quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

ANO NOVO - NOVO ANO

Ao término de cada ano, damos guarida à idéia de que o novo ano será melhor, mais luminoso, mais profícuo. Novo Ano tivemos ontem, têmo-lo agora, têmo-lo-emos amanhã e depois, depois e sempre.
Novo Ano diz respeito à seqüência natural da vida, ocasião de nos reorganizarmos, raciocinarmos sobre novas e atuais posições, como, por exemplo, melhor aproveitamento do tempo - esse mercado de oportunidades que nos foi concedido para a construção do bem, ótimo ensejo de semearmos o que iremos colher num futuro próximo. A hora que passa é preciosa demais para que lhe percamos a grandeza. Elaboremos, pois, o nosso calendário e aproveitemos os dias, as horas e os minutos para fazermos o máximo que nos for possível na sementeira do bem. O tempo é irreversível, não volta mais. Talvez, por isso mesmo, nos mundos felizes ou nos espaços siderais o tempo seja inexistente e os Espíritos vivam num eterno presente.
O tempo diz respeito a quem está em marcha e percebe que as coisas não são fixas ou permanentes. Eis porque no ser inteligente há ânsia, há busca, há desejo de refazer, recomeçar, repensar, esclarecer dúvidas ou incertezas. Vive-se ao sabor das surpresas do caminho. Somos felizes ou infelizes, até o instante em que percebemos a insatisfação ou por ela somos surpreendidos, ou despertamos para a realidade do que efetivamente somos.
Julgamos então ser nosso o equívoco quanto à felicidade que pensávamos haver alcançado, ou concluímos que não éramos tão infelizes quanto supúnhamos, e, nesse sentido, quanto mais imperfeito é o indivíduo, maior é a soma de suas insatisfações e menos estável é a sua felicidade, que é algo que construímos dentro de nós e que nada tem a ver com os bens materiais que são passageiros. A perfeição que buscamos alcançar pelo exercício diuturno do Evangelho conduz-nos direta e ininterruptamente aos gozos eternos e inconspurcáveis do Espírito. Perder tempo é, pois, obstacular a caminhada no roteiro da Luz.
Ano Novo significa mais um trecho que temos a percorrer em nossa caminhada na Crosta Planetária, uma ótima oportunidade para um balanço total de nossa vida. Isso sugere a idéia de viagem... Quando pensamos viajar, cogitamos logo de preparar a bagagem, pondo tudo em ordem, separando as coisas necessárias para levar. Prevenimos o numerário suficiente para as despesas, enfim, tomamos todas as medidas cabíveis para nos assegurar uma ida e uma volta isentas de embaraços. O Espiritismo, quando penetra em nossa intimidade, convida-nos a realizar duas grandes viagens:
· a primeira, para dentro de nós mesmos, em busca do autodescobrimento, através do qual conheceremos os equívocos a serem corrigidos e as conquistas salutares a serem ampliadas;
· a segunda, para fora de nós, em busca do outro, dos carentes e necessitados de nosso amor e compreensão que surgem com campo propício para a semeadura das descobertas anteriores.
Diante do ano que findou e de um que se inicia deve ser o bem, o amor a nossa meta. A transformação moral definitiva começa no desejo íntimo e concretiza-se na ação renovadora. Ninguém espere encontrar na vida um mar de rosas; necessário se faz aprendermos a lidar com as nossas emoções e sentimentos.
O desafio, porém, precisa ser enfrentado, mesmo à custa de lágrimas. A “boa luta”, a que Jesus se referiu, começa na coragem de mergulharmos no imo de nós mesmos, para alcançarmos o nosso propósito: vencer do princípio ao fim, do primeiro ao último dia do Ano Novo, observando uma conduta reta e a mais elevada possível, pensando tão-somente no Bem que elegeremos para luz de nosso caminho. O que importa, em essência, não é propriamente a passagem de um ano para outro, coisa que sempre se deu e se dará à nossa revelia, e sim as condições da bagagem espiritual com que entramos no Ano Novo: para que ele seja realmente bom como o concebemos, precisamos renovar-nos.
Muita paz e um Ano Novo repleto de realizações.








domingo, 27 de dezembro de 2009

ANO NOVO... VELHOS DESAFIOS


Começamos um novo ciclo de atividades ou apenas continuamos?
O Ano Novo chegou trazendo velhas dificuldades do Ano Velho que se foi. Ano vai, ano vem e o tempo continua sua marcha inexorável.
Essas reflexões nos despertam para a necessidade de continuarmos nossa luta no caminho da evolução.
Não houve uma pausa, um hiato na obra da criação. São apenas experiências vividas que nos remetem a um balanço das realizações.
Vitórias... fracassos...
Sonhos realizados... sonhos desfeitos...
Planejamentos cumpridos... planejamentos deixados a meio do caminho...
Amizades reafirmadas... companheiros que se tornaram adversários...
Encantos... desencantos...
Familiares que se fizeram presentes em todas as horas... familiares que se distanciaram...
Bom ânimo no trabalho, doando-nos por inteiro para que a obra continuasse... desânimo provocado pela incompreensão de alguns...
Encontros... desencontros...
Novas aquisições no campo do conhecimento... mais conhecimento de que muito pouco sabemos...
Mais um ano vivido... menos um ano para viver...
São meditações no campo de nossa participação individual nos círculos em que diretamente operamos, mas existem outras, de amplitude maior, direcionadas ao Mundo, nosso Mundo, o Planeta que habitamos, em cujo contexto enfrentamos os desafios que têm por objetivo nos impulsionar na caminhada evolutiva.
O nosso Mundo foi palco de grandes testemunhos no ano que passou:
Império econômico, que parecia inexpugnável, se viu abalado em sua grandeza, surpreendido pelo terrorismo; criaturas que se fizeram terroristas pelos muitos anos de opressão e anonimato, tornaram-se "notícia"; religiosos empunhando a bandeira do Cristo, matando em seu nome, quando Ele nos ensinou a amar-nos uns aos outros.
Época de grandes desafios!
Desafios na família - como conduzi-la?
Desafios no mercado de trabalho - como garantir o emprego?
Desafios na saúde - como combater o Câncer, a AIDS, as drogas?
Desafios na segurança pessoal - como vencer a violência (no lar, na rua, no trabalho, no lazer)?
Desafios na sexualidade - como usá-la com o devido respeito aos sentimentos próprios e alheios?
Desafios, múltiplos desafios...
Parece que nunca esteve tão claro para nós - vivemos, realmente, o fim dos tempos de um Mundo de expiações e provas. É a fase de transição, onde se patenteia a Lei de Destruição (L.E. 3ª parte - cap. VI) para que a Terra possa ser refeita em outras bases mais sólidas, não com alicerces de pedras, mas com alicerces morais. E para que chegue à Regeneração, isso não se dará sem grandes e dolorosos transtornos, tanto na área política, quanto na social, econômica e moral.
Como nos posicionarmos nesse momento da necessária transformação?
Será que a solução virá através dos estudiosos e tratadistas em direito, política, sociologia, ética, religião, ou virá através da renovação interior do próprio homem?
Somente o homem poderá promover a tão sonhada Regeneração da humanidade e isto só ocorrerá quando se dispuser a fazer bom uso de sua consciência, suas emoções, seus sentimentos, diante dos inúmeros desafios que estará a enfrentar.
Já se iniciou o processo que levará a Terra à condição de mundo de regeneração, com os expurgos que já vêm acontecendo.

