundada pelas vibrações de carinho, compreensão e amizade, por parte de uma assistência consciente e esclarecida, ela proporciona inestimáveis recursos de auxílio. Sob seu fluxo poderoso, o Espírito revive situações passadas, identifica parentes e amigos desencarnados, sente-se aliviado nas suas dores e preocupações e descortina horizontes mais amplos e que lhe permitem deixar o cárcere da fixação mental. Após a aplicação dessa incomparável terapêutica, o mistificador sentir-se-á envergonhado e o confessará; o obsessor perceberá seu erro e se afastará de livre vontade, fator indispensável para que sua vítima ma se recupere sem transtornos; o Espírito inconsciente estará mais lúcido e em condições para reconhecer, por si mesmo, sua nova condição.
Se, enquanto o dirigente dos trabalhos se esforça por cativar a simpatia da entidade, alguns dos presentes se sentem contrariados por julgar que deveria ser mais objetivo, minucioso ou enérgico, estarão vibrando de forma perniciosa, o que comprometerá o bom êxito do serviço. Haverá maior dificuldade para o doutrinador concatenar suas idéias e maior perturbação para o comunicante. E não podemos, naturalmente, esquecer o médium, que, sem apoio vibracional, experimentará inesperadas limitações.
Fácil, pois, é concluir que, nas tarefas de intercâmbio destinadas a estender conforto e esclarecimento àqueles que se encontram na craticidade, quem não ajuda atrapalha. Por isso, forçoso é admitir que a sessão espírita não é um tribunal, nem repartição especializada em identificar desencarnados e muito menos local de recreação, onde as criaturas se portem com displicência, e sim um templo divino, onde o contacto com a espiritualidade superior deve inspirar respeito e atenção.
E se nos é lícito considerar a sessão espírita como recurso de socorro para nossos males físicos e psíquicos, é preciso reconhecer que a. condição indispensável para sermos atendidos é a disposição em socorrer aqueles que sofrem mais.

Richard Simonetti
Reformador – Março de 1964.

sábado, 28 de agosto de 2010

CRENÇA E DESCRENÇA


A Humanidade terrena está dividida entre materialistas e espiritualistas.

Cada uma dessas facções subdivide-se em várias outras, cada qual com suas características, mais ou menos afastadas entre si. O que distingue aquelas duas opiniões antagônicas e irreconciliáveis é a crença ou não na existência de DEUS e do Espírito.

Pressupõe-se seja o materialismo o adversário comum e natural das religiões e, consequentemente, o que em primeiro lugar deva ser hostilizado, vencido como o inimigo principal das crenças e do próprio ser humano.

Entretanto, na prática, não é o que se vê. São exatamente os que dizem ter uma fé, os que defendem uma vocação religiosa qualquer os primeiros a se desentenderem, a atacarem-se reciprocamente. É essa uma das principais razões do alastramento das idéias niilistas, do esvaziamento dos templos, do afastamento das pessoas de DEUS.

Observa-se, também, surgirem constantemente novas seitas, frutos de vaidades, ambição e inconformismos. Algumas com duração efêmera; outras são destituídas de qualquer valia, permanecem contidas nas próprias limitações, incapazes de atingir a altura da razão.

A coexistência de numerosas crenças denota ausência de racionalidade mas, sobretudo, significa enfraquecimento dos meios e recursos de combate ao ceticismo. O menor desentendimento entre uma e outra é suficiente para gerar crises e conflitos. Por sua vez a intolerância grassa desastradamente. Dirigentes religiosos são os primeiros a acirrar os ânimos arvorando-se em juízes representativos do Senhor da Vida. De seus pedestais, vaidosos, julgam-se donos da verdade e condutores do mundo. Combatendo-se mutuamente as religiões distanciam-se do Divino Poder e fragilizam-se.

A intolerância deve ser, pois, combatida, sem cessar, notadamente a religiosa. Jamais devemos olvidar que a ignorância, as religiões, as crenças quaisquer que sejam, o ateísmo, não nos destituem da condição de irmãos nem nos desvinculam da mesma paternidade Divina e Universal.

A comprovação da existência de DEUS está ao alcance de todos pelas leis naturais acessíveis a todas as mentes, do sábio ao iletrado. Qualquer cérebro humano sadio, após a primeira infância, é apto para compreender que essas leis seguem princípios inteligentes. Tanto os fundamentos físicos quanto os morais são obedientes a comando superior, a uma inteligência Suprema. Tal verdade é inteligível e cristalina.

Os incrédulos não puderam, ainda, conceber DEUS. Não conseguiram percebê-lO no infinito do Universo, nos milhões de astros que percorreram as profundezas do firmamento arrastando em seu séquito outros mundos, moradas da alma imortal. Também não O encontraram em nosso Planeta, na pujança dos mares, no silêncio das florestas, nas montanhas soberbas, nas leis que governam a vida e a matéria, nos corpos infinitesimais e no Sol que vivifica.

Muitas pessoas que dizem crer têm as mais variadas concepções do Criador e de Sua natureza. Há manifestações extravagantes que O confundem com a criatura, o Pai com o Filho, Jesus com o próprio DEUS. Fôssemos enumerar todas essas maneiras de entender seria fastidioso tal a variedade de opiniões e de sistemas, desde os que pensam que o Pai irá nos absorver quando atingirmos a perfeição como a gota de chuva que se integra e se perde no oceano, até os que aceitam a verdade tal qual nos foi por Ele mesmo enviada, como luz e consolação, na figura de Jesus, o emissário cujos primeiros vagidos foram ouvidos na manjedoura humilde de um pequenino burgo da Palestina.

A variedade de conceitos religiosos se deve à diferença de vivência de cada criatura. Está em estreita ligação com o que a alma já atingiu em suas sucessivas reencarnações. Habitando até mesmo um corpo com vestes humildes essa alma pode ser aquela mesma que, no passado, em pretéritas existências, regou o solo com suor e lágrimas nas lavouras do bem, do trabalho edificante, do dever retamente cumprido, mas que desfruta hoje de entendimento mais perto de DEUS do que o daquela outra que ostenta orgulhosamente ricas vestes a encobrirem atrasos e ignorâncias. Separando o mundo visível do invisível há um mar de dúvidas, incertezas, negações e ilusões que a criatura humana terá que atravessar e vencer para aportar ao cais glorioso e seguro da verdade e do amor divinos.

Acreditar ou não em DEUS é a mais grave e a mais importante convicção que o ser humano revela. Todavia, entre a incredulidade e o fanatismo é difícil estabelecer qual dessas condições é a mais perniciosa, eis que ambas denotam imponderação e irracionalidade. Enquanto a primeira amesquinha e nulifica a alma vendando-lhe a razão, dificultando-se o progresso, a segunda a conduz à intolerância, à intransigência, à ofensa ao semelhante, à desavença, ao ódio, à fascinação, à desdita. O ateu e o fanático transmitem impressões nocivas e desagradáveis que eles mesmos não percebem.

O Espiritismo ensina que o ser humano é a criação por excelência, criado para colaborar na obra divina e atingir a perfeição. Que todos partem de um mesmo ponto, sem privilégios. Habitando o corpo físico há o Espírito imortal. Ao perecer o corpo denso o Espírito sobrevive e passa por sucessivas reencarnações, progredindo sempre.

Por que tanta diversidade de crenças se todos iniciamos a caminhada em idênticas condições? Certamente porque todos escolhemos livremente os caminhos. Enquanto uns tomam a direção do progresso outros demoram nos desvios. Ademais não somos criados ao mesmo tempo.

Este enxuga lágrimas, outro as faz rolar. Uns abrem feridas, outros mais as pensam. Em síntese, há a senda do bem e o extravio para o cipoal do mal. Como discernir entre essas duas direções? Jesus nos responde e esclarece ao recomendar: “Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam”. (Mateus, 7:12).

Parece fora de dúvida que ninguém, em sã consciência, pratica ações que, antecipadamente, sabe resultarão em seu próprio prejuízo. Temos que concluir que se todos se abstivessem da prática do mal estariam, conseqüentemente, isentos de resgates. Entretanto, como os sofrimentos e vicissitudes não resultam apenas de dívidas contraídas perante os semelhantes e, como as dores e provas funcionam também como aguilhão de progresso para o Espírito, todos os que praticam o bem, embora em processos dolorosos, podem estar certos de que, vencidas as dificuldades, no curso da existência, um porvir ditoso os aguarda nas trilhas do destino. A certeza disso e a consciência desse mecanismo nos capacitam a suportar com coragem e resignação os sofrimentos, confiantes na Justiça Divina.

A alma humana, por mais descrente e endividada que seja, um dia irá prosternar-se, extasiada, diante da verdade: a sua imortalidade! Desfrutará, então, dessa benção como o viandante suarento e cansado que encontra a fonte e se dessedenta ou a ravina refrescante onde se delicia.

As manifestações de fé e o exercício de atividades religiosas comumente se realizam dentro dos respectivos templos e instituições. Contudo, há também o costume de praticar exorcismos e diversos rituais religiosos no interior dos lares.

O recesso doméstico, entretanto, deve ser reservado para o estudo edificante, para a prece que eleva e restaura, para o entendimento e o exercício das leis de amor e fraternidade. Ali é o recanto mais indicado para o estudo, a cultura e a assimilação dos ensinos do Evangelho de Jesus e não deveria servir de ambiente para invocação e manifestações de Espíritos, sem a segurança necessária e com os inumeráveis inconvenientes, a começar pela porta que se abre no seio da família para ensejar às trevas a oportunidade sempre por elas aguardada de espalhar as idéias malsãs, incentivar desarmonias, empenhadas rotineiramente em mentiras e armadilhas. O culto do Evangelho no Lar é o procedimento indicado como reunião amorosa de paz para aprendizado das sublimes lições de vida e moral cristã e dos postulados do Consolador enviado à Terra.

As almas irmãs, generosas e altivas, podem ainda não ter alcançado todas as verdades básicas, mas desde que tragam as marcas inapagáveis da fraternidade, da bondade, do amor, um dia aparecerão diante dos homens e do Criador ostentando a bênção de verdadeiros Espíritos Cristãos.

Por força da lei de progresso, muitos mitos, liturgias e rituais inaceitáveis deverão ser abolidos das religiões assim como várias concepções absurdas e alguns dogmas sem fincas nas Sagradas Escrituras em sua pureza primitiva, os quais não podem acompanhar a evolução da inteligência. Tudo que atenta contra a razão, o bom senso e não atende aos apelos do coração não resistirá, será alijado e sucumbirá à margem do caminho humano.

No futuro as religiões, crenças e seitas irão convergir para um mesmo entendimento das verdades imutáveis e, assim, restarão os incrédulos que não forem por elas atraídos e arreganhados, os quais aguardarão a própria morte, que se incumbirá de lhes mostrar a realidade da imortalidade da alma, pela soberana e magnânima Vontade Divina. .

WASHINGTON BORGES DE SOUZA
REFORMADOR set97

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

AS ALMAS GÊMEAS OU METADES ETERNAS

Como surgiu a idéia de Almas-Gêmeas?

O conceito de alma-gêmea ou metades eternas tem a sua origem em um diálogo de Platão, intitulado O Banquete . O termo grego com que se designaria o fato de um ser ter,ao mesmo tempo, duas natureza sexuais é androginia ou hermafroditismo. A primeira palavra é formada por dois radicais gregos: andros, que significa homem e ginecon, que quer dizer mulher. A segunda resulta da associação de dois termos tampém gregos : Hermes e Afrodite.
O mito dos andróginos contado por Platão, em linhas gerais, é o seguinte : em tempos imemoriais ( tempos míticos ) os homens que viviam sobre a terra possuíam dupla sexualidade, sendo, a um só tempos masculinos e femininos. Esses homens eram ousados, tão ousados que chegaram a desafiar os deuses imortais. Os deuses, assustados com a possibilidade de um ataque humano à morada dos deuses no Monte Olimpo reuniram-se em assembléia para discutir como anular a ameaça humana. Depois de muitos e acalorados debates, chegaram à conclusão de que , como legítima defesa de suas prerrogativas, só havia uma coisa a fazer: separar os humanos, pois era a sua dupla natureza que os fazia fortes.Por certo separados seriam muito mais fracos e não pensariam mais em ameaçar os deuses.
Assim resolvido, os deuses vieram à terra e cortaram, no meio certo, os andróginos deixando o umbigo como a marca da ousadia deles. O plano divino deu resultado porque os homens separados passaram, desesperadamente, a procurar as suas metades e, não as encontrando, ficaram infelizes e nada melhor para enfraquecer alguém do que a infelicidade. Mutilados, incompletos, sofridos, buscando sempre a metade perdida e,quase sempre, equivocando-se neste busca, o homem vive o drama da incompletude,deixando, assim, de ser uma ameaça para os imortais.
Esta questão passou a ser discutida no meio espírita depois que Emmanuel , em seu romance Há Dois Mil Anos,psicografado por Francisco Cândido Xavier trouxe esta questão à baila com o nome de Alma-gêmea. No romance, a personagem Lívia,esposa do protagonista seria a sua alma - gêmea. A discussão não chegou,felizmente, a ser um problema sério que pudesse causar divisões no meio espírita. Houve apenas pessoas que não concordavam que pudessem haver espíritos que completasse um ao outro a ponto de serem almas- gêmeas. O que Allan Kardec tem a nos dizer sobre esta questão?
A resposta se encontra no volume I da Revista Espírita do seguinte modo : Um homem viveu com sua esposa por muitos anos e, depois da desencarnação desta, conseguiu um contato mediúnico com ela. Nessa oportunidade, ele lhe perguntou se ela era a sua metade eterna. A mulher respondeu que não e que o espírito com que ele possuía maior afinidade estava encarnado na terra, vivendo, no Oriente, duras experiências.
O homem ficou muito abalado com o que ouvira porque, certamente, não estava esperando uma resposta como aquela uma vez que, enquanto viveram casados na terra, se amavam e se respeitavam. Assim, escreveu para Allan Kardec,pedindo esclarecimentos sobre a questão. Kardec responde ao missivista na Revista Espírita depois de ter consultado o Espírito que, na terra foi o Rei da França e canonizado como São Luiz e os espíritos Abelardo e Heloísa, casal conhecido por sua tragédia amorosa.
A resposta dos espíritos consultados a respeito da existência de almas-gêmeas foi negativa. Firmaram eles que os espíritos são criados individualmente e não aos pares. Falam, porém, em simpatias e afinidades que pode haver entre os espíritos, estreitando entre eles laços amorosos. Assim a expressão alma-gêmea deveria ser entendida como um figura de linguagem, uma metáfora que expressaria mais fortemente uma relação entre espíritos com grande afinidade.
A proposta de Jesus é que amemos uns aos outros como a nós mesmos,que repartamos igualmente nosso amor uns com os outros e a teoria das almas gêmeas possui um caráter demasiadamente exclusivista e,sendo assim, não seria adequada para quem acredita na promessa do Cristo de que, um dia,haverá um só rebanho e um só pastor.

Por José Carlos Leal

sábado, 21 de agosto de 2010

CAMINHOS CRUZADOS


“Sabendo primeiro isto:que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências.”
(ll PEDRO, 3:3)


De todos os elementos que tentam perturbar as obras divinas, os escarnecedores são os mais dignos de piedade fraternal. É que são enfermos pouco suscetíveis de medicação, em vista de serem profundamente ignorantes ou profundamente perversos.
O escarnecedor costuma aproximar-se dos trabalhadores fiéis das idéias novas exigindo-lhes provas concludentes das afirmações espirituais que lhes constituem a divina base do trabalho no mundo.
É interessante, porém, observar que pedem tudo, sem se disporem a dar coisa alguma. Querem provas da verdade; contudo, não abandonam as cavernas mentais em que vivem usualmente, nem mesmo para vê-las. Querem demonstrações espirituais agarrados, à maneira de vermes, aos fenômenos materiais. Os infelizes não percebem que se emparedaram no desconhecimento da vida, ou no egoísmo que lhes agrava os instintos perversos. E tocam a rir nos caminhos do mundo, copiando os histriões da irresponsabilidade e da indiferença. Zombam de todas as reflexões sérias, mofam de todos os ideais do bem e da luz... Movimentam nobres patrimônios intelectuais no esforço de destruir e, por vezes, conseguem cavar fundo abismo onde se encontram.
Os aprendizes sinceros do Evangelho devem, todavia, saber que semelhantes desviados andarão na Terra segundo as próprias concupiscências. São folhas conscientes do mal que só a Misericórdia Divina poderá transformar, ao sublime sopro de suas renovações. É preciso não perder tempo com essa classe de perturbadores contrários as atividades do bem. São expoentes do escárnio, condenados a receber as conseqüências dele. Por si mesmos já são bastante desventurados.
Se, algum dia, cruzarem-te o caminho suporta-os com paciência e entrega-os a Deus.

Emmanuel
Do livro Segue-me. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DIVÓRCIO

“O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não levou em conta a lei divina.”
Do item 5, do Cap. XXII, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.


Partindo do princípio de que não existem uniões conjugais ao acaso, o divórcio, a rigor, não deve ser facilitado entre as criaturas.
É aí, nos laços matrimoniais definidos nas leis do mundo, que se operam burilamentos e reconciliações endereçados à precisa sublimação da alma.
O casamento será sempre um instituto benemérito, acolhendo, no limiar, em flores de alegria e esperança, aqueles que a vida aguarda para o trabalho do seu próprio aperfeiçoamento e perpetuação.
Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a lei do renascimento atinge os fins para os quais se encaminha.
Ocorre, entretanto, que a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência, e o Espírito, conquanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da faculdade de interromper, recusar, modificar, discutir ou adiar, transitoriamente, o desempenho dos compromissos que abraça.
Em muitos lances da experiência, é a própria individualidade, na vida do Espírito, antes da reencarnação, que assinala a si mesma o casamento difícil que faceará na estância física, chamando a si o parceiro ou a parceira de existências pretéritas para os ajustes que lhe pacificarão a consciência, à vista de erros perpetrados em outras épocas.
Reconduzida, porém, à ribalta terrestre e assumida a união esponsalícia que atraiu a si mesma, ei-la desencorajada à face dos empeços que lhe desdobram à frente. Por vezes, o companheiro ou a companheira voltam ao exercício da crueldade de outro tempo, seja através de menosprezo, desrespeito, violência ou deslealdade, e o cônjuge prejudicado nem sempre encontra recursos em si para se sobrepor aos processos de dilapidação moral de que é vítima.
Compelidos, muita vez, às últimas fronteiras da resistência, é natural que o esposo ou a esposa, relegado a sofrimento indébito, se valha do divórcio por medida extrema contra o suicídio, o homicídio ou calamidades outras que lhes complicariam ainda mais o destino. Nesses lances da experiência, surge a separação à maneira de bênção necessária e o cônjuge prejudicado encontra no tribunal da própria consciência o apoio moral da auto-aprovação para renovar o caminho que lhe diga respeito, acolhendo ou não nova companhia para a jornada humana.
Óbvio que não nos é lícito estimular o divórcio em tempo algum, competindo-nos tão-somente, nesse sentido, reconfortar e reanimar os irmãos em lide, nos casamentos de provação, a fim de que se sobreponham às próprias suscetibilidades e aflições, vencendo as duras etapas de regeneração ou expiação que rogaram antes do renascimento no Plano Físico, em auxílio a si mesmos; ainda assim, é justo reconhecer que a escravidão não vem de Deus e ninguém possui o direito de torturar ninguém, à face das leis eternas.
O divórcio, pois, baseado em razões justas, é providência humana e claramente compreensível nos processos de evolução pacífica.
Efetivamente, ensinou Jesus: “não separeis o que Deus ajuntou”, e não nos cabe interferir na vida de cônjuge algum, no intuito de arredá-lo da obrigação a que se confiou. Ocorre, porém, que se não nos cabe separar aqueles que as Leis de Deus reuniu para determinados fins, são eles mesmos, os amigos que se enlaçaram pelos vínculos do casamento, que desejam a separação entre si, tocando-nos unicamente a obrigação de respeitar-lhes a livre escolha sem ferir-lhes a decisão.

Emmanuel
Psicografia : Francisco Cândido Xavier - Livro : Vida e Sexo – Cap. 8 – Pág. 37

terça-feira, 17 de agosto de 2010

MORTE CEREBRAL: ASPECTO MÉDICOS E ESPIRITUAIS

O tema relativo à morte cerebral tem sido largamente discutido na atualidade, motivado por dois principais aspectos. O primeiro diz respeito ao prolongamento da vida de pacientes que agonizam, por vezes durante semanas, até mesmo meses, em unidades de tratamento intensivo, quando recursos de alta tecnologia podem ser empregados com finalidade de prolongamento da vida física. O segundo relaciona-se com a doação de órgãos para transplante, discutido em toda a imprensa de nosso país, em virtude da recente lei que passou a considerar a todos como doadores potenciais, caso não se manifestem previamente em contrário.
Como se sabe, há casos de transplantes, como o do coração, por exemplo, em que o órgão precisa ser retirado do doador, estando esse ainda com vitalidade, caso contrário o transplante não se faz com sucesso. A questão que surge, então, e que tem sido alvo de discussão por parte da sociedade, é a da determinação do momento da morte.
Tradicionalmente, a morte sempre foi associada à parada dos batimentos cardíacos, desde épocas remotas. Com o tempo e os avanços da Fisiologia, o cérebro foi ganhando mais importância do que o coração, na consideração do diagnóstico de morte. A primeira definição de morte encefálica foi divulgada por volta de 1968 por uma comissão especialmente criada para essa finalidade na Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos. Essa comissão deslocou o conceito de morte da parada cardíaca para a morte encefálica.
A legislação brasileira sobre o assunto decidiu que o diagnóstico de morte encefálica deveria ser definido pelo Conselho Federal de Medicina, o que resultou na Resolução n° 1346-91.
Mais tarde, os critérios foram aperfeiçoados pela Resolução n° 1480-97, do Conselho Federal de Medicina, atualmente em vigor. Além de estabelecer critérios clínicos precisos para diagnóstico, a Resolução do CFM recomenda, ainda, para pacientes acima de dois anos de idade, a realização de exame complementar dentre os que analisam a atividade circulatória cerebral ou sua atividade metabólica. Para pacientes acima de uma semana de vida, até dois anos de idade, sugere-se a realização de um eletroencefalograma, com intervalos variáveis de acordo com a idade.
Tal recomendação é oportuna e revela uma grande cautela, porque em vários outros países, inclusive nos Estados Unidos, curiosamente, tais exames complementares são dispensados pela lei, e o diagnóstico de morte cerebral é feito somente com base no exame clínico.
O diagnóstico de morte cerebral, entretanto, não impede e nem dispensa a adoção de qualquer atitude terapêutica pertinente, na opinião da maioria dos neurologistas. Significa, apenas, para o momento dos nossos conhecimentos médicos, "a impossibilidade do retorno à vida".
No futuro, é possível que critérios de morte encefálica possam ser modificados, pois a Ciência avança a cada dia.
Novidades acontecem, e já há até quem defenda certas técnicas de hipotermia (abaixamento da temperatura do corpo), que teriam a possibilidade de recuperar casos antes tachados de irreversíveis. Todavia, esse é o modo como os neurologistas encaram o problema atualmente.

E do ponto de vista espiritual, o que podemos dizer?
Em 1857, quando da publicação de O Livro dos Espíritos, a humanidade ainda não se defrontava com transplantes e UTIs, de forma que não há referências a essas questões no Capítulo III, da Segunda Parte, que trata da volta do Espírito ao Mundo Maior. Os Espíritos Superiores fixam o instante da morte no momento em que, "rompidos os laços que retinham o Espírito, ele se desprende" (O Livro dos Espíritos, questão n° 155).
Evidentemente que nenhum método diagnóstico utilizado pela medicina é capaz, até o momento, de precisar o instante em que o Espírito se desprendeu do corpo físico definitivamente. Os métodos de que dispomos nos informam que o cérebro está impossibilitado de expressar o Espírito, somente isso.
Por outro lado, a questão n° 156 diz que "na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais que a vida orgânica...", sugerindo que o desprendimento já ocorreu, a desencarnação já se consumou, embora o coração continue a bater.
Conseqüentemente, do ponto de vista espiritual, tanto o corpo pode funcionar, tendo a desencarnação já se efetivado, quanto pode ocorrer a morte cerebral e o Espírito não ter ainda efetivado sua liberação total da carne.
A morte cerebral, no atual estágio dos nossos conhecimentos, representa apenas uma impossibilidade/irreversibilidade de expressão via corpo físico, mas não representa o instante da desencarnação, nem a garantia de que o Espírito já tenha partido definitivamente. A pergunta l56 diz que a situação descrita (desprendimento do Espírito com o corpo ainda funcionando) acontece algumas vezes e não todas as vezes.
Por isso mesmo, temos de encarar tal questão com bastante cautela e humildade, reconhecendo, como em muitas outras questões, que será necessário aguardar mais um pouco para o surgimento de informações mais esclarecedoras. Até lá, prudência e paciência são o mais aconselhável.
Não se pretende aqui a defesa do prolongamento artificial, muitas vezes agressivo e doloroso, do paciente indubitavelmente agônico; mas recomenda a Ética que medidas básicas sejam empregadas para deixar que a Vida decida pela permanência ou não do indivíduo no corpo físico.
A doação de órgãos é sublime, na medida que uma vida física inviável proporciona vitalidade a outra com possibilidades de permanência no campo físico. Entretanto, tal doação precisa respeitar, em primeiro lugar, a existência que está findando, caso contrário não podemos garantir que o ato ocorreu dentro de um sentido ético, ainda mais levando em conta a correria desenfreada que se instalou na busca por um transplante.
Eutanásia e homicídio são situações delicadas frente às Leis Divinas. Avanços da Ciência e mais informações da Espiritualidade auxiliarão os homens, com certeza, a definir melhor certos pontos ligados à morte cerebral e ao momento do desenlace, que não estão ainda devidamente - do ponto de vista espiritual - esclarecidos.

