Os problemas pessoais, tão discutidos atualmente, não são somente do governo. Os problemas são nossos também. Cada um de nós tem uma tarefa a desempenhar na sociedade. O excelso Mestre Jesus disse: "A cada um segundo as suas obras". Assim, não é justo voltarmos as costas aos problemas sociais, deixando a responsabilidade de resolvê-los ao governo, com o pensamento errado de que os eles são frutos do regime. Não é a mudança do regime que vai melhorar a situação do nosso povo. O problema prende-se à consciência, à evolução espiritual. Enquanto houver EGOÍSMO haverá sempre injustiça social, porque o egoísmo é cego e não conhece direito alheio. Se não houver mudança mental, não poderá haver mudança social. Daí o afirmarmos que o fator da evolução história não é econômico e a solução não está na mudança do regime, mas é o grau de desenvolvimento das forças fundamentais do homem e sua aplicação e solução está na educação moral, verdadeiramente cristã.
Na verdade, quando nos desabafamos contra as injustiças sociais, acusando o regime, revelamos falta de compreensão da evolução histórica da liberdade e da tendência egoística dos espíritos inferiores. Não é contra o regime que devemos lutar nem contra quem quer que seja, mas contra o egoísmo, contra a petrificação do sentimento, contra a cristalização mental, contra o mal, por todos os meios possíveis, procurando sempre dar o exemplo, pois a solução precisa começar em nós. Como podemos exigir que outros sejam justos, quando ainda somos injustos? como exigir que outros pratiquem a lei quando ainda a infligimos?
Nesta oportunidade transcrevemos o parágrafo 785 do Livro dos Espíritos:
"Pergunta: Qual o maior obstáculo ao progresso?
Resposta: O orgulho e o egoísmo. Refiro-me ao progresso moral, porquanto o intelectual se efetua sempre. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual reduplica a atividade daqueles vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico e que do próprio mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas, que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e infinitamente mais duradoura."
Diante do exposto que não será lícito julgarmos uma situação como a que atravessamos, que tem suas raízes ao longo da história, por alguns fatos isolados. Será que temos realmente a visão do conjunto para julgar o problema? Pelo texto acima, verificamos que o problema não é tão grave quanto parece. A transformação virá e é necessário que trabalhemos para isso. Mas o nosso trabalho é para transformar moralmente os homens e não o regime. Nossa tarefa é a mais difícil, mas trará resultados positivos. Não somos conservadores, porque não concordamos também com essa situação social. Mas achamos que não haverá solução completa sem o fator moral. E a Doutrina Espírita oferece poderosa argumentação e forças extraordinárias para esse trabalho dignificante.
Deolindo Amorim, em seu livro O Espiritismo e os Problemas Humanos - cap. XXXVI, página 177, nos ensina:
"O Espiritismo, sem se descuidar do aspecto espiritual que lhe é notoriamente essencial, não despreza o aspecto econômico da existência humana. Mas a doutrina espírita prescreve a reforma moral como fundamento de toda a reforma social".
Veja, o prezado leitor, como que Deolindo se expressa. Observe bem a última frase e não tenha dúvida de que a nossa tese está fundamentada. Há quem pensa que Deolindo Amorim está pregando socialismo. Porque pensa de forma socialista, quer confundir a mais bela obra que até agora conhecemos na literatura espírita, referente ao assunto. E quem duvidar ainda de nossa assertiva, leia o seguinte tópico do referido escritor:
"Não precisamos buscar luzes fora do Espiritismo, nas horas de incertezas ou inquietação espiritual, uma vez que a doutrina tem base filosófica para guiar a razão e remover as perturbações interiores diante das transformações inevitáveis por que passa o mundo." (Cap. XXVII).
Se o leitor não estiver satisfeito, leia também o capítulo VII do livro: Grandes e Pequenos Problemas, onde o guia espiritual do autor Angel Aguarod afirma que a solução do problema está na ética. Para equilibrar o capital e o trabalho ele aponta um terceiro elemento: - AMOR.
Segundo os livros mais credenciados que possuímos na literatura espírita, como vimos, os fatos sociais são analisados e enquadrados no Espiritismo, porque o Espiritismo em comparação com outras doutrinas, é muito mais completo, claro, conciso e oferece ao homem tudo o que ele precisa para viver bem na Terra e no Além após o desencarne. É preciso, pois, que nossos leitores se convençam de que a doutrina espírita também prega justiça social e com mais segurança porque mostra os dois aspectos do homem: o material e o espiritual.
(Extraído de "Correio Fraterno do ABC" - Ano 2 - agosto 1969)
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