Um companheiro espiritual e amigo de nossa Liga Espírita de Campos deixou para nós em 19/11/01, por intermédio da psicografia, o seguinte recado, convidando-nos a refletir:

Se te baterem na face direita, apresenta a outra.
Amar os inimigos.
Não matar.
Ter a fé do tamanho de grão de mostarda e mover montanhas.
Ser chamado e escolhido.
Perdoar não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes.
Ser bem-aventurado.
Atitudes de mansuetude, de brandura, de calma.
Amar a Deus, ao próximos e a si mesmo.
Não vos preocupar com o dia de amanhã, mas fazer vossa parte hoje.
Desafios e desafios para o homem de hoje que usa a modernidade que se estende através das máquinas, da tecnologia...
Mas, que é o homem?
Que faz ele na Terra de Provas e Expiações?
Para que foi criado?
"Agora, façamos o homem a minha imagem e semelhança para que ele possa reinar na água, na terra e no céu."
Que é que temos feito, meus amigos, com tantas oportunidades?
Como temos aproveitado os desafios que têm o propósito de nos ensinar a sermos fortes, destemidos, seguros e confiantes?
Desafios que nos têm levado aos momentos de aprendizado do que somos, o que estamos a fazer aqui e para onde vamos após.
"Buscais e achareis". O esforço da busca, meus amigos, nos propiciará o reencontro com nós mesmos e com a plenitude de nossos espíritos.
O mundo se renova, se transforma.
O mundo se modifica e precisamos estar a acompanhá-lo, no esforço, no sentimento e na razão daqueles que querem realmente passar pela porta estreita e encontrar o caminho do dever cumprido para com Deus e com eles mesmos.
Os desafios aí estão e Jesus nos convida a crescer.
Que busquemos a auto-iluminação na prática do bem, do amor e da fraternidade.

De um amigo espiritual
Médium: Rosiléia Belo Pessanha

Por que teimamos em abandonar as suas diretrizes em busca de filosofias outras, mais sofisticadas, tentando distorcer a simplicidade das lições do Mestre?
Renunciar, perdoar, praticar a caridade, livrar-se do orgulho, perseverar no trabalho do bem são os grandes desafios aos quais Jesus nos submete.
Seria bem mais fácil se seguíssemos o nosso modelo - JESUS.
Jesus sendo sábio foi humilde;
Humilhado, perdoou;
Solicitado, curou os enfermos do corpo e da alma;
Perseguido, não fugiu; enfrentou a multidão;
Crucificado, compreendeu a falência moral dos seus acusadores - "Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem".

Artigo publicado na
REVISTA ESPÍRITA DE CAMPOS

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL


YVONNE DO AMARAL PEREIRA



Véspera de Natal de 1900, seis horas da manhã. Na pequena vila de Santa Tereza de Valença, hoje rio das Flores, Estado do Rio de Janeiro, renasce em lar espírita Yvonne do Amaral Pereira, primogênita do casal Manoel José Pereira Filho e Elizabeth do Amaral Pereira. Teve cinco irmãos, além de outro mais velho, filho do primeiro casamento de sua mãe.
Seu pai, pequeno comerciante, homem generoso de coração e desprendido dos bens materiais, faliu por três vezes por favorecer a clientela em prejuízo próprio.
Tornou-se, pouco depois, funcionário público, de cujos parcos proventos viveu até sua desencarnação, em 1935.
Yvonne viveu em lar pobre e modesto. Aprendeu com os pais a servir os mais necessitados, pois em sua casa eram acolhidos com carinho pobres criaturas sem recursos, inclusive mendigos.
Contam seus biógrafos que, com 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta, em estado de catalepsia.
Durante 6 horas permaneceu nesse estado.
O médico e o farmacêutico atestaram a morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul, e o caixão encomendado. A mãe, que não acreditava que a filha estivesse morta, retirou-se para um aposento, onde orou fervorosamente a Maria de Nazaré, pedindo que a situação fosse definida. Instantes depois, a criança acordou em prantos.
Sua infância foi povoada de fenômenos espíritas, muitos deles narrados no livro Recordações da Mediunidade. Aos 4 anos já se comunicava com os Espíritos, que considerava pessoas normais, encarnadas. Duas entidades lhe eram particularmente caras. O espírito Charles, que fora seu pais carnal e a quem considerava como tal, devido a lembranças vivas de uma encarnação passada. Foi seu orientador durante toda a sua a vida, inclusive nas atividades mediúnicas.
O espírito Roberto de Canalejas, que fora médico espanhol em meados do século XlX, era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha ligações espirituais de longa data. Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades evoluídas, como o Dr.Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco e Frédéric Chopin.
Aos 8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial. Aconteceu à noite e a visão que teve marcou-a pelo resto da vida. Em espírito, foi parar ante uma imagem do “Senhor dos Passos”, na igreja que freqüentava. Pedia socorro, pois sofria muito. A imagem, então, cobrando vida, dirigiu-lhe as seguintes palavras : “Vem comigo, minha filha, será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam”. Aceitou a mão que lhe era estendida, subiu os degraus e não se lembra de mais nada.
De fato, Yvonne Pereira, foi uma criança infeliz. Vivia acossada por uma imensa saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e que lembrava com extraordinária clareza. Considerava seus familiares, principalmente seus pais e irmãos, como estranhos . Para ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. Esses sentimentos desencontrados e o afloramento das dificuldades mediúnicas faziam com que tivesse comportamento considerando anormal por seus familiares. Por esse motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna.
Em ambientação reencarnatória propícia, teve aos 8 anos o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente “O evangelho segundo o Espiritismo” e O livro dos Espíritos, que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida um bálsamo nas horas difíceis. Aos 13 anos começou a frequentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes. Teve como instrução escolar apenas o curso primário. Não pôde, por motivos econômicos , fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a boa leitura, tanto que, aos 16 anos, já tinha lido obras de grandes autores como Goethe, Bernardo Guimarães , José de Alencar, Alexandre Herculano e Arthur Conan Doyle. Desde cedo teve de trabalhar para o seu próprio sustento.
O fenômeno de catalepsia foi comum na sua vida a partir dos 16 anos. A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira foram coletados no mundo espiritual através deste processo. A sua mediunidade, porém , foi diversificada. Foi médium psicografa e receitista, assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas e Bittencourt Sampaio.
Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os trabalhos que mais gostava de fazer, no campo da mediunidade, eram os de desdobramento, incorporação e receituário homeopático. Nessa última atividade trabalhou em diversos centros espíritas de várias cidades em que morou durante seus 54 anos de labor mediúnico.
Como médium psicofônica , pôde entrar em contato com obsessores, obsidiados e suicidas, aos quais devotava um carinho especial sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos. Costumava ler nos periódicos e jornais nomes de suicidas e orava por eles constantemente, catalogando-os num livro de preces criado por ela. Era o que fazia como forma de reparação ao seu suicídio pretérito por afogamento. Passado algum tempo, muitos deles vinham agradecer-lhe as orações e davam-lhe fortes abraços passeando com ela de braços dados pelo casarão em que morava, sem que ela, confusa, soubesse distinguir se o visitante era encarnado ou desencarnado...
Pelo desdobramento noturno Yvonne Pereira visitava o mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje nos deleitamos.
Deixou 20 obras de sua lavra mediúnica, entre as quais Memórias de um Suicida, considerada por Chico Xavier a que melhor retrata a profundeza do Umbral. Este livro, ditado pelo espírito Camilo Castelo Branco, que usou o pseudônimo de Camilo Cândido Botelho, foi recebido em 1926, mas editado somente 30 anos depois, em 1956, pela FEB.
São também de sua autoria os seguintes livros: Nas telas do Infinito, Amor e Ódio, Nas voragens do Pecado, O Drama da Bretanha, Cavaleiro de Numiers, Ressurreição e Vida, Sublimação, Dramas da Obsessão, Devassando o Invisível, Recordações da Mediunidade, tendo como autores espirituais Bezerra de Menezes, Charles, Leão Tolstoi e Roberto de Canalejas.
Embora conhecesse bem a arte poética, jamais psicografou qualquer poema.
Deixou uma série de 10 livros destinados ao público infanto-juvenil, recebidos por intuição e supervisionados por Bezerra de Menezes e Leon Denis, livros que ainda não vieram a lume.
Diz Yvonne, em entrevista a Jorge Rizzini em 1972: “a formação do meu caráter foi feita pelo Dr.Bezerra”. Segui sempre os conselhos dele. Mas houve outros espíritos que me guiaram, como Bittencourt Sampaio e Eurípedes Barsanulfo, com quem trabalhei muito, principalmente em curas de paralíticos.
“A maior parte de sua atividade Mediúnica foi exercida em Lavras-MG e outras cidades de Minas Gerais”.
Foi esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantista, tanto no Brasil quanto no exterior.
Yvonne Pereira serviu como médium de 1926 a 1980, quando um acidente vascular cerebral impossibilitou-a para a atividade mediúnica.
Sempre humilde, terna e vivaz, morava num casarão em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, em companhia de sua irmão casada , Amália Pereira Lourenço, também espírita.
Na noite de 09 de março de 1984, vitimada por trombose, desencarnou durante uma cirurgia a que se submetera no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado no cemitério de Inhaúna. Tinha 83 anos e mantivera-se solteira, cumprindo dignamente o mandato mediúnico exercido com amor e total devotamento ao semelhante.

