O planeta Terra, tal como hoje o conhecemos, é indiscutivelmente diferente daquele que nos seus primórdios era apenas uma massa de gases em alta temperatura, provavelmente ejetada do Sol.
Então, a vida ainda não existia aqui.
Deus, na Sua onisciência, estava criando mais uma escola.
Milhões de anos somando-se a outros milhões, chegando aos bilhões, eis que os Espíritos responsáveis pela evolução do novo mundo, magnetizando o protoplasma, fizeram surgir células e bactérias, dando-lhes vida própria, iniciando o ciclo da Vida, nos primeiros seres vivos planetários - os unicelulares.
Já eram individualizados, mas não se reproduziam sem custosos movimentos, uns buscando os outros. Dotados do instinto da preservação das espécies, eis que, da junção dos semelhantes, surgiram algas e cogumelos.
E com as algas, surgiu o sexo na face do planeta!
Num espaço colossal do Tempo, das algas aos grãos, dos grãos às flores, chegamos ao reino vegetal, como hoje ainda o conhecemos.
Não de um salto, mas em cadeia sucessiva, harmônica e permanente de transformações.
Assim também aconteceu com os animais irracionais: partindo do protoplasma originou-se o reino animal. Do longínquo e humilde protozoário aos mamíferos, toda uma extensa escala foi percorrida e incontáveis degraus da escada evolutiva foram galgados.
Quando falamos dos mamíferos, que são a ordem mais elevada do reino animal, não podemos negar ao nosso coração o direito de amá-los.
São nossos irmãos! Inferiores, é verdade, mas colocados no mundo com duplo objetivo: ajudar o progresso do homem e evoluir.
Se não existissem elefantes, camelos e principalmente cavalos, provavelmente a Humanidade ainda estaria no paleolítico, que se perpetuaria.
A força animal, muito maior que a humana, largamente utilizada na agricultura e nas construções de toda espécie, em todos os lugares e desde todos os tempos, removendo obstáculos, conduzindo pedras enormes, árvores, arados e fardos, possibilitou ao homem sair da caverna e hoje utilizar seu computador; ou, ver sua televisão, receber amigos e saborear deliciosas e finas iguarias, tudo isso a muitos e muitos metros do chão, em luxuosos apartamentos de cobertura...
Da canoa aos transatlânticos, do carro de boi ao avião supersônico, das peles curtidas aos confortáveis tecidos, tudo, tudo, se deve ao esforço humilde, subserviente, desinteressado e inigualável dos animais!
Se na agricultura, transportes e construções foram substituídos por possantes tratores e por fantásticos veículos pesados, não se poderá jamais olvidar a colaboração dos animais: ademais, indeclinável citar que, para viver, não necessitam dos homens, pois que a Mãe Natureza lhes é gentil e pródiga.
Gentil, ao fornecer-lhes alimento suficiente, jamais faltando.
Pródiga, ao equipá-los com o instinto, avalista de sua sobrevivência e da continuidade das espécies.
Meus irmãos:
O homem, convivendo com os animais, tem uma colossal influência sobre seu comportamento. Ao prodigalizar-lhes respeito, amparo e amor, desanuvia nos seus cérebros selvagens as tendências inatas de sobrevivência, regidas pela “lei das selvas”, segundo a qual vence sempre o mais forte.
Geração após geração os animais que convivem com o homem vêm se transformando, em lenta porém inexorável evolução, já não sendo raro vermos feras receber afagos humanos e retribuí-los.
Todos os animais, por natureza, são selvagens.
Talvez, o maior auxiliar do homem, dentre todos, tenha sido o primeiro a ser domesticado: o cavalo. Com ele, desbravaram-se regiões desconhecidas, vencendo distâncias.
Após o cavalo, na escala de ajuda aos homens, temos o generoso casal boi/vaca, com funções distintas, que na vida e na morte só faz atender ao homem. Se o cavalo vai perdendo espaço, os bovinos aumentam sua utilidade, sendo hoje indispensáveis à sobrevivência alimentar humana. Até quando? Só Deus sabe...
A seguir, temos os elefantes: tão grandes quanto sensíveis, prestaram-se em demorados séculos a transportar pesadas cargas (toras e pedras). Ainda hoje há regiões no planeta que sem eles sucumbiriam.
