terça-feira, 12 de abril de 2011

CRIMINOSOS NUMA ANÁLISE ESPÍRITA

“Deveis amar os desgraçados, os criminosos, como criaturas que são de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão concedidos se se arrependerem” “É tanto vosso próximo {o criminoso}, como o melhor dos homens” (Evangelho Segundo o Espiritismo - XI,14.)

Num tempo em que são apresentadas como novidades as doutrinas sociais da inclusão isto é: inserir aqueles, que são excluídos, ou se auto excluíram por motivos vários, importa refletir à luz da Filosofia Espírita, sobre uma larga faixa daqueles, porque caídos nas malhas do crime, continuam detestados e, quiçá, para a populaça intolerante, melhor seria retirar esses criminosos para sempre do seio da sociedade.
O Espiritismo enquanto bênção dos céus, é a doutrina da modernidade por excelência, ao eleger como seu postulado principal a caridade, deixando o bem expresso no Evangelho Segundo o Espiritismo Capitulo XI na comunicação de Paulo- Paris 1860 que “FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO, propõe assim, a revolução do amor nos corações, para, que ninguém fique de fora da esperança e do amor do Pai, em que Jesus Cristo resumiu toda a sua doutrina, perpetuando no espaço e no tempo esse canto de beleza traduzido no:” Vinde a mim vós que sofreis eu vos aliviarei” ou “justiça quero e não violência” a fim de que, os caídos na desgraça não sejam aniquilados, mas conduzidos ao amor e ao perdão e, mesmo no extremo das suas dores, recebam sempre nova oportunidade de educação.

Léon Denis afirma que:
Todas as almas são perfectíveis e susceptíveis de educação; devem percorrer os mesmos caminhos e chegar da vida inferior à plenitude do conhecimento, da sabedoria e da virtude. Não são todas igualmente adiantadas, mas todas hão-de subir, cedo ou tarde, as árduas encostas que levam às radiosas eminências banhadas da eterna luz”.

