terça-feira, 30 de novembro de 2010

A PRIMEIRA NOITE

“Morrer. Eis um caminho que todos temos de um dia trilhar. A morte ainda põe medo em todas as criaturas, porque são poucos os que se interessam em conhecê-la profundamente.

Grande parte dessa humanidade sofredora, vive distante da morte por acreditar que ela coloca fim a todos os seus sonhos. Pobres criaturas que somos.

Quando vivi na matéria, minhas ocupações não me permitiam que tivesse uma religiosidade mais desenvolvida. O tempo parecia iludir-me quanto à morte e à época da sua possível chegada. Eu jamais havia pensado em vê-la com a seriedade necessária, até que a doença chamou-me à realidade. Meus Deus.

Como foi difícil enfrentar os primeiros tempos da minha romaria pelos hospitais, os remédios, os exames. Tudo me dava esperança, mas como a enfermidade não tinha fim, suspeitei que me escondessem a verdade. Estava certo. Um dia, dormi para o mundo e despertei numa região vizinha ao hospital.

Notei que havia muito movimento em torno do meu corpo. Não sabia a razão, mas me encontrava separado dele. Mexiam com meus membros, limpavam-me, como a preparar-me para uma festa. Estranhei as roupas bonitas que me vestiram.

Ouvi que havia morrido, quando um dos meus tios balbuciou essas palavras próximo do meu corpo. Notei que algo inesperado viera visitar-me: era a morte.

Mas como "morte" se eu ali estava, vivo, pensando, enxergando, ouvindo. Como morto? Ei, não estou morto não. Que fazem com meu corpo? Quero-o de volta. Escuta-me. Não estou morto, não, não..... Júnior, chama-me uma voz atrás de mim. Viro-me e vejo um Senhor bem apessoado, vestido com terno cinza.

Acalma-te, disse-me. Quero explicar-te algumas coisas, que precisas saber. Bem, primeiro, não morrestes, conforme os conceitos do mundo. Estais vivo, mas não vivo como nos conceitos do mundo.

Como chamas? Perguntei-lhe. Ademar, irmão Ademar para você. Escuta, Senhor, dizes-me que não morri, depois, que não estou vivo. Que é isso? Queres distrair-me? Tirar minha atenção com meu corpo?

Não, disse-me irmão Ademar. Quero apenas mostrar-te que existem outros conceitos sobre vida e morte. E, é sobre isso que precisamos conversar. Acompanhe-me.

O sol parecia ter acabado de pôr-se, pois o entardecer ainda deixava marcas no céu. Em companhia do meu interlocutor, seguimos por algumas ruas em direção, dizia ele, a uma casa de ensinamentos espirituais. Ensinamentos espirituais? Perguntei-lhe. Sim, disse-me.

Acalma-te, pois estamos chegando. Toma teu lugar entre aqueles que se postaram á direita da pequena biblioteca. São irmãos que se encontram nas mesmas condições que tu. Ademar parecia-me agora um tanto diferente do que quando encontrou-me no hospital. Notei que as dores no meu coração ainda incomodavam-me, comprimindo o plexo. Agora, o amigo parecia vestir uma túnica alva, donde desprendia-se diáfana luminosidade. Postou-se à frente de imensa platéia e começou-nos a dizer: "Irmãos, recebamos nesse instante as bênçãos de Deus, o Altíssimo. Aqui estamos, testemunhos vivos de que a morte não existe. Imortais, eis a natureza do qual o Criador dotou seus filhos amados. A vida material nos é concedida como oportunidade para nosso crescimento intelectual e moral.

Detemo-nos na matéria por um longo período de tempo, até que, através das muitas encarnações, consigamos nos dotar de asas que nos levarão em vôos eternos pelo infinito.

Abençoemos, irmãos reunidos nessa casa de Jesus, a experiência encarnatória, as dores pelas quais somos levados a passar. Elas são produto de ações impensadas na campo do erro e dos desatinos. As dores consciências transformam-se em negativas energias que irradiam-se instintivamente para o mundo exterior da criatura, provocando profundas alterações nos delicados tecidos do corpo espiritual, perispírito, conforme o designou Allan Kardec, o codificador do Espiritismo. Eis a fonte de doenças graves, de enfermidades incuráveis que conduzem a dolorosos processos de purificação.

Estão reunidos nessa casa a título de esclarecimento, irmãos de variados níveis de entendimento e a eles voltamos nesse instante, nossas vibrações e amparo. Em especial queremos nos dirigir aos que são recém-chegados a essa dimensão da Vida. Em nome de Jesus, nosso Mestre e guia, damos-lhes as boas-vindas. Sois Espíritos imortais, como este momento testifica. E, como tais, dotados do Dom de compreender a Verdade. Agora, começa uma vida nova aos que chegam,. Vida de compreensão, de conscientização e de refazimento".

A casa onde nos encontrávamos também estava cheia de pessoas "vivas", interessadas em saber os segredos da morte. Foi uma noite inesquecível para mim. A primeira noite de um homem novo.

Hoje, encontro-me nessa sessão doutrinária de Espiritismo, a convite do irmão Ademar. Alegra-me poder estar em comunhão com esse lado mais denso da Vida, sim, digo Vida, pois ela é uma só. Agora compreendo uma sublime realidade: ninguém morre. Que sejamos abençoados por Deus”.

Espírito: Luiz Desidério Santos Junior
Grupo Espírita Bezerra de Menezes

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CONHECE-TE A TI MESMO

“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: “Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado?”

“Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado.

“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhosos julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais noutrem, não na poderia ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça. Procurai também saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do comerciante, avaliar suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.

“Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las. Justo é que se gastem alguns minutos para conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o objeto de todos os vossos desejos, o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! Que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem? Não valerá este outro a pena de alguns esforços? Sei haver muitos que dizem ser positivo o presente e incerto o futuro. Ora, esta exatamente a idéia que estamos encarregados de eliminar do vosso íntimo, visto desejarmos fazer que compreendais esse futuro, de modo a não restar nenhuma dúvida em vossa alma. Por isso foi que primeiro chamamos a vossa atenção por meio de fenômenos capazes de ferir-vos os sentidos e que agora vos damos instruções, que cada um de vós se acha encarregado de espalhar. Com este objetivo é que ditamos O Livro dos Espíritos.”

SANTO AGOSTINHO.
Livro dos Espíritos pergunta 919


Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos. A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós

Santo Agostinho

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A NOVA GERAÇÃO

Para que os homens sejam felizes sobre a Terra, é necessário que ela não seja povoada senão por bons Espíritos, encarnados e desencarnados, que não quererão senão o bem. Tendo chegado esse tempo, uma grande emigração se cumprirá entre aqueles que a habitam; aqueles que fazem o mal pelo mal, e que o sentimento do bem não toca, não sendo mais dignos da Terra transformada, dela serão excluídos, porque lhe trariam de novo a perturbação e a confusão, e seriam um obstáculo ao progresso. Eles irão expiar o seu endurecimento, uns nos mundos inferiores, os outros entre as raças terrestres atrasadas, que serão o equivalente de mundos inferiores, onde levarão os seus conhecimentos adquiridos, e terão por missão fazê-las avançar. Serão substituídos por Espíritos melhores, que farão reinar, entre eles, a justiça, a paz, a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não deve ser transformada por um cataclismo que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas.
Tudo se passará, pois, exteriormente como de hábito, com esta única diferença, mas esta diferença é capital, que uma parte dos Espíritos que nela se encarnam não se encarnarão nela mais. Em uma criança que nasça, em lugar de um Espírito atrasado e levado ao mal, que se encarnaria, esse será um Espírito mais avançado e levado ao bem.
Trata-se, pois, bem menos de uma geração corpórea do que de uma nova geração de Espíritos, e é nesse sentido, sem dúvida, que o entendia Jesus quando dizia: "Eu vos digo, em verdade, que esta geração não passará sem que esses fatos tenham se cumprido." Assim, aqueles que esperarem ver a transformação se operar por efeitos sobrenaturais e maravilhosos, serão decepcionados.

A época atual é de transição; os elementos das duas gerações se confundem.
Colocados no ponto intermediário, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, e que cada uma se assinala já, no mundo, pelos caracteres que lhe são próprios.
As duas gerações que se sucedem têm ideias e vistas inteiramente opostas. À natureza das disposições morais, mas, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
A nova geração, devendo fundar a era do progresso moral, se distingue por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, unidas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é o sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Ela não será composta, pois, exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, tendo já progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias progressistas, e aptos a secundar o movimento regenerador.
O que distingue, ao contrário, os Espíritos atrasados é primeiro, a revolta contra Deus pela recusa de reconhecer algum poder superior à Humanidade; a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternos do egoísmo, do orgulho, da inveja, do ciúme; enfim, o agarramento por tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.
São esses vícios, dos quais a Terra deve ser purgada pelo afastamento daqueles que se recusam se emendar, porque são incompatíveis com o reino da fraternidade, e que os homens de bem sofrerão sempre por seu contato. Quando a Terra deles estiver livre, os homens caminharão sem entraves para um futuro melhor, que lhes está reservado neste mundo, por preço de seus esforços e de sua perseverança, esperando que uma depuração, ainda mais completa, lhes abra a entrada dos mundos superiores.

