sábado, 30 de julho de 2011

PREVISÕES DE CHICO XAVIER FEITAS EM 1969

 Folha Espirita - Maio 2011
Entrevista de Geraldo Lemos Neto por Marlene Nobre

Em razão da gravidade do assunto, trazemos aos leitores da Folha Espírita a revelação feita pelo mais importante médium da história humana, Francisco Cândido Xavier, a Geraldo Lemos Neto, fundador da Casa de Chico Xavier, de Pedro Leopoldo (MG), e da Vinha de Luz Editora, de Belo Horizonte (MG), em 1986, sobre o futuro que está reservado ao planeta Terra e a todos os seus habitantes nos próximos anos.
“Há muito tempo carrego este fardo comigo e sempre me preocupei no sentido de que Chico Xavier não me falaria tudo o que relato nesta edição da Folha Espírita à toa, senão com uma finalidade específica. Na ocasião da conversa que descrevo nas páginas seguintes, senti que minha mente estava recebendo um tratamento mnemônico diferente para que não viesse a esquecer aquelas palavras proféticas, e que, em momento oportuno do futuro, eu seria chamado a testemunhá-las.

Estou aqui na condição de um carteiro, ou melhor dizendo, de um mensageiro de um cartório de notas a quem fosse confiada a tarefa de entregar determinada notificação por ordem de uma autoridade superior. Consciente da importância do que me foi confiado às mãos, entrego-o hoje em sua completude aos nossos irmãos em humanidade, na certeza de que estou cumprindo um dever e nada mais. O seu conteúdo não foi lavrado por mim e sim pelo maior médium que a humanidade conheceu desde os tempos do Cristo, que é Chico Xavier. Guardo a certeza de que o médium, por sua vez, o receberá por parte da Grande  Comunidade dos Praticantes do Evangelho de Jesus no Mais Além.”
Ano-limite do mundo velho
Por Marlene Nobre

O tema da transformação da Terra de mundo de expiação e provas para mundo de regeneração, levantado pelo próprio codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, sempre interessou e intrigou Geraldo Lemos Neto, fundador da Casa de Chico Xavier, de Pedro Leopoldo (MG).
Com 19 anos de idade, já tendo lido e estudado toda a obra de Kardec, conheceu o médium Chico Xavier, amigo da família desde os tempos de sua meninice em Pedro Leopoldo. “Naquela época, como já havia ouvido inúmeros casos relativos a sua mediunidade e caridade para com o próximo, tinha muita vontade de conhecê-lo e ouvi-lo pessoalmente, o que de fato ocorreu em outubro de 1981, em São Paulo”, lembra Lemos Neto. A partir daquele primeiro encontro, uma grande afinidade os ligou, conforme conta o que fez com que o também fundador da Editora Vinha de Luz o visitasse regularmente em Uberaba (MG), acompanhado de familiares.
Em 1984 Lemos Neto casou-se com Eliana, irmã de Vivaldo da Cunha Borges, que morava com Chico Xavier desde 1968 e diagramava todos os seus livros. A partir de então, passou a desfrutar de uma intimidade maior com Chico em Uberaba, visitando-o com mais frequência e hospedando-se em sua residência. “Posso dizer que essa época foi para meu coração um verdadeiro tesouro dos céus”.
Recordo-me até hoje daqueles anos de convivência amorosa e instrutiva na companhia do sábio médium e amigo com profunda gratidão a Deus, que me permitiu semelhante concessão por acréscimo de Sua Misericórdia Infinita. Assim, tive a felicidade de conviver na intimidade com Chico Xavier, dialogando com ele vezes sem conta, madrugada a dentro, sobre variados assuntos de nossos interesses comuns, notadamente sobre esclarecimentos palpitantes acerca da Doutrina dos Espíritos e do Evangelho de Jesus”, recorda.
 Um desses temas, como lembra Lemos Neto foi em relação ao Apocalipse, do Novo Testamento. “Sempre me assombrei com o tema, relatando a Chico Xavier minha dificuldade de entender o livro sagrado escrito pela mediunidade de João Evangelista. Desde então, em nossos colóquios, Chico Xavier tinha sempre uma ou outra palavra esclarecedora sobre o assunto, pontuando esse ou aquele versículo e fazendo-me compreender, aos poucos, o momento de transição pelo qual passa o nosso orbe planetário, a caminho da regeneração”, afirma.
 Foi em uma dessas conversas habituais, lembrando o livro de sua psicografia, Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, escrito pelo espírito Humberto de Campos, que Lemos Neto externou ao médium sua dúvida quanto ao título do livro, uma vez que ainda naquela ocasião, em meados da década de 80, o Brasil vivia às voltas com a hiperinflação, a miséria, a fome, as grandes disparidades sociais, o descontrole político e econômico, sem falar nos escândalos de corrupção e no atraso cultural.
“Lembro-me, como hoje, a expressão surpresa do Chico me respondendo:
‘Ora, Geraldinho, você está querendo privilégios para a Pátria do Evangelho, quando o fundador do Evangelho, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, viveu na pobreza, cercado de doentes e necessitados de toda ordem, experimentou toda a sorte de vicissitudes e perseguições para ser supliciado quase abandonado pelos seus amigos mais próximos e morrer crucificado entre dois ladrões? Não nos esqueçamos de que o fundador do Evangelho atravessou toda sorte de provações, padeceu o martírio da cruz, mas depois ele largou a cruz e ressuscitou para a Vida Imortal! Isso deve servir de roteiro para a Pátria do Evangelho.
Um dia haveremos de ressuscitar das cinzas de nosso próprio sacrifício para demonstrar ao mundo inteiro a imortalidade gloriosa!’”, esclareceu.