Acreditando sempre na educação, não duvidemos nós os espíritas do pensamento de Léon Dennis e perseveremos sempre na busca de maiores conhecimentos que, nos permitirão agir no seio da sociedade como colaboradores das almas, que desta ou daquela forma nos foram confiadas, ou conosco se cruzaram nesta reencarnação, tendo para com toda a compreensão. Quando as Ciências da Educação e o legislador penal estudarem com profundidade os postulados espíritas, serão confrontados com uma realidade que ignoram, o Espiritismo prevê toda uma política educacional e social, essencialmente preventiva.
São estas palavras de Allan Kardec, nos comentários pessoais, a respeito da “Lei do Trabalho”, questão nº 685 do L.E: Considerando-se o aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada (a educação) o homem terá no mundo hábitos de ordem e previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem estar, o penhor da segurança de todos”.
A Filosofia Espírita, nunca leva a uma visão fatalista, prevê sempre a regeneração do espírito pela reforma moral, pela educação, pelo trabalho, pelo aperfeiçoamento das condições sociais. Daí, que em momento algum os Espíritos apresentaram a violência ou a força como solução para alguma coisa, mas sempre a educação, como fica bem expresso na questão 761. L.E: A lei de conservação dá ao homem o direito de preservar a sua própria vida; não aplica ele esse direito, quando elimina da sociedade um membro perigoso?
- Há outros meios de se preservar o perigo, sem matar. É necessário, aliás, abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento. O Espiritismo como corpo doutrinário organizado, propõe em todas as situações soluções modernas e avançadas, ainda não superadas pelas modernas Ciências Criminais, Ciências Sociais e Educacionais, oferecendo a todos os estudiosos sérios, um campo vasto de reflexão, para toda a problemática, que hoje convida à visão holística, ou no dizer do professor José Herculano Pires “cosmovisão”.
Se, os que não estudam o Espiritismo, sabem o, que ele não é nunca é demais dizer o que ele é para isso ninguém melhor que o Codificador Allan Kardec-(55) O que é o Espiritismo.
O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os espíritos; compreende todas as consequências morais, que dimanam dessas relações. Porque despida a roupagem carnal, o Eu individual não se extingue, e o espírito leva consigo toda a responsabilidade individual, fruto das suas ações nefastas, pela reencarnação, através das vidas sucessivas, volve ao palco educacional, como único meio de aperfeiçoamento espiritual, reencontrando-se com aqueles a quem prejudicou para reparação dos seus males.
“Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e as suas consequências. O Arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação” (O Céu e o Inferno, 1ª parte, cap. VII, item 16º).
Então, se com a morte do delinquente, o espírito imortal prossegue, o ódio acompanha o odiado e também não se extingue o sentimento de vingança para o futuro: qualquer extinção da vida do delinquente não passará apenas de uma perda de tempo e, de uma violência gratuita do estado para criar mais um revoltado na escola futura. Porque o fuzilamento, a cadeira eléctrica, a injeção letal ou, outras formas de eliminação legal, por mais modernas e poderosas, serão incapazes de destruir o espírito imortal, nunca apagarão, com esses métodos os ódios, as vinganças ou as perversidades.
“Para o criminoso, a presença incessante das vítimas e das circunstâncias do crime é um suplício cruel”. (O Céu e o Inferno, 1ª parte, cap.VII, item 24). Aqueles, que eivados de uma visão materialista da vida e que em pleno século XXI, invocam como solução política de paz pública o saneamento dos criminosos, pela pena de morte ou outras formas de violência, apresentam uma solução negativa à Luz do Espiritismo.
As vinganças de ordem espiritual, que se abatem sobre as famílias, os povos ou as nações, tomando a forma de obsessões individuais ou coletivas, são o resultado das violências legais ou ilegais que, não souberam abrir a porta do amor e da regeneração pela educação do delinquente, que um dia também será anjo. A sociedade tem efetivamente de saber defender-se e preservar-se porque essa é uma condição de progresso individual e coletivo dos Espíritos: “O homem tem que progredir. Isolado não lhe é possível” {LE- Q. 768}“ Quis Deus que por essa forma {os laços sociais e de família} os homens aprendessem a amar-se como irmãos” (LE- Q. 774). Vide ainda {LE-Q.766,767,768}.
