quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A DIFUSÃO DO LIVRO ESPÍRITA


“Aconselho que não percas tempo; é preferível que os volumes esperem peio público, do que este por eles. Nada deprecia mais uma obra do que a interrupção da sua venda, impacientado por não poder satisfazer aos pedidos que recebe, o editor, a quem assim escapam ocasiões de vender o livro, se desinteressa das obras do autor imprevidente”.
(Allan Kardec, OBRAS PÓSTUMAS, 12ª edição da FEB.)

QUANDO O PROGRAMA DO LIVRO ESPIRITA, numa conjugação de esforços do Mundo Invisível com o Plano Terreno, através da Casa de Ismael, se delineia em nova fase editorial, em via de conclusão quanto ao seu avançado parque gráfico, preparando-se para vasto esquema de penetração do livro espírita em todos os pontos geográficos do Brasil, é justo que nos lembremos de Allan Kardec, “o pontífice da luz” (Irmão X), de suas lutas, dedicações e renúncias, graças às quais o Espírito da Verdade transmitiu ao mundo a Doutrina Espírita, restaurando o Cristianismo do Cristo.
Efetivamente, ao rememorarmos o 18 de abril de 1857, data em que “O Livro dos Espíritos” foi lançado à venda, em Paris, iniciando a Codificação Kardequiana, complementada ao longo de onze decênios, mas jamais completável, queremos salientar as dificuldades vividas pelo Missionário de Lyon, para a preparação e lançamento das obras básicas do Espiritismo, a fim de melhor valorizarmos o instrumental de trabalho que possuímos hoje no Brasil.
Pela simples transcrição que encima este artigo, observamos o cuidado dos Espíritos em orientar o Codificador no pertinente às limitações a que ele estava jungido, dependendo de editores e livreiros estranhos às questões doutrinárias, pois aquele não era ainda o momento para que o Espiritismo dispusesse de editora e gráfica próprias, totalmente independentes de quaisquer interesses alheios ao ideal do Evangelho.
Allan Kardec, “o bom senso encarnado”, humilde como verdadeiro apóstolo, jamais abdicando do seu livre arbítrio e da sua independência de raciocínio, que é “o prumo da consciência” (Kelvin van Dine), seguia fielmente a orientação de seus guias. Em “Obras Póstumas”, podemos ler peças notáveis quanto a problemas de revisão, venda, reedição de livros e, até mesmo, sobre fantasias de ofertas de obras espíritas “a preços fabulosamente reduzidos” (pág. 288). Já naquela época os Espíritos advertiam o Codificador quanto aos perigos de idéias divorciadas das realidades econômicas, pois o livro e a imprensa, no Espiritismo, serão auto-sustentáveis ou não subsistirão (ver “Reformador”, nov.-1971, “A “Cidade do Livro” em expansão”, págs. 252/3).
Mas Allan Kardec estava atento, por isso colhia também grandes alegrias: “Deves contar com um esgotamento rápido dos volumes. Quando nós te dizíamos que esse livro seria um grande êxito entre os que tens tido (“ A Gênese “), referíamo-nos simultaneamente a êxito filosófico e material. Como vês, eram justas as nossas previsões. Importa estejas pronto para qualquer momento; as coisas se passarão com maior rapidez do que supões”.Noutras oportunidades, vinham consolações e avisos de prudência: “Ride das declamações vãs; deixai que falem os dissidentes, que berrem os que não podem consolar-se de não serem os primeiros; todo esse arruído não impedirá que o Espiritismo prossiga imperturbavelmente o seu caminho. Ele é uma, verdade e, qual rio, toda verdade tem que seguir seu curso”.“Ai dos que não hajam preparado para si um abrigo! Ai dos fanfarrões que forem ao encontro do perigo com o braço desarmado e o peito descoberto! Ai dos que afrontarem o perigo empunhando a taça! Que terrível decepção os espera! A taça que empunham não lhes chegará aos lábios, antes que eles sejam atingidos!“ (págs. 301, 297 e 299, respectivamente, de “Obras Póstumas”).
O trabalho do livro espírita, quando já penetramos os pórticos da Nova Era, revela-se Fundamental à destinação dos Espíritos, pois está reservada a ele a tarefa gigantesca de levar a cada lar, a cada homem, a substância do conhecimento espiritual capaz de iluminar as consciências. Todo Espírito disporá, num futuro que esperamos não esteja distante, dos elementos essenciais para o auto-conhecimento libertador: “A Terra de todos os séculos sofre a flagelação de dois grandes males. Um deles é a miséria. O outro, e o maior, é a ignorância. É a ignorância a magia negra de todos os infortúnios”.“É preciso ler para saber pensar e compreender. Por esta razão expressiva, o Cristo, que consolou almas aflitas e curou corpos doentes, que patrocinou a causa dos sofredores e construiu caminhos para a salvação das almas nos continentes infinitos da vida, não se afirmou como sendo restaurador ou médico, advogado ou engenheiro, mas aceitou o título de Mestre e nele se firmou, por universal consagração “. (“Falando a Terra”, Demétrio N. Ribeiro, psicografia de Francisco Cândido Xavier, 2ª edição. FEB) “Os elevados colaboradores do Embaixador Sublime examinaram o assunto, por muitos e muitos anos, e, depois de longas marchas e contramarchas, assentaram entre si que o monumento capaz de conservar as lições do Divino Mestre, ao dispor de todas as criaturas e ao alcance de todas as inteligências, era precisamente o LIVRO, o único instrumento apto a preservar os tesouros do espírito, acima dos séculos, na moradia dos homens!...” (“Reformador”. Abr. -1969, Irmão X, médium Francisco Cândido Xavier).
Como não podia deixar de ser, o Comando Supremo do programa do livro espírita continua com seus Excelsos Autores nas Esferas Invisíveis. Allan Kardec teve êxito porque não duvidou da “administração do céu” e com ela manteve ininterrupta sintonia e obediência. A Casa de Ismael também nunca duvidou: continua sintonizada e obediente.