Sobre essas e outras revelações feitas a ele por Chico Xavier sobre fatos relacionados ao ano em que se dará a grande transformação do nosso planeta, Lemos Neto fala mais abaixo:

Folha Espírita – No livro A Caminho da Luz, nosso benfeitor Emmanuel já havia previsto que no século XX haveria mais uma reunião dos Espíritos Puros e Eleitos do Senhor, a fim de decidirem quanto aos destinos da Terra. A reunião aconteceu e a ela compareceram Chico e Emmanuel – os missionários que trabalham abnegadamente, por séculos a fio, em favor da renovação humana. Quais os resultados dessa reunião?

Geraldo Lemos Neto – Na sequência da nossa conversa, perguntei ao Chico o que ele queria exatamente dizer a respeito do sacrifício do Brasil.
Estaria ele a prever o futuro de nossa nação e do mundo? Chico pensou um pouco, como se estivesse vislumbrando cenas distantes e, depois de algum tempo, retornou para dizer-nos: “Você se lembra, Geraldinho, do livro de Emmanuel A Caminho da Luz? Nas páginas finais da narrativa de nosso benfeitor, no capítulo XXIV, cujo título é O Espiritismo e as Grandes Transições? Nele, Emmanuel afirmara que os espíritos abnegados e esclarecidos falavam de uma nova reunião da comunidade das potências angélicas do Sistema Solar, da qual é Jesus um dos membros divinos, e que a sociedade celeste se reuniria pela terceira vez na atmosfera terrestre, desde que o Cristo recebeu a sagrada missão de redimir a nossa humanidade, para, enfim, decidir novamente sobre os destinos do nosso mundo.
Pois então, Emmanuel escreveu isso nos idos de 1938 e estou informado que essa reunião de fato já ocorreu. Ela se deu quando o homem finalmente ingressou na comunidade planetária, deixando o solo do mundo terrestre para pisar pela primeira vez o solo lunar.
O homem, por seu próprio esforço, conquistou o direito e a possibilidade de viajar até a Lua, fato que se materializou em 20 de julho de 1969.
Naquela ocasião, o Governador Espiritual da Terra, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, ouvindo o apelo de outros seres angelicais de nosso Sistema Solar, convocara uma reunião destinada a deliberar sobre o futuro de nosso planeta. O que posso lhe dizer, Geraldinho, é que depois de muitos diálogos e debates entre eles foram dadas diversas sugestões e, ao final do celeste conclave, a bondade de Jesus decidiu conceder uma última chance à comunidade terráquea, uma última moratória para a atual civilização no planeta Terra. Todas as injunções cármicas previstas para acontecerem ao final do século XX foram então suspensas, pela Misericórdia dos Céus, para que o nosso mundo tivesse uma última chance de progresso moral.
O curioso é que nós vamos reconhecer nos Evangelhos e no Apocalipse exatamente este período atual, em que estamos vivendo, como a undécima hora ou a hora derradeira, ou mesmo a chamada última hora.”

FE – Como você reagiu diante da descrição do que acontecerá, nessa reunião nas Altas Esferas?
Geraldinho – Extremamente curioso com o desenrolar do relato de Chico Xavier, perguntei-lhe sobre qual fora então as deliberações de Jesus, e ele me respondeu: “Nosso Senhor deliberou conceder uma moratória de 50 anos à sociedade terrena, a iniciar-se em 20 de julho de 1969, e, portanto, a findar-se em julho de 2019. Ordenou Jesus, então, que seus emissários celestes se empenhassem mais diretamente na manutenção da paz entre os povos e as nações terrestres, com a finalidade de colaborar para que nós ingressássemos mais rapidamente na comunidade planetária do Sistema Solar, como um mundo mais regenerado, ao final desse período.
Algumas potências angélicas de outros orbes de nosso Sistema Solar recearam a dilação do prazo extra, e foi então que Jesus, em sua sabedoria, resolveu estabelecer uma condição para os homens e as nações da vanguarda terrestre.
Segundo a imposição do Cristo, as nações mais desenvolvidas e responsáveis da Terra deveriam aprender a se suportarem umas às outras, respeitando as diferenças entre si, abstendo-se de se lançarem a uma guerra de extermínio nuclear. A face da Terra deveria evitar a todo custo a chamada III Guerra Mundial.
Segundo a deliberação do Cristo, se e somente se as nações terrenas, durante este período de 50 anos, aprendessem a arte do bom convívio e da fraternidade, evitando uma guerra de destruição nuclear, o mundo terrestre estaria enfim admitido na comunidade planetária do Sistema Solar como um mundo em regeneração. Nenhum de nós pode prever, Geraldinho, os avanços que se darão a partir dessa data de julho de 2019, se apenas soubermos defender a paz entre nossas nações mais desenvolvidas e cultas!”