A Codificação explica como a organização social se deve defender dos criminosos. –“A Sociedade tem as suas exigências. São-lhe necessárias leis especiais” (LE-Q 794);_ “se {as imperfeições de uma pessoa} podem acarretar prejuízos a terceiros , deve-se atender, de preferência, ao interesse do maior número” (Evangelho Segundo o Espiritismo Capitulo - X, 21)- “Uma sociedade depravada certamente precisa de leis mais severas {…}” (LE –Q 796)- “A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos” (LE- Q- 877);” Confiante na impunidade, o homem retardaria o seu avanço e, consequentemente, a sua felicidade futura” (EE-V,5).
-“ Com o atrativo de recompensas e temor de castigos, procura-se estimular o homem para o bem e desviá-lo do mal” (LE- Q 1009§ 9). “O castigo só tem por fim a reabilitação, a redenção” (LE- Q1009§ 7); -” as penas por temporárias, constituem concomitantemente castigos e remédios auxiliares à cura do mal” (CI-1º VII, 30)” Toda a imperfeição, assim como toda a falta que dela promana, traz consigo o próprio castigo, nas consequências naturais e inevitáveis “(CI 1ª, VII, 33, 2ª.)
A proposta penal da Filosofia Espírita, não esgota a sua ação na defesa social, não tem por fim último salvaguardar a coletividade, mas organizar-se esta de tal forma para fins superiores, que corrijam as imperfeições, que conduzem ao crime, tratando o delinquente e não o segregando ou eliminando-o, mas cuidando dessas almas doentes. - “Infelizmente essas leis {penais} mais se destinam a punir o mal, do que a lhe secar a fonte” (LE-Q. 796) e em jeito de conclusão e sentença deixa-nos o Mestre de Lyon, discípulo de Pestalozzi. “Só a educação poderá reformar os homens que, então, não precisarão de leis tão rigorosas (LE Q.796”.)
O Espiritismo não nos esclarece somente sobre o transcendente, oferece-nos noções claras a respeito de Deus, a Inteligência Suprema e sobre o Cristo Consolador. Dá-nos a conhecer muitas das leis divinas que já podemos compreender, a evolução contínua, as vidas sucessivas em mundos matérias como o nosso, a lei de causa e efeito, a eternidade do Espírito, leis de esperança que mostram ao ser humano as suas imensas possibilidades de crescimento, na proporção justa do seu esforço, do uso correto da sua inteligência e vontade e da liberdade que goza. Ensina-nos com clarividência que o homem, espírito encarnado neste mundo atrasado, vem ao longo dos milénios, cumprindo o seu fado, aprendendo as coisas rudimentares da vida, mas sempre se aperfeiçoando através das reencarnações, não ficando ninguém, excluído das soberanas leis do amor.
E porque somos ainda imperfeitos e precisamos da caridade dos luzeiros espirituais que nos guiam e nos e convidam permanentemente ao perdão, a sermos mais fraternos e solidários uns com os outros, mesmo sabendo das nossas seculares imperfeições, ou porque sabem que somos doentes e para isso precisamos do lar, adequado à nossa condição evolutiva, da escola ou do hospital mais capazes, jamais nós, espíritas, nos permitamos ser descaridosos para com os nossos semelhantes, nomeadamente, os caídos no vício da criminalidade porque, mesmo com esses podemos aprender onde já não estamos, nunca esquecendo o principio fundamental da doutrina espírita. “FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO” permite Deus que entre vós se achem grandes criminosos, para que vos sirvam de ensinamentos.” (EE-XI, 14,§5.
Que nos Centros Espíritas, escolas fundamentais do Movimento Espírita, contribuamos pela nossa ação ativa a divulgar e exercitar esses e outros saberes, que chegaram até nós pela caridade do Amor infinito de Deus, ampliados pelo Espírito da Verdade, para melhor entendimento de Jesus, através das obras de Kardec, porque este sentimento religioso novo, ou Religião Natural do Amor, contribuirá ao maior respeito por todos os semelhantes, contribuindo para a verdadeira paz social.

