sábado, 31 de janeiro de 2009

ANENCÉFALO E ABORTAMENTO

Inicialmente, lembramos que anencéfalo, embora seja considerado sem cérebro, na realidade é portador de um segmento cerebral estando faltante regiões do cérebro que impossibilitarão sua sobrevivência pós parto.
Afim de colocarmos a visão espírita sobre este importante problema exemplificaremos com um caso real. Usaremos nomes fictícios. João e Maria, eram casados há 2 anos. A felicidade havia batido à sua porta. Maria estava grávida. Exultantes procuraram o médico Obstetra para as orientações iniciais. Planos mil ambos estabeleceram. Ao longo dos meses, no entanto, foram surpreendidos , através do estudo ultrassonográfico, da triste notícia de que seu bebê era anencéfalo. Ao serem informados caíram em prantos ao ouvirem a proposta do obstetra lhes oferecendo o abortamento. Posicionaram-se contrários explicando sua visão espírita.
-- Trata-se de um ser humano que renasce precisando de muito amor e amparo. Nós estaremos com nosso filho (a) até quando nos for permitido.
-- Mas, esta criatura não vai viver além de alguns dias ou semanas na incubadora disse o obstetra.
-- Estamos cientes, mas até lá seremos seus pais.
Guardavam, também, secretamente, a esperança de que houvesse algum equívoco de diagnóstico que lhes proporcionasse um filho saudável.
Durante nove meses dialogaram com seu bebê, intra-útero. Disseram quanto o (a) amavam. Realizaram, semanalmente, a reunião do Evangelho no Lar, solicitando aos mentores a proteção e amparo ao ser que reencarnava.
Chegara o grande momento : Em trabalho de parto, Maria adentra a maternidade com um misto de esperança e angústia. A criança nasce; o pai ao ver o filho sofre profundo impacto emocional tendo uma crise de lipotímia. O bebê anencéfalo sobrevive na incubadora com oxigênio, 84 horas. Há um triste retorno ao lar.
Passam-se aproximadamente 2 anos do pranteado evento. João e Maria, trabalhadores do instituto de cultura espírita de sua cidade frequentavam na mencionada instituição, reunião mediúnica quando uma medium em desdobramento consciente informa ao coordenador do grupo:
-- Há um espírito de uma criança que deseja se comunicar.
-- Que os mediuns facilitem o transe psicofônico para a atendermos-responde o dirigente.
Após alguns segundos, uma experiente medium dá a comunicação :
-- Boa noite, meu nome é Shirley venho abraçar papai e mamãe.
-- Quem é seu papai e sua mamãe ?
-- São aqueles dois - disse apontando Joào e Maria.
-- Seja bem vinda Shirley, muita paz! que tens a dizer ?
-- Quero agradecer a papai e mamãe todo o amor que me dedicaram durante a gravidez, sim, eu era aquele anencéfalo.
-- Mas voce está linda agora.
-- Graças as energias de amor recebidas, graças ao Evangelho no Lar, que banharam meu corpo espiritual durante todo aquele tempo.
-- Como se operou esta mudança ?
-- Tive permissão para esta mensagem pelo alcance que a mesma poderá ter a outras pessoas. Eu possuia meu corpo espiritual muito doente, deformado pelo meu passado cheio de equívocos. Fui durante nove meses envolvida em luz . Uma verdadeira cromoterapia mental que gradativamente passou a modificar meu corpo astral (perispírito). Os diálogos que meus pais tiveram comigo foram uma intensa educação pré-natal que muito contribuiram para meu tratamento. Eu expiei, no verdadeiro sentido da palavra. Expiar é como expirar, colocar para fora o que nào é bom . Eu drenei as minhas deformidades perispirituais para meu corpo físico e fui me libertando das minhas deformidades. Como meus pais foram generosos. Meu amor por eles será eterno.
-- Por que estás na forma de uma criança, já que te expressas tào inteligentemente ?
-- Por que estou em preparo para o retorno. Dizem meus instrutores que tenho permissão para informar. Meus pais tem o merecimento de saber. Devo renascer como filha deles, normal, talvez no próximo ano.
Após dois anos renasceu Shirley, que hoje é uma linda menina de olhos verdes e cabelos castanhos, espírito suave e encantador.
Textos extraídos - A Jornada

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

ISABEL


Eu morava no Rio de Janeiro e tinha sete anos de idade quando pela primeira vez percebi Isabel ao meu lado.
À noite estava quente, a atmosfera pesada. Noite sufocante. Meu pai e minha mãe já se haviam recolhido ao leito, meus irmãos dormiam profundamente no quarto situado no meio do corredor. Nos fundos da casa, a preta Joana no quarto devia também estar ressonando alto.
Apenas eu acordado, Sentado na cama, examinava à luz do abajour as revistas que um colega de escola me emprestara na véspera. Revistas coloridas, cheias de gravuras, mostrando animais pré históricos, planetas, peixes curiosos, etc. Foi quando, de súbito, ouvi um estalido no guarda roupa. Quase imperceptível. Olhei o móvel e voltei a folhear as revistas. Segundos depois, outro estalido; agora, no forro, como que a me chamar a atenção. Agucei os instintos, coloquei as revistas sobre o travesseiro e olhei, de alto a baixo, todos os móveis; o guarda roupa, o criado mudo, a pequena estante com cadernos escolares. Tudo tranquilo, calmo, sem vida; inclusive, o belo quadro do menino Jesus dependurado sobre a cabeceira de meu leito.
Lembrei-me, então, das palavras de minha professora; “com o calor a meteria se dilata”. Certo. Era isso! Fazia um calor insuportável, a atmosfera estava carregada, nada mais natural que os moveis e o forro estalassem. Por um momento pensei em apagar a luz do abajur e dormir de uma vez, mas, para provar a mim mesmo que não tinha medo, continuei a olhar as revistas, uma por uma. Foi quando, no silêncio do quarto, tornou a estalar o armário. Mas, tão forte, que num pulo sai da cama – o coração desabalado, as mãos frias, o olhar fixo no móvel.
- Quem está aí? Murmurei, aflito, enquanto sentia estranho formigamento a me tomar o corpo inteiro.
Ninguém respondeu. E, imediatamente, todos os objetos do quarto começaram a vibrar, ao mesmo tempo em que uma onda de perfume me envolvia.
- Não sintas medo, receio de nada. Chamo-me Isabel. Antes de nasceres, já eu te conhecia. . .
De onde vinha a voz? Do teto? Das paredes? Da mobília? Não sei. Eu esperava que, de repente, todos os moveis estalassem com estrondo; mas, como isso sucedesse, inexplicavelmente perdi o medo e, fascinado, vi uma pequena chama azul, muito luminosa, voltear por todo o quarto como que à procura de alguma coisa e parar no ar, a meio metro de minha cama.
- Se mostrares receio de mim, nunca mais virei aqui. Gostas de ver a chamazinha luminosa?
Respondi:
- Não sinto mais medo
E achei até natural o que estava sucedendo em meu quarto.
- Ainda bem. Foi difícil te encontrar. Mais tarde saberás porque te procurei.
Deslumbrado com a luz azul, seus movimentos em circulo, eu não ousava fazer perguntas. Isabel então me disse:
- Eu te visitarei durante sete anos. Preste atenção. Sete anos. Quando completares catorze anos de idade, eu me afastarei. Ficaremos longo tempo sem nos ver. Mas, não te entristeças: o futuro nos unirá de novo. Seremos colocados um diante do outro; então, hás de reconhecer-me! Para isso, basta que me olhes no fundo dos olhos. Por ora, é o que te posso revelar.
Criança ainda, eu não podia compreender o sentido exato do que Isabel me dizia. Pensei por um instante em fazer perguntas, mas, de súbito, a chama azulada se foi sumindo e, aos poucos, os perfume evolou-se e o quarto voltou a normalidade.
A primeira coisa que fiz, no dia seguinte, foi contar o caso para mamãe. Mas ela não acreditou.
- Bobagem. Foi um sonho, meu filho. Aliás, um sonho bonito, com luz azul, perfume. . .
Eu repliquei:
- Não foi sonho, mãe. Tenho certeza! Eu estava acordado. Com os olhos bem abertos!
Meu pai dobrou o jornal, ergueu-se da cadeira e disse:
- Sua mãe já explicou que foi um sonho? Então, não fale mais nisso.
E guardei o segredo só para mim – como um tesouro, porque Isabel, para mim, já era como um tesouro.
II – Durante sete anos Isabel me visitou: uma, duas vezes por semana. Ao aproximar-se, não mais provocava nos moveis estalidos nem fazia vibrar os objetos do quarto. E nem tomava a forma de uma chama azul. Revelava-se apenas pelo seu perfume suave. Ao senti-lo, no corredor ou na sala, eu corria, feliz, para o quarto, e lá conversávamos, horas e horas; às vezes, ela se despedia de madrugada.
- Fica ainda mais um pouco, pedia eu.
- É tarde. Agora deves dormir.
E eu sentia que seus lábios espirituais me tocavam a testa.
Um dia, pedi que me deixasse vê-la.
- Uma vez só, Isabel.
- Não te basta ouvir minha voz.
- Porque não deixas que te veja? Tenho certeza de que não é feia. . .
Ela riu.
- Não, não sou. Mas, já te disse que só mais tarde poderás me ver. Quando eu tiver um corpo como o das outras mulheres. De carne e osso. Bastará, então, que me fites no fundo dos olhos e logo me reconhecerás; e eu a ti.
- Está bem, eu esperarei. . .
Numa noite, fiz importante descoberta: Isabel me amava! Eu tinha doze anos de idade agora e já não era um menino tão ingênuo. . .
Meu pai me havia dito:
- Amanhã você irá para o hospital. Tirar o apêndice. Já combinei tudo com o médico.
Passei um dia horrível com a notícia. À noite, quando todos já dormiam, Isabel veio me ver. Notei que estava apreensiva, irrequieta. Falamos de coisas várias e, de súbito, ela teve uma crise de choro.
- O que foi? Perguntei
- Nada, respondeu-me.
- Mas por que choras? Insisti, também já sentindo aflito.
- Não quero que sofras, é isso.
- Está bem. Eu até já havia esquecido da operação!
Isabel deixou de chorar e, transbordando ternura como antes nunca o fizera, disse:
- Sabes? Tudo que eu peço Deus me atende. Pedirei a Deus que a operação corra bem. Estarei contigo de dia e de noite. Em todos os momentos. Seremos como um só, entendes? Porque nós somos um só! Sempre fomos, desde tempos remotos. Tua alegria é a minha alegria, tua vida é a minha vida. Ai, que não me entendes. . . Não me entendes!
Fez uma pausa. Depois, menos triste, contou-me a história de um rei e de uma rainha que muito se amavam. Uma história linda, desenrolada em Portugal, que ela garantiu ser verdadeira. Ao fim da narração, acrescentou, sem poder esconder um laivo de angústia:
- Tu és esse rei e eu sou a rainha. A rainha, a esposa do rei, entendes? Compreendes agora por que venho visitar-te?
Eu havia compreendido muito bem. Eu já tinha doze anos de idade. . . Sacudi a cabeça e senti que Isabel sorria feliz – como antes jamais sorrira.
Mais tarde, quando fiquei só no quarto, debrucei-me no parapeito da janela e contemplei demoradamente as estrelas; com seria bom morar em uma delas, ao lado de Isabel! Sim, porque eu tinha certeza de que Isabel morava numa estrela – numa estrela maravilhosa que Deus criara especialmente para ela.
III – Sete anos junto de Isabel. Sete anos inesquecíveis! Quando completei os catorze anos de idade, ela veio Ter comigo, tristonha.
- É chegada a minha hora. Não, por favor, não digas nada. . . Irei agora renascer em uma cidade longe daqui. Mas, o destino nos colocará um diante do outro. Foi-me prometido. Lembra sempre de mim. Sempre, meu amor, porque eu. .
Eu te amo!
E Isabel desapareceu. Não tive nem sequer tempo de responder. Atônito, senti que a garganta se comprimia, os olhos se enchem de lágrimas – e inesperadamente, deixei-me cair na cama e desatei num choro convulsivo.
Durante três anos sofri horrivelmente sua ausência. Em silêncio. Tinha sonhos todas as noites. Sonhos desconexos, absurdos, alguns. Com o passar dos anos, porém os momentos vividos com Isabel se foram tornando indefinidos, sem cor, som, sem poesia – eram como simples manchas no tempo. Manchas brancas, quase brancas
Eu já era um homem, quando mamãe morreu e mudamos de cidade. O mundo dos negócios, então, absorveu-me, o nome Isabel nada mais significava para mim, quando, certa noite, no clube Flamingo, fiquei conhecendo uma jovem que muito me impressionou. . . Chamava-se Taís, era alta, esguia, estranhamente bela. Ao fitá-la, de relance, não sei porque me lembrei de Isabel. “Tolice. . . Mas, por que me lembrei de Isabel?”, refleti.
Quis conversar com ela; mas, logo se despediu e desapareceu pela alameda. E nunca mais voltei ao clube.
Meses depois tornei a encontrá-la.
Eu estava em uma livraria, olhando as estantes, quando a vi assomar à porta. Automaticamente fui ao seu encontro – com uma naturalidade que mais tarde achei absurda, que sempre fui tímido, muito tímido.
- Lembra de mim? No “Flamingo”?
começava a anoitecer, os lustres da livraria se acenderam. E pude vê-la com detalhes. Como era bela! Os olhos semi orientais, o nariz afilado, como o de uma estátua grega, os lábios finos escondendo dentes magníficos. Contemplei-a, sem poder evitar uma perturbação momentânea. Seria Isabel?
- Estou lembrada do clube; mas, do senhor, não. . .
Estávamos, agora, bem próximos; e eu a olhava nos olhos, no fundo dos olhos negros e amendoados, cheios de fascínio.
- Por que me olhas assim? Perguntou sem desviar, no entanto, o olhar.
Eu esperava que ela mesma descobrisse. E continuei a fitá-la, sem responder. Então, como se temesse que alguém a ouvisse, tornou a perguntar, baixinho:
- Por que me olha assim? Fale. . .
- Olhe no fundo de meus olhos. Não se recorda de mim?
- Não me recordo. Mas, não sei. . . Tenho a impressão de que não somos estranhos. . . É uma impressão forte que se me vem agora.
De súbito, como que voltou a si. E, imediatamente, parecendo nervosa, começou a examinar alguns livros expostos sobre o balcão.
O livreiro interferiu, solícito.
- Que livros procura? Quer romance ou poesia?
- Nenhum. Afinal, nem sei por que entrei na livraria. . .
E, já à vontade, riu-se.
O livreiro afastou-se e eu a olhei com grande espanto. Seu riso! Era igual ao de Isabel! Riso franco, cristalino, como as águas de uma cascata batendo sobre pedras. Não havia dúvida: eu estava diante de Isabel! Sem perceber que me tornava ridículo, pedi-lhe que risse de novo.
- Como?
- Ria. Ria de novo!
- Rir, por que?
- Não sei. Mas ria!
Tornou-se séria, franziu as sobrancelhas.
- Você é louco? Porque hei de rir?
Percebi que estava insistindo demais, desculpei-me. Ela então consultou o pequeno relógio de pulso e dirigiu-se à entrada da loja.
- É tarde. Vou-me embora.
- Posso acompanhá-la?
- Até o ponto de parada do ônibus. Mas, por favor, não me peça para rir. Senão ficarei com medo de você. Eu gosto de rir, mas
é claro, somente quando tenho motivos!
Sorriu e, vendo que eu também sorria, expandiu-se em nova risada – risada de Isabel, que eu ouvira na infância e que agora, de novo, ecoava forte dentro de mim – como um chamado.
Jorge Rizzini
Anuário Espírita - 1965