FE – Quais são os acontecimentos que podemos prever com essas revelações para a Terra?
Geraldinho – Perguntei, então, ao Chico a que avanços ele se referia e ele me respondeu: “Nós alcançaremos a solução para todos os problemas de ordem social, como a solução para a pobreza e a fome que estarão extintas; teremos a descoberta da cura de todas as doenças do corpo físico pela manipulação genética nos avanços da Medicina; o homem terrestre terá amplo e total acesso à informação e à cultura, que se fará mais generalizada; também os nossos irmãos de outros planetas mais evoluídos terão a permissão expressa de Jesus para se nos apresentarem abertamente, colaborando conosco e oferecendo-nos tecnologias novas, até então inimagináveis ao nosso atual estágio de desenvolvimento científico;  haveremos de fabricar aparelhos que nos facilitarão o contato com as esferas desencarnadas, possibilitando a nossa saudosa conversa com os entes queridos que já partiram para o além-túmulo; enfim estaríamos diante de um mundo novo, uma nova Terra, uma gloriosa fase de espiritualização e beleza para os destinos de nosso planeta.”
Foi então que, fazendo às vezes de advogado do diabo, perguntei a ele: Chico, até agora você tem me falado apenas da melhor hipótese, que é esta em que a humanidade terrestre permaneceria em paz até o fim daquele período de 50 anos. Mas, e se acontecer o caso das nações terrestres se lançarem a uma guerra nuclear?
“Ah! Geraldinho, caso a humanidade encarnada decida seguir o infeliz caminho da III Guerra mundial, uma guerra nuclear de consequências imprevisíveis e desastrosas, aí então a própria mãe Terra, sob os auspícios da Vida Maior, reagirá com violência imprevista pelos nossos homens de ciência. O homem começaria a III Guerra, mas quem iria terminá-la seriam as forças telúricas da natureza, da própria Terra cansada dos desmandos humanos, e seríamos defrontados então com terremotos gigantescos; maremotos e ondas (tsunamis) consequentes; veríamos a explosão de vulcões há muito extintos; enfrentaríamos degelos arrasadores que avassalariam os polos do globo com trágicos resultados para as zonas costeiras, devido à elevação dos mares; e, neste caso, as cinzas vulcânicas associadas às irradiações nucleares nefastas acabariam por tornar totalmente inabitável todo o Hemisfério Norte de nosso globo terrestre.”

O que aconteceria especificamente com o Brasil?
Em certa ocasião, Geraldo Lemos Neto, fundador da Casa de Chico Xavier, de Pedro Leopoldo (MG), fez essa mesma pergunta a Chico Xavier.
Segundo o médium, “em todas as duas situações, o Brasil cumprirá o seu papel no grande processo de espiritualização planetária. Na melhor das hipóteses, nossa nação crescerá em importância sociocultural, política e econômica perante a comunidade das nações. Não só seremos o celeiro alimentício e de matérias-primas para o mundo, como também a grande fonte energética com o descobrimento de enormes reservas petrolíferas que farão da Petrobras uma das maiores empresas do mundo.” E prosseguiu Chico: “O Brasil crescerá a passos largos e ocupará importante papel no cenário global, isso terá como consequência a elevação da cultura brasileira ao cenário internacional e, a reboque, os livros do Espiritismo Cristão, que aqui tiveram solo fértil no seu desenvolvimento, atingirão o interesse das outras nações também. Agora, caso ocorra a pior hipótese, com o Hemisfério Norte do planeta tornando-se inabitável, grandes fluxos migratórios se formariam então para o Hemisfério Sul, onde se situa o Brasil, que então seria chamado mais diretamente a desempenhar o seu papel de Pátria do Evangelho, exemplificando o amor e a renúncia, o perdão e a compreensão espiritual perante os povos migrantes. A Nova Era da Terra, neste caso, demoraria mais tempo para chegar com todo seu esplendor de conquistas científicas e morais, porque seria necessário mais um longo período de reconstrução de nossas nações e sociedades, forçadas a se reorganizarem em seus fundamentos mais básicos.”

FE – Segundo Chico Xavier, esses fluxos migratórios seriam pacíficos?
Geraldinho - Infelizmente não. Segundo Chico me revelou, o que restasse da ONU acabaria por decidir a invasão das nações do Hemisfério Sul, incluindo-se aí obviamente o Brasil e o restante da América do Sul, a Austrália e o sul da África, a fim de que nossas nações fossem ocupadas militarmente e divididas entre os sobreviventes do holocausto no Hemisfério Norte. Aí é que nós, brasileiros, iríamos ser chamados a exemplificar a verdadeira fraternidade cristã, entendendo que nossos irmãos do Norte, embora invasores a “mano militare”, não deixariam de estar sobrecarregados e aflitos com as consequências nefastas da guerra e das hecatombes telúricas, e, portanto, ainda assim, devendo ser considerados nossos irmãos do caminho, necessitados de apoio e arrimo, compreensão e amor. Neste ponto da conversa, Chico fez uma pausa na narrativa e completou: “Nosso Brasil como o conhecemos hoje será então desfigurado e dividido em quatro nações distintas. Somente uma quarta parte de nosso território permanecerá conosco e aos brasileiros restarão apenas os Estados do Sudeste somados a Goiás e ao Distrito Federal. Os nortes americanos, canadenses e mexicanos ocuparão os Estados da Região Norte do País, em sintonia com a Colômbia e a Venezuela. Os europeus virão ocupar os Estados da Região Sul do Brasil unindo-os ao Uruguai, à Argentina e ao Chile. Os asiáticos, notadamente chineses, japoneses e coreanos, virão ocupar o nosso Centro-Oeste, em conexão com o Paraguai, a Bolívia e o Peru. E, por fim, os Estados do Nordeste brasileiro serão ocupados pelos russos e povos eslavos. Nós não podemos nos esquecer de que todo esse intrincado processo tem a sua ascendência espiritual e somos forçados a reconhecer que temos muito que aprender com os povos invasores. Vejamos, por exemplo: os norte-americanos podem nos ensinar o respeito às leis, o amor ao direito, à ciência e ao trabalho. Os europeus, de uma forma geral, poderão nos trazer o amor à filosofia, à música erudita, à educação, à história e à cultura.
Os asiáticos poderão incorporar à nossa gente suas mais altas noções de respeito ao dever, à disciplina, à honra, aos anciãos e às tradições milenares. E, então, por fim, nós brasileiros, ofertaremos a eles, nossos irmãos na carne, os mais altos valores de espiritualidade que, mercê de Deus, entesouramos no coração fraterno e amigo de nossa gente simples e humilde, essa gente boa que reencarnou na grande nação brasileira para dar cumprimento aos desígnios de Deus e demonstrar a todos os povos do planeta a fé na Vida Superior, testemunhando a continuidade da vida além-túmulo e o exercício sereno e nobre da mediunidade com Jesus.”

