“Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de orar para serem vistos por todos. Porém, quando você orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo lhe dará a recompensa (Mateus, 6, 5-6)”.
O homem sempre quis uma fórmula que pudesse, como milagre, conseguir realizar todos os seus sonhos e desejos. Lança-se, muitas vezes, como um mercador ou camelô gritando ao Alto o que aspira, em intermináveis e incontidas exigências, sem o mínimo de tranqüilidade, atributo essencial para uma conexão espiritual superior, pois o importante é ver o seu pleito atendido, mesmo à base da histeria.
A recomendação de Jesus foi clara: “Eles gostam de orar para serem vistos por todos”. Nesse instante Jesus repreende aqueles que se valem de fórmulas de atuação, para, em uma espécie de histeria coletiva, clamarem, gritarem, sapatearem, afirmando que estão orando. Em verdade, vê-se uma espécie de espetáculo onde a exibição da “fé” é o que conta.
A oração é aquele momento de recolhimento e diálogo introspectivo. Santo Agostinho chama a isto de solilóquio, onde vamos, com humildade, reportarmo-nos ao Alto para pedir, agradecer e, ou louvar.
Infelizmente, o egoísmo humano só acha que orar é pedir. E se sai pedindo por tudo, desde pleitos justos até as quimeras do mundo, como ganhar na sena acumulada, arranjar um marido...
A oração deve ser a expressão de um coração que se reconhece pequeno, e se enverga diante de uma força superior colocando os seus pedidos, mas não deixando de reconhecer que, de fato, se tem o que pedir, sem sombras de dúvidas tem muito o que agradecer e louvar.
Jesus, quando ensinou o Pai Nosso, atendeu à súplica dos apóstolos que queriam aprender a orar. Ofereceu um modelo, mas é claro que, quando o coração fala com seus próprios sentimentos e palavras, a sinceridade, neste momento expressa, será o sentimento propulsor para que as nossas vibrações perpassem as barreiras do mundo, e vão ao encontro do amor em misericórdia do Pai que está nos céus.
Algumas pessoas reclamam que as suas preces não são escutadas, pois nunca obtêm respostas. Ledo engano! Todas as orações são respondidas, mas de acordo com o nosso merecimento e necessidades. Lembremos de Jesus "Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade e, sim, a tua." (Lc. 22, 42). Jesus pediu para que não acontecesse o martírio da cruz, pois o antevia, pediu, mas se curvou reconhecendo que a vontade do Alto é sábia e, certamente, saberia o que seria o melhor.
Jesus aparentemente não teve a sua oração atendida, reconhecendo, no entanto, o que Lhe era melhor, passa pelo martírio da cruz com a dignidade de seu espírito de escol.
Façamos assim: Peçamos o que queiramos, dentro da ética espiritual pertinente a este encontro de vibrações, mas se aparentemente não conseguirmos, tenhamos a dignidade cristã de aceitar todos os nossos processos de crescimento espiritual.
José Medrado é médium, fundador e presidente da Cidade da Luz
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