Por essa emigração dos Espíritos, não é necessário entender que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra, e relegados a mundos inferiores. Muitos, ao contrário, nele retornarão, porque muitos cederam ao arrastamento de circunstâncias e do exemplo; a aparência neles era pior do que o fundo. Uma vez subtraídos â influência da matéria e dos preconceitos do mundo corpóreo, a maioria verá as coisas de um modo muito diferente do que quando vivos, assim como temos disso numerosos exemplos.
Nisso, serão ajudados por Espíritos benevolentes que se interessam por eles, e que se apressam em esclarecê-los e mostrar-lhes o falso caminho que seguiram. Pelas nossas preces e nossas exortações, nós mesmos podemos contribuir para seu melhoramento, porque há solidariedade perpétua entre os mortos e os vivos.
A maneira pela qual se opera a transformação é muito simples, e, como se vê, ela é toda moral e em nada se desvia das leis da Natureza.

Que os Espíritos da nova geração sejam novos Espíritos melhores, ou os antigos Espíritos melhorados, o resultado é o mesmo; desde o instante que tragam melhores disposições, é sempre uma renovação. Os Espíritos encarnados formam, assim, duas categorias, segundo as disposições naturais: de uma parte, os Espíritos retardatários que partem, da outra os Espíritos progressistas que chegam. O estado dos costumes e da sociedade estará, pois, em um povo, em uma raça ou no mundo inteiro, em razão daquela das duas categorias que tiver a preponderância.

Uma comparação vulgar fará compreender melhor ainda o que se passa nesta circunstância. Suponhamos um regimento composto, em grande maioria, de homens turbulentos e indisciplinados: estes ali levarão sem cessar uma desordem que a severidade da lei penal terá frequentemente dificuldade para reprimir. Esses homens são os mais fortes, porque serão os mais numerosos; eles se sustentam, se encorajam e se estimulam pelo exemplo. Os que sejam bons são sem influência; seus conselhos são desprezados; são escarnecidos, maltratados pelos outros, e sofrem com esse contato.
Não está aí a imagem da sociedade atual?
Suponhamos que são retirados esses homens do regimento um por um, dez por dez, cem por cem, e que sejam substituídos na mesma medida por um número igual de bons soldados, mesmo por aqueles que foram expulsos, mas que se emendaram seriamente, ao cabo de algum tempo, ter-se-á sempre o mesmo regimento, mas transformado; a boa ordem ali terá sucedido à desordem. Assim o será com a Humanidade regenerada.

As grandes partidas coletivas não têm somente por objetivo ativar as saídas, mas transformar mais rapidamente o Espírito da massa, desembaraçando-a das más influências e dando mais ascendência às ideias novas.
É porque muitos, apesar de suas imperfeições, estão maduros para essa transformação, que muitos partem a fim de irem se retemperar numa fonte mais pura. Ao passo que se tivessem permanecido no mesmo meio e sob as mesmas influências, teriam persistido em suas opiniões e na sua maneira de ver as coisas. Uma permanência no mundo dos Espíritos basta para lhes abrir os olhos, porque ali veem o que não podiam ver sobre a Terra. O incrédulo, o fanático, o absolutista poderão, pois, retornar com ideias inatas de fé, tolerância e de liberdade. Em seu retorno, encontrarão as coisas mudadas, e suportarão o ascendente do novo meio onde terão nascido. Em lugar de fazer oposição às ideias novas, delas serão os auxiliares.

A regeneração da Humanidade não tem, pois, absolutamente necessidade da renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação nas suas disposições morais; esta modificação se opera em todos aqueles que a ela estão predispostos, quando são subtraídos à influência perniciosa do mundo. Aqueles que retornam, então, não são sempre outros Espíritos, mas, frequentemente, os mesmos Espíritos pensando e sentindo de outro modo.
Quando esse melhoramento é isolado e individual, passa despercebido, e sem influência ostensiva sobre o mundo.
O efeito é diferente quando se opera simultaneamente em grandes massas; porque, então, segundo as proporções, em uma geração, as ideias de um povo ou de uma raça podem ser profundamente modificadas.
É o que se nota quase sempre depois dos grandes abalos que dizimam as populações. Os flagelos destruidores não destroem senão o corpo, mas não atingem o Espírito; eles ativam o movimento de vai-e-vem entre o mundo corpóreo e o mundo espiritual, e por consequência um movimento progressivo dos Espíritos encarnados e desencarnados. É de notar-se que, em todas as épocas da história, as grandes crises sociais foram seguidas de uma era de progresso.

É um desses movimentos gerais que se opera neste momento, e que deve trazer o remanejamento da Humanidade. A multiplicidade das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porque elas devem apressar a eclosão de novo germes.
São folhas de outono que caem, e às quais sucederão novas folhas cheias de vida, porque a Humanidade tem suas estações, como os indivíduos têm suas idades. As folhas mortas da Humanidade caem levadas pelas rajadas e golpes de vento, mas para renascerem mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica.

Para um materialista, os flagelos destruidores são calamidades sem compensações, sem resultados úteis, uma vez que, segundo ele, aniquilam os seres sem retorno. Mas para aquele que sabe que a morte não destrói senão o envoltório, eles não têm as mesmas consequências, e não lhe causam o menor medo; compreende-lhe o objetivo, e sabe também que os homens não perdem mais morrendo em conjunto do que morrendo isoladamente, uma vez que, de uma forma ou de outra, é necessário sempre lá chegar.
Os incrédulos rirão dessas coisas, e as tratarão por quimeras; mas digam o que disserem, eles não escaparão à lei comum; cairão a seu turno, como os outros, e, então, o que será deles? Eles dizem: “Nada!” Mas viverão a despeito de si mesmos, e serão, um dia, forçados a abrir os olhos.
Se servir de compensação, no mundo inferior que espera os indiferentes e para onde já estão sendo levados, também haverá sexo, pirâmides, choro e ranger de dentes.
Que saibamos escolher, enquanto há tempo.
Afinal, não é por falta de esforço do Criador, do Cristo e dos Espíritos amigos que ainda existe tanta lágrima nos olhos e nos corações da humanidade. É por causa de suas escolhas erradas.
Assim, relembremos os ditos de Jesus,
"Misericórdia quero, não o sacrifício!"
Brilhe vossa Luz
Muita paz!

Lucius
Trecho do livro: Despedindo-se da Terra

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A BELEZA

E como os sentimentos dão o sentido da Beleza nos rincões da Eternidade, quanto mais os sentimentos se alcandorarem, quanto mais a Linha Divina da Beleza modificará o gráfico estético da personalidade, por emprestar-lhe tonalidades desconhecidas do olho humano, nuanças e imprevistos aurorais de quietudes espirituais, que somente os seres evolvidos da Criação podem surpreender com a luz de sua visão espiritual. Quando Fídias nos dava, pelo escopro1, nos tempos recuados da História, e, depois, Murilo, Ângelo, Da Vinci, um apanhado de linhas onde as curvas predominavam - e os gênios sempre se movimentaram no sentido das curvas -, e cuja harmonia nos falava de uma beleza pagã, religiosa ou profana, eles tinham somente sentido, na fronte atormentada pelos sonhos da Arte, o roçar da Inspiração poderosa da Espiritualidade que incendeia os espíritos - pintores, músicos e oradores -, e os arroja para latitudes que o homem animalizado nunca, jamais sentiu. Para compreender o mistério da Vida e das Coisas, é necessário amar as Coisas e adorar a Vida!

A Beleza, neste plano do Infinito carece de linhas, de cores e de expressão que firam a retina do artista e lhe digam à alma as harmonias surpreendentes das outras plagas da Morada Eterna. Mas esse conceito de Beleza é apenas concebimento humano ou do homem que se arrasta pela Crosta, ainda que esse entendimento estético seja reminiscência do que um dia ele pôde vislumbrar nos planos adjacentes da Terra. Mas, à medida que o Espírito se desmaterializa e ganha em iluminação interior, o conceito de Beleza se dilata, se expande, se avoluma e se desdobra para outras dimensões da consciência estética, e ele, então, senhor de novas possibilidades surpreende outras manifestações de beleza que a nossa pobre linguagem terrícola não tem recursos nem poderes descritivos para trazê-las à inteligência dos homens.

A Beleza, em latitudes diferentes, é função de espiritualidade e de sentimento. A Fealdade não é negação de Beleza. É, nas almas rudes e mansas, um desvio dos centros estéticos da vida, por obra humana e contingente, mercê de nosso atraso e dos nossos próprios erros. E a Beleza, para o homem, o é apenas porque o inestético lhe nasce ao lado. Mas o Feio é somente a fase inicial do Belo. A Beleza, para nós, aqui na Crosta, nasce do Feio, tanto quanto dos nossos erros na colaboração com o Infinito, na Terra. A Beleza é a evolução do Feio. O Feio evolvido é Beleza. A execução inexata de uma sinfonia de Beethoven, não quer dizer que o belo musical do grande torturado do volume em música não existe. O Feio, só o é como condição estética rudimentar ou embrionária à explosão do Belo. Demais, o Belo que concebemos é o Feio das esferas superiores da Espiritualidade; nossa Beleza embasa a Beleza do Infinito, ou, melhor me exprimindo, os gigantes da Espiritualidade horrorizar-se-iam daquilo a que chamamos Belo, se não fora o padrão espiritual de suas almas alcantiladas. No Feio, que é o Belo tentando a evolução em departamentos diferentes do Infinito, a observação do Artista sideral descobre, sem esforço, a linha divina da Beleza, como o naturalista contempla na lagarta repugnante a borboleta brilhante que um dia se queimará ao Sol criador da beleza natural do planeta que nos coube habitar por imperativo de nossas incidências no Erro e na Mentira.
O espírito não degenera, apenas estaciona. O Feio é o começo do Belo, em qualquer estância da Arte ou da Filosofia. E sendo o começo da Beleza, ele não existe na realidade. Nós o consideramos como negação da Beleza, porque não sabemos sentir e exprimir, por imaturidade biológica, o conceito exato da Beleza.

A Beleza pura é uma abstração tanto na Terra como em inúmeros planetas deste e de outros sistemas. Beleza é Amor. É Verdade. É Sabedoria. É Perfeição. Só entende o sentido imenso da Beleza quem haja chegado à Perfeição. Quem atingiu a Perfeição? Um Espírito bom, vestido na indumentária de um Quasímodo, não é feio, porque a Bondade não é feia. Afinal, para nós, que é a Beleza? Onde se situa? Exclusivamente na Forma. Mas a Forma não é a Substância. Efeito. Nada mais que efeito. E nesta ordem de raciocínios de teor espiritualista, o que é belo é a Substância. A Forma não tem vida própria. Se a Forma, por imposição de ordem existencial, em frente aos destinos das criaturas de Deus, não se exprime em harmonia com a Substância, não quer dizer que o Feio seja filho do Belo. Pelo contrário, o Belo é filho do Feio, porque o Feio é tentativa do Belo por plasmar-se, um dia, aqui ou alhures. Apenas o instrumento foi inapto e pobre para revelar o Belo que palpita no âmago dos seres e das coisas, Deus, sendo a Beleza mesma, porque a Perfeição, somente não se revela na divina opulência das suas linhas harmoniosas, porque o material humano ainda é de uma miséria espiritual tão grande, quão infinita é a grandeza de Deus. (Fernando do Ó - Apenas uma Sombra de Mulher).

Nota do compilador: 1 - escopro = instrumento de aço que serve para trabalhar o mármore, metais, madeira.

domingo, 21 de novembro de 2010

COMO AGIR CONTRA OS ATAQUES AO ESPIRITISMO?

Ligue sua televisão pela madrugada. Com o seu controle escolha aquele canal em que um líder religioso está entrevistando uma pessoa do povo. Você vai ouvir mais ou menos o seguinte diálogo:
“- Então a senhora se arrependeu de ter sido espírita?
- Sim, me arrependi. Foi um dos momentos de minha vida em que tudo dava errado e eu não sabia porque.
- E agora que a senhora está em nossa Igreja, como está sua vida?
- Agora, com Jesus no meu coração, tudo mudou. Consegui emprego, consegui comprar minha casa própria e sou uma pessoa muito mais feliz.
- Então o Espiritismo prejudicou a senhora?
- Prejudicou. Hoje eu vejo que o Espiritismo é coisa de demônio. Se pudesse diria para todos os espíritas conhecerem a nossa Igreja onde Jesus é o nosso Mestre e Senhor. Os espíritas precisam enxergar que o seu mestre é o demônio.”
Depois de ouvir tudo isso, nós espíritas ficamos a imaginar:
“Que desconhecimento em relação ao Espiritismo!”.

Um parêntese: Você se lembra, caro leitor, quando chutaram em um dos programas de televisão a imagem católica de Nossa Senhora Aparecida? Você se lembra da intensa e imensa reação dos católicos de todo o Brasil? Você se lembra dos insistentes noticiários da televisão e dos inflamados artigos de jornais e revistas sobre o assunto?
A reação de todos foi impressionante!
Há tempos não se via tamanha comoção em nosso país. O chute na imagem de Nossa Senhora era assunto nas escolas, nos bares, em todos os lugares.

Agora reflita comigo:
Você já imaginou que todos os dias determinados pastores chutam nossa Doutrina?

Por terem chutado uma única vez uma imagem, os católicos e toda a mídia brasileira prontamente reagiram.
E nós que estamos sendo chutados todos os dias, estamos reagindo?
Poderíamos pensar que existem duas alternativas para resolver essa crítica situação de ataque diário e persistente ao Espiritismo:

A primeira:
Culpar o pastor e procurar fazer com que o mesmo nos dê satisfação por publicamente desrespeitar de maneira infame e inculta a Doutrina que professamos.

A segunda:
Divulgar melhor nossa Doutrina.

Agirmos de acordo com a primeira alternativa geraria polêmica. E polêmica gera polêmica, que por sua vez gera polêmica...
Divulgar melhor nossa Doutrina é a solução.
Veja as palavras de Allan Kardec:
“Uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados, levaria ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o conhecimento das idéias espíritas, faria nascer o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da opinião”.

Vale a pena também ler as palavras de Vianna de Carvalho, espírito:
“Na hora da informática com os seus valiosos recursos, o espírita não se pode marginalizar, sob pretexto pueris, em que se disfarça a timidez, o desamor à causa ou a indiferença pela divulgação, porquanto o único antídoto à má Imprensa, na sua vária expressão, é a aplicação dos postulados espíritas, hoje ainda ignorados e confundidos com as superstições, crendices, sofrendo as velhas conotações infelizes com que o caluniaram no passado, aguardando ser despojado das mazelas que lhe atiraram os frívolos e os déspotas, os fanáticos e os de má fé, quanto os que se apoiavam nos interesses subalternos, inconfessáveis...
Hora de mentalidades abertas às informações de toda ordem, este é o nosso momento de programar tarefas, fomentar a divulgação por todos os meios, tornando-se cada companheiro honesto e dedicado, nova “carta-viva”, para a estruturação de um homem melhor, portanto, de uma sociedade mais justa, uma humanidade mais feliz”.

Complementa ainda Vianna de Carvalho “Como não é lícito fomentar debates ou gerar discussões improdutivas, cabem, frequentemente, sempre que possíveis, as honestas informações entre Doutrina Espírita e Doutrinas Espiritualistas, prática espírita e práticas mediúnicas, opiniões espíritas e opiniões medianímicas...”
Kardec e Vianna de Carvalho nos mostram que gerar polêmicas, criar discussões improdutivas a nada levam.
Procurar discutir no mesmo nível dos detratores é agir como eles estão agindo. É errar como eles estão errando.
Nossa tarefa é melhor divulgar a Doutrina e respeitar todas as religiões.
Uma eficiente e eficaz divulgação do Espiritismo, como disse Kardec: “imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da opinião”.
Portanto, qual deve ser nossa postura ao divulgar nossa Doutrina?
Ao procurar divulgar nossa Doutrina, devemos fazê-la sem proselitismo, com ousadia e sensatez, tendo sempre em mente que nossa postura tem que ser a postura do conhecimento, da ética, da dignidade e da boa ação.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

UMA IMPORTANTE OPÇÃO

Emília pertencia a uma família de classe média, em um país europeu que sofria crises e carestias, depois de uma prolongada guerra nacional. Fome e epidemias ameaçavam a toda a população polonesa.
Emília, desde pequena, tinha uma saúde frágil, e não melhorava devido às condições em que vivia. Era ainda muito jovem quando se casou com um operário têxtil e se estabeleceram em uma cidadezinha nova, longe de familiares e conhecidos: Wadovice, a 30 km de Cracóvia.
Pouco tempo depois nasceu seu primeiro filho, Edmundo, um garoto belo, bom aluno, atleta e de personalidade forte. Chegaria a se formar em Medicina.
Alguns anos mais tarde, em 1915, Emília deu à luz uma menina, que só sobreviveu poucas semanas, por causa das más condições de vida a que a família estava submetida.
Catorze anos depois do nascimento de Edmundo, e quase dez da morte de sua segunda filha, Emília se encontrava em uma situação particularmente difícil.
Tinha cerca de 40 anos e sua saúde não havia melhorado: sofria severos problemas renais e seu sistema cardíaco se debilitava, pouco a pouco, devido a uma doença congênita.
Além disso, a situação política do seu país era cada vez mais crítica, pois havia sido muito afetado pela recém terminada Primeira Guerra Mundial.
Viviam com o indispensável e com a incerteza e o medo de que se instalasse uma nova guerra.
Justamente nessas terríveis circunstâncias, Emília percebeu que estava grávida novamente. Apesar de o acesso ao abortamento não ser fácil naquela época, e naquele país tão pobre, existia a opção e não faltou quem se oferecesse para praticá-lo.
Sua idade e sua saúde faziam da gestação um alto risco para sua vida. Além disso, sua difícil condição de vida lhe fazia perguntar-se: Que mundo posso oferecer a este pequeno? Uma vida miserável? Um povo em guerra?
Emília desconhecia que só lhe restavam dez anos de vida, por causa de seus problemas de saúde.
Tragicamente, também Edmundo, o único irmão do bebê que esperava, viveria só mais dois anos.
Alguns anos mais tarde, aconteceria a Segunda Guerra Mundial, e no ano de 1941, o pai da criança que estava por nascer também perderia a vida.
Contudo, entre as dificuldades que a assombravam e a vida que nela palpitava, Emília optou por dar à luz seu filho, a quem chamou de Karol. Ele foi o único sobrevivente da família.
Aos 21 anos, ficou na Terra sem os pais e sem os irmãos. Este menino se tornou um ancião. Por muitos anos, cada vez que visitava algum país e passava por suas ruas, milhões de gargantas exaltadas lhe gritavam: João Paulo Segundo, nós te amamos.
Com vários problemas de saúde, o Papa João Paulo Segundo confessou que somente se sustentava pela força da prece dos que oravam por ele.
*
Pense nisso! A jovem Emília podia ter decidido por não permitir o nascimento daquele terceiro filho.
Mas, que grande homem teria perdido o Mundo. Um homem que utilizou o seu prestígio para falar aos dirigentes das nações sobre as doenças da sociedade e que, esperançoso, afirmava que havia razões para confiar, para esperar, para lutar, para construir.
Pense nisso e jamais diga não à vida. Não importam as situações adversas, nem as nuvens borrascosas que teimam em se apresentar.
Se um Espírito lhe bater à porta do coração, pedindo acolhida num minúsculo corpo de carne, receba-o.
Ele poderá vir para mudar a face do Mundo. Ele poderá vir, simplesmente, para enrolar seus braços em seu pescoço e sussurrar aos seus ouvidos: Eu te amo, mamãe!

