O Cristo de Deus sempre utilizou grandes
missionários para fazer progredir, no mundo, a sua obra divina. E cada vez que
um deles abençoou, com a sua excelsa presença, a Humanidade terrena, aqui
deixou, ao regressar aos seus pagos celestes, não somente nova sementeira de
luzes imortais, senão também a fecunda inspiração dos seus exemplos
edificantes, capazes de suscitar discípulos e imitadores, em favor da
continuidade do trabalho do bem. Os revérberos de sua brilhante claridade
espiritual permanecem por muito tempo na atmosfera do orbe, suprindo de algum
modo o vazio deixado por sua ausência na crosta planetária. Antes, porém, que
esses revérberos esmaeçam, outras grandes almas esplendem de graça divina no
cenário do mundo, a atestar a riqueza infinita do Criador e o poder amoroso do
Cristo.
Pela sublimal elevação que nos revelam e pelo
bem que nos fazem, esses grandes tarefeiros de Jesus merecem de todos nós o
mais profundo respeito, a mais acrisolada gratidão e todo o amor que sejamos
capazes de lhes oferecer. O que eles não merecem é que façamos deles bandeiras
de discórdia e que lhes usemos indebitamente o nome e o trabalho para tentar
desacreditar instituições, movimentos e pessoas. O que eles positivamente não
merecem é que procuremos usar-lhes a bondade e a presença para procurar
colocá-los como recurso ou alternativa mais alta contra companheiros de ideal e
suas organizações mais responsáveis. E, sobretudo, o que eles não merecem é que
lhes exploremos antecipadamente a desencarnação, para fomentar, desde já, o
descrédito generalizado dos que permanecerão a postos, no campo das lutas
terrenas, instigando desacordos, inconformidades, dissenções e separatismos.
É muito natural que seja dolorosa para nós a
expectativa do regresso, aos Céus, de algum servidor do Mundo Maior, que esteja
em serviço reencarnatório sobre a face da Terra. Dor de saudade antecipada,
precoce sensação de perda de um convívio que ainda não merecemos seja
permanente. Jamais, porém, presságio de caos, de irremissível desorganização
das estruturas terrestres da obra divina, como se o poder de Deus, do Cristo e
de Ismael, e a boa-vontade sincera dos lidadores humanos de boa-fé, nada
valessem.
O próprio Mestre Divino, após legar-nos o seu
Evangelho de Amor, ausentou-se do chão planetário, deixando a sua mensagem aos
cuidados dos seus Apóstolos, que também, cada qual por sua vez, partiram deste
mundo. Estêvão, Paulo e a gloriosa Mãe Maria de Nazaré, também retomaram, um
dia, às regiões etéreas de onde provieram. Assim Francisco de Assis, assim
Vicente de Paulo, assim Kardec... Nenhum deles transferiu a ninguém a sua
própria tarefa, por ser isso impossível. Não se herda nem se lega dons
espirituais ou responsabilidades da alma!
Apesar disso, o plano divino jamais deixou de
ser cumprido, mais depressa ou mais devagar, conforme as circunstâncias, porém
nunca deixou de progredir. Não há de ser agora, neste fim de milênio e diante
de uma nova era, de importância vital para a Humanidade, que a desencarnação de
um missionário, por maior que ele seja, combalirá o Movimento Espírita da
Pátria do Evangelho. Realmente, os homens podem, sob o influxo de Inteligências
malignas, fazer de quaisquer nomes e de quaisquer obras motivos de animosidade
e perversão, como fizeram até mesmo com o nome e com o Evangelho do próprio
Senhor Jesus-Cristo. Isso, porém, só voltará a acontecer se, embora iluminados
pelas luzes do Celeste Consolador, não conseguirmos ser, como de nós se espera,
servidores do bem, fiéis, honestos e sinceros.
Editorial
Reformador (FEB) Junho 1978
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