Gilberto Perez Cardoso
Boletim do SEI – nº 1569 

sábado, 14 de agosto de 2010

A RECOMENDAÇÃO DETESTADA

Em plena sessão de assistência fraterna, uma senhora mirrada e pálida dirigiu-se ao Espírito de Irmão Calimério, incorporado à médium do grupo, e expôs o seu caso, comovedoramente:
- Meu benfeitor, venho suplicar-lhe proteção!... Salve-me, por piedade!...
- Diga, irmã, em que lhe posso ser útil – respondeu, afável, o interpelado -; reconheço a minha deficiência, mas estou pronto a cooperar com você nas orações.
A sofredora criatura, como se tocada no imo das próprias chagas, prorrompeu em pranto e acentuou:
- Tenho meu lar em extrema luta. Meu esposo e eu debalde procuramos trabalho. Tenho quase certeza de que pesada falange de Espíritos malignos e conturbados nos segue de perto... Certo vidente já me afiançou que retenho forças mediúnicas, em franco desabrochar. Além disso, comumente me vejo em sonhos que são verdadeiros avisos. Ouço vozes noturnas, ao deitar-me, chamando-me em surdina ou implorando socorro que não sei como dispensar. De outras vezes, não somente durante a noite, mas também no curso do dia, vejo-me na posição de peça vibrátil, alimentada por pilhas elétricas, tais os incessantes choques de que sou vítima, qual se vivesse rodeada por diversas pessoas invisíveis a zombarem de minha fragilidade... Tenho procurado o patrocínio de médicos especializados, sem a mínima vantagem. Respiro entre injeções e comprimidos, castigada por regimes cruéis. Acredito que a intervenção espiritual me colocaria a salvo de semelhantes inquietações...
E elevando o tom de voz, acrescentava:
- Por quem é, meu amigo, estenda-me braços protetores! Diga-me! Como devo proceder para sanar os óbices que me impedem o acesso às fontes da paz? Como livrar-me das determinações dos psiquiatras que me receitaram o internamento com aplicações de insulina?
Ante as lágrimas a inundarem o rosto da consulente, o respeitável mensageiro considerou:
- Noto a extenção de seus obstáculos. Não chore, porém. Reanime-se e viva. Há milhares de pessoas na mesma situação. O seu caso, efetivamente, resume-se em desarmonia vibratória no campo mental. Entidades desencarnadas, sedentas de emoção terrestre, se lhe aproximam da organização psíquica provocando pesadelos e outras complicações. Os médicos do mundo encontrarão sempre reais dificuldades para solucionar-lhe o enigma, porque os sedativos amolecem os nervos, mas não trazem a equação desejável. Você agora defronta com os imperativos da transposição de plano e de renovação da vida. É imprescindível, assim, o seu preparo interno, habilitando-se à sintonia com os mensageiros da esfera superior. E creia que a porta de acesso à posição devida é o trabalho infatigável no bem. Nossa casa é um templo de consolação e serviço. Venha, pois, minha amiga, e inicie o seu ministério de amor cristão. No estudo das realidades eternas e no serviço aos irmãos necessitados, acenderá a sua lâmpada para o caminho. À medida que seu esforço se faça mais dilatado, nas aquisições de sabedoria e de amor, maior brilho adquirirá sua luz. Não convém, entretanto, a sua vinda, até nós, entre hesitação e o cansaço prévio. Apareça, metodicamente, com o espírito de perseverança e fé vigorosa, convencida quanto às montanhas de imperfeições que nos cabe remover, no país de nossa alma, para que a bênção do Senhor resplandeça em nós mesmos. Não pense que nós, os desencarnados, estejamos livres da cadeia benéfica do dever. Não somos emissários infalíveis e, sim, trabalhadores do bem, com o vivo desejo de acertar. Venha e auxiliemos, juntos, aqueles que se encontram mais necessitados que nós mesmos...
A visitante, menos entusiasta, indagou, com desapontamento:
- Então, quer dizer que aqui não me podem curar de vez?
- Sim – esclareceu Calimério, com segurança -, podemos ajudá-la a restaurar-se. Cada Espírito é médico de si mesmo, sob a orientação de Jesus. Ninguém pode antepor-se à Lei. A árvore não cresce num minuto, o sábio não se forma num dia e não podemos criar um anjo à maneira dum pinto na chocadeira. Quem pretender melhoria e perfeição, trabalhará sem desânimo. Assim, pois, minha amiga, sigamos servindo com o mestre, para frente.
A senhora enferma e necessitada nada mais respondeu e, por ter ouvido a recomendação de serviço, ao invés de frases veludosas que a embalassem no colchão de ociosidade espiritual, enxugou os olhos, sob escura revolta, e foi a primeira a varar a saída, empertigada e solene, sem olhar para trás.