Transcrito: Jornal “O ESPÍRITA MINEIRO”

domingo, 20 de dezembro de 2009

PERGUNTAS FREQÜENTES

O que é o Espiritismo?
É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
“O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.” Allan Kardec (O que é o Espiritismo – Preâmbulo)
“O Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.” Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo – cap. VI – 4)

O que é reencarnação?
Os Espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu aprimoramento. O objetivo da reencarnação é a evolução.
 
O que é mediunidade?
A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem. Mas atenção: prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã. Portanto, em hipótese alguma o médium poderá cobrar dinheiro, exigir ou aceitar qualquer forma de recompensa (presentes, dádivas, agrados, etc.) por suas atividades mediúnicas.

O que são os Espíritos?
Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Constituem o mundo dos Espíritos, que preexiste e sobrevive a tudo. Os Espíritos são criados simples e ignorantes. Evoluem, intelectual e moralmente, passando de uma ordem inferior para outra mais elevada, até a perfeição, onde gozam de inalterável felicidade. Os Espíritos preservam sua individualidade, antes, durante e depois de cada encarnação.

O que o Espiritismo informa sobre Jesus?
Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus. A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade.

Onde vivem e o que fazem os Espíritos desencarnados?
Além do mundo corporal, habitação dos Espíritos encarnados, que são os homens, existe o mundo espiritual, habitação dos Espíritos desencarnados. Eles estudam, trabalham e desenvolvem diversas atividades no mundo espiritual.

O Espiritismo tem entre seus princípios a crença em Deus?
Sim. O Espiritismo explica que Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. É eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. O Universo é criação de Deus. Abrange todos os seres racionais e irracionais, animados e inanimados, materiais e imateriais. Todas as leis da Natureza são leis divinas, pois que Deus é o seu autor. Abrangem tanto as leis físicas como as leis morais.

O que diz o Espiritismo sobre Jesus?
Jesus é o guia e modelo para toda a Humanidade. E a Doutrina que ensinou e exemplificou é a expressão mais pura da Lei de Deus. A moral do Cristo, contida no Evangelho, é o roteiro para a evolução segura de todos os homens, e a sua prática é a solução para todos os problemas humanos e o objetivo a ser atingido pela Humanidade.

O Espiritismo tem, entre seus princípios, a existência de vida em outros mundos?
Sim. A Doutrina Espírita esclarece que no Universo há outros mundos habitados, com seres de diferentes graus de evolução: iguais, mais evoluídos e menos evoluídos que os homens.

Quantos adeptos do Espiritismo há no Brasil?
De acordo com o Censo 2000 (IBGE), há 2,3 milhões de espíritas no Brasil.

Quantos Centros Espíritas existem no Brasil?
Cadastrados junto à Federação Espírita Brasileira há 10 mil Centros Espíritas.

 
Os Espíritos sabem todas as coisas?
Os Espíritos são as almas dos homens que já perderam o corpo físico. A exemplo do que observamos na Humanidade encarnada, o conhecimento que eles têm é correspondente ao seu grau de adiantamento moral e intelectual. A morte é uma passagem para a vida espiritual e não dá valores morais ou de inteligência a quem não os tem.

Os Espíritos podem reencarnar em corpos de animais?
Não. Os Espíritos evoluem sempre. Em suas múltiplas existências corpóreas podem estacionar, mas nunca regridem. A rapidez do seu progresso intelectual e moral depende dos esforços que façam para chegar à perfeição.

Espiritismo é o mesmo que Umbanda ou Candomblé?
Não. O Espiritismo é uma doutrina que surgiu na França, em 1857. Seu fundador foi Allan Kardec. O Candomblé e a Umbanda são doutrinas espiritualistas de origem africana.

Todos os Espíritos são iguais?
Não. Os Espíritos pertencem a diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado: Espíritos Puros, que atingiram a perfeição máxima; Bons Espíritos, nos quais o desejo do bem é o que predomina; Espíritos Imperfeitos, caracterizados pela ignorância, pelo desejo do mal e pelas paixões inferiores.

Somente pelo Espiritismo se pode ter contato com os Espíritos?
Não. As relações dos Espíritos com os homens são constantes e sempre existiram. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro.

O que é lei de causa e efeito?
É uma lei criada por Deus e que dispõe que o homem tem o livre-arbítrio para agir, mas responde pelas conseqüências de suas ações. O que fazemos de mal e de bem retornará para nós nessa mesma vida ou em existência posteriores. A vida futura reserva aos homens penas e gozos compatíveis com o procedimento de respeito ou não à Lei de Deus.

O que é a prece, de acordo com o Espiritismo?
A prece é um ato de adoração a Deus. Está na lei natural e é o resultado de um sentimento inato no homem, assim como é inata a idéia da existência do Criador. A prece torna melhor o homem. Aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. é este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.

Nas instituições espíritas há algum tipo de pagamento?
Não. Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

O Espiritismo revela algo novo?
Sim. O Espiritismo revela conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que regem a vida. Revela, ainda, o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.

O Espiritismo tem rituais ou sacerdotes?
Não. A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade. O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.

O Espiritismo é proselitista? Existem campanhas para que as pessoas se tornem Espíritas?
Não. O Espiritismo não impõe jamais os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.

Como o Espiritismo se relaciona com as demais religiões?
O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.
 
 

sábado, 19 de dezembro de 2009

A ESTRELA DE BELÉM



Segundo a tradição evangélica, uma estrela guiou a Belém os três sábios orientais, conhecidos como os reis magos Baltasar, Melchior e Gaspar.
A intenção era homenagear Jesus, o enviado divino.
Aparentemente, apenas o trio de peregrinos via o astro brilhante.
Ninguém mais foi conduzido à cidade de Davi.
Isso significa que somente eles possuíam aqueles “olhos de ver”, de que Jesus falaria várias vezes, reportando-se às pessoas dotadas de entendimento mais dilatado e de percepção para os valores espirituais.
...

A estrela de Belém fulge sempre no mês de dezembro, mostrando o caminho para que os discípulos do Evangelho rendam, também, homenagens a Jesus.
Os que têm “olhos de ver”, a partir de um entendimento mais amplo da mensagem cristã, percebem que ela não aponta em direção às Igrejas, aos Centros Espíritas, aos Templos Evangélicos.
Embora respeitáveis em suas finalidades, estimulando-nos à comunhão com Deus e ao cultivo das virtudes cristãs, não é neles que o Mestre nos espera.
Se prestarmos atenção, se observarmos com cuidado, perceberemos que a Estrela de Belém aponta para a periferia, para casebres tão humildes e pobres quanto a estrebaria que abrigou a família sublime.
Dizem os sociólogos que lá estão os excluídos, eufemismo com que definem os miseráveis que vivem abaixo da linha da pobreza.
Mais correto lembrar que lá estão, simplesmente, nossos irmãos!
É junto deles que Jesus nos procura, nos fala, nos chama, nos espera para as providências necessárias, a fim de que possam desfrutar de um Natal feliz, marcado pela abençoada esperança que viceja na alma dos sofredores, quando sentem que não estão abandonados à própria sorte.
...

Amigo leitor.
Comemore o Natal.
Abrace familiares e amigos, nos júbilos da abençoada Noite Feliz.
Mas, se deseja a presença do Mestre Divino, lembre-se: é preciso ir ao seu encontro, a fim de convidá-lo.
Contemple o Céu com “olhos de ver” e perceba a Estrela de Belém apontando os campos abençoados da solidariedade.
Ali encontraremos Jesus.