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

TESE REENCARNACIONISTA

Ele poderia ser um pré-adolescente comum se já não estivesse prestes a cursar um doutorado em Matemática em Oxford. É um norte-americano de 13 anos de idade e sua precocidade surpreende. Aos 14 meses Gregoryy Robert Smith resolvia problemas simples da sua matéria preferida, aos 10 anos começava a graduação pela Randolph-Macon College, em Washington. É presidente de uma Fundação, a Youth Advocates, dedicada à defesa de jovens carentes; já esteve com Bill Clinton, Michail Gorbachev e a Rainha Noor, da Jordânia, discutindo o futuro da Humanidade; e foi indicado para o Nobel da Paz de 2002.

Gregory tem Q.I. muito acima de 200 e pertence a uma classe de superdotados que representam apenas 0,1% da população mundial. Da estirpe dele, lembramos Amadeus Mozart, que tocava piano aos 2 anos, falava três idiomas (alemão, francês e latim) aos 3 anos, tocava violino aos 4, compunha minuetos aos 5 anos e escreveu sua primeira ópera aos 14. John Stuart Mill aprendeu o alfabeto grego aos 3 anos de idade. Dante Alighieri dedicou aos 9 anos um soneto a Beatriz. Goethe sabia escrever em diversas línguas antes da idade de 10 anos. Victor Hugo, o gênio maior da França, escreveu Irtamente com 15 anos de idade. Pascal, aos 2 anos, sem livros e sem mestres, demonstrou em Geometria até a 32a proposição de Euclides; aos 16 anos, escreveu um tratado de "seções cônicas" e logo adiante escreveu obras de Física e de Matemática. Miguel Ângelo, com a idade de 8 anos, foi dispensado pelo seu professor de escultura porque este já nada mais tinha a ensinar-lhe. Allan Kardec, examinando a questão, perguntou aos Benfeitores como entender este fenômeno e estes responderam: "lembranças do passado; progresso anterior da alma (...)1

Gregory começou a falar com apenas 2 meses de idade. Quando completou 1 ano, já resolvia problemas de álgebra e memorizava o conteúdo de livros volumosos - tinha na cabeça a coleção inteira de Júlio Verne. Aos 5, terminou o colegial e era capaz de dissecar tudo sobre a Terra, de sua pré-história aos dias atuais. Virou estrela: capa do The Times Magazine, manchete do New York Times e do Washington Post. Foi sabatinado por David Letterman e Oprah Winfrey, anfitriões de dois dos programas de maior audiência nos Estados unidos. "nunca vi um caso como esse em 40 anos de profissão", disse, recentemente à ABC News, Linda Silverman, diretora do Centro de Desenvolvimento de Superdotados, de Denver, no Colorado. O próximo alvo acadêmico de Greg é o doutorado em Matemática, Biomedicina, Engenharia Espacial e Ciência Política. Para o futuro, duas pretensões: primeiro, fazer fazer carreira na diplomacia internacional e, depois, sentar na cadeira que hoje é de George W. Bush. "Na presidência, poderei trabalhar muito pelo meu país e pelos pobres de todo o mundo", ele antecipa.

"Nos testes de inteligência, os gênios precoces costumam estar anos à frente dos colegas de classe", diz Zélia Ramozzi Chiarottino, 46 anos, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Ela aponta o adolescente Fábio Dias Moreira como exemplo. Aos 14 anos, ele conquistou 11 medalhas de ouro em olimpíadas de Matemática, quatro delas em disputas internacionais. Aluno da segunda série do curso médio do Colégio PH, da Tijuca, Zona Norte do Rio, o filho temporão prefere estudar a ir a festas com colegas e não gosta de esportes. Sob nenhuma hipótese troca os livros de Matemática por uma pelada com os colegas, mas ganhou a simpatia da turma, de quem tira todas as dúvidas de matemática.

Casos de crianças precoces sempre despertam a atenção. A Academia de Ciência não possui uma explicação consistente sobre o tema, atribui a uma "miraculosa" predisposição biogenética potencializada por estímulos de ordem externa. Outra enorme dificuldade encontrada na Academia é a não concordância na definição do termo "superdotação". Alguns pesquisadores distinguem superdotado de talentoso, sendo o primeiro considerado como aquele indivíduo de alta capacidade intelectual, ou acadêmica, e o segundo como possuindo habilidades superiores nas áreas das artes, música, teatro. O debate sobre o que é realmente a inteligência nunca foi tão promissor como atualmente. Muitas teorias têm ampliado o conceito de inteligência, fugindo ao esquema ultrapassado de medição dela pelo Quociente intelectual, o Q.I, mediante aplicação do teste de Binet.

Gênios como Gregory teriam Q.I, acima de 200, mas o que esse número responderia sobre a origem desta "anormalidade"? Se há consenso entre especialistas sobre a maneira de tratar os superdotados, há divergências em relação aos testes de inteligência. Um polêmico estudo publicado no final da década de 1980 pelo cientista político James Flynn, da Nova Zelândia, revelou que o Quociente de Inteligência (Q.I.) medido nos testes de avaliação aumentou 25 pontos em uma geração. A dúvida é se os jovens de hoje seriam mais inteligentes que seus pais ou se os métodos de avaliação da inteligência precisam ser repensados.

Segundo a Dra. Barbara Clark, da universidade da Califórnia, EUA, dois indivíduos com aproximadamente a mesma capacidade genética para desenvolver inteligência podem ser considerados potencialmente superdotados ou retardados educáveis, dependendo do ambiente em que interagem; para compreender como alguns indivíduos se tornam superdotados e outros não, precisamos familiarizar-nos com a estrutura básica e a função do cérebro humano. Ao nascer, declara Clark, o cérebro humano tem cerca de 100 a 200 bilhões de células. Cada célula tem seu lugar e está pronta para ser desenvolvida e para ser usada e realizar os mais altos níveis do potencial humano. "Apesar de não desenvolvermos mais as células neurais, isso não se faz necessário porque as temos; se usadas, permitiriam que processássemos vários trilhões de informações durante nossas vidas. Usamos estimadamente menos de 5% dessa capacidade. A maneira como usamos esse sistema complexo é crucial para o desenvolvimento da inteligência e personalidade, e da própria qualidade de vida que experimentamos enquanto crescemos."

Para alguns pesquisadores, os genes são os agentes fisiológicos e da conduta; o fenótipo2 é o resultado da interação do meio com o genótipo. Destarte, os genes determinam os limites das capacidades ou potenciais do organismo, de qualquer aprendizagem, e deve ocorrer, necessariamente, dentro dos limites dados pelos genótipos, que sofrerão influência do meio, o qual dará a expressão final das características.

Howard Gardner, professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, afiança que não existe inteligência absoluta. Gardner mapeou várias formas de inteligência e para demonstrar a multivariedade de expressão intelectual desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas, que permite compreender a manifestação da inteligência humana pelas capacidades verbal-lingüística, lógico-matemática, visual espacial, rítmica musical, corporal sinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista dos indivíduos. Outro professor da Universidade de Harvard, Robert Coles, defende a teoria da existência Moral, isto é, a capacidade de refletir sobre o certo e o errado.

O grande embaraço dessas teses é desconsiderar o fato de a inteligência ser atributo ou conquista do próprio indivíduo, resultante da soma de conhecimentos e vivências de existências anteriores. Nesse sentido, admitindo-se a reencarnação, as idéias inatas são apenas lembranças espontâneas do patrimônio cultural do ser, em diferentes esferas de expressão, alguns em estado mais latente como nas crianças-prodígio. Desse modo, ficaria bem mais fácil compreender toda essa complexidade da mente humana.

Só a pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a desproporção das qualidades morais, enfim, todas as desigualdades que alcançam a nossa vista. Fora dessa lei, indagar-se-ia inutilmente por que certos homens possuem talento, sentimentos nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só tiveram em partilha tolices, paixões e instintos grosseiros.