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A DESFIGURAÇÃO DO CRISTO

O interesse em desfigurar o Cristo vem dos planos inferiores do mundo espiritual e se manifesta de várias formas: pelas comunicações mediúnicas inferiores, pelas intuições dadas a adeptos do Cristianismo e do Espiritismo para introduzirem teorias e práticas ridicularizantes no meio doutrinário, sempre atribuindo a Jesus posições, palavras e atitudes que o coloquem em situação crítica pelas pessoas de bom senso. Para isso, as entidades mistificadoras se aproveitam da ignorância e da vaidade de criaturas autoritárias e arrogantes, que facilmente se deixam levar por elogios e posições lisonjeiras que podem exaltá-las na instituição a que pertencem.
A gigantesca luta empreendida pelo apóstolo Paulo, após a sua conversão, para preservar a pureza dos ensinos de Jesus e da sua excelsa figura, em meio aos próprios apóstolos do Mestre, revela de maneira eloqüente, a dificuldade dos homens para compreenderem a Verdade Cristã.
Os gnósticos-docetas do primeiro século sustentavam que Jesus não tinha realidade física, que o seu corpo era apenas aparente. Sua posição contrariava as teses da encarnação do Cristo, apresentando-o como uma espécie de Deus mitológico, sob a influência das idéias helenísticas. O Docetismo exerceu grande influência em Alexandria, propagando-se a Éfeso, onde o apóstolo João instalara a sua Escola Cristã. João refutou a tese doceta como herética, pois além de não corresponder à realidade histórica, transformava o Cristo num falsário.
A fábula dos docetas ( como o apóstolo Paulo a classificou) apresentava-se como uma das mais estranhas desfigurações do Cristo, fornecendo elementos ricos e valiosos aos mitólogos para negarem a existência real e histórica de Jesus de Nazaré.
Essa teoria absurda reapareceu na França, através de uma obra confusa e carregada de pesado misticismo ridicularizante. Um advogado de Bordeaux, Jean Baptiste Roustaing, elaborou essa obra através de comunicações mediúnicas atribuídas a Moisés, os Apóstolos e os Evangelistas. Um grupo místico do Rio de janeiro adotou com entusiasmo essa obra, conseguindo apossar-se da Federação Espírita Brasileira, e até hoje a propaga e sustenta, contra a maioria das instituições espíritas do Brasil e do mundo. É inacreditável o fanatismo dos roustainguistas, o que se justifica pela sua mentalidade anti-racional, apegada aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional, apegada aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional do Cristianismo e do Espiritismo. Esses defensores do absurdo chegam a citar a obra mistificadora Os quatro evangelhos, como uma das dez mais importantes da literatura mundial, e Roustaing, como uma das maiores figuras da Humanidade. Kardec condenou essa obra, o que provocou um revide de Roustaing.
Hoje só existe um símbolo para o Cristo: o da Ressurreição. Provada cientificamente a existência do corpo espiritual, provada a continuidade da vida triunfante após a morte, provada a herança de Deus na imensidade do Cosmos povoado de mundos, provada a ineficácia das instituições religiosas e seus métodos para levar os homens a Deus, pois que a maioria se afastou de Deus e o considera como superstição estúpida, só a figura do Cristo Ressuscitado, triunfando sobre a veleidade do poderes terrenos e confirmando em si mesmo a verdade dos seus ensinos, poderá libertar as consciências do apego às coisas perecíveis, dando-lhes a confiança no poder superior do espírito. Se somos espíritos não apenas um corpo material, e se temos a certeza de que o Cristo continua vivo e a nos inspirar em nossas lutas no caminho do bem, por que cultivamos a morte e até mesmo as imagens de um cadáver que não foi encontrado no túmulo?
A desfiguração do Cristo atingiu o máximo nessas imagens frias que dormem o ano inteiro nas criptas das Igrejas, à espera do seu enterro anual, com luto, choro e velas acesas. O sadismo humano se revela num automatismo consciencial que o perpetua nas gerações sucessivas. Chegou o momento de compreendermos que o Cristo está diante de nós, na plenitude de sua vida e seu poder, procurando despertar-nos do pesadelo da morte.

José Herculano Pires

professor e filósofo
Harmonia - Revista Espírita nº 64 - Fevereiro/2000

A DESFIGURAÇÃO DO CRISTO

O interesse em desfigurar o Cristo vem dos planos inferiores do mundo espiritual e se manifesta de várias formas: pelas comunicações mediúnicas inferiores, pelas intuições dadas a adeptos do Cristianismo e do Espiritismo para introduzirem teorias e práticas ridicularizantes no meio doutrinário, sempre atribuindo a Jesus posições, palavras e atitudes que o coloquem em situação crítica pelas pessoas de bom senso. Para isso, as entidades mistificadoras se aproveitam da ignorância e da vaidade de criaturas autoritárias e arrogantes, que facilmente se deixam levar por elogios e posições lisonjeiras que podem exaltá-las na instituição a que pertencem.
A gigantesca luta empreendida pelo apóstolo Paulo, após a sua conversão, para preservar a pureza dos ensinos de Jesus e da sua excelsa figura, em meio aos próprios apóstolos do Mestre, revela de maneira eloqüente, a dificuldade dos homens para compreenderem a Verdade Cristã.
Os gnósticos-docetas do primeiro século sustentavam que Jesus não tinha realidade física, que o seu corpo era apenas aparente. Sua posição contrariava as teses da encarnação do Cristo, apresentando-o como uma espécie de Deus mitológico, sob a influência das idéias helenísticas. O Docetismo exerceu grande influência em Alexandria, propagando-se a Éfeso, onde o apóstolo João instalara a sua Escola Cristã. João refutou a tese doceta como herética, pois além de não corresponder à realidade histórica, transformava o Cristo num falsário.
A fábula dos docetas ( como o apóstolo Paulo a classificou) apresentava-se como uma das mais estranhas desfigurações do Cristo, fornecendo elementos ricos e valiosos aos mitólogos para negarem a existência real e histórica de Jesus de Nazaré.
Essa teoria absurda reapareceu na França, através de uma obra confusa e carregada de pesado misticismo ridicularizante. Um advogado de Bordeaux, Jean Baptiste Roustaing, elaborou essa obra através de comunicações mediúnicas atribuídas a Moisés, os Apóstolos e os Evangelistas. Um grupo místico do Rio de janeiro adotou com entusiasmo essa obra, conseguindo apossar-se da Federação Espírita Brasileira, e até hoje a propaga e sustenta, contra a maioria das instituições espíritas do Brasil e do mundo. É inacreditável o fanatismo dos roustainguistas, o que se justifica pela sua mentalidade anti-racional, apegada aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional, apegada aos resíduos do passado mágico e mitológico, portanto contrária à posição racional do Cristianismo e do Espiritismo. Esses defensores do absurdo chegam a citar a obra mistificadora Os quatro evangelhos, como uma das dez mais importantes da literatura mundial, e Roustaing, como uma das maiores figuras da Humanidade. Kardec condenou essa obra, o que provocou um revide de Roustaing.
Hoje só existe um símbolo para o Cristo: o da Ressurreição. Provada cientificamente a existência do corpo espiritual, provada a continuidade da vida triunfante após a morte, provada a herança de Deus na imensidade do Cosmos povoado de mundos, provada a ineficácia das instituições religiosas e seus métodos para levar os homens a Deus, pois que a maioria se afastou de Deus e o considera como superstição estúpida, só a figura do Cristo Ressuscitado, triunfando sobre a veleidade do poderes terrenos e confirmando em si mesmo a verdade dos seus ensinos, poderá libertar as consciências do apego às coisas perecíveis, dando-lhes a confiança no poder superior do espírito. Se somos espíritos não apenas um corpo material, e se temos a certeza de que o Cristo continua vivo e a nos inspirar em nossas lutas no caminho do bem, por que cultivamos a morte e até mesmo as imagens de um cadáver que não foi encontrado no túmulo?
A desfiguração do Cristo atingiu o máximo nessas imagens frias que dormem o ano inteiro nas criptas das Igrejas, à espera do seu enterro anual, com luto, choro e velas acesas. O sadismo humano se revela num automatismo consciencial que o perpetua nas gerações sucessivas. Chegou o momento de compreendermos que o Cristo está diante de nós, na plenitude de sua vida e seu poder, procurando despertar-nos do pesadelo da morte.
José Herculano Pires
professor e filósofo
Harmonia - Revista Espírita nº 64 - Fevereiro/2000

