domingo, 28 de agosto de 2011

OS MILAGRES

Dispensando o significado etimológico da palavra, verificamos as mais diferenciadas interpretações, conceituando o seu significado: Para uns, milagre é uma manifestação do Poder Divino acima das convenções humanas; para outros, são graças concedidas por entidades espirituais, denominados Santos, para outros, ainda, é fenômeno sobrenatural, chegando mesmo à derrogação das Leis. A maioria dos milagres são pedidos feitos, poucos são espontâneos.

Inúmeras pessoas dão seu sacrifício em forma de penitência, em busca de um milagre, outras apelam para as chamadas "Promessas"; outras mais utilizam em forma de último recurso, a ida a qualquer lugar, bem ou mal informadas, para conseguir a realização de um milagre. Não sabem o que buscar e não acham o que queriam, desconsiderando a lei dos méritos.

Não somos censores dos que procuram as fórmulas cabalísticas em busca do efeito milagroso, porquanto não ignoramos o desejo e até mesmo o desespero de quem parte em busca de um lenitivo para o mal que o aflige.

Batizamos, com o nome milagre, o fenômeno que poucos sabem explicar, escapando ao raciocínio e ao entendimento de muitos, mas não ignoramos que ele existe.

Afinal, o que é o milagre? – Derrogação das Leis Naturais? – Como e por que funciona? – Por que não acontece com todos? – Existem preferências em sua concessão?

O sol brilha para todos. A chuva cai sobre justos e injustos. O Homem ainda necessita das regras para viver, porque não aprendeu ainda a conviver com as Leis naturais. O mérito e demérito ainda agasalham o nosso caráter espiritual, portanto, somos mais que necessitados do "acréscimo de misericórdia". Quanto aos critérios adotados pelo Plano Superior, escapa a nossa análise. O que sabemos é que o "batei e abrir-se-vos-á" e o pedis dar-se-vos-á, não descrimina a ninguém.

O importante é saber bater e pedir. Procurar o que não sabe, acha o que não quer.

Se pudéssemos viajar em uma imaginária máquina do tempo e transladarmo-nos à era Socrática em meio aos grandes filósofos que o mundo conheceu, levando, por exemplo, a tecnologia da luz elétrica, por certo até mesmo para aqueles sábios seria um substancioso milagre; se levássemos ainda todo arsenal tecnológico do século XX, os seguidores de Zeus, por certo sentir-se-iam frustrados em seus conceitos religiosos e, sem dúvida nos moveriam um implacável processo de condenação à morte, talvez sob a acusação de "bruxos" ou de "feiticeiros" ou ainda” filhos do demo". Por muito menos Sócrates foi levado a beber cicuta, condenado e julgado por mais de 500 juízes escolhidos pelo Estado que foi o berço da Democracia...

Falamos estritamente de coisas de natureza material.

Reportando-nos a Jesus, o único emissário provindo da Corte Celeste, que por amor a nós, submetera-se a estar conosco, trouxe investido em Sua personalidade Messiânica a manifestação do Poder de Deus, além dos próprios de Sua Altipotência, que estamos longe de avaliar; chocou a nossa cegueira espiritual com a exuberância de limpar os leprosos, corrigir as deformidades dos coxos e estropiados, dar luz aos cegos, ressuscitar defuntos, expulsar os espíritos malignos, etc., etc..., e a nossa idiotia foi tanta que acabamos por matá-LO...

Por certo seríamos também assassinados se levássemos à Grécia Antiga os conhecimentos tecnológicos de hoje.

Os fenômenos milagrosos, ainda incompreendidos dada a nossa imaturidade espiritual em alguns casos, são atribuídos a ordens de Belzebu. Nem o Cristo escapou dessa pecha ditada pela ignorância.

Quantos homens e mulheres dotados de certos poderes parapsicológicos e aparentemente desajustados no tempo foram jogados à fogueira da Inquisição nas condições de "bruxos" e "feiticeiros". John Hus, Joana D’arc, sem falar de Galileu Galilei que teve de abjurar de sua teoria heliocêntrica, para salvar a própria pele.

Os homens nunca se conformaram com os poderes de que outros foram dotados, ou investidos.

Nunca se interessaram e nem procuraram saber as razões dessas fenomenologias; atribuíram-nas a coisas do diabo e tinham que ser exterminadas. Foi o milagre da estupidez...

Jesus, quando curava alguém, recomendava que não dissesse a ninguém, mas que se mostrasse ao Sacerdote.

Hoje, quantas pessoas são curadas nas sinceras casas de orações, em que o beneficiado conta para todo mundo menos para o sacerdote da medicina. São pessoas que receberam a cura, talvez não por méritos e sim por acréscimo de misericórdia. Envergonham-se de dar o seu testemunho.