José Esteves Teiga
Federação Espírita de Portugal


Referências bibliográficas:
- Ney Lobo,
- Léon Denis,
- Allan Kardec,
- Céu e Inferno.
- Deolindo Amorim,
- Livro dos Espíritos;
- O Que é o Espiritismo;
- Espiritismo e Criminologia;
- Os Criminosos na visão Espírita;
- Filosofia Espírita da Educação-3.
- Evangelho Segundo O Espiritismo;
- O Porquê do Ser, do Destino e da Dor.
- 2 8 - R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o
- 2 9 - Re v i s t a d e E s p i r i t i s m o 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A VISÃO ESPÍRITA DO PECADO

Um dos conceitos mais arraigados na nossa cultura cristã é a ideia do pecado. Desde a mais tenra idade nos ensinam que somos todos pecadores, que tudo de errado que fazemos é pecado e que por isto devemos ser punidos, ou como é mais comum dizermos, castigados. Fazendo-se uma análise, à luz da razão, desta relação entre pecado e castigo, vamos verificar que este é um processo que apenas gera medo e temor, levando-nos a conter nossos atos, não pela educação, mas pela ameaça do respectivo castigo. Mas será esta a maneira adequada de levar as pessoas à obediência do Evangelho? Será este o meio adequado de implantar o amor entre os homens? Antes de nos concentrarmos na busca de uma alternativa, seria interessante que fôssemos procurar a origem desta visão punitiva.
Quando Moisés retirou seu povo do Egito, os Hebreus estavam completamente influenciados pela cultura egípcia, a ideia de um Deus único era estranha e não havia qualquer disciplina entre eles, era um povo rebelde e acostumado à prática do roubo, do adultério e da adoração a vários deuses. Era ainda um povo primitivo, incapaz de espontaneamente modificar sua conduta. Não existia outra maneira de levá-los a abandonar os velhos hábitos a não ser a adoção da imagem de um Deus punitivo, um Deus que se irava e que castigava implacavelmente aqueles que não obedecessem a “sua Lei”, era o tempo do “olho por olho, dente por dente”.
Quando Jesus veio a terra, seu discurso falava de um Deus tão amoroso que ele o chamava de Pai, sua mensagem não era mais o antigo conceito do Deus vingativo, mas do Deus que perdoava e que nos queria vivendo como irmãos, perdoando e oferecendo a outra face.
Com o advento da Idade Média, a Igreja resgatou o conceito mosaico do pecado, e a ideia de que os pecadores precisavam ser castigados como forma de remir suas faltas, além disso, foi fortalecida a ideia da ação do demônio na vida dos homens e de que se não “pagássemos” pelas nossas faltas estaríamos irremediavelmente condenados ao fogo do inferno. Essa concepção foi transmitida através das gerações e chegou até os nossos dias, onde continuamos temendo os castigos de Deus.
O Espiritismo, através de uma visão amadurecida, observa sob uma nova ótica a questão do pecado, lançando a luz do entendimento sobre o assunto e trazendo conforto e esperança aos homens, que doravante apagam a noção de pecadores e passam a assumir o papel de seres em evolução, ainda imperfeitos é verdade, mas rumando inexoravelmente para uma condição superior onde não mais cometerão os erros atuais. Alguns podem julgar esta posição absurda, mas então vamos parar um minuto e perguntar a nós mesmos: Quantos de nós, que somos humanos, ao invés de darmos nova oportunidade a nossos filhos, quando estes fazem algo que julgamos errado, os expulsamos de casa e os condenamos a viver eternamente com sua culpa? Então por que Deus que é o infinito amor agiria de uma forma pior do que a nossa? Afinal não foi Jesus quem disse: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 7:11).
Apaguemos de nossas mentes a ideia da culpa. Na Doutrina Espírita nós não somos culpados; somos responsáveis pelos nossos atos e devemos responder pelas nossas ações, não através do famigerado castigo, mas através de mecanismos que nos levam à conscientização de nossas atitudes equivocadas e da reparação dos mesmos, pois o equívoco faz parte do processo de aprendizado e como seres em evolução precisamos vivenciar as mais diversas experiências para alcançar o progresso espiritual, e nessa jornada de luz é natural que nos enganemos, mas, é imprescindível que nos esforcemos para crescer. O objetivo da lei divina não é punir, mas, educar, fazendo com que cada indivíduo evite repetir seus erros pela compreensão de que sua atitude passada foi inadequada e que é necessária uma mudança de conduta.
As fases deste processo de mudança são: o Arrependimento, momento em que reconhecemos a nossa falha de conduta, a Expiação, que é quando vamos refletir sobre o que fizemos e finalmente a Reparação, que é o ápice deste processo, pois é quando alteramos nossos passos ou corrigimos o ato falho. Observem a lógica desta proposta, nela todos saem enriquecidos; nós, pelo amadurecimento, e o outro (a quem porventura prejudicamos), por ser valorizado ao consertarmos os nossos enganos.
A vida é uma dádiva de Deus, que no-la concedeu, para que alcancemos a felicidade, e não para vivermos com medo, vamos todos então trabalhar para alcançarmos a comunhão com Ele, certos de que: “Todo homem podendo corrigir as suas imperfeições pela sua própria vontade, pode poupar-se os males que delas decorrem e assegurar a sua felicidade futura” (o Céu e o Inferno, Cap VII).