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CONTATO COM OS GUIAS ESPIRITUAIS

Afliges-te, porque ainda não lograste o contato psíquico com os teus guias espirituais.
Reflexionas que buscaste a fé religiosa, abraçando a mediunidade, e, não obstante, tens a impressão que navegas sem rumo, padecendo conflitos e experimentando desânimo.
Momentos surgem nos quais receias pela legitimidade do intercâmbio espiritual de que te fazes objeto.
Anseias por informações precisas sobre o teu papel nas tarefas da mediunidade.
Relacionas pessoas que te parecem menos equipadas, e, apesar disso, apresentam-se superprotegidas pelos Espíritos Nobres, assessoradas por Benfeitores Venerandos e Entidades outras, que na Terra deixaram nomes respeitáveis, famosos...
Planejas desistir, acreditando que as tuas são faculdades atormentadas, sem credencial ou recurso capaz de registrar a proteção dos guias espirituais.
*
Tem, porém, cuidado e medita sem queixa.
A mediunidade é instrumento de serviço em nome do amor de Deus, para apressar o progresso dos homens e facultar o intercâmbio com os Espíritos, deles recebendo a ajuda.
Candidatas-te ao labor socorrista, como recurso saudável para te recuperares moralmente do passado delituoso, mediante cuja contribuição terias, também, as dores lenidas ou alteradas no seu organograma para a evolução.
Honrado pelo trabalho de iluminação de consciência, estás colocado como veículo de bênçãos.
Buscam-te os sofredores, porque são trazidos a ti pelos teus guias espirituais, que confiam na tua ductibilidade, no teu sentimento de amor.
Porque não ouves os teus Benfeitores, não te creias abandonado, sem apoio.
Tem paciência.
Faze silêncio íntimo e entrega-te mais.
Quando desdobrado parcialmente pelo sono, eles te confortam e instruem, fortalecem-te e programam as atividades para as quais renasceste.
Se não o recordas conscientemente, ficam impressos nos teus registros psíquicos, esses salutares conúbios edificantes.
Se aprofundares reflexão, perceberás quantas vezes eles já te falaram, socorreram e apoiaram nos momentos rudes das provações e dos testemunhos.
Eles são discretos e agem sem alarde, não brindando recursos que induzam à vaidade, ao exibicionismo.
Amparam em silêncio, instruem em calma, conduzem com afabilidade.
*
Quando vejas, na mediunidade, o campeonato das disputas humanas e o calafrio que provoca a presença de seres nobres do passado, aureolando com pompa terrestre a memória, que pretendem manter rutilante, acautela-te e desconfia.
Importante não é o nome que firma ou enuncia uma mensagem, mas, sim, o seu conteúdo de qualidade e penetração benéfica.
Desse modo, trabalha no anonimato e, consciente das responsabilidades que te dizem respeito, deixa que os teus guias espirituais zelosamente te guardem e conduzam, não te expondo no palco da insensatez, onde brilha por um dia e se apaga de imediato a vaidade humana.
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. 2 edição. Salvador, BA: LEAL. 1990.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

SUBSÍDIOS PARA UM MUNDO NOVO


De valor incomensurável é a literatura espírita posta em circulação pelo Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira. Obras de valor científico e literário, a maioria das quais levando à compreensão das criaturas humanas uma doutrina superior, que valoriza as almas e fecunda as mentes.
Temos o hábito de fazer periódicas incursões ao mundo dos livros editados há alguns anos, para renovarmos a sensação de. beleza moral que promana dessas obras magníficas, a maior parte delas de procedência mediúnica, outras, porém, de autoria de espíritas esclarecidos e bastante familiarizados com a Doutrina codificada por Allan Kardec.
Não há nada mais confortador do que essa espécie de "volta a Meca". Tornamos a visitar "Os Quatro Evangelhos", "Renúncia", "No Invisível", "Missionários da Luz", "Libertação", "O Espírito Consolador", "O Evangelho segundo o Espiritismo", "O Livro dos Médiuns", "O Livro dos Espíritos" e assim por diante. Sempre que se torna a ler um livro espírita muita coisa nova, ressurge e se aprende. São fontes de ensinamentos prodigiosos, essas obras.
Há dias, abrimos "Crônicas Espíritas" de Fred. Figner. Apreciamos, não apenas a serenidade da linguagem usada por esse eminente vulto do Espiritismo brasileiro, mas também a sua argumentação de irresistível lógica, esmagando e ao mesmo tempo esclarecendo, ensinando e educando um certo padre Dubois, que, à maneira dos Boa-venturas de todos os tempos, pretendeu confundir os espíritas com sofismas e silogismos de legitima feitura jesuítica. Eis um livro que merece as atenções daqueles que ainda não o conhecem.
Há nele muita, coisa interessante e instrutiva. No capítulo em que fala do dogma católico da "Transubstanciação", Figner ensinou ao padre Florêncio Dubois que esse dogma foi "produzido" (eis o termo adequado) pelo concílio de Trento (1545-1563), por determinação do papa Paulo III. E, para evidenciar o perfil desse pontífice que o convocou, cita um trecho da página 7, volume 4, da "História dos Papas", de Maurice Lachatre, que é de estarrecer. Vai, em seguida, ao "dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria", detém-se no dogma da "Divindade de Jesus", trata da “Divindade da Igreja”.
Católica", enfim, reduz tudo às suas reduzidas e insignificantes proporções.
E' bom reler bons livros. E' bom também conhecer o que de novo vem surgindo no Espiritismo nacional. Temos, por exemplo, "Devassando o Invisível", da médium Yvonne A . Pereira, que já nos deu "Memórias de um Suicida", "Nas voragens do pecado" e "Nas telas do Infinito". E' valioso "Estudo sobre fenômenos e fatos transcendentes devassados pela mediunidade, sob a orientação dos Espíritos-Guias da médium". Vejam só o título de alguns dos capítulos: "Como se trajam os Espíritos", "Frederico Chopin na Espiritualidade", "Mistificadores - Obsessões", "Sutilezas da Mediunidade", "As virtudes do Consolador", "Os grandes segredos do Além".
Quase ao mesmo tempo apareceu um novo livro da dupla magnífica de médiuns - "Francisco Cândido Xavier - Waldo Vieira", nomes já mundialmente consagrados. A obra foi ditada por André Luiz, cujos trabalhos anteriores dispensam adjetivos, tão importantes e mesmo revolucionários foram na literatura espírita. Desta vez ele nos deu "Sexo e Destino". Tema difícil, perigoso, mas de palpitante atualidade, num mundo que parece obcecado pelo sexo, a tal ponto que a concupiscência se amplia, causando estragos incomensuráveis.
A obra em si é de enorme valor. Bastaria o nome de André Luiz para recomendá-la. Acresce, porém, outro pormenor valioso: Emmanuel, Espírito cintilante por sua grande elevação moral e desmedida cultura, ditou, à guisa de prefácio, o "Prece no Limiar", que assim começa: "Pai de Infinita Bondade! Este é um livro que permitiste ao nosso André Luiz traçar, em lances palpitantes da existência, alguns conceitos da Espiritualidade Superior, em torno de sexo e destino - fotografia verbal de nossas realidades amargas que entremeaste de esperanças eternas."
Vale a pena conhecê-la por inteiro. O assunto é grave e interessa a homens e mulheres, sendo altamente recomendável à juventude, logicamente mais sujeita aos percalços da vida sexual.
São obras, estas duas últimas, que se nivelam a outras de igual profundidade moral, que já contribuem, há muitos anos, para a orientação superior da criatura humana. Nenhuma felicidade coletiva será possível sem que primeiramente se alcance a reforma e o aperfeiçoamento de cada indivíduo. As obras espíritas têm também essa missão.
São subsídios de imenso valor para a construção de um mundo novo e melhor.
Reformador – Março de 1964.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CRÉDITOS ESPIRITUAIS

Não deixes que o dia se ponha sem praticares, pelo menos, uma boa ação, melhorando os próprios créditos no caminho espiritual.
Vejamos algumas receitas e sugestões ao alcance de todos:
- doar um prato de alimento a quem sofre em penúria;
- entregar uma peça de roupa aos que gemem no frio;
- improvisar o conforto de uma criança menos feliz;
- promover inda que seja migalha de assistência, a beneficio dessa ou daquela mãe desditosa;
- oferecer um livro nobilitante;
- escrever uma página de esperança e alegria aos amigos ausentes;
- conter a irritação;
- evitar a palavra inconveniente;
- escutar, com paciência e bondade, a conversação inoportuna, no equilíbrio de quem ouve, sem elogiar a invigilância e sem condenar a inabilidade dos que falam, tocados de boa intenção;
- prestar auxílio desinteressado aos enfermos;
- assegurar dois minutos de prosa consoladora aos doentes;
- cultivar o espírito de sacrifício, em favor dos outros, seja em casa ou na rua;
- plantar uma árvore proveitosa;
- acrescentar a alegria dos que fazem o bem;
- auxiliar, de algum modo, aos que procuram auxiliar;
- encaminhar parcelas de recursos amoedados, conquanto ligeiras, a irmãos em necessidade;
- articular alguma frases calmantes em hora de crise;
- usar a palavra na construção do melhor a fazer;
- remover espontaneamente um perigo na via pública.
Na base de uma boa ação por dia, terás o crédito de trezentos e sessenta e cinco boas ações por ano; se aumentares a contagem, no entanto, em tempo breve, somente a Contadoria Divina conseguirá relacionar a extensão de teus bens imperecíveis e o valor de teus investimentos no erário da Vida Eterna.
Albino Teixeira
Página recebida pelo médium Francisco Cândido XavierAnuário Espírita - 1965

domingo, 25 de janeiro de 2009

ADULTÉRIO E PROSTITUIÇÃO

Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado, disse Jesus.
Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência.
Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos.
Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita.
Do item 13, do Cap. X, de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

É curioso notar que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito, haja escolhido aquela da mulher, em falhas do sexo, para pronunciar a sua inolvidável sentença: "aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra".
Dir-se-ia que no rol das defecções, deserções, fraquezas e delitos do mundo, os problemas afetivos se mostram de tal modo encravados no ser humano que pessoa alguma da Terra haja escapado, no cardume das existências consecutivas, aos chamados "erros do amor".
Penetre cada um de nós os recessos da própria alma, e, se consegue apresentar comportamento irrepreensível, no imediatismo da vida prática, ante os dias que correm, indague-se, com sinceridade, quanto às próprias tendências.
Quem não haja varado transes difíceis, nas áreas do coração, no período da reencarnação em que se encontre, investigue as próprias inclinações e anseios no campo íntimo, e, em sã consciência, verificará que não se acha ausente do emaranhado de conflitos, que remanescem do acervo de lutas sexuais da Humanidade.
Desses embates multimilenares, restam, ainda, por feridas sangrentas no organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia das doenças da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado, e a prostituição que reúne em si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais, mediante paga, estabelecendo mercados afetivos.
Qual ocorre aos flagelos da guerra, da pirataria, da violência homicida e da escravidão que acompanham a comunidade terrestre, há milênios, diluindo-se, muito pouco a pouco, o adultério e a prostituição ainda permanecem, na Terra, por instrumentos de prova e expiação, destinados naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida.
Note-se que o lenocínio de hoje, conquanto situado fora da lei, é o herdeiro dos bordéis autorizados por regulamentação oficial, em muitas regiões, como sucedia notadamente na Grécia e na Roma antigas, em que os estabelecimentos dessa natureza eram constantemente nutridos por levas de jovens mulheres orientais, direta ou indiretamente adquiridas, à feição de alimárias, para misteres de aluguel.
Tantos foram os desvarios dos Espíritos em evolução no Planeta – Espíritos entre os quais muito raros de nós, os companheiros da Terra, não nos achamos incluídos - que decerto Jesus, personalizando na mulher sofredora a família humana, pronunciou a inesquecível sentença, convocando os homens, supostamente puros em matéria de sexualidade, a lançarem sobre a companheira infeliz a primeira pedra.
Evidentemente, o mundo avança para mais elevadas condições de existência.
Fenômenos de transição explodem aqui e ali, comunicando renovação.
E, com semelhantes ocorrências, surge para as nações o problema da educação espiritual, para que a educação do sexo não se faça irrisão com palavras brilhantes mascarando a licenciosidade.
Quando cada criatura for respeitada em seu foro íntimo, para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada uma, então os conceitos de adultério e prostituição se farão distanciados do cotidiano, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser.
Emmanuel
Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo

sábado, 24 de janeiro de 2009

RESGUARDA-TE NA PAZ

Anotas, entristecido, que parece haver uma conspiração infeliz contra os teus propósitos elevados de realização interior.
Observas, surpreso, que ao estabeleceres propósitos de dignificação moral, surgem impedimentos soezes que, não poucas vezes, te arrojam a situações lamentáveis.
Concluis, desencantado, que os teus labores idealistas, que te servem de base para mais altos vôos, são torpedeados, vilmente, por amigos, empurrando-te para situações conflitantes entre o que aspiras e o que realizas.
Constatas, dorido, que a redenção pessoal e as conquistas libertadoras custam alto preço de renúncia e esforço, não bastassem os convites à vulgaridade e às permissões para o delito, que se
multiplicam, assustadoramente.
*
O homem empenhou-se em conquistar as alturas e saiu da Terra; em penetrar nas águas abissais dos oceanos e ora resgata os tesouros que ali dormem sono secular, descobrindo, também, a flora e a fauna multimilenária, que jaziam desconhecidas; em decifrar o milagre da organização celular e penetrou nas moléculas que a constituem; em ligar ilhas a continentes e aterrou as regiões que as separavam; em combater as moléstias e logrou detectar considerável número de bactérias, vírus e micróbios adversários dos organismos saudáveis; em equilibrar o relacionamento social e pôde estabelecer leis, nem sempre respeitadas; em comunicar-se com os demais indivíduos em pontos diferentes do globo e aperfeiçoou o sistema da informática; em transformar a face do planeta e ei-lo modificando a ecologia, alterando a paisagem nos desertos que se convertem em pomares, nas florestas que se tornam regiões desérticas, nos rios e mares que morrem lentamente...
Todavia, são poucos os que se empenham em descobrir-se a si mesmos e lutar em favor da plena realização.
Esta é a tarefa superior, à qual todos nos devemos dedicar com o maior empenho, a fim de fruir de paz, passo inicial para a aquisição da felicidade.
*
Não te permeies com os fluidos deletérios dos enfermos psíquicos, ingratos e perniciosos, que vivem contigo e te buscam perturbar.
Tem-nos na conta em que se encontram e exercita paciência para com eles.
Não te aflijas face às acusações insensatas e despeitadas que outros te fazem, ante a impossibilidade de alcançarem-te e caminharem ao teu lado.
A tua vitória não pode ser perturbada pelas insignificâncias do caminho.
Não revides as agressões mentais com que investem contra ti.
Permanece em calma e amortece o dardo que dispararam, fazendo-o desagregar-se ao atingir o algodão da tua sensibilidade.
Não reivindiques compreensão nunca.
Quem alcança as alturas vê melhor e tem o dever de desculpar aqueles que ainda estão no vale em sombras.
A tua paz é de relevância, e para mantê-la investe os teus valores mais altos.
Paz é conquista interior.
Paz é iluminação interna.
Paz é presença divina no indivíduo.
Resguarda-te, pois, em paz e deixa o tempo transcorrer, porquanto ele conseguirá fazer amanhã o que hoje te parece impossível conseguir.
Jesus, na montanha das Bem-aventuranças, ou no Getsêmani, ou no Gólgota, manteve a mesma paz, em razão da certeza de saber que Deus estava com Ele, e, por conseqüência, Ele estava com Deus.
Paz é Deus na mente e no coração.
Divaldo Pereira Franco - Momentos de Meditação - Pelo Espírito Joanna de Ângelis

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

PARENTES MORTOS

Não olvides que além da morte continua vivendo e lutando o espírito amado que partiu...
Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.
Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.
Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos.
Tua tristeza é sombra a escurecer-lhe a nova senda.
Por mais que a separação te lacere a alma sensível , levanta-te e segue para a frente, honrando-lhe a confiança com a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou.
Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto que nos arroja à invigilância, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo.
Recorda que a lei de renovação atinge a todos e auxilia quem te antecedeu na grande viagem com o valor de tua renuncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.
Converte a dor em lição e a saudade em consolo porque, de outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as outras tuas vitórias solitárias, portas adentro de teu mundo interior.
Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendiz e, por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando o conhecimento e a virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a Vida Eterna.
Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-la às trevas.
Repara em torno dos teus próprios passos. A cada noite no mundo, segue-se o esplendor do alvorecer.
O inverno áspero é sucedido pela primavera estuante de renascimento e floração.
A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicores de borboleta.
Nada perece.
Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.
Compreendendo, desta forma, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da Gloriosa Imortalidade.

Emmanuel - Francisco Cândido Xavier Livro: Paz e Libertação.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