Richard Simonetti

Reformador Dezembro/04

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

UM RETRATO DO ABORTO



Perita auxiliar de ginecologia,
Sempre atenta às questões de luxo e reconforto,
A senhora dizia:
- Meu problema não é a prática do aborto,
Tento apenas livrar a mulher desprezada,
Dos desgostos fatais que a esperam na estrada

Quando o homem lhe fere o brio feminino...
Amigos respondiam:
- Mas, no caso, a mulher, ante as leis do destino,
Não será responsável quando aceita
Ser mulher-mãe do filho que carrega?
Se ao homem que a buscou ela própria se entrega?

Sabemos que o espírito enlaça o corpo de que se aproveita
Quando estão, ele e ela, em comunhão perfeita.
A senhora, entretanto, Falava, contrafeita:
- Não protesto, nem digo que estou certa,
Sei apenas que estou em minha profissão,
Tanto quanto angario apreço e estimação,

Creio que faço o bem, liberando a mulher
Do fardo que ela traz quando não quer;
Além do mais, preciso do dinheiro
Para dar minha filha a um caminho seguro,
Uma bela mansão, um marido e o futuro
Sem aflição e sem dificuldade...

Ela agora possui quinze anos completos;
Sonho vê-la feliz ao dar-me vários netos...
Para isso, o dinheiro é a base inesquecível,
Depósito bancário é melhora de nível.
Vejo no meu trabalho um trabalho qualquer
Simples mulher que ajuda a uma outra mulher,

Não tenho hesitação, nem penso quanto a isso,
Aborto é proteção a quem presto serviço;
Desde que a candidata chegue mascarada,
Passo a cumprir o meu dever
E não quero saber
Se veio acompanhada ou desacompanhada,

Se anota o nome ou não,
Não quero queixa, nem complicação,
Cada uma a que atendo é mais seis mil!...
E aditava, esboçando um sorriso gentil:
_ Preciso de milhões...
desdobrava-se o tempo, hora por hora,
quando em chuvosa noite surge uma senhora,
pagando a taxa de seis mil cruzeiros.
Ela explica que trouxe uma sobrinha pobre
Para comprar a intervenção...
Declara-se parente e mostra-se incumbida
De socorrer a moça e dar-lhe proteção,
Quer mante-la, porém, desconhecida...
A senhora ouve, calma, e concorda em seguida:
- Entendo, claramente,
Cada pessoa está em sua própria vida...
Entra no gabinete a jovem mascarada,
Parece muda e surda que se entrega
A uma força terrível, dura e cega...
Ao ver-lhe o corpo verde de menina,
A senhora em ação
Elogia-lhe a pele alabastrina;
Mas, aparentemente sem razão,
Quando o chamado auxilio estava em meio,
Estranha hemorragia surge em cheio...
A jovem geme, a parteira entra em luta...
Nada consegue... O sangue explode e vence-a
A dama ao telefone roga a um médico amigo
Que lhe venha em socorro...
Vê a moça em perigo,
Quer salva-lhe a existência,
Mas o sangue que sai prossegue a jorro...
Chega o médico à pressa,
Nota a menina em coma...
- Nada mais a fazer – diz ele quando a toma,
A fim de examinar-lhe o pulso e, logo após,
Diz à parteira aflita:
- É uma jovem bonita,
Liberemos a face, enquanto estamos sós.
Ele mesmo retira a máscara em veludo
Quer anotar-lhe o rosto para estudo...
Eis, porém, que aparece
A mocinha, a morrer, num sorriso tristonho,
Qual criança que dorme a fitar a luz do último sonho...
Mas ao ver-lhe, de todo, a face em primavera,
Grita a pobre senhora em gemidos de fera:
- Por que? Por que, meu Deus, esta dor que me mata?
Em pranto convulsivo a dor se lhe desata...
É que, ao fitar o corpo enfeitado em rendilha,
Naquele rosto lindo e pálido, ante a morte,
A rugir e a chorar sem nada que a conforte,
A senhora encontrara a sua própria filha.

Maria Dolores
Fonte: livro – “Coração e Vida” Francisco Cândido Xavier – Maria Dolores

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

MEU AMIGO E MEU IRMÃO

Que Deus, na sua infinita misericórdia acalente o teu coração generoso no seu amor infinito.
Sei, filho, da profunda tristeza e do amargo abatimento moral que te vem pungindo, nas estradas ásperas da existência material.
Mas, eis aqui, meu irmão, a tua filhinha. Não a vêem os teus olhos? Ah! Não; porém, os olhos da alma, a visão psychica percebem-lhe a presença. Tua filhinha é feliz profundamente venturosa e eu trouxe aqui comigo, como irmãzinha bem amada.
Não te lembras da sua privilegiada inteligência, dos seus sentimentos elevados que em tão tenros anos manifestavam a sua evolução espiritual?
A tua filhinha, meu amigo, era-o de Deus primeiramente. Os pais da terra são zeladores, sem serem criadores. Deus te confiou uma perola que ao fim de certo tempo teria de ser devolvida ao seu cofre.
Mas, Deus é bondade e é misericórdia. Vence os teus instantes de emotividade amargosa e persegue na luta, trabalhando e confiando. A nossa irmãzinha te abraça e pede a tua benção, enviando também um beijo para a sua mãezinha Magdalena.
Antes, porém, de regressarmos, quero ajudá-la a escrever-te umas linhas.
Ora, meu irmão, estuda e, sobretudo; confia.
Guarda a tua esperança em Deus, que é Pai amoroso de todos nós.

Emmanuel
Psicografia de Chico Xavier
Fonte: Reformador – agosto, 1936

sábado, 12 de dezembro de 2009

BILHETE A JESUS.