Os caprinos: mansos e acomodados, forneceram abrigo contra o frio, além de alimento com seu leite e sua carne.
Trazidos para o lar e tratados como elementos da família, estão os cães e os gatos. A moderna Psicologia recomenda tê-los em casa, pois são fonte inesgotável de carinho e aplanadores de tensões da vida moderna.
Falemos, antes, dos pássaros engaiolados: é crueldade privar seres que poderiam transitar pela vastidão dos céus, reduzindo sua locomoção a poucos centímetros de espaço cercado de arames...
Irmãos: libertai os pássaros!
Quanto aos cães, passaram a trocar amizade com seus donos quando também encontraram reciprocidade: recebendo proteção, alimento e carinho nos lares, retribuem com amizade desinteressada e constituem-se em sentinelas permanentemente atentas; garantem a segurança da família e do patrimônio. Não são poucos os registros de atos de incomparável heroísmo e desprendimento de cães a homens.
Quanto aos gatos, ah! os gatos! Observados pelos egípcios, milênios atrás, foram trazidos para dentro dos ambientes domésticos, por serem inimigos naturais dos ratos. Mas, seria só isso que os mantêm até hoje nos lares? Certamente que não. Sua natural independência irrita algumas pessoas, porém assim foram criados por Deus que os dotou de predicados invejáveis: agilidade, provável percepção astral e delicadíssimos contornos, que os tornam tão graciosos. Dentro de casa, são sentinela muito mais competente que os cães, pois que pressentem movimentos externos, absolutamente inaudíveis ou perceptíveis àqueles. Descendendo da linhagem dos felinos, trazem, na verdade, traços de agressividade e selvageria. Mas, quem lhes trata e dedica carinho, recebe deles demonstrações inequívocas de gratidão e amizade.
Companheiros em Jesus:
Outros animais, entre monos, felinos e ursos, aceitam o convívio com o homem, na pessoa de domadores e tratadores, sem agredi-los, no triste cativeiro dos circos ou nos não menos tristes zoológicos.
Nos animais predomina o instinto e existem lampejos de inteligência; por esses lampejos é que absorvem a influência dos seus donos ou dos seus tratadores, passando a carrear, na própria estrutura psíquica, além de condicionamentos, possibilidades de atos mais ou menos inteligentes.
Vemos assim que o homem tem plenas condições de atenuar o instinto selvagem do animal, apaziguando-o com proteção, respeito e carinho. Assim procedendo, colabora com a evolução das espécies, o que faz parte primordial da Vida e dos planos de Deus.
No mundo espiritual, após a morte física, as almas dos animais se juntam, por simbiose - por similaridade física e psíquica.
Espíritos da Natureza, especialmente designados pelos Planos Superiores, cuidam dessas almas, providenciando seu retorno à vida terrena, ou então, separando os que mais se destacam, por nobreza de ações. Esses últimos, quais criancinhas matriculadas em escolas maternais, recebem de destacados especialistas celestes, os primeiros raios de raciocínio. Daí, não será demais afirmarmos que à frente, nas esquinas do tempo, esses rudimentares alunos, ao reencarnar, estarão com as primitivas formas orgânicas humanas...
Porque, embora seja superior à nossa capacidade em palmilhar os desígnios divinos, não nos padece dúvida, conquanto intuitivamente, que os homens de hoje, foram exatamente os animais de ontem...
Indo além em nossas humildes elocubrações, pedindo perdão ao Criador pela nossa talvez descabida porém sincera ousadia em tentar decifrar tão elevados mistérios, podemos imaginar que considerando a multiplicidade de mundos no Universos, nessa primeira etapa hominal serão alocados em um deles, consentâneo com seu nível evolutivo.
E mais perdão ainda precisamos, pois não podemos ocultar que pensamos ter o nosso planeta superado essa fase - a idade da pedra -, tendo já evoluído, ele próprio, como aliás, tudo o mais no Universo, que é obra de Deus!
Que a humildade de Jesus seja para nós supremo ideal a ser conquistado e que as luzes do Mestre desde já iluminem um pouco mais nossos Espíritos.”
(Espírito de Van Der Goehen - Médium: Eurípedes Kühl. - O Quartel e o Templo)
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