FE – O Brasil, embora sofrendo o impacto moral dessa ocupação estrangeira, estaria imune aos movimentos telúricos da Terra?
Geraldinho – Infelizmente, não. Segundo Chico Xavier, o Brasil não terá privilégios e sofrerá também os efeitos de terremotos e tsunamis, notadamente nas zonas costeiras. Acontece que, de acordo com o médium, o impacto por aqui será bem menor se comparado com o que sobrevirá no Hemisfério Norte do planeta.

FE – Por tudo que se depreende da fala de Chico Xavier, você também crê que a ida do homem à Lua, em julho de 1969, tenha precipitado de certa forma a preocupação com as conquistas científicas dos humanos, que poderiam colocar em risco o equilíbrio do Sistema Solar?
Geraldinho – Sim, creio que a revelação de Chico Xavier a respeito traz, nas entrelinhas, essa preocupação celeste quanto às possíveis interferências dos humanos terráqueos nos destinos do equilíbrio planetário em nosso Sistema Solar. Pelo que Chico Xavier falou, alguns dos seres angélicos de outros orbes planetários não estariam dispostos a nos dar mais este prazo de 50 anos, que vencerá daqui a apenas oito anos, temerosos talvez de nossas nefastas e perniciosas influências. Essa última hora bem que poderia ser por nós considerada como a última bênção misericordiosa de Jesus Cristo em nosso favor, uma vez que, pela explicação de Chico Xavier, foi ele, Nosso Senhor, quem advogou em favor de nossa causa, ainda uma vez mais.

FE – A reunião da comunidade celeste teria decidido algo mais, segundo a exposição de Chico Xavier?
Geraldinho – Sim. Outra decisão dos benfeitores espirituais da Vida Maior foi a que determinou que, após o alvorecer do ano 2000 da Era Cristã, os espíritos empedernidos no mal e na ignorância não mais receberiam a permissão para reencarnar na face da Terra. Reencarnar aqui, a partir dessa data, equivaleria a um valioso prêmio justo, destinado apenas aos espíritos mais fortes e preparados, que souberam amealhar, no transcurso de múltiplas reencarnações, conquistas espirituais relevantes como a mansidão, a brandura, o amor à paz e à concórdia fraternal entre povos e nações. Insere-se dentro dessa programação de ordem superior a própria reencarnação do mentor espiritual de Chico Xavier, o espírito Emmanuel, que, de fato, veio a renascer, segundo Chico informou a variados amigos mais próximos, exatamente no ano 2000. Certamente, Emmanuel, reencarnado aqui no coração do Brasil, haverá de desempenhar significativo papel na evolução espiritual de nosso orbe.
Todos os demais espíritos, recalcitrantes no mal, seriam então, a partir de 2000, encaminhados forçosamente à reencarnação em mundos mais atrasados, de expiações e de provas aspérrimas, ou mesmo em mundos primitivos, vivenciando ainda o estágio do homem das cavernas, para poderem purgar os seus desmandos e a sua insubmissão aos desígnios superiores. Chico Xavier tinha conhecimento desses mundos para onde os espíritos renitentes estariam sendo degredados. Segundo ele, o maior desses planetas se chamaria Kírom ou Quírom.