Senhor Jesus, enquanto a alegria do Natal acende luzes novas nos lares festivos, torno à velha Palestina, revendo, com os olhos da imaginação, a paisagem de tua vinda...
Roma estendiam fronteiras no Nilo, no Eufrates, no Reno, no Tamisa, no Danúbio, no Mar Morto, no Lago de Genezaré, nas areias do Saara. César “sossegava e protegia” os habitantes das zonas mais remotas, aliciando a simpatia dos príncipes regionais. Todos os deuses indígenas cediam a Júpiter, o dono do Olímpio, de que as águias dominadoras se faziam emissárias, tremulando no topo das galeras, cheias de senhores e de escravos.
Lembras-te, Senhor, de que se fazia uma grande estatística, por ordem de Augusto, o Divino? Otávio, cercado de assessores inteligentes, intensificava a centralização no mundo romano, reorganizando a administração na esfera dos serviços públicos. As circunscrições censitárias na Judéia enchiam-se de funcionários exigentes.
Cadastravam-se famílias, propriedades, indústrias. E José e Maria também se locomoveram, com os demais, para atender as determinações. A sensibilidade israelita poderia manter-se a distância do culto de César, resistindo ao incenso com que se marcava a passagem dos triunfadores, em púrpura sanguinolenta, mas a experiência judaica, estruturada em suor e lágrimas, não se esquivaria à obediência, perante os regulamentos políticos. As estalagens, no entanto, estavam repletas e não conseguiram lugar.
Em razão disso, a estrela gloriosa, que te assinalou a chegada não brilhou sobre templos ou residências de relevo. Apenas a manjedoura singela ofereceu-te conforto e guarida. Homens e mulheres faziam estatísticas minuciosas de haveres e interesses.
Se o governo imperial decretava o recenseamento para reajustar observações e tributos, os governados da província alinhavam medidas, imprimindo modificações aos quadros da vida comum, para se subtraírem, de alguma sorte, às exigências.
Permutavam-se cabras e camelos, terras e casas, reduzidos parques agrícolas e pequenas indústrias. Havia espaço mental para a meditação nas profecias? Para cumprir o dever religioso, não bastava comparecer ao Templo de Jerusalém, nos dias solenes, oferecer os sacrifícios prescritos e prosternar-se ante a oferenda sagrada, ao ressoar das trombetas? Razoável, portanto, examinar os melhores recursos e burlar as requisições do romano dominador. A fração do povo eleito, que se aglomerava na cidade de David, lia os textos sagrados, recitava salmos e tomava apressado conselho aos livros da sabedoria; entretanto, não considerava pecado matar o tempo em disputas e conversações infindáveis ou enganar o próximo com elegância possível.
Por essa razão, Senhor, quem gastaria alguns minutos para advogar proteção a Maria e José? Eles traziam a sinceridade dos que andam contigo, falavam de visitas de anjos, de vozes do céu, e o mundo palestinense estava absorvido no apego fanático aos bens imediatos. Comentavam-se, apaixonadamente, as listas e informações alusivas a rebanhos e fazendas. Às narrações do sonho de José ou da experiência de Zacarias, prefeririam noticiário referente à produção de farinha ou ao rendimento de pomares...
Todavia, ara entregar à Humanidade a divina mensagem de que te fizeste o Depositário Fiel, não te feriste ao choque da indiferença. Começaste, assim mesmo na manjedoura humilde; o apostolado de bênçãos eternas. O Evangelho iniciou a primeira página viva da revelação nova na estrebaria singela. A Natureza foi o primeiro marco de tua batalha, multissecular da luz contra as trevas.
E enquanto prossegues, conquistando, palmo a palmo, o espírito do mundo, os homens continuam fazendo estatísticas inumeráveis...
Aos censos de Otávio, seguiram-se os de Tibério, aos Tibério sucederam-se arrolamentos de outros dominadores. Depois do poderio romano fragmentado, outras organizações autoritárias apareceram não menos tirânicas. Dilataram-se os serviços censitários, em toda a parte.
As nações modernas não fazem outra coisa além da extensão do poder, melhorando a estatística que lhes diz respeito.
Inventariavam-se, na antiga Judéia, ovelhas e jumentos, camelos e bois. Hoje, porém, Jesus, o arrolamento é muito mais importante. Com o aperfeiçoamento da guerra, o censo é vital nas decisões administrativas. Antes da carnificina, arregimentam-se estatísticas de canhões, tanques e navios, aviões, metralhadoras e fuzis. Enumeram-se homens por cabeça, no serviço preparatório dos massacres e, em seguida, anotam-se feridos e mutilados. Isso, nas vanguardas de sangue, porque na retaguarda, o inventário dos grandes e pequenos negócios é talvez mais ativo. Há corridas de armamentos e bancos, valorização e desvalorização de bens móveis e imóveis, câmbio claro e câmbio escuro, concorrência leal e desleal, mercado honesto e clandestino, tudo de acordo com as estatísticas prévias que autorizam providências administrativas e regem o mecanismo da troca.
Nós sabemos que não condenas o ato de contar. Aconselhaste-nos nesse sentido, recomendando que ninguém deve abalançar-se a qualquer construção, antes de contas rigorosas, a fim de que a obra não permaneça inacabada. Entretanto, estamos entediados de tanto recenseamento para a morte, porque, em verdade, nunca esteve a casa dos homens tão rica e tão pobre, tão faiscante de esplendores e tão mergulhada nas trevas, tão venturosa e tão infeliz, como agora.
Desejávamos, Mestre, arrolar as edificações da fé, os serviços da esperança, os valores da caridade; contudo, somos ainda muito poucos no setor de interesse pelos sonhos reveladores e pelas vozes do céu. Apesar disso, sabemos que os homens, fanatizados pela estatística das formas perecíveis, examinam os gráficos, de olhos preocupados, mas erguem corações ao alto, amargurados e tristes, movimentam-se entre tabelas e números, mas torturados pela sede de infinito...
Quem sabe, Senhor, poderias voltar, consolidando a tua glória, como fizeste há quase vinte séculos? Entretanto, não nos atrevemos ao convite direto. As estalagens do mundo estão ainda repletas de gente negociando bens transitórios e melhorando o inventário das posses exteriores. Os governos estão empenhados em orçamentos e tributos. Os crentes pousam olhos apressados em teu Evangelho de Redenção e repetem fórmulas verbais, como os judeus de outro tempo, que mastigavam a Lei sem digeri-la. Quase certo que não encontrarias lugar, entre as criaturas. E não desejamos que regresses, de novo, para nascer num estábulo, trabalhar à beira das águas, ministrar a revelação em casas e barcas de empréstimo e morrer flagelado na cruz.
Trabalharemos para que a tua glória brilhe entre os homens, para que a tua luz se faça nas consciências, porque, em verdade, Senhor, que adiantaria o teu retorno se a estatística das coisas santas não oferece a menor garantia de vitória próxima? Como insistir pela tua volta pessoal e direta se na esfera dos homens ainda não existe lugar onde possas nascer, trabalhar e morrer?


Espírito: IRMÃO X.
FONTE: LIVRO ANTOLOGIA MEDIÙNICA DO NATAL –
Psicografia: Francisco Cândido Xavier.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

JOANNA DE ÂNGELIS




EM HOMENAGEM A0S 248 ANOS DE NASCIMENTO DE JOANA ANGÉLICA, ÚLTIMA ENCARNAÇÃO DE JOANNA DE ÂNGELIS.

Um espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome JOANNA DE ÂNGELIS, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de JOANA DE CUSA, numa discípula de Francisco de Assis, na grandiosa SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ e na intimorata JOANA ANGÉLICA DE JESUS. Conheça agora cada um deste personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e heroísmo.

JOANA DE CUSA
Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro "Boa Nova", era alguém que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava JESUS nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjugavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores".
O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Vergada ao peso das injunções domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galiléia, aconselhou-a a seguí-Lo a distância, servido-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho. JESUS traçou-lhe um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida. Mais tarde, tornou-se mãe.
Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo "o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão". Trabalhou até a velhice. Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por JESUS, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz. Narra Humberto de Campos, no livro citado:
"Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.
- Abjura!... - exclama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel e sombrio.
A antiga discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra de negação ou de queixa. Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama, entre lágrimas: - "Repudia a JESUS, minha mãe!... Não vês que nós perdemos?! Abjura!... por mim, que sou teu filho!..."
Pela primeira vez, dos olhos da mártir corre a fonte abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadas de angustia que lhe retalham o coração.
Após recordar sua existência inteira, responde:
"- Cala-te, meu filho! JESUS era puro e não desdenhou o sacrifício. Saibamos sofrer na hora dolorosa, porque, acima de todas as felicidades transitórias do mundo, é preciso ser fiel a DEUS!"
Logo em seguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido, libertando-a para a companhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com quem aprendeu a sublimar o amor.

UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS
Séculos depois, Francisco, o "Pobrezinho de Deus", o "Sol de Assis", reorganiza o "Exército de Amor do Rei Galileu", ela também se candidata a viver com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende, entoando a canção da fraternidade universal.

SOROR JUANA INÉS DE LA CRUZ
No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México, com o nome de JUANA DE ASBAJE Y RAMIREZ DE SANTILLANA, filha de pai basco e mãe indígena.
Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia ás perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.
Começou a fazer versos aos 5 anos.
Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a idéia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando:
-"Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar."
Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.
Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição européia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.
Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A platéia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a platéia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei.
Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.
A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ.
Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era freqüentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.
A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca".
Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.
Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs religiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.

SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS
Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 11 de Dezembro de 1761, como JOANA ANGÉLICA, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, e, 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.
Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua facilidade estrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras, estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.
Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste.

JOANNA NA ESPIRITUALIDADE
Quando, na metade do século passado, "as potências do Céu" se abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos "quatro cantos" a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus. E ela, no livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho diz:
"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, que ando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino."
Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" vamos encontrar duas mensagens assinadas por "Um Espírito amigo". A primeira, no Cap. IX, item 7 com o título "A paciência", escrita em Havre, 1.862. A segunda no Cap. XVIII itens 13 e 15 intitulada "Dar-se-á àquele que tem", psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer situação. No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre.
Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais. Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus.
Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.
Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material.
O "Pobrezinho de Deus" concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que "nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos "filhos do Calvário", nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do sentimento moral'.
Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a "Mansão do Caminho", nome dado à alusão à "Casa do Caminho" dos primeiros cristãos.
Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem "chamados" para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica, solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.
A Instituição crescendo sempre comprometida a assistir os sofredores da Terra, os tombados nas provações, os que se encontram a um passo da loucura e do suicídio. Graças às atividades desenvolvidas, tanto no plano material como no plano espiritual, com a terapia de emergência a recém-desencarnados e atendimentos especiais, a "Mansão do Caminho" adquiriu uma vibração de espiritualidade que suplantas humanas vibrações dos que ali residem e colaboram.

