quinta-feira, 29 de março de 2012

PRESERVAÇAO DOS PRICÍPIOS DOUTRINÁRIOS

Em seu livro História Eclesiástica, os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã, Eusébio de Cesaréia – que viveu de 260 a 340 d.C. – relata que, desde o seu início, o Cristianismo correu o risco de sofrer distorções na sua prática, devido às heresias que foram surgindo. Algumas provocaram prolongadas polêmicas; outras, verdadeiras cisões em alguns núcleos cristãos.

A partir do ano 325, quando passou a ser a religião oficial do Império Romano, o Cristianismo não conseguiu manter a sua pureza original e acabou sofrendo significativos desvios na interpretação dos ensinamentos e na prática.

A situação agravou-se a partir do ano 553 – Concílio de Constantinopla II –, quando a tese da preexistência da alma, de Orígenes, foi condenada. Isso significou a exclusão do princípio da reencarnação.

Na nova roupagem, o Cristianismo não conseguiu mais explicar as desigualdes de oportunidades entre os seres humanos, a lei de causa e efeito, a compatibilização entre a lei de justiça e a misericórdia divina. Em conseqüência, perdeu a sua força como doutrina que foi legada aos homens para esclarecê-los, promover a sua transformação moral e trazer-lhes a esperança por uma vida melhor.

O Espiritismo completa 150 anos. É muito jovem ainda. Surgiu numa época bastante favorável, com a Humanidade bem mais desenvolvida. Os seus ensinamentos não são apresentados sob forma alegórica, são claros, podem ser entendidos tanto pelas pessoas mais cultas, quanto pelas menos letradas.

Além disso, há grande número de livros de autoria dos Espíritos e de escritores encarnados que explicava os seus princípios; assim, praticamente não ficam dúvidas.

Enquanto a redação definitiva dos evangelhos só foi feita mais de doze anos depois da volta de Jesus à Pátria Espiritual – manuscrita, em papiro –, os ensinamentos espíritas já foram lançados em livros, escritos e revisados por Kardec, sob a supervisão dos Espíritos superiores; por isso o Espiritismo corre risco bem menor de ser alterado no conteúdo doutrinário, especialmente o que está exposto nas obras básicas. O mesmo não se pode dizer com relação à prática: nesta há certo risco.

Os desvios podem ocorrer pela introdução de práticas estranhas à Doutrina, por priorizarem o fenômeno mediúnico, ou por iniciá-las e mantê-las sem o conhecimento seguro da teoria; ou ainda pela presunção de pessoas ou grupos de terem competência para reformar a base doutrinária, ou mesmo de elaborar outra teoria. Em todos esses casos, costuma haver a participação de Espíritos, adversários do Espiritismo, que agem orientando grupos crédulos, ou insuflando idéias em desacordo com os princípios espíritas e cristãos a pessoas dominadas pelo orgulho, pela presunção.

Para evitar que isso aconteça, é fundamental preservar-se os princípios doutrinários tanto na teoria como na prática. Para se atingir esse objetivo, são indispensáveis: estudo contínuo, para se ter orientação adequada e segurança nas atividades, e humildade, para nunca se afastar desse caminho seguro.

Assim, o Espiritismo – que restaura o Cristianismo na sua pureza – não sofrerá alterações, nem desvios; será preservado em toda a sua integridade.

Reformador Janeiro2008

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