ECOS DO PASSADO

- O paganismo no cristianismo“Acontece que a verdade é, às vezes, para todos nós seres humanos, o que menos queremos ouvir, principalmente com relação aos nossos princípios religiosos, pois o nosso ego aflora... ninguém quer ser humilde o bastante para reconhecer os seus erros”. (CHAVES, 2001).
Introdução
É muito interessante quando temos às mãos alguma literatura, na qual encontramos informações sobre as religiões da Antigüidade. Quem ainda não ficou completamente cego pelo fanatismo, percebe uma relação muito estreita entre alguns conceitos e determinadas práticas religiosas da Antigüidade com os da atualidade.
Vejamos, por exemplo, a cultura religiosa dos egípcios. Segundo as Escrituras Sagradas, os hebreus ficaram em escravidão no Egito por quatrocentos e trinta anos (Ex 12,40), o que nos leva, inevitavelmente, a acreditar que, de uma forma ou de outra, acabaram por incorporar em sua própria cultura parte da dos egípcios.
Apontaremos alguns pontos curiosos que, nos dias atuais, podemos, perfeitamente, identificar como oriundos dessa cultura, que vieram a fazer parte do cristianismo, cultura religiosa praticada nos dias atuais. Seria, a nosso ver, por mais paradoxal que possa parecer, o paganismo dentro do cristianismo.
Vejamos, então essas curiosidades:
1 - Procissão
Vemos periodicamente como uma prática religiosa o ritual das procissões, que consiste em se percorrer um determinado trajeto, até um local pré-determinado, carregando uma imagem religiosa num andor. Mas qual é a origem desse ritual? Nas pesquisas que realizamos, tivemos oportunidade de verificar que tal ritual era praticado pelos egípcios, vejamos:
“O rio Nilo está em festa. Barcas enfeitadas homenageiam Amon, o deus dos mistérios e padroeiro dos navegantes. A população de Tebas, no sul do Egito, aguarda ansiosa o faraó e os sacerdotes que carregam nos ombros a imagem da divindade. Todos participam da Bela Festa do Vale, uma das mais importantes festividades do Egito Antigo, realizada no Médio Império (1975-1640 a.C), no início do ano no calendário egípcio – ou meados de julho na contagem ocidental”. (...).
“Antes da procissão, a estátua do deus passa por um ritual secreto. O faraó e os sacerdotes visitam o templo de Amon. Eles cantam, tocam instrumentos e queimam incenso para afastar qualquer energia negativa do ambiente... A imagem é perfumada, vestida e maquiada e, depois, recebe oferendas no templo de Karnak, o maior do mundo antigo”.“Do templo, o deus sai dentro de um andor e é transportado num barco. Durante a travessia as pessoas, em procissão, entoam cânticos e hinos sagrados. (...)” [1].
Fato que também podemos comprovar em outra publicação, conforme se segue:“Todos os anos, em meio a cantos, danças e celebrações, o faraó e os sacerdotes de Amon lideravam uma procissão que conduzia uma estátua dourada do deus celeste agonizante desde o santuário interno de Karnak até uma barcaça no Nilo. Esta era então rebocada pela barca real até o templo de Luxor. Enquanto os altos dignitários remavam cerimoniosamente a barcaça rio acima, soldados e camponeses nas margens a puxavam de fato com a ajuda de cabos”.[2].
Podemos ainda verificar que esse ritual consta em algumas narrativas bíblicas, vejamos:“Então Jeroboão teve a idéia de fazer dois bezerros de ouro. E disse ao povo: ‘Vocês já foram demais a Jerusalém. Israel, aqui está o seu Deus, aquele que tirou você da terra do Egito’. Colocou um dos bezerros em Betel e instalou o outro em Dã. Isso foi causa de pecado. O povo foi em procissão diante do bezerro até Dã”. (1Rs 12,28-30). (grifo nosso).
“O próprio altar estava repleto de ofertas proibidas pela Lei. Não se podia celebrar o sábado, nem as festas tradicionais, nem mesmo se declarar judeu. Todo mês eram forçados a participar do banquete sacrifical, que se realizava no dia do aniversário do rei. Quando chegavam as festas de Dionísio, eram obrigados a participar da procissão em honra a Dionísio, com ramos de hera na cabeça”. (2Mc 6,5-7). (grifo nosso).
Assim, fica evidenciado que o ritual da procissão é realmente pratica religiosa que os hebreus copiaram dos egípcios. O cristianismo, por sua vez, manteve em seus rituais essa prática religiosa do judaísmo citada em Sl 118,27: Javé é Deus: ele nos ilumina! Formem procissão com ramos até os ângulos do altar.
2 - Ressurreição da Carne
Apesar de ser um dogma aceito pela maioria das religiões cristãs tradicionais, sua origem está intimamente ligada ao conceito que os egípcios tinham a respeito do corpo físico depois da morte.
“Os egípcios acreditavam que o corpo ressuscitaria magicamente do outro lado da vida por meio de um ritual chamado de ‘abertura da boca’. O sacerdote ou alguém da família tocava a boca do morto com um instrumento de metal para que ele pudesse ter uma boa passagem para o outro mundo e conseguisse pronunciar as palavras necessárias na hora do julgamento”. [1].
“Construídas com grandes blocos de pedra, as pirâmides nada mais eram do que as escusas tumbas dos faraós. Foram erguidas para abrigar o sarcófago do faraó até que sua alma voltasse ao corpo. O soberano supremo era enterrado com móveis, jóias e outros objetos, pois naquela época se acreditava que precisaria deles na outra vida”. [3].
“(...) Mas, para os egípcios, havia algo de maior significado que se expressava na preservação de bens valiosos dos mortos e construções de obras de estrutura física, que poderiam garantir uma outra vida além da morte, de muita fortuna. Para eles, após o falecimento do corpo, o morto de qualquer classe social teria uma existência semelhante à da Terra, mas sem os problemas e as necessidades desta”.
“A morte, para os egípcios, tinha um especial interesse. Havia entre eles uma crença absoluta no renascer dos mortos. Por isso, a preocupação em preservar o cadáver e o desenvolvimento da técnica de mumificação. De acordo com sua religião, a alma precisava de um corpo para morar por toda a eternidade”.
“Se a vida poderia durar eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a servir-lhe de morada, era preciso, portanto, preservar suas características físicas. Essa necessidade religiosa fez com que os egípcios desenvolvessem a técnica de mumificação”.[4].
Assim, toda a crença dos egípcios estava centrada na possibilidade da vida após a morte, na qual acreditavam precisar do corpo físico para sobreviver, pois não tinham a menor consciência de que a nossa realidade é sermos um ser espiritual. Por isso não haverá a mínima necessidade do corpo físico na dimensão espiritual como querem os teólogos, apesar de se dizerem espiritualistas.Hoje em dia aceitar que o corpo físico é que irá ressuscitar é fazer vistas grossas para as leis divinas, que pelo processo da decomposição faz com que este corpo devolva à natureza os elementos que dela tomou emprestado. Esses elementos, por sua vez, irão formar novas substâncias.
3 - Juízo Final
Outra crença egípcia é a respeito do juízo final, vejam o que encontramos sobre o assunto:“No mundo dos mortos, os egípcios eram julgados pelo deus Osíris e seus 42 assessores. Diante de cada juiz, o defunto declarava não ter passado por determinada infração. Seu coração era pesado numa balança. ‘Se pesasse mais que a pluma da justiça de Maat, a deusa da ordem universal, o morto seria engolido por um monstro em forma de crocodilo, leão e hipopótamo e teria, assim, uma morte definitiva, deixando por completo de existir’. (...)” [1].
“Tão logo falecia, a pessoa tinha de ser submetida a um julgamento pelo chamado Tribunal dos Deuses, uma espécie de justiça divina, presidido pelo deus Osíris”.“Segundo o ritual, o morto prostrava-se diante das autoridades celestiais e fazia uma espécie de confissão, na qual declarava que não cometera más ações durante sua vida”.
“No centro, aparece o deus Anúbis, com cabeça de chacal, que faz a pesagem na balança – no prato, à direita, aparece o coração do morto, sede da consciência e onde estavam registradas suas ações na terra; no prato esquerdo, há uma pena, símbolo de Maat, a deusa da verdade: á direita, encontra-se Toth, que anota num papiro os resultados das pesagens”.
“Se a pesagem constatar que o coração teve peso mais leve que a verdade, isso significava que o espírito não estava proferindo uma mentira quando afirmou que levou uma vida justa e respeitosa. Por isso, o tribunal posicionava-se que o mesmo estava apto a conquistar a vida eterna no paraíso”.[4].
O julgamento final era a prova de fogo para que a pessoa morta alcançasse, finalmente, a vida eterna”.“No julgamento final, o morto deveria provar que foi verdadeiro e justo durante a vida, sem ter faltado com a verdade”.“Se a pessoa não passasse pelo julgamento final, estaria condenada a uma espécie de coma perpétuo, ou seja, teria então uma segunda morte porque, agora, o acesso à eternidade estaria vedado”.[3].
É interessante essa maneira que percebiam o julgamento final de um indivíduo. Os cristãos adotaram esse juízo final, apesar de, contraditoriamente, dizerem que seremos julgados também logo após nossa morte. Haveria então dois julgamentos? Qual seria a utilidade deles? Quem fosse para o inferno no primeiro, poderia sair quando do segundo?
4 – Um ser gerado por um deus
Encontramos no conceito religioso dos cristãos a concepção de Jesus ocorrida por obra do Espírito Santo. Interessante que se isso ocorreu, Jesus não é descendente de Davi, contrariando as profecias a esse respeito. Mas, aqui, mais uma vez, percebemos que os egípcios também acreditavam na possibilidade de um deus fecundar uma mulher, leiamos: “Tamanha suntuosidade, tornou ImHotep uma figura célebre em todo Egito – depois de sua morte, ganhou status de um deus. Passou a ser considerado filho Ptah, o deus supremo de Mênfis, que teria fecundado uma mulher mortal”. [5].
Essa crença igualmente era compartilhada pelos gregos, senão vejamos: “Filho de Zeus e de uma mulher mortal, Alcmena, Heracles foi o maior e mais popular herói de toda a Grécia Antiga, embora a lenda tenha tido origem estritamente peloponésica”. [6].
Não devemos nos esquecer que os gregos também exerceram domínio sobre os judeus.
5 - Natal
Vejamos o que encontramos a respeito do dia que dizem ser o do nascimento de Jesus:
“Quanto ao 25 de dezembro, ele só foi adotado por volta de 330 d.C. Nessa data, ocorria em Roma a festa pagã do Solis Invictus, o Sol Invencível. Comemorado logo após o solstício de inverno – quando o percurso aparente do Sol ocupa sua posição mais baixa no firmamento -, o festival homenageava o reinício do deslocamento da trajetória solar para o alto do céu, de onde os raios da estrela voltaram a aquecer generosamente a Terra. Frustrados na tentativa de acabar com a festa, os cristãos resolveram apropriar-se dela”. [7].
Esse fato não é do conhecimento da maioria dos cristãos, talvez somente os líderes religiosos saibam disso. É muito comum que vários acontecimentos do passado longínquo se perderem, não chegando aos nossos dias, e os que chegam podem, por interesses, não serem relatados como o exatamente acontecido.
6 - Mediador
A crença em que os líderes religiosos como mediadores entre Deus e os homens, não deixa de ser também uma crença egípcia, só que, ao invés dos líderes religiosos, era o próprio faraó o mediador, conforme podemos comprovar: “O faraó era visto pela população como um deus vivo, trazido à Terra para ser o mediador entre o céu e os homens. (...)” [1].
É o que vemos, em toda a Bíblia, na figura dos profetas no Antigo Testamento e de Jesus no Novo Testamento. A partir da morte de Jesus essa intermediação, entre Deus e a humanidade, passa a ser feita pelos sacerdotes, pastores, etc.
7 - Culto aos Mortos
A prática de se cultuar o faraó depois de sua morte, foi assimilada por alguns cristãos na forma de culto aos santos. Vejamos: “Normalmente, um faraó era cultuado somente após a morte, mas muitos soberanos utilizaram a religiosidade como instrumento de propaganda e conseguiram se tornar objeto de culto ainda em vida”. [1].
Dessa prática e da do culto a vários deuses, acabou a primeira sendo reforçada, ou seja, a do culto aos santos, que passaram a responder por vários tipos de atividades relacionadas ao comportamento humano. Vejamos o item a seguir.
8 - Vários deuses“(...)
No princípio, do oceano primordial, auto-gerado, aparece Rá. Ele expele, de sua boca, Seb (o deus Ar) e Tefnut (Umidade). Deles nasce Geb (Terra) e Nut (Céu), pais de quatro filhos: Osíris, Íris e Seth e Néfits. Depois deles, surgem todas as outras divindades que, ao todo, somam mais de 2 mil. (...)” [1].
“A religião egípcia caracterizava-se, dessa maneira, como politeísta – que dizer, aquela em que existem vários deuses. Do mesmo modo que a maioria das sociedades primitivas, o Egito tinha um panteão de deuses muito vasto. Era praticamente um deus para cada um dos muitos aspectos da vida cotidiana”. [8].
Esse emaranhado de deuses, com suas atribuições, também acabaram dando origem às inúmeras atribuições que relacionaram a cada um dos santos.
Vejamos, então alguns exemplos:
Deuses Egípcios :
Anúbis - Deus dos embalsamadores e da mumificação; Atum - Criador dos deuses, do homem e da ordem divina; Bastet - Deusa do lar, do fogo e das grávidas; Bes - Deus da música, dança e da família. Protetor das mulheres grávidas; Geb - Deus da terra, guia dos mortos para o além; Hathor - Deusa das mulheres, do amor e da música; Imhotep - Patrono dos escribas, curador, sábio e mágico; Ísis - Guardiã, deusa da mágica; Khonsu - Deus da lua; Maat - Deusa da ordem, das leis, da justiça e da verdade; Min - Deus da fertilidade masculina, patrono do deserto oriental; Montu - Deus da guerra. [09].
No Catolicismo:
Cosme e Damião, padroeiros dos médicos e protetores dos gêmeos e das crianças; São Brás, protetor dos que sofrem de engasgos ou doenças de garganta; Santo Antônio, padroeiro dos pobres e casamenteiro; São Cristóvão, protetor dos viajantes e motoristas; São Francisco de Sales, padroeiro dos escritores; São Judas Tadeu, advogado das causas desesperadas; Santa Bárbara, invoca-se esta para se proteger das tempestades e trovões; Santa Cecília, padroeira da música; Santa Inês, padroeira da castidade e das adolescentes; Santa Luzia, protetora da visão.
Poderíamos acrescentar que tanto os gregos como os romanos também possuíam vários deuses, e da mesma maneira, cada um deles tinha uma atribuição própria. Assim, não percebemos nenhuma diferença entre os deuses da Antigüidade e os santos de hoje.
9 - Trindade
Outro item que fazia parte da cultura religiosa dos egípcios, e do qual era mesmo de se esperar a sua incorporação na cultura religiosa dos judeus, é a Trindade. Entretanto, não sabemos por que razão essa só passou a ser admitida posteriormente no cristianismo a partir do século IV da era cristã. Leiamos: “Os deuses costumavam ser divididos em grupos, geralmente em tríades compostas por duas divindades adultas e uma jovem. Assim, por exemplo, existe a tríade de Tebas, que compreende Amon-Rá, Mut e Khons, divindades dos três principais templos de Karnak”.[10].
Além disso, podemos acrescentar que todos os povos, que dominaram os judeus, tinham três deuses, como base de sua cultura religiosa.
Duas coisas mais merecem destaque, embora não pertencentes à cultura egípcia: uma é a origem de Satã e a outra a dos Dez Mandamentos, é o que veremos a seguir.
10 – Satã
“Sob a influência das doutrinas de Zaratustra, os judeus começaram a crer na existência dum espírito que procurava desfazer a obra de Jeová. E a esse adversário deram o nome de Satã”.
“Passaram a odiá-lo e temê-lo, e no ano 331 convenceram-se de que Satã andava pela terra”. (VON LOON, 1951, p. 122). [11].
Assim, da cultura persa, que possuía o deus do bem (Ahura-Mazda) e o do mal (Ahriman), tiraram o ser denominado Satã correspondendo a esse último.
11 - Leis Morais
“Os babilônicos desenvolveram as leis morais mais tarde incorporadas por Moisés nos Dez Mandamentos e que ainda hoje constituem os alicerces do cristianismo”. (VON LOON, 1951, p. 103) [11]
Essa informação, que nos parece muitíssima interessante, nos dá notícia de que até mesmo os Dez Mandamentos não se trata de coisa original, pois, como estamos constatando, foram também copiados de outra cultura. Para nós tem sentido, uma vez que Deus nunca estabeleceria um mandamento só para homens como o “não cobiçar a mulher do próximo”, portanto, estamos diante de um preceito absolutamente machista, obviamente, reflexo cultural da sociedade daquela época.
Conclusão:
Ficamos a pensar: e se fizermos um levantamento completo, o que mais acharíamos para acrescentar a essa nossa pequena lista? Por que será que o homem ainda mantém em suas práticas coisas absolutamente ultrapassadas pelo tempo? Umas são realizadas sobre o pretexto de estarem na Bíblia, no pressuposto de que tudo que ali contém é absolutamente verdadeiro. Mentes abertas têm colocado em cheque esse pensamento, fazendo com que muitas pessoas possam ver além do véu.
Há provas de que muitas coisas que ali estão são fruto de lendas, mitologias, outras não sustentadas pela ciência, enfim uma verdadeira miscelânea! Essas mentes abertas, de que estamos falando, são as pessoas que aplicam integralmente uma recomendação que deveria servir para todos: “Examinem tudo e fiquem com o que é bom” (1Ts 5,21).
Por outro lado, vemos como uma necessidade urgente de se aplicar essa análise ao Espiritismo como um alerta para que, nós, os espíritas, não venhamos a desfigurá-lo, trazendo para dentro de nossas casas espíritas determinadas práticas que nada têm a ver com os princípios ditados pelos Espíritos Superiores a Kardec.
Pois, infelizmente, estamos vendo que muitos companheiros, embora agindo de boa vontade, mas sem nenhum respaldo doutrinário, desejam implantar, em nosso meio, práticas totalmente desvinculadas do que poderíamos chamar de verdadeira essência do Espiritismo, tais como: terapia de vidas passadas, cromoterapia, uso de cristais, roupas especiais, etc. Não que estejamos condenando-a e aos que as praticam, acreditamos que, apesar da eficácia de algumas, não devem ser realizadas em qualquer instituição espírita, pois podem levar as pessoas a buscarem tais técnicas a fim de se livrarem de seus problemas, esquecidos de que o mais importante é a reforma íntima e a prática do bem.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Referências
[1] FELIPPE, C., O Egito que revivia os mortos, Revista das Religiões, agosto, pp. 40-45 (2003).[2] GORE, R., Ramsés, o grande, National Geograph Especial, junho, pp. 8-35 (2002).
[3] A GRANDEZA da civilização egípcia, A Magia do Egito, nº 01, pp. 6-17, (s/d)
[4] OS EGÍPIOS e os rituais de morte, A Magia do Egito, nº 01, pp. 46-50, (s/d).
[5] PIRÂMIDES, uma das sete maravilhas, A Magia do Egito, nº 01, pp. 36-45, (s/d).
[6] OS FASCINANTES deuses gregos, Deuses Gregos, nº 01, pp. 33-40, (s/d).
[7] Arantes, J.T., O desafio de entender Jesus, Revista Galileu Especial, julho, pp. 12-21, (2003)
[8] O EGITO antigo dos deuses, A Magia do Egito, nº 02, pp. 18-23, (s/d).
[9] OS PRINCIPAIS deuses egípcios, Qual é o assunto?, nº 02, pp. 4-6, (s/d)[10].DEUSES e mitos no antigo Egito, A Magia do Egito, nº 5, pp. 14-21, (s/d).[11] VAN LOON, H. W., A História da Bíblia, Cultrix, (1951).