FE – Praticamente só nos restam oito anos pela frente. Emmanuel fala na entrevista da década de 1950, já publicada nestas páginas, que é urgente a transformação moral da humanidade. Qual deve ser a nossa conduta frente a revelações tão assustadoras e ao conselho do mentor?
Geraldinho – Então, caríssima Marlene, a última hora está de fato aí demonstrada. Basta termos “olhos de ver e ouvidos de ouvir”, segundo a assertiva de Jesus. É a nossa última chance, é a última hora... Não há mais tempo para o materialismo. Não há mais tempo para ilusões ou enganos imediatistas.
Ou seguiremos com a Luz que efetivamente buscarmos, ou nos afundaremos nas sombras de nossa própria ignorância. Que será de nós? A resposta está em nosso livre-arbítrio, individual e coletivo.
É a nossa escolha de hoje que vai gerar o nosso destino. Poderemos optar pelo melhor caminho, o da fraternidade, da sabedoria e do amor, e a regeneração chegará para nós de forma brilhante a partir de 2019; ou poderemos simplesmente escolher o caminho do sofrimento e da dor e, neste caso infeliz, teremos um longo período de reconstrução que poderá durar mais de mil anos, segundo Chico Xavier.
Entretanto, sejamos otimistas. Lembremo-nos que deste período de 50 anos já se passaram 42 anos em que as nações mais desenvolvidas e responsáveis do planeta conseguiram se suportar umas às outras sem se lançarem a uma guerra de extermínio nuclear.
Essa era a pré-condição imposta por Jesus. Até aqui seguimos bem, embora entre trancos e barrancos. Faltam-nos hoje apenas o percurso da última milha, os últimos oito anos deste período de exceção e misericórdia do Altíssimo. Oxalá prossigamos na melhor companhia!
Como poderemos facilmente concluir, tudo dependerá, em última análise, de nossas próprias escolhas, enquanto entidades individuais ou coletivas, para nosso progresso e ascensão espiritual. É o “A cada um será dado segundo as suas próprias obras!” que o Cristo nos ensinou.
Não estamos entregues à fatalidade nem predeterminados ao sofrimento. Estamos diante de uma encruzilhada do destino coletivo que nos une à nossa casa planetária, aqui na Terra.
Temos diante de nós dois caminhos a seguir. O caminho do amor e da sabedoria nos levará a mais rápida ascensão espiritual coletiva. O caminho do ódio e da ignorância acarretar-nos-á mais amplo dispêndio de séculos na reconstrução material e espiritual de nossas coletividades. Tudo virá de acordo com nossas escolhas de agora, individuais e coletivas. Oremos muito para que os Benfeitores da Vida Maior continuem a nos ajudar e incentivar a seguir pelo Caminho da Verdade e da Vida. O próprio espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, respondendo a uma entrevista já publicada em livro nos diz que as profecias são reveladas aos homens para não serem cumpridas. São na realidade um grande aviso espiritual para que nos melhoremos e afastemos de nós a hipótese do pior caminho.

Compartilho com os leitores da Folha Espírita mensagem de nosso benfeitor espiritual Theophorus, psicografada por nosso intermédio, na noite de 14 de agosto de 2006 em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, de Belo Horizonte (MG). Com o título A Terra da Promissão, seu conteúdo versa exatamente sobre o tema desta entrevista.
A Terra da Promissão
Irmãos,
Na abertura do Capítulo IX de O Evangelho  Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, com muita propriedade, escolheu a frase inesquecível de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra!”
Por muitos séculos, a frase augusta do divino Mestre restou não compreendida pela coletividade cristã na face terrestre. Afinal, que terra prometida é essa a que se refere o Cristo, reservando-a aos brandos de coração e aos humildes do espírito? Não obstante o aspecto profundo, muitas vezes atribuindo às palavras iluminadas de Jesus de Nazaré o sentido figurado, em que muitos estudiosos da letra cristã consideraram essa terra sob o significado espiritual da terra simbólica da paz reinante nos corações dos justos, forçoso é reconhecermos que o real alcance da promessa do Cristo a esse respeito vai mais longe. Os mundos, estâncias de trabalho e aperfeiçoamento que enxameiam a colmeia universal da Criação divina, também progridem espiritualmente, galgando novos postos de serviço como educandários valiosos dos espíritos de suas humanidades correlatas, em contínuo processo de ascensão. À medida que avançam as noções superiores do espírito encarnado, levantando o próprio olhar para as realidades da vida imperecível, soa o clarim de uma nova era para as coletividades humanas sedentas de paz e de progresso.
É chegado o momento de novo degrau evolutivo para a casa planetária a que chamamos Terra. O prazo de 20 séculos da mensagem espiritual do Mestre inesquecível, desde sua passagem renovadora às margens do mar da Galileia, chegará no próximo ano de 2030.
Desde o advento do novo século XXI, por determinação superior, apenas têm acesso à porta da reencarnação os espíritos que atingiram em suas conquistas espirituais a mansidão, a brandura e a humildade. Aqueles que não souberam adquirir esses patrimônios morais na contabilidade de seus créditos pessoais,no transcurso de suas sucessivas reencarnações em 20 séculos de vida cristã na face da Terra, serão, como já estão sendo, conduzidos a mundos de expiação e provas que se lhes afinem com as tendências inferiores e infelizes. Os bons alunos, que se têm esforçado por domar as suas más tendências, reajustando-se-lhes os corações em sintonia com o amor universal e a sabedoria de todos os tempos, são estes que o divino Mestre apelida de brandos e humildes, mansos e pacíficos, que hão de herdar a nova Terra. Muitos deles já estão entre vós, apresentando-se com a infância natural de seus primeiros anos de crianças terrestres. À medida que forem chegando à juventude e à madureza, contudo, assumirão cada vez mais o relevante papel para o qual foram chamados na sociedade terrestre, o que imprimirá vigorosa transformação no ambiente conturbado que ainda vos envolve o cotidiano. Aproxima-se a fase final desta transição que haverá de elevar a Terra à condição de “mundo regenerado” para a qual se destina. Este período final será justamente aquele entre o centésimo aniversário do nascimento do apóstolo consolador Chico Xavier, a comemorar-se no próximo ano de 2010, em 2 de abril, e o aniversário do bicentenário do advento do Consolador prometido pelo Cristo, a comemorar-se no futuro ano de 2057, mais precisamente no dia 18 de abril.
Até lá ainda experimentareis os estertores da vida sombria dos sentimentos inferiores que ainda vos circundam a existência, fadada, invariavelmente, a ser varrida da nova Terra pela presença da Luz. Estejamos, pois, confiantes que Jesus, nosso divino Mestre, está no leme de nossa embarcação planetária, conduzindo-a ao porto seguro da paz e da esperança, da alegria e do amor, que haverá de nos irmanar, uns aos outros, como genuínos herdeiros dessa nova humanidade.  Irmãos, amigos queridos e companheiros de jornada, façamos, pois, nossa parte para merecê-la!
Theophorus


1 - Mateus, 5: 5.