Texto extraído do livro: "A Veneranda Joanna de Ângelis"
Autoria de Celeste Carneiro em Parceria com Divaldo Pereira Franco

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

EM HOMENAGEM AOS 135 ANOS DE NASCIMENTO DE VIANNA DE CARVALHO



Nascido na cidade de Icó, Estado do Ceará, aos 10 de dezembro de 1874, era filho do professor Tomás Antônio de Carvalho e de D. Josefa Viana de Carvalho. Desencarnou a bordo do navio "Íris", sendo o seu corpo sepultado na Bahia, aparentemente em Salvador. Era o dia 13 de outubro de 1926.

Numa época quando a divulgação da Doutrina Espírita ensaiava os seus primeiros passos e encontrava pela frente a mais obstinada oposição, o Major Dr. Manuel Vianna de Carvalho, com pulso firme e animado do mais vivo idealismo, desbravava o terreno para nele lançar a semente generosa da propaganda.
Como espírita foi dos mais animosos. O seu nome representou verdadeira bandeira no campo da disseminação do Espiritismo. O que ele fez, em vários anos de luta e de atividades intensíssimas, é algo que ainda não se pode colocar em dados estatísticos, tal o gigantismo da tarefa por ele desenvolvida em todo o país.
A sua palavra era atraente e arrebatadora, conseguindo, entre os espíritas uma penetração inusitada e inconfundível. Como conferencista era dos mais requisitados; como polemista, um dos mais salientes. Seu verbo inspirado, sua voz harmoniosa, sua animação, assumiam, às vezes, tonalidades e aspectos impressionantes. Foi na realidade um mágico da palavra, esteta do sentimento.
Viana de Carvalho fez os primeiros estudos de Humanidades no Liceu de Fortaleza. Posteriormente, em 1891, matriculou- se na extinta Escola Militar do Ceará, onde mereceu classificação de destaque pelo seu comportamento e merecimentos intelectuais.
Embora desde 1891 tivesse dado início à sua gigantesca tarefa de divulgação do Espiritismo, ela somente tomou vulto após ter- se matriculado no curso superior da antiga Escola Militar da Praia Vermelha, em 11 de fevereiro de 1895.
Nessa época funcionava no Rio de Janeiro o "Centro da União Espírita de Propaganda no Brasil". Integrando- se nesse grupo, Viana de Carvalho passou a proferir conferências que conseguiam atrair compactos auditórios de mais de 500 pessoas. No ano de 1896 foi transferido para Porto Alegre, como aluno da Escola Militar que ali funcionava.
Naquela capital sulina o Espiritismo já era difundido por alguns pioneiros, dentre eles Joaquim Xavier Carneiro, dirigente do Grupo Espírita Allan Kardec, que dada a sua austeridade de costumes e práticas humanitárias exercia enorme influência. De posse de uma lista com nome e endereço de simpatizantes do Espiritismo, Viana de Carvalho conseguiu reunir todos numa casa abandonada, desprovida de mesas e cadeiras. De pé, os freqüentadores das reuniões ouviam, com verdadeiro enlevo, o seu verbo inflamado. Posteriormente conseguiu formar um núcleo de estudos que passou a funcionar no andar térreo de uma casa no centro da cidade.
(A foto acima consta do acervo da FEP em quadro de 40x60cm, tirada possivelmente quando residiu em Curitiba, em 1911, onde freqüentou e participou de reuniões e proferiu conferências. Na oportunidade estaria com 36 anos)
Em 1898 publicou a sua primeira produção literária "Facetas", contos e fantasias. Em seguida publicou "Coloridos e Modulações". Nesse mesmo ano foi transferido para o Rio de Janeiro, onde recomeçou as preleções no Centro da União Espírita e em outros grupos, participando de um congresso e encetando numerosas viagens ao interior do Estado do Rio de Janeiro.
Transferido para Cuiabá, Mato Grosso, ali fundou o Centro Espírita Cuiabano. Em 1907, regressou ao Rio de Janeiro a fim de matricular- se no curso de engenharia da Escola do Realengo, tornando- se o orador oficial da Federação Espírita Brasileira, realizando ainda viagens aos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Foi ainda colaborador assíduo da revista "Reformador".
Após concluir o curso de engenharia militar, rumou para Fortaleza, Estado do Ceará, em abril de 1910. Ali iniciou uma série de conferências espíritas na Loja Maçônica e, no dia 10 de junho, fundou o Centro Espírita Cearense. Não satisfeito com as atividades desenvolvidas, criou ainda os jornais "Combate" e "Lábaro", o primeiro destinado a contestar os argumentos do clero católico, que nessa época desencadeava uma campanha difamatória contra o Espiritismo, através do órgão "Cruzeiro do Sul"; a segunda publicação destinada a difundir o Espiritismo. Através dos jornais "O Unitário", "A República" e "Jornal do Ceará", manteve vivas polêmicas, refutando argumentos infundados sobre o Espiritismo. Suas atividades em Fortaleza perduraram até novembro de 1911, quando, por imposição do serviço militar foi transferido para Curitiba, no Paraná, onde sustentou o mesmo nível de atividades, publicando artigos diários no "Diário da Manhã".
De volta ao Rio de Janeiro, em 1912, deu início a um persistente trabalho de unificação dos grupos espíritas, do qual resultou a fundação posterior da "União Espírita Suburbana", sob a presidência de Manuel Fernandes Figueira. Em princípios de 1913, foi servir em Maceió, onde proferiu numerosas conferências e encetou verdadeira jornada no sentido de reorganizar os grupos espíritas dispersos ou com falta de orientação.
Pouco depois era transferido para Recife, Pernambuco, onde deu prosseguimento à sua tarefa de divulgação, publicando numerosos trabalhos, fazendo conferências e mantendo polêmicas que abalaram os meios religiosos da cidade. Regressando ao Rio de Janeiro, Viana de Carvalho retomou a pregação da Doutrina Espírita nos subúrbios, o que fez de 1914 a 1916, quando foi transferido para Santa Maria da Boca do Monte, no Estado do Rio Grande do Sul. Ali também teve a oportunidade de reorganizar e fundar vários grupos espíritas e de realizar conferências que foram publicadas no "Diário do Interior", e posteriormente em outros órgãos da imprensa gaúcha.
Em 1917, de novo no Rio de Janeiro, ali desenvolveu intensa campanha contra as fraudes e trapaças dos pseudos- espíritas. No ano seguinte voltou para Santa Maria da Boca do Monte, em comissão do Governo Federal, junto à 9a. Brigada de Infantaria, desenvolvendo durante quinze meses intensa difusão do Espiritismo.
Em 1919, novamente em Maceió, foi surpreendido com as atividades dos detratores do Espiritismo, os quais tentaram proibir- lhe as palestras e até mesmo expulsá-lo. Sem esmorecimentos travou intensos debates pela imprensa e pela tribuna, sustentando acirradas polêmicas, tendo, nessa altura, os seus opositores pleiteado, no Rio de Janeiro, a sua transferência, tendo ele sido removido para o Estado do Paraná, em meados desse mesmo ano.
Em Curitiba realizou conferências no Teatro Alemão, na sede da Federação Espírita do Paraná e em outras instituições. Através do "Diário da Tarde" publicou uma série de artigos doutrinários que tiveram muita penetração.
Da capital paranaense veio para S. Paulo, onde proferiu várias palestras, muitas delas com o comparecimento de mais de mil pessoas. Em 1920 voltou novamente ao Rio de Janeiro, de onde partia para proferir conferências em cidades vizinhas.
Em 1923, seguiu para Recife, reorganizando os Centros Espíritas ali existentes, mantendo novas polêmicas com detratores do Espiritismo. Posteriormente rumou para o Ceará e daí para Sergipe, onde fora designado para o comando do 28.o. B.C., em 1924. Nesse Estado as suas atividades também foram amplas.
Em 1926, adoeceu gravemente, ficando decidido o seu recolhimento ao Hospital de S. Sebastião, em Salvador. Suas forças estavam periclitantes. Conduzido ao navio "Íris", por colegas oficiais e soldados, não conseguiu entretanto chegar ao destino, pois, na altura de Amaralina, desencarnou a bordo, sendo seu corpo dado à sepultura na Bahia.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