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A FAXINA

De manhã, em toda casa,
Ar puro, janela aberta,
A higiene determina
O movimento de alerta.

É o asseio proveitoso
Que começa com presteza,
Expulsando o pó de ontem
Nos serviços de limpeza.

A vassoura range, range,
No polimento ao soalho,
Sem desprezar coisa alguma
Na expressão do seu trabalho.

Vem escovas cuidadosas
Ao lado de espanadores
E renova-se a paisagem
Dos quadros interiores.

A água cariciosa
Que se mistura ao sabão,
Carreia o lixo, a excrecência,
Enche baldes, lava o chão.

Os livros desafogados
Mostram ordem nas fileiras,
Convidando ao pensamento
Do cimo das prateleiras.

Os móveis descansam calmos,
De novo brilha o verniz.
Toda a casa fica leve,
Mais confortada e feliz.

A limpeza efetuada
É novo impulso à energia,
Multiplicando as estradas
De esforço e sabedoria.

A faxina, qual se chama,
Na linguagem da caserna,
Tem seu símbolo profundo
Nos campos de vida eterna.

Muita gente sofre e chora,
Na dor e na inquietação.
Por nunca fazer faxina
Nas salas do coração.
Casemiro Cunha
Fonte: Cartilha da Natureza

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

GLORIFICANDO O SANTO NOME

O professor contou, em aula, que, no princípio da vida na Terra, quando os minerais, as plantas e os animais souberam que era necessário santificar o nome de Deus, houve da parte de quase todos um grande movimento de atenção.
Certas pedras começaram a produzir diamantes e outras revelaram ouro e gemas preciosas.
As árvores mais nobres começaram a dar frutos.
O algodoeiro inventou alvos fios para a vestimenta do homem.
A roseira cobriu-se de flores.
A grama, como não conseguia crescer, alastrou-se pelo chão, enfeitando a Terra.
A vaca passou a fornecer leite.
A galinha, para a alegria de todos, começou a oferecer ovos.
O carneiro iniciou a criação de lã.
A abelha passou a fazer mel.
E até o bicho-da-seda, que parece tão feio, para santificar o nome de Deus fabricou fios lindos, com os quais possuímos um dos mais valiosos tecidos que o mundo conhece.
Nesse ponto da lição, como o instrutor fizera uma pausa, Pedrinho perguntou:
- Professor, e que fazem os homens para isso?
O orientador da escola pensou um pouco respondeu:
Nem todos os homens aprendem rapidamente as lições da vida, mas aqueles que procuram a verdade sabem que a nossa Inteligência deve glorificar a Eterna Sabedoria, cultivando o bem e fugindo ao mal. As pessoas que se consagram às tarefas da fraternidade, compreendendo os semelhantes e auxiliando a todos, são as almas acordadas para a luz e que louvam realmente o nome de nosso Pai Celeste.
E, concluindo, afirmou:
O Senhor deseja a felicidade de todos e, por isso, todos aqueles que colaboram pelo bem-estar dos outros são os que santificam na Terra a sua Divina Bondade.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Pai Nosso. Ditado pelo Espírito Meimei.

domingo, 18 de janeiro de 2009

NASCIMENTO DE JESUS

PERGUNTA: — Por que as facções religiosas transfor­maram o nascimento de Jesus num acontecimento incorram, e lendário, como no-lo relata a história sagrada?
RAMATíS: — Embora Jesus tenha nascido sem produzir milagres que deveriam abalar seus familiares e a vizinhança, tal fato revestiu-se de suma importância no Espaço, em tomo da Terra, onde os anjos que o acompanhavam em sua des­cida para a carne vibraram de intenso júbilo pelo êxito do mundo espiritual no advento do Messias! Era o mais esplendoroso acontecimento verificado até aquela época, pois atra­vés do sacrifício de alta Entidade Espiritual, as trevas ter­renas, dali por diante, receberiam mais forte Luz Crística, em comunhão mais íntima com o seu Cristo Planetário! Je­sus, o Messias, instrumento vivo hipersensível e descido dos céus, derramaria através de sua carne a Luz do Espírito do Senhor, ensejando a mais breve libertação do "homem velho", ainda algemado à força coerciva dos instintos animais!
Embora os homens ignorassem, em sua consciência fí­sica, a natureza excepcional do advento do Messias à face da Terra, e mesmo no seu nascimento não se verificassem fenômenos miraculosos, o certo é que todos os moradores na adjacência do lar de Maria e José sentiam um júbilo es­tranho e deliciosa esperança que lhes tomavam a alma num sentimento indefinível. Pairava no ar algo de excelso e de terno, flutuando numa ansiedade espiritual; e um suave mag­netismo penetrava o espírito dos seus moradores! Os seres, nesses dias, passaram a entender-se pacificamente; ninguém reclamava em juízo quaisquer direitos, mostrando-se indife­rentes aos litígios. A avareza e a ganância humana se en­fraqueciam sob a força dessa influência desconhecida e sa­lutar, que punha todos os interesses humanos em situação secundária!
Eis o motivo por que os religiosos criaram lendas e mi­lagres em torno do nascimento do menino Jesus, na Terra, associando-lhe as mesmas fantasias atribuídas a outros ins­trutores espirituais da humanidade. Nenhuma estrela se mo­veu no céu. guiando reis magos até Nazaré, embora Melchior, Baltazar e Gaspar tivessem realmente procurado identi­ficar o local onde se encarnara o Avatar prometido para aquela época. Eram velhos magos e experimentados astrólogos, que pela disposição extraordinária dos astros no signo de Pisces e além de sua profunda sensibilidade mediúnica, certificaram-se de que uma Entidade de alta estirpe espiri­tual teria nascido na Terra, naqueles dias proféticos para os conhecedores da Astrologia. Em conseqüência, devido aos seus cálculos astrológicos e à sua habilidade esotérica, puderam identificar que a posição conjuncional de Saturno, Marte e Júpiter marcava uma data sideral de suma importância para as atividades espirituais. Era um indício perfeito do clima vibratório favorável aos acontecimentos espirituais mais excelsos, pois o magnetismo suave e inspirativo do signo de Pisces, balsamizando o campo astrológico sobre a Judéia, e a presença simbólica da estrela assinalada há milênios, como o sinal incomum do Messias, compreendido na conjunção de Saturno, Júpiter e Marte, deram aos tradicionais magos a certeza do nascimento de Alta Entidade na superfície da Terra!
A natureza sublime de Jesus e suas hostes amigas irra­diando a luz angélica sobre a atmosfera terrena, bafejava os corações dos homens e das mulheres mais sensíveis, despertando-lhes um sentimento de confraternização e convergên­cia mental para os ideais superiores. Na verdade, consumado o nascimento do excelso menino no plano físico, os anjos, os mestres e os auxiliares espirituais do Senhor então se prosternaram, felizes, embora exaustos da inconcebível tarefa de ajustar o poderoso Espírito de Jesus no corpo vibrátil do "beija-flor" humano, que surpreendia as criaturas mais pa catas e comovia as mais endurecidas! Em seguida, todos er­gueram seus cânticos ao Magnânimo Autor da Vida e Lhe renderam graças pelo sucesso feliz do Messias despertar na carne humana, livre de defeitos ou lesões orgânicas, supe­rando os objetivos malignos do comando das Trevas!
Mas a delicadeza orgânica do menino Jesus, dali por diante ainda passou a exigir rigorosa vigilância e proteção do Alto, pois os espíritos trevosos continuavam a investir tenaz e obstinadamente no sentido de abalar o seu corpo carnal. Eles haviam mobilizado os recursos mais astuciosos e ofensivos para impedir o advento de Jesus na Terra, uma vez que a mensagem crística do Evangelho terminaria roubando-lhes inúmeras criaturas ainda escravas dos vícios e das paixões terrenas, e vítimas para saciar-lhes os desejos mórbidos e atender-lhes os eventos pecaminosos do astral inferior! Com sua sanha diabólica, os inimigos da luz ten­taram perturbar os próprios ascendentes biológicos de José e Maria, decididos a enfraquecer o organismo carnal pla­nejado pelos Biólogos Siderais, e que deveria servir como instrumento messiânico na jornada redentora de Jesus!
RAMATÍS

sábado, 17 de janeiro de 2009

AGRADECE

Agradece as mãos que te constróem a existência, decorando-a com as tintas da alegria e da esperança, mas endereça os teus pensamentos de gratidão àquelas outras que te ferem com os espinhos da incompreensão, ensinando-te a conviver e a servir.
Agradece as vozes que te embalam os anseios, entretecendo hinos de paz e amor com que te inspiram as melhores realizações, no entanto, envia as tuas vibrações de reconhecimento àquelas outras que te exageram essa ou aquela falha, induzindo-te a compreender e a perdoar.
Agradece aos amigos que te proporcionam mesa farta, impulsionando-te a pensar na abastança da Terra, mas não recuses respeito àqueles que, em algum tempo, te sonegaram o pão, levando-te a prestigiar a fraternidade e a beneficência.
Agradece aos irmãos que te reconhecem a nobreza de sentimentos, louvando-te o trabalho, entretanto, não olvides o apreço que se deve àqueles outros que te menosprezam, auxiliando-te a descobrir os tesouros da humildade e da tolerância.
Certa feita, um pedaço de carbono sumido no monturo pediu a Deus o levasse para a superfície da Terra, a fim de ser mais útil. O Supremo Senhor ouviu-lhe a súplica e determinou fosse ele detido no subsolo para a devida maturação.
O minério humilde aceitou a resposta e permaneceu na clausura, por séculos e séculos, suportando a química da natureza com o assalto constante dos vermes que habitavam o chão.
Chegou, por fim, o tempo em que o Criador mandou arrancá-lo para atender-lhe aos ideais. Instrumentos de perfuração exumaram-no a golpes desapiedados e o lapidário cortou-lhe o corpo, de vários modos, em minucioso burilamento.
Mas quando o carbono sublimado surgiu, de todo, aos olhos do mundo, Deus o havia transformado no brilhante, que passou a brilhar, entre os homens, parecendo uma flor do arco-íris com o fulgor das estrelas.

MEIMEI
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Livro: Amizade, de 1977
Instituto Divulgação Editora André Luiz.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

JESUS E DECISÃO

A um jovem, que parecia disposto a in­gressar na Nova Era, candidatando-se a se­gui-lO, Jesus propôs o convite direto, sem preâm­bulos.
Apesar do interesse que se refletia na face ansioSa, o moço, receoso, esquivou-Se sob a justi­ficativa de que iria antes sepultar o genitor que havia morrido.
Diante da resposta que parecia justa, o Mes­tre foi, no entanto, contundente, informando-o “Deixa aos mortos o cuidado de sepultar os seus mortos; mas tu, vem construir no coração o rei­no de Deus”.
Pode causar estranheZa a atitude e proposta de Jesus a um filho que pretendia cumprir com o seu dever imediato: no caso, enterrar o pai de­sencarnado.
É provável que esse fosse o seu intento real, adiando o engajamento na tarefa da vida eterna. Todavia, é possível que o moço ocultasse alguma outra intenção.