A influência do meio, a hereditariedade, as diferenças de educação não bastam, obviamente, para explicar esses fenômenos. Vemos os membros de uma mesma família, semelhantes pela carne e pelo sangue, pelo histórico genético e educados nos mesmos princípios, diferençarem-se em muitos pontos.

Mais recentemente, o Doutor Richard Wolman, também de Harvard, incorporou às demais teorias em voga o conceito de Inteligência Espiritual, que seria a capacidade humana de fazer perguntas fundamentais sobre o significado da vida e de experimentar simultaneamente a conexão perfeita entre cada um de nós e o mundo em que vivemos. Não é exatamente o que define a Doutrina Espírita, mas já é um avanço no entendimento integral do indivíduo.

Os fatos nos lançam, inevitavelmente, no rumo da tese reencarnacionista.

Nos últimos anos, com o desenvolvimento e o reconhecimento crítico do papel da Ciência como expressão cultural de uma época, particularmente como conjunto de teorias e sistemas conceituais coerentes com uma determinada visão de mundo, o homem tem-se lançado ao estudo de si mesmo com maior maturidade e maior equilíbrio quanto ao papel dos modelos e mapas teóricos e científicos sobre a realidade, sempre relativos. Em especial, a partir do movimento da contra-cultura dos anos sessenta, a visão de mundo acadêmica e tradicional, moldada nos rígidos parâmetros do Positivismo, teve de tornar-se mais flexível ante novos questionamentos e abrir-se, pelo menos em parte, a idéias e pesquisas que, a rigor, não são, ou melhor, não eram bem aceitas pelo paradigma cartesiano de nossa ciência tecnicista, apoiada e financiada por uma sociedade industrialista e mecanicista e, portanto, ligada a uma visão de mundo igualmente mecanicista.

Se nascem gênios, por que também nascem crianças com sérios distúrbios congênitos como hidrocefalia, síndrome de Down, esquizofrenia, cardiopatias graves, autismos? Na reencarnação vemos a Justiça Divina corrigindo os tiranos, os suicidas, os homicidas, os viciados e libertinos de vidas passadas. (grifo do compilador)

No século XIX, numerosos pensadores reuniram-se à reencarnação: Dupont de Nemours, Charles Bonnet, Lessing, Constant Savy, Pierre Leroux, Fourier, Jean Reynaud. A doutrina das vidas sucessivas foi vulgarizada para o grande público por autores como Balzac, Théophile Gautier, George Sand e Victor Hugo. Pesquisadores como Ian Stevenson, Brian L. Weiss, H. N. Banerjee, Raymond A. Moody Jr., Edite Fiore e outros trouxeram resultados notáveis sobre a tese reencarnacionista. É possível que num futuro não muito longínquo os estudos nesta direção chegarão aos mesmos resultados já afirmados pelo Espiritismo, porém, de todo o vasto leque de tentativas de se estudar superdotados sem considerar a existência do Espírito, a maior parte tem esbarrado em resultados ou em dificuldades em que se faz necessário considerar esta hipótese, sem a qual se entra num beco sem saída...

Jorge Hessen - Reformador - FEB - janeiro 2005

1) Livro dos Espíritos, questão 219;
2) Fenótipo= Conjunto dos caracteres que se manifestam visivelmente em um indivíduo e que exprimem as reações do seu genótipo (isto é, de seu patrimônio hereditário), diante das circunstâncias particulares de seu desenvolvimento e em face de seu meio.

domingo, 14 de novembro de 2010

A COLABORAÇÃO DOS ESPÍRITOS

Não se pode separar o conceito doutrinário do todo para uma das partes: ele vale, no caso do Espiritismo, para seu tríplice aspecto e, como Doutrina dos Espíritos, não há que duvidar que a unanimidade das informações que trazem até nós, em qualquer parte do mundo, é que fundamenta seus princípios e neles incluídos os religiosos.

A Codificação é única e fundamenta-se nas obras de Kardec. Qualquer inovação que não seja coerente com seus postulados e que se restrinjam a grupos, não representa o Espiritismo. Não se admitem diversificações como Espiritismo-cristão (o roustaingismo), Espiritismo Ciência, Espiritismo de Mesa, Alto Espiritismo – principalmente estes últimos, por serem aberrações – e que mais, com introdução de obras inovadoras que modifiquem seus conceitos ou que introduzam novas ideias que não tenham o amparo no fenômeno, na sua comprovação ou na razão.

Só há um e único Espiritismo, o codificado por Allan Kardec.

Também não é válido diversificar as partes do tríplice aspecto, moldando aquela que não agrade porque Doutrina é um todo sem mutilações. Até mesmo as presente s considerações estão sujeitas ao mesmo crivo.

Nenhuma corrente doutrinária anterior a Kardec pode ser tida como sua predecessora: o Espiritismo nasceu com Kardec e, pelo fato de ser mediunista, nenhuma outra similar poderá ser considerada espírita; este neologismo nasceu para definir apenas o que advém da análise do mestre lionês atualizado pelos novos conhecimentos que o homem adquira, sempre coerente com sua base e nunca diversificado dela. Portanto, não existe Espiritismo antes de Allan Kardec.

O fundamento doutrinário do Espiritismo, sem dúvida está inserto no primeiro livro escrito pelo codificador, que é O Livro dos Espíritos (LE), um acervo geral que mostra, a partir de Deus e da Criação, todo o aspecto filosófico-religioso dos ensinamentos dos Espíritos.

Segue-se a ele O Livro dos Médiuns (LM) que contém os principais tópicos da fenomenologia e esgota o assunto com grande profundidade de conhecimento; é, assim, o segundo mais importante livro da codificação porque nos dá o conhecimento do processo de intercomunicação com o Além. Como tal, é, sem dúvida, o tratado científico da fenomenologia dita paranormal.

Contudo, o livro onde Kardec conceitua a doutrina dos espíritos é o mais ignorado por todos porque estabelece fundamentos que contrariam muita tendência religiosa existente. É ele O Que é o Espiritismo, onde define, sem contestações, o que vem a ser a obra por ele codificada, exemplificando sua explanação e estabelecendo seus princípios.

Reponde a uma série de indagações; nele, Kardec confirma a existência da parte religiosa, afirmando categoricamente, em diálogo com um padre, que a Codificação possui todos os fundamentos religiosos essenciais para substituir qualquer outra religião, como será dito adiante. E é, segundo o próprio Kardec, a principal obra dele, neste campo.

O quarto livro, sem ser considerado básico, O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), estuda um pouco da filosofia do Novo Testamento, mostrando a beleza dos ensinamentos de Jesus, chamando a atenção para algumas sérias contradições de prováveis interpolações havidas no interesse à manipulação dos que pregavam um Cristianismo conveniente a eles. É polêmico e diverge dos que aceitam a Bíblia na íntegra, sem qualquer análise. Este livro encerra, apenas parte da moral espírita, mas era por demais importante à época porque toda sociedade europeia estava enraizada nos fundamentos ditos cristãos e repudiaria qualquer outra ideia que não se estribasse nesses princípios. Além disso, nos fala do Cristo, nosso guia, a quem seguimos.

Contudo, até hoje, muitos adeptos ou possíveis seguidores do Espiritismo não conseguiram se libertar dos liames eclesiásticos e ainda mantêm a idéia do perjúrio e do pecado contra Deus o fato de divergir das Escrituras Sagradas. É o desconhecimento doutrinário.

Ainda, numa abordagem religiosa, vamos encontrar o quinto livro, O Céu e o Inferno, falando a respeito da Justiça de Deus sem as contrastantes conotações da Teodicéia e, apesar disso, é a obra menos conhecida pelos ardorosos adeptos da parte religiosa do Espiritismo, até mesmo nos que tentam transformar a Codificação em mais uma seita cristã, senão, estes tomariam uma outra posição, antagônica ao seu evangelhismo canônico.

Complementando a série de livros tem-se A Gênese, por demais polêmico e Obras Póstumas, como o próprio nome indica, publicada após o desencarne do seu autor.

Não para aí, contudo, o trabalho da Codificação. Kardec reformulou alguns pontos, ampliou outros através de uma série de artigos editados em vários periódicos, destacando -se a Revue Spirite que ele próprio geriu. E desses artigos, vários foram os livros editados, juntando assuntos, como é o caso do Desobsessão, impresso pela Federação Espírita da Bélgica.

É preciso que se conheça toda essa matéria para que se possa ter uma ideia do que seja a Codificação.

Assim nasceu o Espiritismo hoje acrescido de um sem número de depoimentos dos mais diversos observadores, alguns, até, inteiramente insuspeitos porque não eram seguidores de Kardec nem desejavam sê-lo. Só que nenhum deles conseguiu implantar novos princípios, até mesmo cientificamente, capaz de interferir nas bases doutrinárias; e note -se que, ao tempo de Kardec, segunda metade do século XIX, os ditos conhecimentos científicos eram parcos em relação ao que hoje se sabe; ainda se tinha a molécula como indivisível.

A comprovação dos fatos, a verdade de suas teses, o rigor da análise e uma fenomenologia que resiste às pesquisas até de fraudadores, formam o pedestal onde assentam os ensinamentos dos Espíritos e é nisso que reside a confiança de suas mensagens.