OS ANIMAIS ANTE O NATAL

Entretecíamos animada conversação, em torno dos abusos da mesa nas comemorações natalinas, com o parecer do grave Jonathan bem Asser, que asseverava a conveniência de ater-se o homem ao sacrifício dos animais apenas quanto ao estritamente necessário, quando o velho Ebenezer bem Aquim, orientador de grupos hebraicos do Mundo Espiritual, tomou a palavra e se exprimiu conciso:
- Talvez não saibam vocês quanto devemos aos bichos na manifestação do Evangelho...
E, ante a nossa curiosidade, narrou, comovido:
- Há muitos anos, ouvi do rabi Eliúde, que se encontra agora nas esferas superiores, interessantes minudências em torno do nascimento de Jesus. Contou-nos esse antigo mentor de israelitas desencarnados que a localização de José da Galiléia e da companheira nos arredores de Belém de Judá não foi assim tão fácil.
O casal, que se compunha de jovem Maria, tocada de singular formosura, e do patriarca que a recebera por esposa, em madureza provecta, entrou na cidade quando as ruas e hospedarias se mostravam repletas.
Os descendentes do ramo de David reuniam-se aos magotes para atender ao recenseamento determinado pelo governo de Augusto.
Bronzeados cameleiros do deserto confraternizavam com vinhateiros de Gaza, negociantes domiciliados em Jericó entendiam-se com mercadores residentes no Egito.
Acompanhados por benemérita legião de Espíritos sábios e magnânimos, a cuja frente se destacava o abnegado Gabriel, que anunciara a Maria a vinda do Senhor. José e a consorte bateram primeiramente às portas da estalagem de Abias, filho de Sadoc, que para logo os rechaçou com a negativa; entretanto, pousando os olhos malevolentes na jovem desposada, ensaiou graçola irreverente, o que fez que José, apreensivo, estugasse o passo para diante.
Recorreram aos préstimos de Jorão, usurário que alugava cômodos a forasteiros. O ricaço considerou, de imediato, a impossibilidade de acolhe-los, mas, ao examinar a beleza da moça nazarena, chamou à parte o enrugado carpinteiro e indagou se a menina era filha de escravos que se pudesse obter a preço amoedado... José, mais aflito, demandou a frente para esbarrar na pensão de Jacob, filho de Josias, antigo estalajadeiro, que declarou impraticável o alojamento dos viajantes; no entanto, ao fixar-se na recém-chegada, perguntou desabridamente como é que um varão, assim velho, tinha coragem de exibir uma jovem daquela raridade na praça pública. Deprimido, o ancião diligenciou alcançar pousada próxima; contudo, as invectivas de Jacob atraíram curiosos e vadios que cercaram o par, crivando-o de injúrias.
Os recém-vindos de Nazaré, vendo-se alvo de chufas e zombarias, tropeçavam humilhados...
Gabriel, no entanto, recorreu à prece, rogando o Amparo Divino, e diversos emissários do Céu se manifestaram, em nome de Deus, deliberando que a única segurança para o nascimento de Jesus se achava no estábulo, pelo que conduziram José e Maria para a casa rústica dos carneiros e dos bois...
Ebenezer, a seguir, comentou, bem humorado:
- Não fossem os anfitriões da estrebaria e talvez a Boa Nova tivesse seu aparecimento retardado...
E terminou, inquirindo:
- Não será isso motivo para que os animais na Terra sejam poupados ao extermínio, pelo menos no dia do Natal?

Espírito: IRMÃO X.
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

PARA ONDE VAMOS QUANDO MORREMOS


Vamos tentar responder neste artigo a pergunta que todo ser humano faz em algum momento da vida: “Para onde vamos quando morremos?” O primeiro ponto que precisamos aceitar como verdade é que depois da morte nossa individualidade continua existindo, continuamos com nossa mesma personalidade, nossas conceitos, preconceitos, gostos, qualidades, defeitos, conhecimentos e inteligência. A morte é apenas a separação do seu corpo orgânico da sua personalidade unica que iremos chamar de Espírito.
Seu corpo composto de matéria orgânica e minerais é decomposto e retorna para o solo. Já o seu espírito se transporta para outra forma de existência em uma dimensão física invisível aos nossos olhos, sentidos e instrumentos. Neste novo ambiente seu espírito fará uso de corpo feito de fluido semimaterial chamado de periespírito. Da mesma forma que o seu corpo físico dava forma e permitir sua interação com o ambiente terreno o periespírito dará forma ao seu espírito e permitirá sua interação com a nova dimensão de existência que você se encontrará. Mas onde fica este local?
Na Terra existem diversas camadas de existência como se fossem níveis que podemos chamar de planos ou esferas. Seria como as 5 camadas atmosféricas que estudamos na escola, só que no caso das camadas espirituais são 7 níveis. Quando morremos nosso espírito vai para o nível mais compatível com seu grau de evolução. Se na Terra temos o convívio conflituoso de espíritos de todos os graus de perfeições ou de imperfeições, do lado espiritual existe uma natural separação dos espíritos com base no seu nível de perfeição. Se isto não bastasse, ainda existe a possibilidade das pessoas (espíritos) se agruparem com base nos seus gostos, desejos, afinidades, da mesma forma que ocorre na Terra. O agrupamento destas pessoas acabam formando comunidades, povoados, vilas, pequenas e grandes cidades espalhadas pelo espaço de cada uma das sete camadas ou sete esperas habitadas por espíritos sobre a Terra.
Desta forma, depois da morte, sempre iremos viver em ambientes repletos de pessoas parecidas conosco, que possuem qualidades parecidas e defeitos parecidos com os nossos. É justamente este fato que torna determinados locais do plano espiritual melhores ou piores dependendo do ponto de vista de quem julga.

Vamos a um exemplo?
EXEMPLO 1 – Uma pessoa que passou sua vida na Terra cultivando um grande prazer por festas, badalações regadas com muito fumo, álcool, drogas. Que não se preocupavam com o estudo e com o trabalho e tinha uma vida desregrada, desorganizada, descontrolada. Ao morrer esta pessoa continua sendo a mesma. Desta forma é natural que ela procure a companhia de outros espíritos que possuem os mesmos gostos e que moram em regiões do plano espiritual onde todos estes prazeres terrenos continuam sendo cultivados. Agora tente imaginar como seria uma cidade criada, planejada e administrada por pessoas milhares ou centenas de milhares de pessoas iguais a esta que descrevi acima. E como seria uma cidade habitada só por suicidas? Veja o que acontece com os suicidas.

EXEMPLO 2 – Agora imagine como seria uma cidade repleta de pessoas que sempre estudaram e trabalharam com o prazer de serem uteis e de fazerem as coisas bem feitas. Pessoas que tiveram uma vida organizada, regrada e que gostam de se divertir de forma saudável. Imagine uma comunidade espiritual criada por pessoas com estas características.
Então podemos afirmar que não existe céu ou inferno. Existem lugares habitados por espíritos que se reúnem naturalmente com base nas suas afinidades e níveis intelectuais e morais. Nestes lugares podem se formar comunidades ou cidades boas ou ruins para se viver depois da morte dependendo do ponto de vista de quem olha. Seria como observar as comunidades criadas no Orkut onde as pessoas se agrupam por afinidades, interesses e gostos. Existem comunidades boas, comunidades ruins, o que você acha ruim pode ser bom para o outro, o que é bom para o outro pode parecer ruim para você.
Agora podemos responder para onde você vai quando morrer. Naturalmente você vai optar por viver em um lugar cheio de pessoas semelhantes a você, que gostam das mesmas coisas e que possuem os mesmos objetivo. A questão é que estes gostos e objetivos são para o bem ou para o mal, são para sua evolução ou para o seu estacionamento evolutivo. Quem opta por estacionar fica estacionado e se isto gera sofrimento então vive no sofrimento. Quem opta por evoluir e melhorar sempre conta com a ajuda de pessoas mais evoluídas que sentem grande prazer em ensinar e ajudar outras pessoas e crescer espiritualmente. Quem opta por estacionar sempre conta com a companhia de quem pensa em fazer a mesma coisa.
Agora você entendeu porque tantos profetas, tantos religiosos, tantas doutrinas tentam nos convencer a sermos pessoas melhores antes da nossa morte? Pois é, se você está lendo este texto é porque ainda da tempo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O CRISTO E SUA DOUTRINA



Princípios essenciais transmitidos por Jesus à Humanidade

Os princípios essenciais transmitidos por Jesus à Humanidade estão claramente expostos nos Evangelhos, escritos e reescritos por dois de seus discípulos diretos (Mateus e João) e por outros dois, que colheram o que expuseram dos apóstolos diretos e da Mãe Santíssima (Lucas e Marcos).