Certa feita, Jesus curou de uma só vez uma dezena de leprosos; só um voltou para agradecer. Somos egoístas até mesmo para reconhecer o benefício recebido; achamos na maioria das vezes que somos merecedores e que a graça concedida não foi mais que obrigação.

Milagres existem todos os dias e os autores somos nós mesmos.

Quantas desgraças seriam evitadas através de um conselho bem dado ou bem aceito.

Quantos males seriam evitados pelo silêncio, diante das ofensas recebidas.

Alexandre Fleming - com a descoberta da penicilina, o primeiro dos antibióticos evitou muitas mortes prematuras e consequentemente muitos prantos familiares.

Sabin - não curou nenhum coxo ou paralítico, mas evitou que muitos os fossem.

O milagre dos transplantes retardou as idas para as sepulturas.

Observe bem as diferenças entre os milagres do considerado sobrenatural e os da ciência. Os primeiros socorrem as nossas precariedades, dando solução aos nossos desesperos, aliviando as dores. Os milagres da ciência, elaborados pelo próprio homem, evitam os desesperos. Um é clemente e piedoso, o outro, apesar da eficácia, não damos conta de que ele existe. Um cura, o outro previne.

O nosso impressionismo vulgar se enleva muito com o que vem do desconhecido, mas se acomoda à realidade de nossa própria capacidade.

Esses ‘’bruxos’’ e "feiticeiros" da ciência também encontraram a fogueira inquisitória da nossa ingratidão. Foram queimados pela nossa indiferença, apesar dos milagres que realizaram, mesmo temporariamente, salvando vidas. - Quantas preces já foram feitas em direção aos céus em agradecimento a esses gênios e sacerdotes da ciência?

Sacrifícios? "Misericórdia quero e não sacrifícios" Jesus. (MAT 12 – 7). Tem gente que se martiriza, auto flagelando-se com a intenção de se redimir aos olhos de Deus, para se fazer digno da graça desejada.

Promessas? – tentando não só barganhar, mas subjugar as Leis Divinas aos caprichos de uma necessidade. Por que, ao invés de prometermos, não procurássemos realizar sem espera de recompensa? Sem dúvida ganharíamos muito mais; mas desgraçadamente só acreditamos no "toma lá e dá cá", tentando subornar a excelsa vontade do Senhor.

Todos nós somos portadores de fluido vital, magnético, cósmico ou prana, seja lá qual for o nome dado; o importante é que todos nós o possuímos, uns pouco e outros muito. O quantitativo nem sempre depende dos valores morais de seu portador.

Em determinadas circunstâncias vimos pessoas bem dotadas desse potencial energético aplicando-o no mal e outros dimensionando-o no bem. É como a água onde podemos depositar o remédio que salva ou o veneno que mata. O direcionamento, mal comparando, é o mesmo que se dá à dinamite, que tanto serve para explodir pedreiras, atendendo ao espírito comunitário, como pode, em mãos criminosas, agir como elemento exterminador. Esses são os nossos recursos.

Entidades espirituais, de caráter moral elevada, possuem aquele fluido vital em abundância ou buscam, em fontes da natureza, as substâncias que operam, aos olhos do leigo, verdadeiros milagres. Algumas dessas entidades, que atingiram determinados degraus na escala da evolução, têm essas substâncias agregadas ao seu porte individual, funcionando segundo a sua vontade irrestrita e irresistível. Assim foi Jesus.

A preguiça e a negligência são os temperos de nossa sofreguidão. A omissão é o manto trevoso que acoberta os mais terríveis dos pesadelos. Os ‘’ais’’ de nossos próprios gemidos são tão gélidos que não ressoam nem mesmo na acústica do nosso padecer. Indiferentes a nós mesmos, acabamos de nos transformar em verdadeiros zumbis; em algumas vezes, fazendo-nos verdadeiros cadáveres ambulantes, sem sensibilidade alguma com o sentimento de vida. A indolência é tanta que acabamos por sucumbir no mais tétrico resvaladouro da apatia individual, empesteando sempre o ambiente por onde passamos. E quando se fala em direitos, achamos que o céu nos pertence e exigimos o que há de melhor para nós. Fazemo-nos campeões da inutilidade com as almas atrofiadas, mergulhadas no pantanal da ignorância. E mesmo assim, Deus socorre...

Existe o mais belo e sublime de todos os milagres que carreará consigo o maior júbilo, que abalará até as Potestades Divinas. Milagre que nem Jesus, até o momento, não conseguiu operar, e este milagre só você poderá realizá-lo, e o conseguindo terá o mundo aos seus pés. É a sua reforma interior.

Texto retirado do Livro O ovo de Colombo de Milled Assed

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