Livro Relatos da Vida - Psicografia Francisco C. Xavier - Espírito Irmão X

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CONFIA EM DEUS, ELE TE SUSTENTARÁ E NADA TE FALTARÁ

Irmão,
As dificuldades existem, mas, nem por isto, te deverás deixar abater. Em Deus, encontrarás os recursos necessários que te animarão à luta e te farão vencê-la.
Mas não te preocupes em demasia com as necessidades terrenas, ponhas, antes, a tua confiança em Deus, certo de que Ele não te abandonará e muito menos te deixará entregue à própria sorte.
Jesus, o Divino Mestre, ensinou-nos a confiar no Pai, que, generoso, nos assiste sempre e conhece as nossas necessidades.
O Mestre, durante a Sua passagem pela Terra, ensinou-nos o amor, a fé, a esperança e a caridade, como diretrizes seguras de uma aproximação com Deus, porque Deus, em verdade, é o amor, a fé, a esperança e a caridade.
E hoje, passados quase vinte séculos da Mensagem de Amor, o Mundo precisa de uma demonstração de amor, de fé, de esperança e caridade.
Há ódio, egoísmo, orgulho, ambição, luxúria, concupiscência, vaidade e crime por toda a parte. Há, em conseqüência do medo de viver, intranqüilidade e insegurança em quase todos os corações.
O homem descrê das virtudes, busca antes os prazeres fáceis, o luxo, a riqueza e as comodidades, indiferente às dificuldades dos demais. E no entanto, a solução dos problemas é tão fácil e ao alcance das mãos. O Cristianismo venceu o Mundo. A luta dos primeiros tempos é, hoje, história. Mas o Cristianismo, paradoxalmente, sofreu uma transformação muito grande, perdendo o viço do passado. Houve uma acomodação. Em seus primeiros séculos de existência, o Cristianismo pregou e praticou o amor, pregou e praticou a caridade, em assistência espiritual e material, não recuando os cristãos nem mesmo diante da tortura, do sacrifício e da morte. Após a sua vitória, como nova religião permitida, procuraram os cristãos da segunda hora usufruir das vantagens da vitória, entregando-se ao luxo e ao fausto, esquecidos das lutas dos discípulos de Jesus e até mesmo do próprio holocausto do Mestre. Da ação passaram à veneração dos Mártires, esperando destes o socorro e ajuda, enquanto, estáticos gozavam as delícias da vitória. E os problemas do Mundo se avolumaram. O Cristianismo devia tê-los resolvido todos se os cristãos modernos tivessem seguido o exemplo dos primevos.
O Cristianismo se propôs revolucionar o Mundo pelo amor. E os cristãos que se seguiram ao Mestre, seguindo o caminho trilhado e mostrado pelo Mestre, encheram a Terra de amor, abnegação, altruísmo, esperança e fé. E lutaram, como lhes ensinara Jesus, para a implantação do Reinado do Amor. A luta do cristão é uma guerra santa. As suas armas são o amor, a fé, a esperança e a caridade.
É preciso, irmão, que reinicies a luta. Arma-te, pois, de muito amor. Este, só este, poderá ser a tua arma. Proponha-te a reiniciar a revolução iniciada há quase dois mil anos. O Mestre espera de ti, espera de nós, esta retomada. É preciso curar o Mundo que padece dos males do passado, e, agora, bem mais fortes e, assim, recomece a mudança operada nos primeiros séculos, para que ele não venha a perecer por falta de amor.
Todos se preocupam com o porvir, sem esperança, sem crença e sem fé no amanhã. Este é uma grande interrogação. As nações se armam, e as mais poderosas investem vultosas somas em pesquisas de material bélico cada vez mais exterminador. Há receio, medo e pavor em toda parte. A vitória da guerra do futuro deixará ao vencedor – e haverá vencedor? – o prêmio dos destroços da miséria.
Arma-te, irmão, de amor. Esta é a única arma que, triunfando, não deixa vencidos: serão todos vencedores, porque o amor só constrói.
Reinicia a luta dos primeiros cristãos. O Mundo precisa de paz, e só o amor pode fazer triunfar a paz; o Mundo precisa de luz, e só o amor pode inundar de luz a Terra; o Mundo precisa de compreensão e entendimento, e só o amor pode esparzir entendimento e compreensão. Viva para o Mundo, nos preceitos do Evangelho de Jesus. Viva para Jesus, ensinando às criaturas o amor de Deus.
Faça a tua prece a Deus, todos os dias, em oração e atos. Com o coração, ora; com a tua vida, trabalha. Erga os teus olhos aos Céus, em súplica de paz e amor; estenda os teus braços e as tuas mãos ao irmão em auxílio confortador de irmão mais afortunado. Ajuda a instalar na Terra o Reinado do Cristo Jesus. Esta é a tua tarefa, que comunicará aos outros nos teus gestos, na tua fala e nas tuas realizações.
PAZ EM CRISTO

EMMANUEL
Mensagem recebida por Expedito Luiz Leão
Viçosa, 01 de setembro de 1979

domingo, 8 de agosto de 2010

A FORÇA DO AMOR

Amigos e irmãos, abraço-os fervorosamente.