O mistificador por si só se trai e torna -se fácil bani-lo do meio.

Muita coisa já existia, quando Léon Hyppolite Denizard Rivail, o grande educador, discípulo emérito de Pestalozzi, foi convocado à sua missão na Terra. Ele era professor de renome, mestre em metodologia e autor da primeira gramática da língua sob forma didática, para sua aprendizagem. Não podia supor que acabasse se envolvendo com aqueles fenômenos de mesinhas girantes que possuíam personalidade, inteligência e capacidade informativa.

A pureza d’alma e a honestidade foram os predicados que levaram este mestre que adotou o pseudônimo de Allan Kardec a aceitar as comunicações mediúnicas e as determinações dos mentores espirituais atribuindo-lhe a função codificadora. A literatura a esse respeito é vasta.

Na época de Kardec, na Europa, imperava a Igreja, que ditava os princípios religiosos, do que, a sociedade não podia afastar. A Santa Inquisição deixara marcas indeléveis e não se podia fugir a seus princípios sem escandalizar a sociedade. A imagem de Jesus crucificado representava o Senhor na Terra, dogma que não podia ser contestado. E, apesar da liberté, egalité et fraternité, ainda, na França imperava ou crê ou morre, se não na fogueira, pela condenação social. Assim mesmo, este país é tido como o mais liberal entre os demais.

Jesus era Deus na Terra e seus signatários de alguns países europeus pregavam sua doutrina à moda de seus interesses, manipulando a lei de Deus de forma que fossem os grandes detentores das pseudodeterminações emanadas do Criador. Eram senhores absolutos da fé e da crença; mandavam no Céu e determinavam na Terra e o condenado não alçaria aos páramos celestes. E todos criam; e todos temiam. O medo ao desconhecido ajudava a impor esse regime.

Pobre Jesus, que veio ensinar o bem, o amor e a misericórdia, transformado em aval ao despotismo.

Tornava-se preciso que surgisse algo sem ferir tais preceitos, que fosse capaz de abalar a sociedade, chamando sua atenção para a verdade das coisas o que talvez tenha levado Kardec a acomodar certos pontos doutrinários.

O ranço do falso cristianismo imposto pelas castas dominantes que acabaram se transformando em religiosas, legando-nos o que hoje existe, foi tão prepotente que impôs à razão os seus preceitos e que imperam até então. As palavras de Jesus foram modificadas, em parte, pela conveniência, outras foram devidamente supressas e algumas que mais acrescentadas para que o Cristianismo pudesse representar os interesses das castas dominantes e que acabaram se tornando as senhoras poderosas da religião.

A Igreja de Pedro, inicialmente condenada às catacumbas, tendo seus adeptos perseguidos pelos poderosos, foi assimilada por Constantino, o grande, de Naissus (306), imperador romano que a adaptou às necessidades do império, em vez de transformar seu poder público pelas benesses dos ensinos legados pelo Mestre da Galiléia.

Enfim, a deturpação tomando conta da ideia, daí a necessidade do Consolador Prometido, para reconstituir a verdadeira doutrina do Cristo e essa reconstrução veio através das mensagens mediúnicas e dos ensinamentos através delas trazidos pelos grandes mentores.

E esses Espíritos Superiores falam de Jesus como luminar e como mensageiro do Alto para ensinar o amor às criaturas, como mentor em quem se inspiram e a quem servem como discípulos na Espiritualidade. Esse, porém, é o lado filosófico da nossa existência.

É o que muitos chamam de “Cristianismo redivivo”.

A confusão religiosa não tem limites: várias são as correntes de pensadores dentro de um mesmo grupo ou linha de pensamento e cada qual, julgando -se infalível, tenta impor sua “verdade” como absoluta, do que não escapa o meio espírita. Dentro dele vamos encontrar os que combatem a parte científica, alegando que a era da fenomenologia espírita já passou; esquecem-se de que os fenômenos existem, existiam e existirão por toda a eternidade da nossa vida, independentemente da sua natureza e os paranormais não fazem exceção.

Além disso, o progresso caminha a passos largos e as descobertas no campo espirítico nos são deveras favoráveis, ampliando os conhecimentos e, cada vez mais, comprovando os estudos do mestre lionês.

Outros são radicais e querem banir a parte religiosa do Espiritismo, alegando (ou confundindo) que religião seja uma seita com dogmas, rituais, cultos, sacerdotes, infalibilidades, enfim, tudo aquilo que Kardec provou que não tem fundamento nem necessidade para se compreender Deus, não pelo lado filosófico da vida, mas por sua Criação e interligá-Lo a ela, o que nem a ciência nem a filosofia o fazem.

Portanto, a religião é, sem dúvida uma parte integrante do tríplice aspecto do Espiritismo e é este o campo que será desenvolvido no presente trabalho, mostrando sua facetas na tentativa de banir as incoerências, e purificar os conceitos pelo conhecimento da Verdade.

Eis, pois, o motivo pelo qual a parte religiosa do Espiritismo existe sem dogmas, sem mentores absolutos, sem infalibilidades, residindo na coerência das informações e na sua universalidade. Não é uma religião estruturada, senão, uma parte correlata com o estudo relativo ao Criador, sua obra e seus fundamentos.

Essa parte religiosa do Espiritismo não é o evangelhismo que muitos tentam impor, nem tampouco tem fundamento nesse Cristianismo como é infligido por herança dos imperadores através das Igrejas tradicionalistas ou mesmo, as transformadas que insistam em se manterem no mesmo pedestal estabelecido pelos antigos Poderes constituídos em Estados. Não parte da premissa de que Cristo seja Deus nem que Jesus seja o filho de Deus na Terra, formando com um Espírito Santo uma santíssima trindade na qual uma só pessoa é verdadeira, ferindo todos os princípios matemáticos existentes.

Contudo, o que advém dos ensinamentos evangélicos, verdadeiramente cristãos, está contido no livro de Kardec, com toda sua pureza, com toda sua beleza, expressando uma filosofia de vida, como já foi dito, mas que só fala em parte nos preceitos religiosos por nós adotados.

Esta é a contribuição dos Espíritos; cabe agora, a nós, que também somos espíritos só que encarnados, dar prosseguimento à nossa parte porque nós, encarnados, é que somos os grandes responsáveis pelos acontecimentos terrenos e, como tal, pelo conhecimento doutrinário.

E é bom lembrar que o processo encarnatório é uma necessidade: para uns como resgate de seus erros, para outros, missão; de uma forma ou de outra, cada qual dá sua contribuição à formação social do mundo e é responsável pelo seu progresso.

É preciso que se pense nisso antes de achar que, sendo a Doutrina dos Espíritos, só eles sejam os responsáveis pelo seu progresso e capazes de ditar seus preceitos.

A verdade será sempre a verdade.


Carlos Imbassahy E... Deus Existe?

sábado, 13 de novembro de 2010

LEI DE CAUSA E EFEITO

Já enunciava Galileu: “A toda ação corresponde uma reação igual e contrária”, principio este que foi incluído por Newton no seu Tratado de Mecânica Física como sendo a terceira lei.

Há ainda um axioma que nos diz: “Não há causa sem efeito, não há efeito sem causa” o que significa que nada existe em vão no Universo. Ora, posto isso, a causa é uma ação e o efeito a reação do ato.

Evidentemente, sendo uma lei universal, ela tem que abranger todos os fenômenos que aconteçam dentro do espaço cósmico que nos contém.

Desde 1088, a equipe de Palomar, instalada com o segundo observatório astronômico Keck II a 4150m de altitude, na cratera do extinto vulcão Mauna Kea, no Havaí, vinha observando a ação de forças estranhas que atuavam sobre a poeira cósmica em torno da estrela Alfa Centauro, forças essas que, sem dúvida, seriam as responsáveis pela formação planetária em si.

A partir desses estudos, Sten Odelwal comenta em sua obra “ A Teoria do Nada” que o Universo é constituído de 23% de energia cósmica – a mesma que Newton chamou de fluido cósmico universal (FCU) – e 73% de nada, comparando o espaço sideral a um tanque cheio de espuma, onde, na verdade, a massa que o enche é mínima; a maioria é de bolhas, dando ainda o conceito do “peso sem massa”, ou seja a força oriunda deste domínio e que seria responsável pela estruturação do Universo.

Amit Goswami, físico indiano da Escola de Bose, conclui que este domínio seria o correspondente à Espiritualidade e esta, portanto, passaria a ser a causa da existência do nosso Universo, pulsante e anisotrópico.

Seu estudo corrobora as pesquisas de Murray Gell Mann à frente do fermilab (acelerador de partículas) da “Stanford University” quando, fazendo um pósitron (anti-elétron) chocar-se com um elétron, concluiu que os mesmos teriam “vontade própria”, ou seja, que estas partículas só podiam ser comandadas por um agente estruturador (mais tarde conhecido como frameworker) estranho ao domínio energético. Isto pode justificar a formação das mesmas a partir da ação deste agente externo sobre a energia cósmica fundamental que, por si só, não pode se alterar.

Neste caso, os aludidos agentes seriam os respectivos princípios espirituais das aludidas partículas, evidentemente, com as características correspondentes às mesmas.