(Mensagem psicografada em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, na noite de14 de agosto de 2006, por Geraldo Lemos Neto)


terça-feira, 26 de julho de 2011

O OBJETIVO ÚNICO DA VIDA

Na questão 860, de O Livro dos Espíritos, Ed. Comemorativa, interroga Allan Kardec:
Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, evitar acontecimentos que deveriam realizar--se e vice-versa?
Responde o Mentor que o assiste:
“Pode, desde que esse aparente desvio possa caber na vida que escolheu. Além disso, para fazer o bem que lhe cumpre – único objetivo da vida – é permitido ao homem impedir o mal, sobretudo aquele que possa contribuir para a produção de um mal maior”.
Há nessa resposta material para volumoso livro.
De minha parte, gostaria de chamar sua atenção, leitor amigo, para incisiva observação ali contida.
O Mentor espiritual está falando, com todas as letras, que a prática do bem é o objetivo único da vida.
Um confrade questionava:
– Não haverá aqui um problema de filtragem mediúnica?
Será unicamente para isso que existimos: praticar o bem?!
A fim de entender essa colocação do Mentor espiritual, consideremos que Deus não nos concedeu a vida por mero diletantismo.
Criados à sua imagem e semelhança, segundo a expressão bíblica, deuses em potencial, somos instrumentos da Vontade Divina, co-participantes na obra da Criação.
Mais cedo ou mais tarde, quando puros e perfeitos, dentro de milhares ou milhões de anos, dependendo de nosso esforço, também teremos missões gloriosas a cumprir, doadores de bênçãos, a enriquecer e sustentar a Vida onde estivermos.
Vale destacar que os Espíritos puros e perfeitos cumprem integralmente a suprema lei divina: o Amor.
Amar é querer o bem de alguém.
Conseqüentemente, o exercício pleno do amor implica a total disposição de praticar o Bem.
Lembro-me de uma observação do Espírito Cairbar Schutel, o grande lidador espírita de Matão, pela mediunidade de Chico Xavier:
A Felicidade do Céu é socorrer a infelicidade da Terra.
Jamais iremos tocar harpa no Céu, em permanente repouso, como pretendiam os teólogos medievais, o que, diga-se de passagem, não seria nada animador.
Ociosidade eterna está mais para inferno do que paraíso.
Uma das revelações mais gratificantes do Espiritismo diz respeito à nossa destinação final.
Não há escolhidos para a salvação, nem há condenados à irremissível perdição, o que seria dupla injustiça.
Inadmissível tanto o céu por privilégio quanto a penalidade que transcende a natureza do crime.
Todos atingiremos a perfeição, quer queiramos ou não, porque essa é a vontade de Deus, que não falha jamais em seus objetivos.
Chegaremos um dia onde Jesus está, tanto quanto Ele esteve onde estamos.
Atingida essa meta, dotados de desprendimento e abnegação, exercitaremos o bem incessante, a sustentar nossa perene comunhão com o Criador, integrados na Harmonia Universal, felizes para sempre.
Por isso, todos os mecanismos evolutivos a que estamos submetidos – a reencarnação, a infância, o lar, o relacionamento afetivo, a escola, a dor, a adversidade, a doença, a velhice, a morte –, nada mais fazem senão amadurecer em nós a consciência de que é preciso participar da economia universal, exercitando o Bem sempre, adequando-nos às Leis Divinas e realizando-nos como filhos de Deus.
Aqueles que servem empolgados pelo ideal do Bem queimam etapas evolutivas, caminham mais depressa, atingem a santidade antes mesmo de serem sábios.
Na verdade, revelam muito mais sabedoria do que arrogantes intelectuais que julgam detê-la. Estes, embriagados por altos vôos de inteligência, perdem-se em discussões estéreis e raciocínios esdrúxulos, sem perceberem a suprema sabedoria que se exprime num gesto de bondade, o qual, invariavelmente, aproxima-nos de Deus.
Reformador Jul.08