Nesta oportunidade, desejo compartilhar com os companheiros um fato relacionado ao suicídio que resultou numa serie de ações, desenvolvidas ao longo de 18 meses, aproximadamente, mas cujo desfecho superou todas as expectativas, mesmo as inimagináveis.

As regiões de sofrimento onde vivem os suicidas, de todas as categorias, são inúmeras e vastas nos planos do Espírito. brotam de um dia para outro, pois os excessos da Humanidade tem reduzido o tempo de reencarnação para um numero significativo de pessoas. Os atentados contra a manutenção da saúde, mental e psicológica atingem cifras realmente assustadoras.

A campanha EM DEFESA DA VIDA, conduzida pelos Espíritas, é ação que ameniza a situação. Mas algo mais intenso e abrangente, que envolva a sociedade, urge ser desenvolvido.

Assim, passamos ao nosso relato.

Localizamos em determinado nicho, em nosso plano, uma comunidade de suicidas vivendo em situação precária, em todos os aspectos. Chamava a nossa atenção que tal reduto de dor nunca reduzia de tamanho. Ao contrario, contabilizávamos um numero crescente, dia após dia. Procurando analisar a problemática por todos os seus ângulos, verificamos que no local, incrustado em espaço de difícil acesso, existia uma espécie de “escola” – se este é o nome que se pode utilizar – cujos integrantes se especializaram em indução ao suicídio: técnicas, recursos e equipamentos sofisticados eram desenvolvidos para que encarnados cometessem suicídio.

O suicida era, então, conduzido à instituição e, sob tortura, a alma sofredora fornecia elementos mentais que serviam de alimento à manutenção de diferentes desarmonias que conduzem o homem ao desespero.

Fomos surpreendidos pela existência de tal organização e estarrecidos diante do fato, de como a alienação, associada a maldade, pode desestruturar o ser humano.

Após tomar conhecimento dos detalhes, um plano de trabalho foi definido, depois que um mensageiro de elevada região veio até nós.

Durante algum tempo pelejamos para sermos adequadamente preparados, inclusive aprendendo a liberar vibrações mais sublimadas, a fim de fornecer a matéria mental e sentimentos puros que pudessem erguer um campo de força energético ao redor do local.

Almas devotas estiveram conosco permanentemente, instruindo-nos, fortificando-nos e nos revelando a excelsitute do amor. Entretanto, era preciso fazer algo mais. Desfazer a organização não representaria, em principio, maiores problemas; o desafio seria convencer os instrutores a não fazer mais aquele tipo de maldade. Várias tentativas foram enviadas, neste sentido. Orientadores esclarecidos da Vida Maior foram rejeitados e até ridicularizados. Nada conseguíamos com os dirigentes daquela instituição, voltada para a prática do suicídio.

Mas, a vitoria chegou, gloriosa, no final da tarde de domingo último, (1) quando, convidados a participar do encerramento do Congresso, aqueles dirigentes presenciaram a luminosidade do amor. Conseguiram, finalmente, ver o significado da vida, a sua importância e fundamentos.

Foram momentos de grande emoção que envolveu a todos nós, quando um nesga de luz desceu sobre os encarnados e desencarnados no exato instante em que todos, em ambos os planos da vida, se deram as mãos e cantaram em prol da paz.

A nesga de luz se alargou, cresceu, envolveu a todos. A força do amor jorrou plena e, em sublime explosão, rompeu o ar, circulou sobre a cabeça de todos, espalhou-se como poderosa onda para o além do recinto, ganhando a cidade.

Brasília se nimbou de luz, no ar, no solo, nas águas. À nossa visão estupefata e maravilhada parecia que uma nova estrela estava surgindo. Os seres da Criação, vegetais, animais e hominais, os elementos inertes, rochas e minerais, as construções humanas, prédios, edifícios, avenidas, bancos, repartições publicas e privadas, residências, tudo enfim, foi banhado por luz pura e cristalina que jorrava do alto.

Célere, a bela luminosidade espalhou do coração da Pátria para todos os recantos do Brasil, das Américas, da Europa, África, mais além, no Extremo e Médio Oriente, atingindo a todos os continentes, países e cidades. Alcançou os polos do Planeta, girou, em bailado sublime, por breves minutos ao redor da Terra e se prolongou mais além, em direção ao infinito.

Jesus tinha se aproximado do Planeta, em brevíssima visita de luz, amor e compaixão.

Jamais presenciei tanta beleza e tanta paz!

Com afeto.

Yvonne Pereira.
Mensagem recebida por Marta Antunes de Moura, na Federação Espírita Brasileira em 22 de Abril de 2010.
Reformador Ago.2010

(1) Domingo, 18 de Abril de 2010: dia do encerramento do 3º Espírita Brasileiro. Todos os presentes cantavam, emocionados, a musica pela paz.