Fontes:
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
O Céu e o Inferno – Allan Kardec
O Livro dos Espíritos – Allan Kardec
O Perdão e o Auto perdão – Divaldo Franco
Roteiro I do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
A Bíblia Sagrada

sábado, 9 de abril de 2011

PRESERVAR

Preservar o patrimônio espírita é fundamental.
Do ponto de vista doutrinário, não há que se fazerem concessões, devendo sua base permanecer apoiada nas obras de Kardec, no seu tríplice aspecto.
Com relação à casa espírita, há que se resguardar a essência da Doutrina, nas atividades desenvolvidas, sejam elas administrativas ou assistenciais, doutrinárias ou de divulgação, eventos e outras mais.
O patrimônio espírita representa uma conquista milenar para a Espiritualidade Maior: obedece ao planejamento do projeto de Jesus para o progresso espiritual e moral da humanidade terrestre.
Nesse contexto, a interação entre os dois planos da vida existe, como sempre existiu.
Importante que prevaleça a boa sintonia para que, no plano físico, o trabalho que se realize seja em harmonia com os elevados propósitos do Plano Superior.
A Lei de Progresso é uma realidade, e o patrimônio espírita precisa estar a seu serviço. Os trabalhadores espíritas, também.
O trabalhador espírita, muitas vezes, será conclamado a abrir mão de seus interesses pessoais em prol do ideal maior; da sua vanglória, para que a integridade da tarefa não seja prejudicada; do exercício da humildade, para que sua programação reencarnatória não seja comprometida.
Nesse sentido, é grande o desafio, pois, além de nossas imperfeições seculares, existem as pressões exercidas pelos adversários do bem que buscam potencializá-las, tanto no processo mente a mente, como nos envolvimentos fluídicos de baixa frequência vibratória, que podem nos tomar de assalto, se estivermos invigilantes.
Representam provas que, sendo superadas, representarão avanço na caminhada evolutiva de cada um.
A Lei de Progresso não retrocede.
O patrimônio espírita, doutrinário e material, bem como os talentos individuais e coletivos da comunidade espírita, precisam conservar-se fiéis ao projeto de Jesus, para cumprir a sua parte, no concerto das realizações presentes e futuras.
Conhecimentos já adquiridos precisam ser ampliados, pelo estudo permanente.
Esforço, no trabalho edificante, necessita empenho para prosseguir, sejam quais forem as dificuldades que se apresentarem, no mundo de transição em que o nosso ora se encontra.
Reencarnados que estamos, cumpre-nos defender, proteger, resguardar o patrimônio espírita para que, sobre o que já foi alcançado, ergam-se benefícios maiores.
Estamos tendo a oportunidade de dar a nossa pequenina participação de trabalho, na grande obra da transição planetária para melhor. Possamos fazer bom uso dela, para que nossas consciências se harmonizem com o estágio de regeneração do orbe, aprimorando-nos na direção do bem.
As cidades espirituais de luz trabalham, ininterruptamente, pelo progresso da humanidade. As casas espíritas são postos de trabalho delas, no plano físico, com vistas ao exercício do amor ao próximo, da prática da caridade, tanto material como espiritual e moral. Representam seus braços, pontos de apoio na materialidade.
Cada um de nós representa uma peça nessa engrenagem.
Possamos corresponder à expectativa que em nós depositam os benfeitores espirituais.
O potencial, que existe no âmago de cada um, desenvolve-se com estudo e trabalho.
Preservando nosso íntimo do mal, e buscando cultivar todo o bem possível, façamos nossa parte, para garantir a integridade e a perenidade do patrimônio espírita.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