segunda-feira, 18 de julho de 2011

LIBERDADE


Para estar em plena liberdade, precisamos nos soltar, fluir pelos ritmos da vida.
Muitas vezes, é no "ato de perder" que encontramos a razão da própria existência.
A liberdade é, na ciência, a experimentação e o raciocínio; na filosofia, o bom senso e a sensatez; na religião, o discernimento e a naturalidade; na arte, a originalidade e a inspiração; na sociedade, a igualdade e a solidariedade.
O estado de liberdade da criatura é proporcional ao seu grau de amadurecimento espiritual.
O indivíduo liberto, mais que idéias ou ideais, escolhe os autênticos valores da alma, porque reconhece que estes orientam sua vida com lucidez, discernimento e ânimo.
Possui uma excelente sociabilidade, produto de sua maturidade interior, manifestada na família, no trabalho, nos grupos de amizade e de atividade religiosa; enfim, em todos os setores de sua vida comunitária.
Considera e valoriza as orientações ou sugestões dos outros (cônjuges, pais, filhos, amigos, educadores, companheiros, etc), porque acredita que eles podem iluminar suas opções existenciais, mas nem por isso perde a autonomia de agir e pensar livremente. Sempre pondera e nunca julga de modo precipitado as experiências alheias; antes as observa e as confronta com as suas e, por fim, as assimila ou as rechaça total ou parcialmente.
Quem é livre desfruta uma atmosfera fluídica que facilita um progressivo desenvolvimento espiritual.
Não se considera indefeso, mas sim companheiro de viagem de outros seres humanos, pois sabe que a qualquer momento poderá refazer as cláusulas do "contrato" de sua existência.
Allan Kardec indagou, em O Livro dos Espíritos: " O homem tem o livre-arbítrio dos seus atos?'; e "O homem goza do livre-arbítrio desde o seu nascimento?" 2. E os informantes da Vida Maior deram respectivamente os seguintes esclarecimentos: " Visto que ele tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem livre-arbítrio o homem seria uma máquina"; e "Há liberdade de agir desde que haja liberdade de fazer. Nos primeiros tempos da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades".
Ao longo da História, a liberdade de expressão sempre foi e será a condição essencial encontrada na estrutura psicológica de todos os homens sábios e livres. Esses indivíduos aliaram o livre-arbítrio à reflexão, a fim de escolherem decisões, palavras ou atos que não ultrapassassem os seus direitos ou os dos outros.
Uma das maiores batalhas que temos que enfrentar é a de abrir mão da compulsão de estar constantemente desconfiando de tudo e de todos.
Para estar em plena liberdade, precisamos nos soltar, fluir pelos ritmos da vida. Muitas vezes, é no "ato de perder" que encontramos a razão da própria existência.
No exercício do livre-arbítrio, será sempre bem-vinda a legitimidade da inquirição ou indagação, pois a "dúvida saudável" mantém nossa casa mental na prática constante da atividade intelectual ativa e criativa, enquanto a "certeza absoluta" pode nos levar a atitudes atrevidas e insolentes.
A circunspecção - atitude de quem olha cuidadosamente todos os aspectos por que se apresenta uma questão ou fato - deve vir sempre acompanhada de prudência e ponderação. Existe uma enorme diferença entre "circunspecção" e "receio incoerente"; entre "incredulidade patológica" e "suspeita lógica".
O verbo "suspeitar" provém do latim suspectare, que tem como variável suspicere, que significa "olhar o lado de baixo" ou "olhar por baixo". O que vive em suspeita, ao contrário do 2j livre, não está olhando a realidade das coisas, mas supondo o que possa existir por detrás dos fatos, acontecimentos e atitudes das pessoas. O desconfiado compulsivo está sempre preocupado em não ser enganado ou roubado, enquanto o liberto sabe que nada nem ninguém podem extinguir ou se apropriar de suas conquistas pessoais.
Os indivíduos que alcançaram o estado de liberdade vivem no equilíbrio, porquanto não acreditam em tudo, nem desconfiam de tudo. Fazem parte do rol das criaturas centradas: diferenciam o que existe de real e verdadeiro, e não ficam imaginando males ilusórios ou sem fundamento.
“ Questão 843 O homem tem o livre-arbítrio dos seus atos?
"Visto que ele tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem livre-arbítrio o homem seria uma máquina."
O homem goza do livre-arbítrio desde o seu nascimento?
"Há liberdade de agir desde que haja liberdade de fazer. Nos primeiros tempos da vida a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades. A criança, tendo pensamentos relacionados com as necessidades de sua idade, aplica seu livre-arbítrio às coisas que lhe são necessárias. "
Hammed