Desta forma, a causa da existência dos corpos siderais estaria explicada, faltando, apenas esclarecer qual seria a da existência do próprio Universo, incluindo os ditos agentes que, segundo as religiões, seu grande culpado seria Deus, sem maiores explicações, transformando tal assertiva em dogma, ou seja, algo que não se explica, mas aceita-se como princípio, por pura crença.

Deus, como causa de tudo, seria o que a Ciência considera como sendo o “Agente Supremo” cujas características são ignoradas por falta total de informações a seu respeito. Assim, evidentemente, como não há efeito sem causa, tal “agente desconhecido ” é algo compatível com o Universo e jamais poderia ser representado pelos deuses religiosos, em si, antropomórficos e exclusivamente compatíveis com a formação humana.

Todavia, cabe lembrar que a figura de Deus foi idealizada pelos povos primitivos que tinham a Terra como centro de tudo e que os demais astros é que giravam em nosso entorno, motivo pelo qual até a Bíblia comete o terrível erro de julgá-lo como sendo um Ser semelhante a nós, com sentimentos, erros e virtudes humanas.

Por esse motivo, a Ciência não aceita a tese religiosa embora admita a existência de algo que esteja acima de tudo e que tenha uma sabedoria cuja mente humana seja incapaz de imaginar.

Quando ao Deus religioso – cada Religião tem o seu individual –, ele é fruto, segundo a Psicologia, da necessidade que a criatura tem em se apoiar num Ente capaz de protegê-lo contra o desconhecido, que é a própria vida.

Kardec, em Gênese, nos diz que, quando apelamos para Deus é um Espírito amigo que vem em nosso socorro. Evidentemente, do mesmo mo do que um diretor geral de uma empresa envia um seu auxiliar para resolver os problemas de seus operários, também, a Causa Suprema da existência do Universo não teria condição de se restringir aos problemas humanos em seu grande atraso existencial.

Enfim, o Universo existe por algum motivo que a mentalidade humana não pode compreender e, para tal, existe um motivo para tal que também é inteiramente ignorado já que nem se sabe a extensão do Universo, quanto mais como e porque teria surgido.

Num estudo teonômico, portanto, o assunto não poderia ser ignorado, já que a idéia principal gira em torno do aspecto divino da criação que se opõe ao racionalismo ideológico da lógica para a qual é fundamental que toda causa seja compatível com seu efeito. E vice-versa.

O que se pode concluir, portanto que esta causa não corresponde aos deuses das respectivas religiões porque a verdade é única e cada crença tem seu Deus exclusivo que só protege os seguidores das mesmas.

E finalmente, a esperança de que, algum dia se possa entendê-Lo é tão remota quanto o conhecimento da origem e do começo de existência do nosso Universo, bem como o porquê dessa existência.

Carlos Imbassahy – obra E... Deus Existe?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

OS FALSOS DEVOTOS

Minha lembrança acaba de ser evocada por meu retrato e meus versos; duas vezes tocada na vaidade feminina e em meu amor-próprio de poetisa, venho reconhecer vossa benevolência, esboçando em largos traços a silhueta dos falsos devotos, que são para a religião o que é para a sociedade a mulher falsamente honesta. O assunto entra no quadro de meus estudos literários, cuja nuança Lady Tartufe exprimia.

Os falsos devotos sacrificam a aparência e traem o verdadeiro; têm o coração seco e os olhos úmidos, a bolsa fechada e a mão aberta; falam de boa vontade ao próximo, criticando-lhe as ações de maneira adocicada, que exagera o mal, apequena o mérito. Muito ardentes para a conquista dos bens materiais e mundanos, trepam-se em tesouros imaginários, que a morte dispersa, e negligenciam os verdadeiros bens, que servem ao fim do homem e são a riqueza da eternidade. Os hipócritas da devoção são os répteis da natureza moral; vis, baixos, evitam as faltas castigadas pela vindita pública e na sombra cometem atos sinistros. Quantas famílias desunidas e espoliadas! quanta confiança traída! quantas lágrimas e, até, quanto sangue!...

A comédia é o inverso da tragédia. Atrás do celerado marcha o bufão, e os falsos devotos têm por acólitos seres ineptos, que só agem por imitação: à maneira dos espelhos, refletem a fisionomia dos vizinhos. Tomam-se a sério, enganam-se a si próprios, troçam por timidez aquilo em que acreditam, exaltam o de que duvidam, comungam com ostentação e acendem às escondidas pequenas velas, às quais atribuem muito mais virtude do que à santa hóstia.

Os falsos devotos são os verdadeiros ateus da virtude, da esperança, da natureza e de Deus; negam o verdadeiro e afirmam o falso. Contudo a morte os levará besuntados de arrebiques e cobertos de ouropéis, que os disfarçam, e os lançará ofegantes em plena luz.

(Espírito de Delphine de Girardin - R. E. 1863).

OBS.: Delphine de Girardin (1804-1855) escreveu poemas, romances e crônicas. Visitou Victor Hugo quando ele se encontrava asilado na ilha de Guernsey, e lá realizaram diversas experiências espíritas. (nota do compilador)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

COMPORTAMENTO DO HOMEM

Não sou eu das pessoas que maldizem a sua passagem pela Terra. Antes a bendigo.

Nas minhas derradeiras estadas aí, sofri e gozei com o sofrimento. O meu espírito havia, enfim, compreendido que só no sofrimento existia o bem; e o meu divino esposo1 fez-me à mercê de me dar na dor, não só a resignação para ela, como ânsia para mais sofrer; e tanta tive, que por muito que penasse, muito maior era o desejo por penar.

Não conhecem os mortais, ainda não bem limpos da mácula da carne, o que de gozo existe em nos desprendermos e libertarmos de tudo que para eles é gozo; nem quanto de mau escurece a nossa alma naquilo de que fazem luz para iluminar a deles.

Há, na crença em Deus e no seu amor, doçuras que nenhum outro sentimento nos dá, e que nenhuma palavra humana traduz.

A palavra serve só para representar as coisas desse mundo; e quem ama e serve só a Deus, já desse mundo não é, já os seus afetos e o seu sentir saíram da atmosfera pesada em que vive e sente quem só na carne pensa e vive.

Felizes, a quem ainda aí é dado contemplar os esplendores que Ele reserva aos seus filhos, e que põem a vida em serviço do bem e de seus irmãos, estão já em véspera da libertação do cativeiro, que a Terra lhes é, pior que as galés de Ceuta2 ou as fronteiras de Marrocos; e assim se isolam na frescura da sua crença, no bálsamo da sua fé, pedindo a Deus por aqueles a quem ainda não chegou a hora abençoada do resgate.

Para todos ela pode chegar, porque não é mercê para raros, mas patrimônio de todos os filhos do Senhor; mas como na Terra há frutos e há quem morra de fome, há água e há quem morra de sede, assim há perdão e há quem morra condenado, há paz e há quem morra em guerra, e fé e quem morra impenitente.

Por que será? Naturalmente porque quem precisa não sabe buscar; quem não tem não sabe pedir, e a quem dão não sabe aceitar. Pôs Deus de tudo no mundo, e a todos deu direito de colher.

Colhe cada um o que lhe parece de melhor, ou o que mais bem sabe ao seu paladar.

Quem vai à colheita não cuida da escolha; e por engano traiçoeiro colhe, a maior parte das vezes, o fruto de melhor cor e de mais enganosa aparência, que lhe tentou melhor a cobiça ou lhe tentou mais a ambição, soendo3 que esse fruto é, por vezes, o de menos valiosa qualidade e de mais ruim alimento e empeçonhada digestão.

Quando quer fazer escolha acertada, à custa do seu trabalho aprendido, já o tempo lhe míngua para o cuidado e a força lhe falece para a empresa.

Bem fora que tivesse posto em seu sentido o zelo no trabalho e a atenção na preferência, a tempo de evitar pesares e afastar enganos.

Quem há, todavia, que não ponha em desejo mal cuidadas esperanças e bem infundadas ilusões?

A felicidade está em conhecer a tempo o véu que o entendimento lhe ofusca, e arrancá-lo com mão firme; e ter não menos firme propósito de outro não deixar tear4 à impiedade e à dúvida, para lhe tapar de novo a vista, quando é tempo de ver, e por ela aprender, que para isso lhe foi dada.

Muito apraz ao homem cego, supor que os outros também não vêem; e ao míope negar aquilo aonde a sua vista não chega; mas melhor farão os outros que bem vêem, em dissuadir do erro aqueles a quem a desgraça não deixa ver, do que em lhes lisonjear o engano, encurtando a própria vista para lhes fazer companhia e aprovação.

Assim quer ver na Terra, o homem terreno, só o que à Terra de que é, bem sabe; e repele tudo que a sua alma requeira para seu deleite e caminhar.

Alimenta-se a alma com comeres pouco sólidos, e às vezes de trabalhoso alcance; e a carne, que havia obrigação de lhe fornecer com que alimentar-se, como serventuário único à mercê de que essa alma está, mais prazer sente em lhos negar, por custosos, do que em buscar-lhos, por sacrifício.