*

O desejo de estar presente ao velório e à inu­mação do cadáver talvez significasse a preocupação de ser visto como um filho cuidadoso e fiel, merecedor da herança que lhe cabia.
Alguma disposição testamentária, provavel­mente, exigia-lhe o cumprimento desse dever fi­nal, sob pena de perder o legado. Então, a sua presença não significaria um ato de amor, mas um ato de interesse subalterno.
Os bens materiais, não obstante possuam utilidade, favorecendo o conforto, o progresso, a paz entre os homens quando bem distribuí­dos, são, às vezes, de outra forma, algemas cruéis que aprisionam as criaturas, e que, transitando de mãos, são coisas mortas, que não merecem preferência ante as verdades eternas.

*

Igualmente se pode pressupor que o rapaz, ainda cioso da sua juventude, não estivesse dis­posto a renunciá-la, encontrando, na justifica­tiva, uma forma nobre para evadir-se do compromisso.
Os gozos materiais são cadeias muito vigo­rosas que jugulam os homens às paixões primiti­vas que deveriam superar a benefício próprio, mas que quase sempre os levam à decomposição moral, à morte dos ideais libertadores.

*

Quiçá a preocupação a respeito da nova res­ponsabilidade causasse no candidato um receio injustificado, levando-o à escusa com o argu­mento apresentado.
O medo de assumir compromissos graves impede o desenvolvimento intelecto-moral do indivíduo, mantendo-o estacionado na rotina despreocupada e monótona do seu dia-a-dia.
O convite de Jesus faz-se acompanhar de um programa intenso, iniciando-se na renovação íntima para melhor, e prosseguindo na ação cons­trutiva do bem em toda parte.
O medo é fator dissolvente da individuali­dade humana, responsável por graves desastres e crimes que poderiam ser evitados.
É força atuante que conduz à morte das realizações dignificantes e das próprias criaturas.

*

Por fim, suponhamos que o sentimento filial prevalecesse na resposta e ele estivesse preocupado com o pai desencarnado.
Ainda assim, qualquer pessoa poderia sepul­tá-lo, mas ninguém, exceto ele mesmo, poderia encarregar-se da sua iluminação.
Jesus era a sua oportunidade única.
Jesus penetrou-o e sabia o motivo real da sua recusa. Porém, deixou-o livre para decidir-se.
Ele foi sepultar o progenitor e não voltou.
Perdeu a oportunidade.
Muitos ainda agem assim.

*

Observa o que clegeste para a tua atual exis­tência: seguir a vida e vivê-la ou acumular tesouros mortos para sepultá-los no olvido.
Desnuda-te interiormente e contempla-te. Que possuis de real, que a morte não te arre­batará, e o que seguirá contigo?
Usa de severidade neste exame de consciên­cia e toma o lugar do jovem convidado.
Que responderias a Jesus nesse momento?

*

Queixas-te dos problemas que te aturdem e os relacionas, ignorando ou tentando desconhecer que estás na Terra para aprender, resga­tar, reeducar-te.
Olha ao redor e compreenderás o quanto é urgente que te decidas pelo melhor e duradou­ro para ti como ser imortal que és.
Postergando a decisão, quando então a to­mar, provavelmente as circunstâncias já não se­rão as mesmas e a tua situação estará diferente, talvez complicada.
O momento é este.
Deixa-te permear pela presença dEle e, fe­liz, segue-o.
Com tal atitude os teus problemas muda­rão de aparência. perderão o significado afligen­te, contribuirão para a tua felicidade.
Renascerás dos escombros e voarás no ru­mo da Grande Luz, superando a noite que te aturde.
Joanna de Angêlis

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PERSEVERAI

Filhos, perseverai no testemunho da fé espírita que abraçastes, ante a revivescência do Evangelho do Senhor.
Não recueis ante as provas que vos são necessárias ao burilamento.
Sustentai a coragem na luta, conscientes de que toda conquista nos domínios do espírito reclama esforço e sacrifício continuados.
Ninguém ascende aos Cimos de passo preso à retaguarda.
A Doutrina Espírita liberta o pensamento, no entanto aquele que procura superar o comodismo intelectual de séculos sempre encontrará oposição.
É natural, pois, que as trevas conspirem contra os vossos anseios de elevação.
Os espíritos, quer encarnados, quer desencarnados, habituados à mesmice em que vivem, haverão de pelejar para vos desalentar em vossos novos propósitos na existência.
Muitos vos tentarão com o imediatismo dos prazeres mundanos e com as facilidades materiais do caminho.
Outros urdirão sofismas, com o intento de vos afastar dos objetivos superiores que concentrastes, na necessidade de renovação íntima.
Sem que percais de vista a trajetória do Cristo, não olvideis que a obra da redenção humana diz respeito a cada espírito em particular.
A hora do testemunho é uma hora solitária.
Em torno, apupos e injúrias, hostilidade e incompreensão.
Não raro, amigos e companheiros permanecerão à distância, vos contemplando as reações.
Convosco, não tereis por escora, na áspera subida, outra que não seja a cruz que vos pesa nos ombros.
Quase ninguém vos verá o pranto que se vos escorre na face, confundindo-se com o suor derramado no cumprimento do dever.
Inevitável, a sensação de extremo abandono dos homens, que vos deve induzir a bem maior confiança em Deus.
Filhos, não permuteis o que é eterno pelo que é transitório.
Embora sob duros reveses, insisti na prática do bem aos semelhantes e tomai a iniciativa do perdão, na certeza de que o tempo urge e que, ao termo da vossa caminhada sobre a Terra, não tereis outro Céu que não seja o da consciência tranqüila.
Bezerra de Menezes

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

APROVEITAR A VIDA

Você aproveita a vida?
É muito comum ouvir as pessoas, e principalmente os jovens, dizendo que querem aproveitar a vida.
E isso geralmente é usado como desculpa para eximir-se de assumir responsabilidades.
Mas, afinal de contas, o que é aproveitar a vida?
Para uns é matar-se aos poucos com as comilanças, bebidas alcoólicas, fumo e outras drogas.
Para outros é arriscar a vida em esportes perigosos, noitadas de orgias, consumir-se nos prazeres carnais.
Talvez isso se dê porque muitos de nós não sabemos porque estamos na Terra.
E por essa razão desperdiçamos a vida em vez de aproveitá-la.
Certo dia, um jovem que trabalhava em uma repartição pública na companhia de outros colegas que costumavam reunir-se todos os finais de expediente para beber e fumar a vontade, foi convidado a acompanhá-los.
Ele agradeceu e disse que não bebia e que também não lhe agradava a fumaça do cigarro.
Os demais riram dele e lhe perguntaram, com ironia, se a religião não lhe permitia, ao que ele respondeu: "a minha inteligência é que me impede de fazer isso".
E que inteligência é essa que não lhe permite aproveitar a vida? Perguntaram os colegas.
O rapaz respondeu com serenidade: "e vocês acham que eu gastaria o dinheiro que ganho para me envenenar? Vocês se consideram muito espertos, mas estão pagando para estragar a própria saúde e encurtar a vida, que para mim é preciosa demais. Observando as coisas sob esse ponto de vista, poderemos considerar que aproveitar a vida é dar-lhe o devido valor.
É investir os minutos preciosos que Deus nos concede em atividades úteis e engrandecedoras.
Quando dedicamos as nossas horas na convivência salutar com os familiares, estamos bem aproveitando a vida.
Quando fazemos exercícios, nos distraímos no lazer, na descontração saudável, estamos dando valor à vida.
Quando estudamos, trabalhamos, passeamos, sem nos intoxicar com drogas e excessos de toda ordem, estamos aproveitando de forma inteligente as nossas existências.
Quando realmente gostamos de alguma coisa, fazemos esforços para preservá-la.
Assim também é com relação à vida.
E não nos iludamos de que a estaremos aproveitando acabando com ela.
Se você é partidário dessa idéia, vale a pena repensar com seriedade em que consiste o aproveitamento da vida.
E se você acha que os vícios lhe pouparão a existência, visite alguém que está se despedindo dela graças a um câncer de pulmão, provocado pelo cigarro.
Converse com quem entrega as forças físicas a uma cirrose hepática causada pelos alcoólicos.
Ouça um guloso inveterado que se encontra no cárcere da dor por causa dos exageros na alimentação.
Visite um infeliz que perdeu a liberdade e a saúde para as drogas que lhe consomem lentamente. Observando a vida através desse prisma, talvez você mude o seu conceito sobre "aproveitar a vida"
A vida é um poema de beleza cujos versos são constituídos de propostas de luz escritas na partitura da natureza, que lhe exalta a presença em toda parte.
Por consequência, a oportunidade da existência física constitui um quadro à parte de encantamento e conquistas, mediante cuja aprendizagem o espírito se embeleza e alcança os altos planos da realidade feliz.
Autor:Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro "Vida: Desafios e Soluções", cap. Alegria de Viver.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ALÉM -TUMULO

"E, se não há ressurreição de mortos, também o Cristo não ressuscitou."Paulo. (1 CORINTIOS, 15:13.)

Teólogos eminentes, tentando harmonizar interesses temporais e espirituais, obscureceram o problema da morte, impondo sombrias perspectivas à simples solução que lhe é própria.
Muitos deles situaram as almas em determinadas zonas de punição ou de expurgo, como se fossem absolutos senhores dos elementos indispensáveis à análise definitiva. Declararam outros que, no instante da grande transição, submerge-se o homem num sono indefinível até o dia derradeiro consagrado ao Juízo Final.
Hoje, no entanto, reconhece a inteligência humana que a lógica evolveu com todas as possibilidades de observação e raciocínio.
Ressurreição é vida infinita. Vida é trabalho, júbilo e criação na eternidade.
Como qualificar a pretensão daqueles que designam vizinhos e conhecidos para o inferno ilimitado no tempo? Como acreditar permaneçam adormecidos milhões de criaturas, aguardando o minuto decisivo de julgamento, quando o próprio Jesus se afirma em atividade incessante?
Os argumentos teológicos são respeitáveis; no entanto, não deveremos desprezar a simplicidade da lógica humana.
Comentando o assunto, portas a dentro do esforço cristão, somos compelidos a reconhecer que os negadores do processo evolutivo do homem espiritual, depois do sepulcro, definem-se contra o próprio Evangelho. O Mestre dos Mestres ressuscitou em trabalho edificante. Quem, desse modo, atravessará o portal da morte para cair em ociosidade incompreensível? Somos almas, em função de aperfeiçoamento, e, além do túmulo, encontramos a continuação do esforço e da vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
Francisco Cândido Xaxier.
Da obra: Caminho, Verdade e Vida.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ROSTO, ESPELHO DA ALMA