OS ANIMAIS SÃO NOSSOS IRMÃOS

O planeta Terra, tal como hoje o conhecemos, é indiscutivelmente diferente daquele que nos seus primórdios era apenas uma massa de gases em alta temperatura, provavelmente ejetada do Sol.
Então, a vida ainda não existia aqui.
Deus, na Sua onisciência, estava criando mais uma escola.
Milhões de anos somando-se a outros milhões, chegando aos bilhões, eis que os Espíritos responsáveis pela evolução do novo mundo, magnetizando o protoplasma, fizeram surgir células e bactérias, dando-lhes vida própria, iniciando o ciclo da Vida, nos primeiros seres vivos planetários - os unicelulares.
Já eram individualizados, mas não se reproduziam sem custosos movimentos, uns buscando os outros. Dotados do instinto da preservação das espécies, eis que, da junção dos semelhantes, surgiram algas e cogumelos.
E com as algas, surgiu o sexo na face do planeta!
Num espaço colossal do Tempo, das algas aos grãos, dos grãos às flores, chegamos ao reino vegetal, como hoje ainda o conhecemos.
Não de um salto, mas em cadeia sucessiva, harmônica e permanente de transformações.
Assim também aconteceu com os animais irracionais: partindo do protoplasma originou-se o reino animal. Do longínquo e humilde protozoário aos mamíferos, toda uma extensa escala foi percorrida e incontáveis degraus da escada evolutiva foram galgados.
Quando falamos dos mamíferos, que são a ordem mais elevada do reino animal, não podemos negar ao nosso coração o direito de amá-los.
São nossos irmãos! Inferiores, é verdade, mas colocados no mundo com duplo objetivo: ajudar o progresso do homem e evoluir.
Se não existissem elefantes, camelos e principalmente cavalos, provavelmente a Humanidade ainda estaria no paleolítico, que se perpetuaria.
A força animal, muito maior que a humana, largamente utilizada na agricultura e nas construções de toda espécie, em todos os lugares e desde todos os tempos, removendo obstáculos, conduzindo pedras enormes, árvores, arados e fardos, possibilitou ao homem sair da caverna e hoje utilizar seu computador; ou, ver sua televisão, receber amigos e saborear deliciosas e finas iguarias, tudo isso a muitos e muitos metros do chão, em luxuosos apartamentos de cobertura...
Da canoa aos transatlânticos, do carro de boi ao avião supersônico, das peles curtidas aos confortáveis tecidos, tudo, tudo, se deve ao esforço humilde, subserviente, desinteressado e inigualável dos animais!
Se na agricultura, transportes e construções foram substituídos por possantes tratores e por fantásticos veículos pesados, não se poderá jamais olvidar a colaboração dos animais: ademais, indeclinável citar que, para viver, não necessitam dos homens, pois que a Mãe Natureza lhes é gentil e pródiga.
Gentil, ao fornecer-lhes alimento suficiente, jamais faltando.
Pródiga, ao equipá-los com o instinto, avalista de sua sobrevivência e da continuidade das espécies.
Meus irmãos:
O homem, convivendo com os animais, tem uma colossal influência sobre seu comportamento. Ao prodigalizar-lhes respeito, amparo e amor, desanuvia nos seus cérebros selvagens as tendências inatas de sobrevivência, regidas pela “lei das selvas”, segundo a qual vence sempre o mais forte.
Geração após geração os animais que convivem com o homem vêm se transformando, em lenta porém inexorável evolução, já não sendo raro vermos feras receber afagos humanos e retribuí-los.
Todos os animais, por natureza, são selvagens.
Talvez, o maior auxiliar do homem, dentre todos, tenha sido o primeiro a ser domesticado: o cavalo. Com ele, desbravaram-se regiões desconhecidas, vencendo distâncias.
Após o cavalo, na escala de ajuda aos homens, temos o generoso casal boi/vaca, com funções distintas, que na vida e na morte só faz atender ao homem. Se o cavalo vai perdendo espaço, os bovinos aumentam sua utilidade, sendo hoje indispensáveis à sobrevivência alimentar humana. Até quando? Só Deus sabe...
A seguir, temos os elefantes: tão grandes quanto sensíveis, prestaram-se em demorados séculos a transportar pesadas cargas (toras e pedras). Ainda hoje há regiões no planeta que sem eles sucumbiriam.
