sábado, 4 de abril de 2009

COMBATER A IGNORÂNCIA EM SI MESMO

A Felicidade, que é um estado-de-ser do espírito, que deve e pode ser natural na intimidade da alma, é erroneamente procurada pelo homem de todos tempos – encarnado ou fora da carne –, em bens materiais. É preciso que se entenda que a felicidade não é uma euforia ou contentamento que surge em nosso mundo superficial e logo, mais ou menos com a mesma espontaneidade com que chegou, desapareça. Ela não é uma alegria repentina, não é também um êxito que se alcance numa atividade qualquer, ou a conquista de um afeto que dure até o momento da primeira decepção, e também nunca está na posse de uma fortuna material que se possa perder em determinado instante.
A felicidade é um estado de ventura do espírito, em plano definitivo sempre crescente e de forma alguma retroativo. Não é aquela do texto bíblico, em Jó: "Como nuvem passou a minha felicidade" (Jó, XXX, v. 15).Nunca nos lembramos de que haja Jesus em momento algum falado em felicidade. Mas referiu-se ao reino dos céus inúmeras vezes, dando a entender não ser ele deste mundo, talvez querendo explicar que o reino prometido não é um estado material, inconsistente, mas definitivo no espírito de quem o tenha alcançado, como o percebemos nesta passagem de João (XVIII, v. 36 - in fine): "Mas agora o meu reino não é daqui."
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O apóstolo Paulo, em sua epístola aos efésios, capítulo IV, vv. 17 a 19, faz a seguinte advertência, que pode ser válida também para nós: "E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam os outros gentios, na vaidade do seu sentido, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do coração; os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza."
Ora, companheiro complacente que nos lê, nenhum espírita que estude e se aprofunde no conhecimento da codificação do espiritismo, na qual repousa toda a ciência da novel doutrina, tem direito à justificativa de ignorância, porque até onde nos é permitida a capacidade de aprender e raciocinar, tudo está esclarecido, e em condição de conduzir o espírita que se tenha feito caracterizar como homem de bem à sua preparação para a felicidade verdadeira e definitiva.
Não obstante, têm existido desde o tempo de Kardec companheiros que cometem enganos muito graves, a todo momento. E conseguem muitas vezes formar adeptos – o que lhes agrava ainda mais a situação – tornando-os responsáveis pela queda de outros... Pois bem, a esses companheiros está entregue, aqui ou ali, por invigilância de alguns, a direção de casas espíritas de funções valiosas no movimento do Consolador Prometido. Dentre esses há espíritas – pasme, leitor! – que apregoam até a REENCARNAÇÃO DE JESUS!...
Encarnação do governador do planeta não nos causa espanto. Allan Kardec, nisso, quase se equivocou, o que consideramos muito natural, no sentido em que o fato ocorreu! Por que Maria (talvez houvesse pensado ele assim) não podia dar a José um filho – Jesus? Maria seria a sua mulher, afinal de contas... Mas reencarnação?!... É ignorância demais! E o codificador do espiritismo nunca o afirmaria. Porque é também desconhecimento do Evangelho (João, XVII, vv. 5 e 24). E demonstra, sobretudo, ignorar ciência espírita.
Outra lastimável ignorância é a perseguição cerrada e desarrazoada à obra dos espíritos superiores através da mediunidade ímpar da senhora Emilie Collignon, que o dr. J.-B. Roustaing ordenou e, pela fé consciente e raciocinada, fez publicar às suas expensas! Lastimável ignorância, sim, porque Allan Kardec declarou tratar-se de obra "que tem para os Espíritas, o mérito de não estar em ponto algum em contradição com a doutrina ensinada pelo Livro dos Espíritos e pelo Livro dos Médiuns", e mesmo as partes tratadas por ele, Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo o estão em sentido análogo. E o Codificador disse mais, em seu artigo publicado na Revue Spirite n° 6, de junho de 1866: "É uma obra que será consultada com fruto pelos Espíritas sérios."
Que querem mais esses nossos irmãos adversários do dr. Roustaing? Fazem questão de ser inimigos dele, pois sejam... Mas deixem em paz, por favor, a grandiosa mensagem dos Espíritos do Senhor, que tanto esclarecimento trouxe aos espíritas sérios!Temos em nosso poder os originais dos doze números da Revue Spirite – Journal D'Études Psychologiques, do ano 1866, encadernados pela tipografia de Rouge Frères, Dunon et Fresné, de Paris. Desse modo, para que não haja dúvida sobre nossas palavras, transcreveremos, abaixo, os textos originais, em francês, do pensamento do Codificador.
Isto posto, com sabedoria e honestidade, à parte as digressões acima, e em nada separados de Deus pela ignorância, como nos adverte o apóstolo das gentes, sejamos efetivos trabalhadores da Vinha do Mestre, sem que nunca venhamos a nos constituir em qualquer dano à obra do Pai, conforme nos fala ao coração o Espírito de Verdade, na última mensagem sua no capítulo XX de O Evangelho segundo o Espiritismo...
"C'est un travail considérable, et qui a, pour les Spirites, le mérite de n'être sur aucun point en contradiction avec la doctrine enseignée par le Livre des Esprits et celui des médiums. Les parties correspondantes à celles que nous avons traitées dans 1'Evangile selon le Spiritisme le sont dans un sens analogue."

"Ces observations, subordonées à la sanction de l'avenir, ne diminuent en rien l'importance de cet ouvrage qui, à côté de choses doutesses à notre point de vue, en renferme d'incontestablement bonnes et vraies et sera consulté avec fruit par les Spirites sérieux."

(Texto retirado do livro O Futuro da Humanidade, III Parte, "Acertos do homem para a Felicidade", de autoria de Inaldo Lacerda Lima.)
ria ou contentamento que surge em nosso mundo superficial e logo, mais ou menos com a mesma espontaneidade com que chegou, desapareça. Ela não é uma alegria repentina, não é também um êxito que se alcance numa atividade qualquer, ou a conquista de um afeto que dure até o momento da primeira decepção, e também nunca está na posse de uma fortuna material que se possa perder em determinado instante.

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