Os traços da feição alheia denunciam o que vai pelo espírito, deixando, por vezes, marcas indeléveis no observador, de modo a aproveitar a serenidade do justo e tomar providências para não herdar os sofrimentos do mau. Eis uma prova da força do pensamento tendo supremacia em todo o corpo físico.
Quando uma pessoa se encontra aborrecida, alimentando problemas, envolvida em apreensões, nota-se rapidamente no seu semblante a realidade interna. A mente plasma os sentimentos com o magnetismo em reversão, e exterioriza-os por sentir-se mal com a sua própria criação, de modo a expelir, por todos os recursos encontrados, um fluido deletério; também os semelhantes, ao encontrarem o irmão em estado depressivo, chamam-lhe logo a atenção, por não suportarem igualmente as chamas negativas que os atingem frente a frente. Caso nos silenciemos, o mal se propaga, criando sérios embaraços por onde transita, e somos responsáveis por todos os estragos feitos em mentes invigilantes. É bom que tomemos todas as precauções, para não cairmos nessas tentações: nem influenciarmos pessoas com tristezas, nem sermos influenciados por companheiros tristes.
Semblante amargurado é alma triste. Compete ao homem de bem doar porque pode e tem para dar, em forma de ânimo, esperança, alegria e fé para os que sofrem dessa enfermidade psicológica.
O exercício da alegria constitui um dos esportes mais eficazes do espírito. Ele levanta as forças do coração, estende o raciocínio além do concebível, faz verdadeiros milagres, porque trabalha como remédio, sem ser classificado como tal, cura corpos danificados, levanta espíritos caídos e desaloja o medo, purificando a atmosfera para que possamos respirar com maior confiança.
Sejamos partícipes do movimento da alegria pura.
É bom que sejamos dados à análise das pessoas, sem alardes, para melhor ajudá-las. A configuração delas nos fala alto do que se passa por dentro. E, se a psicologia for bem aplicada, notaremos que há aspectos que nos parecem pedir socorro, sem o poder do verbo. E o estudante da verdade, com a discrição sempre lembrada, as auxilia, sem que os sofredores notem de onde parte a ajuda.
Há muito trabalho no mundo a realizar nesse sentido. As escolas espiritualistas estão, cada vez mais, se dividindo na Terra. À primeira vista, parece enfraquecimento. No entanto, é atendimento a milhares de almas em posições diversas na escala evolutiva, e como Deus é bom e ama a todos na mais alta expressão da justiça, abençoa todos os movimentos da educação, para que em futuro próximo se unifiquem, tendo um só pastor e um só rebanho.
O rosto expressa, de certo modo, o caráter da alma, assim as mãos, assim as palavras, confirmando a proposição da psicologia bem endereçada. Todavia, quando se decide a reforma das emoções, dos pensamentos, das ideias e das ações, tudo o mais muda igualmente, levando a mensagem que a mente preparar.
Cenho carregado é apreensão profunda, que desfila dúvidas, das quais a inteligência reclama mudança imediata de clima, e um pouco de esforço nos colocará na faixa da alegria que favorece a disposição para o trabalho e a fé.
Não gasteis combustível mental com pensamentos negativos, mesmo que eles surjam no campo espontaneamente. Dal de mão, à luta. A área é vossa, com todos os direitos e deveres de defesa da propriedade que vos pertence por agrado divino. Harmonizai vossa mente com o dever, com a caridade bem dirigida, com o amor sem fanatismo, com o trabalho sem usura, com a fé sem a cegueira, com a fraternidade sem o desequilíbrio, e com o perdão sem alarde, para que o rosto possa mostrar, com dignidade, o sol que se esconde temporariamente no faro da carne.
espírito Miramez
livro Horizonte da Mente

domingo, 11 de janeiro de 2009

CANTIGA DA REENCARNAÇÃO

Um homem agonizava, mas embora
Não pudesse expressar palavra alguma,
Na sombra interior que o desarvora,
Pede em silencio ao corpo:
- “ Ampara-me, por Deus!
Eu não quero morrer, ajuda, corpo amigo,
Não te quero deixar, preciso estar contigo,
Sem ti temo cair em abismos fatais...”
Era o apelo de instantes derradeiros
Naquele portador de moléstia obscura,
Que ainda não chegará aos cinqüenta janeiros
E que tudo indicava
Estar descendo à morte prematura.
De consciência lúcida, lembrava
Em contrição sincera,
As forças que gastara, inutilmente,
As noites dos excessos de aguardente
E os abusos sem conta que fizera...
E, ante a morte a surgir, sempre mais perto,
Continua a rogar ao corpo enfraquecido:
- “Corpo que Deus me deu, não me deixes caído,
quero mais tempo, a fim de preparar-me
para aceitar sem medo e sem alarme,
a idéia de perder-te e entrar em rumo incerto”.
Entretanto,
De espírito cansado,
A desfazer-se em pranto,
Nas vascas da agonia,
Ouviu a voz do corpo fatigado,
Que, por fim, lhe dizia:
“Escuta, meu amigo,
eu sou teu servo e sei que és meu senhor,
sempre te obedeci com desvelado amor,
Deus me criou para a missão
De atender-te em completa servidão.
Nunca me viste a desobedecer
As ordens que me destes
Fossem justas ou não,
Porquanto o meu dever
É o de servir-te sem reclamação.
Mas indaga de ti quantas vez me impuseste
Noitadas de prazer, ruinosas ou vazias,
Depredando-me as próprias energias
Que Deus me concedeu, em teu favor...
Embora eu te avisasse
Com a minha própria dor
Que o remorso produz tristeza e enfermidade,
Adquiriste, displicente,
Cargas de sombra sobre a própria mente,
Culpas e culpas sem necessidade...
Repito: sou teu servo e, em nada te condeno,
Mas demonstrando entendimento estreito,
Gastaste-me as reservas sem proveito,
Consumindo-me as forças,
A pedaços de abuso e a doses de veneno...
Dei-te tudo o que eu tinha,
Nada me resta agora,
Senão me recolher à derradeira hora,
Em que eu deva tornar, com segura presteza,
À recomposição da natureza!...”
O homem ouviu o corpo em despedida
Mas não tinha defesa
Contra os próprios desmandos, ante a vida...
No silencio de mágoa indefinida,
Voltou-se para Deus em oração,
Pediu misericórdia, amparo e proteção,
E, ante o corpo que se lhe enrijecia,
Chorou o companheiro que perdia...
Longo tempo passou, em clima de amargura,
No entanto, ao se afundar em crises de loucura,
Fez-se-lhe a prece continuada,
Nos sofrimentos em que avança
Um clarão de esperança...
Tinha nódoas de culpa, em lágrimas sofria,
Mas, o Céu lhe apontava a luz de novo dia...
No íntimo, o Senhor o exortava somente
A regressar ao mundo e tentar novamente
Extinguir em si mesmo os males que trazia...
O espírito em falência, exânime, inseguro
Pensou nas novas bênçãos do futuro,
Viu a reparação por justiça e dever,
E agradecendo aos Céus
Gritou feliz, livre mas preso ao chão:
- “Glória a Deus pela benção de sofrer,
Glória a reencarnação que obterei um dia,
A fim de achar na dor a essência da alegria,
O Dom de trabalhar e a graça de nascer!”


Fonte: livro – “Coração e Vida” Francisco Cândido Xavier – Maria Dolores

sábado, 10 de janeiro de 2009

ESPIRITUALIDADE E VIDA

194 - TENTAÇÕES DA FAMA
P - Você é um homem conhecido mundialmente. Qual sua fórmula para fugir às tentações da fama?
R - Não me considero com créditos para adquirir popularidade. A fama é uma grande oficina de fotografias. Cada amigo ou cada adversário apresenta a imagem que metaliza e os retratos falados ou comentários vão surgindo. Quanto a mim, nunca precisei estar vigilante contra os inconvenientes da fama. Nada fiz para conquistá-la. Se trabalho sempre é porque preciso aprender a servir. Os espíritos amigos me ensinam que devo trabalhar pois, sinceramente, não tenho algo de melhor para fazer.

195 - MOMENTO DA DESENCARNAÇÃO
P - A morte clínica de uma pessoa ocorre quando o cérebro pára de funcionar, mesmo que o coração continue batendo. Do ponto de vista espiritual, em que instante ocorre a “desencarnação” da alma?
R - Não é uma ocorrência absolutamente igual para todos. Considerando por desencarnação o estado do espírito que já se desvencilhou de todos os liames que o prendiam ao corpo material.

196 - RECURSOS ARTIFICIAIS DE SOBREVIVÊNCIA E EUTANÁSIA
P - É lícito manter-se uma pessoa viva através de recursos artificiais, (como o caso da norte-americana(1)) quando não resta esperança de sobrevivência?
R - Em muitos casos a ciência da Terra pode, através de processos artificiais, reter o espírito no corpo físico, mas sempre a título precário, sem ligação com as definitivas realidades da vida. O caso referido da jovem americana, é um problema na lei de causa e efeito. Muito louvavelmente a ciência do mundo não aplicou a eutanásia, permitindo assim que as leis superiores da existência se manifestassem claramente.

197 - DESARMONIAS CONJUGAIS
P - Por que são tão raros os casais que vivem em perfeita harmonia?
R - O relacionamento entre os parceiros da vida íntima do lar, na essência, é uma escola ativa de aperfeiçoamento do espírito. Até que duas criaturas alcancem o amor integral, uma pela outra, é compreensível o atrito, visando o burilamento recíproco.

198 - VINCULAÇÕES EXTRACONJUGAIS
P - E quando um dos cônjuges não assumindo sua responsabilidade na parte que lhe toca for buscar fora do lar vinculações extraconjugais?
R - Alguém que fira outro alguém, depois dos compromissos afetivos assumidos em dupla, será responsável pela lesão que causar. Para outros e para si mesmo cria dificuldades que só pelo amparo do tempo conseguirá resgatar. Os espíritos sublimados nas leis do bem aprendem a amar sem exigências e a aceitar as pessoas como realmente são ou estão.

199 - REPERCUSSÕES DOS VÍCIOS NO ALÉM
P - Você considera o hábito de fumar um suicídio em câmara lenta?
R - O hábito de fumar não pode ser definido como um suicídio consciente considerado. É um prejuízo que o fumante causa a si mesmo, sem a intenção de se destruir. Isto deve ser estudado com esclarecimento, sem condenação, para que a pessoa se conscientize quanto às conseqüências do fumo, no campo da vida, de forma a fazer as suas próprias opções. Não apenas o fumo, mas outros vícios nocivos à saúde, após o desencarne, continuam a tornar a pessoa dependente, até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do perispírito. Na maioria das vezes este tempo dura o correspondente à perduração do hábito, na existência física da criatura viciada.

200 - MEMÓRIAS DAS PLANTAS
P - Você confirmaria que as plantas têm memória?
R - Devo explicar a vocês que responderei suas perguntas ouvindo sempre o nosso devotado Emmanuel, a quem posso e devo atribuir a autoria dos conceitos emitidos. As plantas possuem, compreensivelmente, a memória em construção. Em graus e tons diversos a espiritualidade se encontra em qualquer partícula de vida.

201 - EM TRABALHO COM JESUS E KARDEC
P - Para encerrarmos, nos diga algo sobre os mais de 50 anos de seu mandato mediúnico.
R - É como se o tempo não tivesse existido na contagem humana das horas. Observo, que se o meu corpo cede à lei do desgaste com o tempo terrestre, meu espírito se vê cada vez mais interessado e contente. Reconheço plenamente o que as realizações dos espíritos benevolentes, que nos auxiliam, estão muito acima de qualquer cogitação do meu espírito estreito, cabendo-me a obediência. Eles me proporcionam a honra do engajamento no trabalho deles em nome de Jesus, nosso Divino Mestre e Senhor, segundo as instruções fundamentais de Allan Kardec, no Cristianismo atualmente redivivo.

(1) Trata-se, evidentemente, do famoso caso da jovem norte-americana Karen Ann, que se encontra em coma desde 14/4/1975. Atendendo pedido de seus pais, o Supremo Tribunal de Nova Jersey autorizou, em 31/3/1976, o desligamento do sistema de respiração artificial que a mantinha viva. Mas, para surpresa de todos, tal desligamento não provocou a sua morte, pois seus pulmões voltaram a funcionar normalmente, embora Karen continuasse em coma. - Nota do organizador.

Entrevista concedida a Otto Villares e publicada no jornal Palavra, de 16/10/1983, Ano I, n.o 3, Juiz de Fora, MG, sob o título “Entrevistando Chico Xavier/Emmanuel - A espiritualidade está em qualquer partícula da vida.” Transcrita pela revista espírita mensal O Médium, também de Juiz de Fora, em sua edição de 10/1983, n.o 512.
Emmanuel
Livro “Entender Conversando” Psicografia: Francisco C. Xavier Autor Espiritual: Emmanuel