Cuida só, com porfiado interesse, naquilo que a ela é mister; e para que não seja acusada de deixar à míngua a pobre que Deus confiou à sua guarda e zelo, prefere ocultá-la na negativa, como se negar a fizesse desaparecer.

E, altiva de si própria, a carne gasta só na sua utilidade o que, para si e para a sua cativa, Deus lhe facultou.

Aqueles, porém, a quem a vaidade e o prazer não cegam, e que mais da sua alma cuidam que da carne, porque nela viverão, quando esta, saciada e apodrecida, os expulsar de si, esses já aí vislumbrarão o reino prometido pelo meu Jesus divino; e as suas almas, a que os corpos serviram de cárcere, entrarão na mansão liberta, cheia de luz e de harmonia, que é a essa de Deus.

Aí, na Terra, levarão vida leve, alegres nos pesares, aliviados nas algemas, felizes na pena, porque assim crêem alcançar o gozo eterno. Saberão procurar ter a sua consciência limpa, como quem espera ter que mostrá-la a quem, pela sua alvura, apreciará a obra de quem a tem; enquanto que os outros não se lhes dará que limpa ou suja ela se conserve, porque supõem que, para a ocultar aí a indiscretas vistas, o seu artifício lhes basta até ao fim da vida, e, quando a morte chegar, esta se encarregará de a tirar da presença de todos, no seu manto de horror e de podridão envolvida.

Tendo, pois, cada um, o pensar diverso, diverso será o seu empenho, e diversa será a sua obra nesse mundo.

Quem nessa vida só ponha toda a sua esperança, nela só procurará dessa esperança toda a realização.

Quem a ponha nessa e nesta vida, e mais nesta do que nessa, nesta fiúza5 porá toda a sua aspiração e no bom resultado da sua obra buscará mercê.

Quem for só da terra, ou quem dela só suponha ser, nela buscará os frutos que ao seu paladar agradam; quem acreditar que é da terra na carne, da eternidade na alma, à terra tirará o que à carne é mister, e no sentimento procurará o que para a alma necessita. E, como a alma, de mais longeva existência e de mais requintada exigência é, de mais sadio manjar precisa e mais cuidado porá na escolha, deixando o que de mais grosseiro exista para a parte de mais grosseira exigência da sua organização.

Quem não saiba, ou quem não queira distinguir a dualidade de que se compõe seu ser, dará à sua vida errada direção, e à sua exigência, alimentação errada.

Na vida deve cada um demandar o que à sua situação for mister. Como para o frio do corpo busca o abafo, para o frio da alma deve buscar a fé.

Nos desalentos deve buscar a esperança; na felicidade, a continência6; na dúvida a certeza, em Deus a origem de toda a sua vida, e no engrandecimento da sua alma, de toda a sua vida o fim.

Mal virá a quem isto não fizer; porque esses - ai deles! - tarde verão a luz, tarde comungarão à mesa do meu divino Mestre.

Nele deverão procurar exemplo. Quem não souber amar como ele, não será amado; quem como ele não souber perdoar, não será perdoado; quem como ele não apartar para a carne o que da carne é, e para a alma o que é da alma, na mesma dor carne e alma se lhe confundirão, da mesma lepra ambas serão corroídas, até que pela mesma dor volvam à verdade.

Suplico a Deus que ponha ante cada filho seu a luz que o deixe distinguir o bom e o mau caminho.

Àquele que escolher o bom, eu darei emboras7; ao que se meter pelo mau, Deus tenha dele piedade, Dele e de nós.

(Espírito de Thereza d’Ávila8 - Do País da Luz 2).

NOTAS DO COMPILADOR:
1 - provavelmente, o Espírito refere-se a Jesus.
2 - cidade espanhola da costa da África, diante de Gibraltar.
3 - tendo por hábito.
4 - aparelho de tecer.
5 - confiança; esperança.
6 - continência; moderação;
7 - parabéns.
8 - Teresa de Ávila (religiosa espanhola) era possuidora de elevada cultura. Trabalhadora emérita na difusão do cristianismo (abriu 17 mosteiros de mulheres e 15 de homens). Foi processada pela Inquisição e mais tarde transformada em santa, conhecida como Santa Teresa de Jesus.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

EM DEFESA DE ALLAN KARDEC

Muito freqüentemente, ouvimos adeptos do Espiritismo declararem, não sabemos baseados em que autoridade, que os códigos firmados por Allan Kardec foram “ultrapassados” por obras espíritas modernas, incluindo também León Denis a par do codificador nesse conceito irreverente. Mesmo alguns espíritas de certa circunspecção tem afirmado tal novidade de suas tribunas, incorrendo, portanto, em melindrosa responsabilidade perante a Doutrina. No entanto, bastará pequeno raciocínio para observarmos que nem Allan Kardec nem León Denis foram ultrapassados agora, nem o serão tão cedo, assim como não o foi o Evangelho, que há dois mil anos deu aos homens o mais perfeito código de moral até hoje conhecido, código que, não obstante, ainda não é acatado pelos próprios cristãos, como poucas exceções, visto que a própria Terra, com seus prejuízos de planeta inferior, não comporta, por enquanto, a prática integral de tão elevados princípios. E não poderia Allan Kardec estar ultrapassado porque ainda não apareceram, depois dele, no mundo inteiro, obras melhores que as por ele firmadas, sobre o mesmo assunto.

A humanidade, por sua vez, ainda não foi despertada pelos ensinamentos que os livros deles apresentam, e os próprios espíritas os conhecem tão pouco que o próprio movimento espiritista são eles ainda desconhecidos nas suas mais belas e significativas expressões.

Conhecemos até mesmo médiuns cuja instrução doutrinaria se limita a uma única leitura de “O Evangelho segundo o Espiritismo”. E orientadores de sessões que apenas leram (dizemos leram, e não estudaram) uma só vez “O Livro dos Espíritos”, desconhecendo completamente as demais obras clássicas que, com as primeiras acima citadas, formam a estrutura doutrinária espírita; não assimilaram os dois compêndios lidos e por isso consideram superado o grande Codificador, porque se integraram somente nas obras modernas, as quais, conquanto excelente, apenas irradiam detalhes extraídos da base já revelada. Isso acontece até mesmo com presidentes de Centros e oradores, o que vem a ser de suma gravidade. Se quisermos raciocinar seriamente, sem paixões nem idéias pessoais, contataremos que os nobres Espíritos, incumbidos da instrução aos humanos, assim não pensam. Consideram antes Allan Kardec o mestre terreno ainda credenciado para tudo quanto voluteie em torno do Espiritismo, tanto assim que tudo quanto escrevem, ou ditam, aos seus médiuns, é baseado nos códigos kardecistas, vazados deles e neles inspirados, sendo todas as teses apontadas a desenvolver em suas produções as mesmas estudadas por Kardec, alem daquelas neles inspirados, sendo todas as teses apontadas a desenvolver em suas produções as mesmas estudadas por Kardec, além daquelas também colhidas no Evangelho Cristão. Allan Kardec poderá ter sido ampliado, talvez completando nos seus ensinamentos pela obra ditada do Espaço, visto ele próprio haver afirmado que apenas estabelecia os primeiros passos doutrinários, mas ultrapassados não! Mesmo assim vemos que essa ampliação, esses complementos, são inteiramente assentados em suas obras, porque se não o forem estarão deslocados, serão ilógicos e suspeitos, o próprio raciocínio os repele diante a feitura desconexa que apresentam, como sucede a várias obras que não logram o apoio da maioria dos leitores justamente pela ausência da dita base Kardecista. Precisamos refletir que Allan Kardec somente será superado no dia em que ele mesmo aparecer na Terra, reencarnado, para prosseguir o assunto, ou outro à altura do mandato insigne, e quando já a maioria dos espíritas, pelo menos, tiver adquirido amplo conhecimento da Revelação por ele obtida dos Espíritos Superiores. Os códigos Kardecistas serão sempre surpreendentes novidades para aqueles que os consultarem pela primeira vez, como o nascimento de Jesus Nazareno em Belém de Judá é novidade para aquele que no fato presta tenção pela primeira vez, não obstante o dito fato haver se passado há quase dois mil anos. Se os próprios espíritas desconhecem as verdadeiras bases da Doutrina que professam, como ousaremos declarar superada a obra de Kardec? Essa obra é imortal como imortal é o Evangelho, uma vez que ambos são revelações divinas e porque sempre existirão cérebros e corações necessitados de renovação e esclarecimentos através deles. Por enquanto é, com efeito, a fonte Kardecista a única habilitada em assuntos de Espiritismo capaz de expandir renovações para o futuro, visto ser o alicerce de quanto existe a respeito, até agora. O mais que poderemos aceitar é que, em futuro talvez próximo, a obra de Allan Kardec poderá sofrer uma revisão, uma vez que ele próprio previu esse acontecimento. Para os espíritas, pois Kardec ainda é o grande desconhecido, dado que a minoria é que o conhece planamente. Ele tratou de Ciência, de Filosofia e de Moral e tais matérias, de suma grandeza, não podem ser apenas lidas uma ou duas vezes, mas estudadas continuamente, com método analítico, observação acurada, amor e perseverança, a fim de serem bem compreendidas e praticadas. . . e não mal interpretadas e sofismadas, como vemos acontecer de quando em vez. . .

Yvone A. Pereira

Anuário Espírita