Os caprinos: mansos e acomodados, forneceram abrigo contra o frio, além de alimento com seu leite e sua carne.
Trazidos para o lar e tratados como elementos da família, estão os cães e os gatos. A moderna Psicologia recomenda tê-los em casa, pois são fonte inesgotável de carinho e aplanadores de tensões da vida moderna.
Falemos, antes, dos pássaros engaiolados: é crueldade privar seres que poderiam transitar pela vastidão dos céus, reduzindo sua locomoção a poucos centímetros de espaço cercado de arames...
Irmãos: libertai os pássaros!
Quanto aos cães, passaram a trocar amizade com seus donos quando também encontraram reciprocidade: recebendo proteção, alimento e carinho nos lares, retribuem com amizade desinteressada e constituem-se em sentinelas permanentemente atentas; garantem a segurança da família e do patrimônio. Não são poucos os registros de atos de incomparável heroísmo e desprendimento de cães a homens.
Quanto aos gatos, ah! os gatos! Observados pelos egípcios, milênios atrás, foram trazidos para dentro dos ambientes domésticos, por serem inimigos naturais dos ratos. Mas, seria só isso que os mantêm até hoje nos lares? Certamente que não. Sua natural independência irrita algumas pessoas, porém assim foram criados por Deus que os dotou de predicados invejáveis: agilidade, provável percepção astral e delicadíssimos contornos, que os tornam tão graciosos. Dentro de casa, são sentinela muito mais competente que os cães, pois que pressentem movimentos externos, absolutamente inaudíveis ou perceptíveis àqueles. Descendendo da linhagem dos felinos, trazem, na verdade, traços de agressividade e selvageria. Mas, quem lhes trata e dedica carinho, recebe deles demonstrações inequívocas de gratidão e amizade.
Companheiros em Jesus:
Outros animais, entre monos, felinos e ursos, aceitam o convívio com o homem, na pessoa de domadores e tratadores, sem agredi-los, no triste cativeiro dos circos ou nos não menos tristes zoológicos.
Nos animais predomina o instinto e existem lampejos de inteligência; por esses lampejos é que absorvem a influência dos seus donos ou dos seus tratadores, passando a carrear, na própria estrutura psíquica, além de condicionamentos, possibilidades de atos mais ou menos inteligentes.
Vemos assim que o homem tem plenas condições de atenuar o instinto selvagem do animal, apaziguando-o com proteção, respeito e carinho. Assim procedendo, colabora com a evolução das espécies, o que faz parte primordial da Vida e dos planos de Deus.
No mundo espiritual, após a morte física, as almas dos animais se juntam, por simbiose - por similaridade física e psíquica.
Espíritos da Natureza, especialmente designados pelos Planos Superiores, cuidam dessas almas, providenciando seu retorno à vida terrena, ou então, separando os que mais se destacam, por nobreza de ações. Esses últimos, quais criancinhas matriculadas em escolas maternais, recebem de destacados especialistas celestes, os primeiros raios de raciocínio. Daí, não será demais afirmarmos que à frente, nas esquinas do tempo, esses rudimentares alunos, ao reencarnar, estarão com as primitivas formas orgânicas humanas...
Porque, embora seja superior à nossa capacidade em palmilhar os desígnios divinos, não nos padece dúvida, conquanto intuitivamente, que os homens de hoje, foram exatamente os animais de ontem...
Indo além em nossas humildes elocubrações, pedindo perdão ao Criador pela nossa talvez descabida porém sincera ousadia em tentar decifrar tão elevados mistérios, podemos imaginar que considerando a multiplicidade de mundos no Universos, nessa primeira etapa hominal serão alocados em um deles, consentâneo com seu nível evolutivo.
E mais perdão ainda precisamos, pois não podemos ocultar que pensamos ter o nosso planeta superado essa fase - a idade da pedra -, tendo já evoluído, ele próprio, como aliás, tudo o mais no Universo, que é obra de Deus!
Que a humildade de Jesus seja para nós supremo ideal a ser conquistado e que as luzes do Mestre desde já iluminem um pouco mais nossos Espíritos.”
(Espírito de Van Der Goehen - Médium: Eurípedes Kühl. - O Quartel e o Templo)