sábado, 9 de julho de 2011

A ALEGRIA DE SER ESPÍRITA



 “Querem escravos para os sistemas falaciosos que mentalizam, quando Jesus deseja te faças livre para a conquista da própria felicidade.” – Emmanuel1
 Mãe, estou aqui!” A psicografia, assinada por uma garota que desencarnara aos 14 anos e voltava para amparar a inconsolável mãezinha, é o retrato da era que começa a se delinear na Terra.
O próprio Allan Kardec fez a evocação e registrou a conversa na edição de lançamento da Revista Espírita,2 em janeiro de 1858.
Ante as provas contundentes da identidade de Júlia, o Codificador indagou aos leitores: “[...] quem ousaria falar do vazio do túmulo, quando a vida futura se nos revela assim tão palpável?”.
O Espiritismo é o sol de nossas vidas. Alegremo-nos em saber que não estamos sós, pois a morte foi desmistificada e todos os dias – na bendita seara espírita – temos provas da justiça e da perfeição absoluta das leis divinas. Cansados do vazio secular que nos invadia a alma em turvação, entre erros crassos, viciações e crimes, ora desperdiçando encarnações, ora malbaratando o tempo na erraticidade, fomos chamados à iluminação de nós mesmos. Eis a fonte de alegria perene dos nossos dias...
Retirados dos escombros morais, resgatados por almas afins ou mentores espirituais, percorremos longos caminhos e estudos para estarmos aqui hoje, irmanados no grande ideal tão bem expressado nas obras básicas da Codificação. O Evangelho hoje, renasce das cinzas a que foi relegado pela nossa própria ignorância, em tempos não tão longínquos...
Incitam-nos Emmanuel e Bezerra de Menezes, entre outros benfeitores, a aplicarmos as lições de Jesus a nós, primeiramente, depois ao lar, por fim ao mundo...
Quanta alegria em saber que até os espinhos colaboram em nossa ascensão, ainda quando provenientes dos que mais amamos!
A mentora do médium Divaldo Pereira Franco, Joanna de Ângelis, na obra Alegria de Viver,3 nos faz um apelo sublime, mas não pela alegria estúrdia dos que riem sem saber o porquê. A referida obra concita-nos à alegria existencial, inspirada nas bem-aventuranças que o Cristo proclamou. A alegria do dever cumprido, da quitação, de conviver em sociedade, de saber obedecer a Deus.
A bandeira de luz que levamos adiante é rota segura. Ainda nos momentos de dor suprema, termo inspirado em obra homônima do Espírito Victor Hugo,4 a misericórdia do Pai estende-se aos filhos sequiosos do pão da vida. Não há existência sem motivo, não há um homem sequer criado para a inutilidade, nada que nos alcance sem objetivo providencial e útil, quando vemos o mundo pela ótica espírita. As aflições são justas, ensina-nos O Evangelho segundo o Espiritismo, mas não cultuemos a dor e a expiação.
Que falar da justiça? O escritor Vinícius (Pedro de Camargo) escreveu que a lei mosaica era “prelúdio de justiça”,5 limitando a vingança a ato equivalente ao mal sofrido. Ou seja, visava impedir reações desproporcionais. “Nosso orbe [...] não chegou sequer a integrar-se no vetusto e rude dispositivo da legislação hebraica”, diz. Quanta alegria em conhecermos a justiça mais branda, inspirada na lição inesquecível do Mestre de nossas vidas, de fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem!
Que estejamos sendo veículos do prelúdio dessa outra justiça, mais espiritualizada, a do Cristo!
Amando e reconstruindo vidas, em vez de apenas cumprir leis e regras para cercear e punir. Cultuando pensamentos, palavras e atos voltados ao bem, ainda que por ora sejamos meros vasos de barro, na acepção evangélica. Façamo-nos a pergunta: servimos a quem, sob a luz retumbante que rasgou os dogmas e o academicismo, iluminando-nos como ao peixinho vermelho, citado por Emmanuel em Libertação?6
Quanta gratidão à Doutrina de nossas vidas, que nos elucidou, após séculos de procuras infrutíferas, o verdadeiro sentido da caridade que salva! A definição surge em O Livro dos Espíritos, questão 886: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.7 Aprendemos que a caridade não se faz apenas com a moeda que sobra nos bolsos e aplicações financeiras, mas também no sorriso generoso, que se torna verdadeiro cartão de visita do espírita e dos ideais que professa.
Quantas benesses e quanto refrigério em saber que nossa elevação não depende de indulgências e favores, mas apenas de nós mesmos!
Quanta justiça! Não se compra um céu de fantasias nem se herda um inferno injusto, mas se conquista a evolução, dia a dia, com a renovação moral. Que importam, então, as pequenas diferenças?
Aprendamos a servir amando, unidos, como uma família disciplinada ante o “dirigente” maior, Jesus.
Quantas bênçãos temos colhido tão-só com o Evangelho no lar, evitando desastres!...
Tenhamos em mente o desfavor das queixas. Quanto deixamos de sofrer com isso! Há uma justiça subliminar que a tudo permeia, em tudo conspirando a nosso favor... Kardec abriu a trincheira pela qual tantos bandeirantes da nossa Doutrina, abusando do codinome aplicado ao precursor paulista Cairbar Schutel, semearam ou estão semeando um futuro melhor para a humanidade terrena. Hoje, como nos tempos de Jesus, tudo parece desvirtuado, incorrigível. Mas o exército do bem nos sustentará, firmemente.
Os benfeitores estão por todos os lados, amparando-nos. Nunca estivemos sós. Quanta consolação nessa verdade! Quanto a isso, a plêiade do Espírito de Verdade não deixa dúvidas, em O Evangelho segundo o Espiritismo: Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.8
Os que não alcançaram o oásis do Evangelho são os cegos, como já fomos um dia. Irmãos estorcegam aniquilados, outros zombam da realidade espiritual, mas no íntimo amargam o vazio existencial, sinal dos tempos que varrerão o egoísmo e o orgulho do planeta-escola.
Espíritas, herdeiros dos mártires à excelsa Codificação, amparemos o próximo! Felizes pelo despertar gradual, mas compungidos ante a dor alheia, recordemos a menina Júlia e Kardec, há 152 anos, testemunhando:
Jesus! Estou aqui!

Reformador Junho 2010
 1XAVIER, Francisco C. Palavras de vida eterna. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Uberaba, MG: Comunhão Espírita Cristã, 2007. p. 134.
2KARDEC, Allan. Evocações Particulares – Mãe, estou aqui! In: Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 1, p. 42-45, jan. 1858. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
3FRANCO, Divaldo P. Alegria de viver. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL.
4GAMA, Zilda. Dor suprema. Pelo Espírito Victor Hugo. Rio de Janeiro: FEB, 2007.
5VINÍCIUS (Pedro de Camargo). Na escola do mestre. 7. ed. São Paulo: FEESP. Cap. 3, p. 27-35.
6XAVIER, Francisco C. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Ante as portas livres.
7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
8Idem. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. 129. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Prefácio.