Além dessas quatro obras essenciais, aprovadas desde os primeiros séculos do Cristianismo pela Igreja primitiva, vários outros Evangelhos foram escritos por diversos autores, entretanto, não tiveram a aceitação e a aprovação da generalidade dos cristãos.
Jesus não deixou qualquer escrito sobre os seus ensinos, transmitidos oralmente aos seus discípulos e ao povo em geral. Mas os Evangelhos enunciam, com toda clareza, os princípios básicos de sua Doutrina, transmitidos aos que procuraram segui-lo, desde os dias de sua presença entre os homens, até a época atual.
Eis o que se entende claramente de suas lições, reafirmadas posteriormente pelo Consolador que Ele pediu ao Pai fosse enviado aos homens, o qual já se acha presente junto à Humanidade, desde os meados do século XIX:
a) a paternidade universal de Deus, o Criador de tudo o que existe;
b) todas as conseqüências morais daí resultantes, inclusive a improcedência do politeísmo, até então dominante no mundo ocidental;
c) a eternidade da vida, que permite a cada Espírito a busca da perfeição (“o Reino de Deus”);
d) toda a Religião e toda a Filosofia resumidas numa só palavra: amor.
É do Mestre o ensino profundo, mas de tal simplicidade, que qualquer pessoa o guarda para sempre: “Amar a Deus sobre todas as coisas: e amar o próximo como a si mesmo”. (Mateus, 22:37-39.)
No Evangelho de Mateus (5:44- -48),*1* encontramos os seguintes ensinamentos do Mestre sobre o amor ao próximo, que se apresenta tão difícil para a imensa maioria dos habitantes deste mundo de expiações e provas:
Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz erguer-se o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos. Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa deveis ter por isso?
É o exemplo do amor que nos dá o próprio Criador, com sua tolerância e compreensão para com todas as suas criaturas, por mais rebeldes que sejam perante suas leis justas e eternas, que têm, em si, os próprios meios para a correção de todos os erros cometidos contra elas.
Em outro ensino popular a uma multidão de ouvintes, Jesus subiu a um monte, acompanhado por seus discípulos, e aí proferiu o célebre e incomparável Sermão da Montanha. Nele estão expressos, em traços inesquecíveis, os ensinos do Mestre sobre as virtudes humildes, próprias dos Espíritos retos e inclinados ao bem:
Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque deles é o Reino dos Céus. – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. – Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. – Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. – Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (Mateus, 5:1 a 12, Lucas, 6:20 a 25.)*2*
Percebe-se claramente, na pregação do Mestre, sua preocupação com a simplicidade e pureza do culto e dos sentimentos dirigidos diretamente a Deus.
Deus é Espírito e em espírito e verdade é que deve ser amado, cultuado e adorado, sem o culto exterior comum a quase todas as religiões. E no que se refere aos nossos semelhantes, as palavras de Jesus são concisas e precisas: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos”.(Mateus, 22:39.)
O amor é o sentimento que devemos cultivar por todas as criaturas, independentemente de serem elas boas ou más, ricas ou pobres. A medida para esse amor que devemos estender à generalidade dos nossos semelhantes é aquele sentimento especial que cultivamos em nós mesmos, uma vez que fomos criados por Deus.
Alguns argumentam que não podem amar a quem não conhecem e a quem jamais conhecerão, dentre os bilhões de criaturas que vivem neste mundo e nas múltiplas Esferas Espirituais.
Torna-se necessário esclarecer que o amor ao nosso próximo é um princípio abrangente, uma lei divina aplicável em qualquer tempo, e assim, mesmo que desconheçamos hoje a imensa maioria de nossos semelhantes, o amanhã nos proporcionará novos relacionamentos e conhecimentos com criaturas das mais diferentes condições.
Como a vida é eterna, o princípio é válido para a atualidade, para o passado e para o futuro, em todas as circunstâncias que ela proporciona a cada individualidade.
A doutrina evangélica, resultante dos ensinos e dos exemplos de Jesus, registrados pelos diversos evangelistas, permaneceu através dos séculos como expressão inconfundível do espiritualismo, tão necessário à sustentação do Bem contra os males do mundo atrasado em que vivemos. A grandeza do Cristianismo e o seu poder moral resultam diretamente dos Evangelhos, da sua fidelidade aos ensinos de Jesus e dos esclarecimentos posteriores do Consolador, o Espiritismo, prometido e enviado pelo Mestre incomparável.
Essa doutrina, que os Evangelhos registram, contém uma parte secreta que vai mais longe que o assinalado na letra.
As parábolas e as ficções utilizadas por Jesus ocultavam concepções e realidades profundas que Ele preferiu deixar para revelações futuras, tendo em vista a dificuldade de entendimento de seus ouvintes e contemporâneos.
A ligação íntima entre os dois mundos – o dos encarnados e o dos desencarnados –, é uma das realidades, com a solidariedade e a comunicação possível entre os homens e os Espíritos, que o Mestre deixou para ser discutida em outra época.
A lei da reencarnação, referida em diversas passagens evangélicas e também no Velho Testamento, foi claramente mencionada na conversa com Nicodemos, quando Jesus afirma: “Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus. [...]” (João, 3:3-8.)*3*
Ao que Nicodemos revidou, por não entender a possibilidade de uma nova vida em um novo corpo. Jesus não entrou em detalhes elucidativos, por compreender a dificuldade de atendimento do interlocutor.
Aliás, a incompreensão de há dois mil anos continua na atualidade, já que as próprias religiões ditas cristãs, com milhões de adeptos, negam a divina lei das vidas sucessivas, reafirmada pelos Espíritos superiores, à frente o Espírito de Verdade, trazendo a Terceira Revelação, o Espiritismo, que elucida essa e inúmeras outras questões de caráter religioso e científico, proporcionando à Humanidade uma melhor compreensão da verdade e da vida.
O grande erro das religiões predominantes no mundo resulta de uma falsa interpretação das leis universais, levando a maioria dos homens à acanhada ideia que fazem da Natureza e das formas da vida.
Exemplos desses erros milenares, que subsistem apesar das revelações trazidas pela Espiritualidade superior:

*1*. A criação da alma no momento do nascimento do ser humano com vida, conforme os ensinos das igrejas cristãs e de outras religiões tradicionais;
*2*. a existência do inferno eterno para os que praticam o mal, numa evidente negação do amor e da bondade de Deus. Poderíamos citar diversos outros ensinos religiosos contraditórios, mas bastam esses dois para demonstrar a necessidade da atualização das religiões quanto à verdade e à vida.
*3*-O Cristianismo primitivo – a Doutrina que Jesus trouxe à Humanidade – está exposto nos Evangelhos de seus discípulos. Mas foi o próprio Cristo que prometeu pedir ao Pai o envio de outro Consolador, para reafirmar os seus ensinos e trazer aos homens o conhecimento de coisas novas.
Já estando no mundo o Consolador, cabe aos homens reconhecê-lo e estudá-lo, pois nele estão o meio e a forma de seguir o Mestre e retificar os transvios e as más interpretações praticados no decurso de dois mil anos.

Juvanir Borges de Souza
Reformador Dez.2009