* * *

“Em todos os lugares, vemos o faminto e o ignorante em atitudes diversas. O faminto trabalha afanosamente na conquista do pão. O ignorante é indiferente à posse da luz. O faminto reconhece a própria carência. O ignorante não se define. O faminto aparece. O ignorante oculta-se. O faminto anuncia a própria necessidade. O ignorante engana a si mesmo”.“Seara dos Médiuns”, de Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier, edição FEB.)
Precisamos, “com urgência, sem pressa” (Bezerra de Menezes). Ou seja: com firme programação e sem protelações, fomentar a difusão ampla, profunda, do livro espírita. E é esta uma tarefa em que virtualmente se devem considerar vinculados compulsoriamente todos os adeptos conscientes da Doutrina Consoladora. Os escritores, desencarnados ou reencarnados, elaboram as obras convenientes, a FEB as edita e distribui pelas livrarias e casas espíritas, grandes e pequenas. Se estas não dispõem das obras procuradas pelos interessados, há o serviço de reembolso que, através da EBCT (antigo Correios), as remete para toda e qualquer localidade do Brasil, por menor que seja.

Mas, o trabalho do espírita, para integrar a equipe de voluntários na difusão do livro espírita, direito do qual ele não deve abrir mão, é mais amplo ainda. Tenha ou não encargos de direção em Centros ou Grupos. Para que os objetivos colimados sejam alcançados em profundidade, importa que cada um tenha sua coleção de obras selecionadas, coleção que será menos ou mais rica em número de volumes, segundo as necessidades ou possibilidades próprias. A seguir, observará se o seu Centro ou Grupo dispõe de biblioteca de obras para consulta e empréstimo; se nele existe, periodicamente suprida, pelo menos uma estante de livros para venda aos seus freqüentadores; se em sua cidade já funciona uma barraca de livros (Feira); e, finalmente, se as livrarias comerciais de seu bairro ou cidade vendem livros espíritas. Ê trabalho inegavelmente seu, intransferível, diligenciar no sentido de que, mediante contatos com os responsáveis, tais organizações venham a expor os livros espíritas ao público.
Realizar palestras nas sociedades sobre certos temas contidos nos livros espíritas, recomendando-os ao público, é de grande valia, pois inúmeros companheiros desconhecem que determinadas questões foram tratadas numa ou noutra obra de há muito existente. Além disso, todos podemos presentear livros espíritas. indistintamente. a confrades nossos ou não. Finalmente, providenciar para que as bibliotecas públicas, as das agremiações que integramos — sejam sindicais, desportivas, recreativas ou outras — adquiram ou recebam de espíritas todos os livros doutrinários.
Em suma, o espírita vigilante, atento, agirá para que o livro espírita esteja sempre em toda parte.

Interrompamos, por instantes, a leitura deste artigo. Meditemos. O que acontecerá se os que lêem, e concordam conosco, ao invés de esperarem que a tarefa seja realizada por outros, como muita vez ocorre, arregaçarem as mangas e partirem para o trabalho sugerido? Duas coisas certamente ocorrerão. A primeira, a mais importante, é que teremos começado em todas as frentes, e a um só tempo, a espancar as trevas da ignorância, que ainda infelicitam o consciências; a suprimir os males da superstição e da simonia: a consolar e esclarecer “os filhos do Calvário” e a acelerar o estabelecimento do Reino de Deus no coração dos homens —, tudo em termos evangélicos e populares, porque Jesus pregava a Boa Nova ao indivíduo, falando à multidão. A segunda, por via de conseqüência, é que a FEB terá de produzir mais livros, mas ela para isso já está se preparando há muito tempo.
O Departamento Editorial e o “Reformador” prosseguem no escopo de aprimoramento de suas edições. Proximamente, teremos notícias que alegrarão muito os companheiros do Espiritismo em todo o país. Importante infra-estrutura editorial e gráfica, garantidora de alta produção, está em montagem. Livros e revistas suficientes para todos, talvez ainda neste exercício. Com excelente apresentação, esmero e acabamento. E a integridade dos textos e a pureza doutrinária de sempre.
“Auto-educação — tema constantemente discutido, realização raramente buscada. Ninguém lhe escapa ao imperativo, e podemos afirmar que fora da auto-educação não há evolução”.“Indispensável o estudo em toda iniciativa de auto-aperfeiçoamento. O livro é a chave de luz da porta estreita de acesso aos Planos Superiores”.(“Reformador”, out. -1964, Kelvin van Dine, psicografia de Waldo Vieira.).

Francisco Thiessen
Fonte: Reformador nº 4 – abril, 1972.

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