domingo, 12 de setembro de 2010

A ISSO FOMOS CHAMDOS

Amanhece... O céu ainda coberto por tênue nevoeiro deixa transparecer tons de azul esvanecidos pela sombra da noite, que aos poucos desaparece dispersada pelo nascimento do Sol que desponta no horizonte... A lua minguante, recurvada como um barquinho de brinquedo, segue seu rumo calmo, com seu brilho menos intenso, a nos indicar que com serenidade poderemos vislumbrar a vida que acorda neste novo dia cheio de promessas e expectativas... Há dentro de mim um turbilhão de idéias, de planos para este alvorecer, todavia procuro me acalmar meditando e orando a Jesus para que eu não me perca na pressa nem me acomode na indiferença ao iniciar mais um dia.
Quando somos alvo de problemas que causam desencanto e perplexidade, devemos procurar entender a causa de tudo e acalmar nosso mundo íntimo; buscar nas mensagens do Evangelho de Jesus as lições e diretrizes para desanuviar nossa mente diante dos testemunhos que, certamente, devem auferir se melhoramos nossas atitudes ou se ainda deixamos o orgulho obscurecer nossos melhores sentimentos.
Pois para isto é que fostes chamados, porque também o Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que lhe sigais as pegadas (I Pedro, 2:21).
Passamos a refletir em torno dos problemas que vivenciamos. Sabemos que irão passar e que soluções chegarão para superá-los. Não estamos na Terra para viver somente de prazeres e ilusões, mas sim para os testemunhos diante das aflições que nos procuram em diferentes formas e nos levam a sofrer, muitas vezes, injustamente, se analisarmos apenas nossos atos do presente...
Em sua caminhada evolutiva o ser humano se defronta com situações nas quais são analisadas suas reações e analisados seus comportamentos diante do poder, do dinheiro e da beleza física. Poucos sabem lidar com estes atributos sem ferir o próximo, sem se deixar levar pelas paixões perturbadoras... Dos três, considero o poder o mais perigoso. As pessoas mudam quando dispõem de autoridade material. Tornam-se arbitrárias, prepotentes, insensíveis, usam máscaras procurando ocultar seus conflitos, sua realidade interior...
Muitas o fazem sem perceber que estão causando sofrimentos e prejuízos aos outros...
Julgam-se corretas em suas decisões, não analisam seus gestos e se perdem ante a bajulação dos que as cercam enquanto estão no topo das decisões... Esquecem-se de que tudo é transitório e de que, pela lei de causa e efeito, estão semeando o que colherão no futuro...
Suas atitudes exteriores revelam seu “eu” mais profundo.
Nem o aconselhamento dos mais experientes consegue demovê-las de atitudes impensadas e prejudiciais ao grupo social onde atuam.
Infelizmente, no meio espírita, surgem também pessoas assim, despreparadas para cargos diretivos, iludidas com o poder transitório.
Deveria ser diferente, porque como espíritas desejosos de abraçar a causa do Espiritismo e vivenciar os ensinamentos de Jesus em quaisquer situações da vida, mesmo enfrentando muitas dificuldades, não poderíamos nos deixar levar pelas perigosas tentações do poder...
Todavia, nos verdadeiros espíritas há um grau de discernimento que os torna mais fortes e imune às arbitrariedades, porque se sentem fortalecidos quando a luz do Evangelho se aloja em seu coração, iluminando sua mente.
Alterações profundas acontecem em seu mundo íntimo:
Não se envaidecem ao ocupar posições de destaque; afastam o egoísmo de seu mundo íntimo; evitam dissensões, maledicências e comentários levianos; defendem os mais fracos e não abusam do poder para ferir a quem quer que seja; são simples e humildes, buscando sempre entender o outro, mesmo que discordem de suas opiniões; não impõem sua vontade e buscam sempre o equilíbrio íntimo e a convivência harmoniosa com os que estão caminhando ao seu lado.
São almas livres, sem as algemas do preconceito, da vaidade e das ilusórias conquistas materiais, sabendo que são transitórias as posições, as glórias e o poder...
Quando os ensinamentos de Jesus iluminam nossa consciência para acertarmos nossos passos na senda do progresso moral, nossa sensibilidade aumenta e começamos a perceber nuanças que antes nos eram desconhecidas... Sentimo-nos mais suscetíveis de entender o outro em suas dores e aflições...
Todo crescimento e toda mudança causam sofrimento e desconforto íntimo.
Por estarem mais sensíveis, aguçam suas percepções e padecem incompreensões e distanciamento dos que antes se acercavam deles com objetivo de receber ajuda ou obter alguma vantagem.
Na hora do testemunho geralmente estamos sozinhos...
Mesmo rodeados dos que são verdadeiramente amigos e querem nos ajudar, nos sentimos isolados do mundo... É quando buscamos na fé e no amor de Deus a coragem para prosseguir...
Em nossas fileiras espíritas, quando somos defrontados por problemas e sofremos incompreensões dos que deveriam nos estender as mãos, temos que vigiar as nascentes do coração e ouvir as lições de Jesus que enriquecem nosso mundo íntimo, convidando-nos à reflexão em torno dos valores reais da vida, da aceitação da lei divina, e buscar no recôndito de nossas almas o conforto espiritual para vencermos, os desafios do caminho.

Emmanuel nos diz que:
Se nos encontrarmos, pois, em extremos desajustes na vida íntima, em face dos problemas suscitados pela fé, saibamos superar corajosamente os conflitos da senda, optando sempre pelo sacrifício de nós mesmos, em favor do bem geral, de vez que não fomos trazidos à comunhão com Jesus, simplesmente para o ato de crer, mas para contribuir na extensão do Reino de Deus, ao preço de nossa própria renovação.
E enfatiza que não podemos desistir da luta, nem recuar diante do sofrimento, mas sim aprender a usá-lo na concretização de nossos ideais de amor e crescimento espiritual por meio da fraternidade, da compreensão, do ânimo e da alegria, prosseguindo corajosos e livres.
Jesus nos deixou o roteiro, e se fomos chamados a servir, caminhando ao seu encontro, teremos que alijar de nosso coração a mágoa, o desencanto, o desânimo, buscando sempre evidenciar que já estamos seguindo seus ensinamentos e já conhecemos o quanto ainda nos falta crescer para chegarmos até Ele.
“A isso fomos chamados”...

Lucy Dias Ramos
REFORMADOR SET.2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário