Havia um jovem, famoso na Mesopotâmia, que era conhecido como pescador de homens. Seu nome era Josué Bem Josuá e toda a região lhe conclamava feitos.
E vocês perguntarão, acostumados a ouvir falar de Jesus, o pescador de homens:
Como poderia esta criatura tão famosa ser, sem ser profeta, pescador de homens?
Acontece que naquela época havia uma arma bárbara que servia para aprisionar o inimigo. E na Mesopotâmia ela era largamente usada. Era uma rede de fios de aço, muito pesada, que era atirada sobre as criaturas que caíam e se debatiam aprisionadas. Esse jovem ficou famoso porque era o exímio na arte de lançar a rede que, na época, era conhecida como maldição, como símbolo da morte, como símbolo de cativeiro, como símbolo de tormento.
Mas eis que Josué, por ter muitos parentes em Jerusalém, para lá se dirigiu, no vigor de sua juventude, heróico, forte, destemido, onde passou a usufruir das regalias que as noites de Jerusalém também ofereciam. Ébrio de juventude, usufruía de todos os prazeres.
Como era um jovem muito belo e com muita fama, logo foi aceito nos palácios romanos e mais se intensificou o processo de degradação moral daquele jovem.
Certo dia, depois de muito cansado, de tantas orgias, de tantas bebidas e de tanto banquete, ele se retirou, já manhãzinha, para a borda do lago de Genezaré, quando ouviu três pescadores, que jogavam a rede nos barcos para a pesca, comentarem:
Pois foi assim que ele me chamou, chegou e disse: venha comigo ser pescador de homens. E eu não reagi, tudo abandonei, sem pensar no meu sustento daquele dia e o segui.
E Josué pôs-se então a meditar: mas que coisa mais estranha, alguém chamar três pescadores para serem pescadores de homens? Um, sem muito rigor embora ainda forte e rijo, os outros dois, muito jovens. E como? Ele não sabia que em Jerusalém se usava a rede para pescar homens.
E aproximou-se deles e disse:
Eu sou exímio na arte de jogar a rede e pescar homens. Quem os convidou para esta tarefa? Não ouvi falar que seja costume aqui em Jerusalém jogar a rede para a captura de um inimigo. Nós fazemos isto na guerra. Como pode passar e chamar vocês para serem pescadores de homens.
E eles olharam assombrados aquele jovem e um deles, o mais enérgico e mais velho, falou:
Olha meu rapaz, esse que nos chamou para sermos pescadores de homens não joga a rede para capturar homens como nós capturamos peixes. Nós pegamos peixe para o nosso sustento e aqueles que capturam homens com a rede, capturam para a degradação e para a morte. Ele não. A sua voz comanda, mas o seu coração é bondoso. Não sabemos ainda o que ele espera de nós, mas sabemos que ele vai nos pedir o que Deus pediria se ele entre nós estivesse em pessoa.
E aquele jovem ficou a meditar. Sinceramente ele não conseguia entender nada e foi descansar porque o cansaço o dominava inteiramente, não o deixando concatenar as idéia com clareza.
Já à noitinha, despertou sem muita vontade de procurar prazeres. Cedo se recolheu e de manhãzinha já estava ele junto aos pescadores. E o pescador mais velho falou-lhe:
A que vens agora, rapaz, perguntar novamente pelas redes?
E ele falou:
Não, eu gostaria que me falassem mais sobre este homem. Quem é ele? Ele está serviço de César ou do Judaísmo? Quem é esse homem?
E ele respondeu:
Este homem se chama Jesus e é um novo profeta. Só por aí você pode ver que violência não encontraremos nele, muito menos lançar as redes que você está acostumado a lançar. Ele é profeta e é um grande profeta. Nós acreditamos nele e grandes coisas ele nos ensina. Nossa convivência é muito pequena com ele, mas não precisamos de convivência maior do que a que já tivemos para saber que ele fala o verbo de Deus.
E o jovem passou a observar de longe os três pescadores, até que um dia surgiu o profeta tão esperado. Passou por ele, Josué, sem olhá-lo. Ele o seguiu sentindo que emanava Dele uma força que o obrigava, mesmo sem vontade a segui-lo. Em nenhum momento o olhar daquele homem se voltou para ele. Houve instantes em que ele chegou a ficar lado a lado e, mesmo assim, Ele não voltou o olhar. Mais cismarento ele ficou: “Que homem estranho! Se ele é profeta, todos os profetas estão muito preocupados em ensinar e arranjar muitos seguidores, parece que esse homem seguidores não deseja a não ser àqueles que ele convoca”.
E ele foi seguindo a Jesus. Foi vendo de muito de perto os seus milagres, suas curas; teve acesso à casa de Pedro e se alimentou com todos os discípulos. Muitas vezes oferecia a Jesus água e uma códea de pão e mesmo assim Jesus nunca lhe olhava. Não suportando mais aquela situação, um dia, Josué Bem Jesuá falou com Jesus:
Senhor, me perdoe. Porque eu, estando sempre ao seu lado, porque eu, lhe oferecendo água e pão, porque lhe seguindo em todos os momentos, não me fita?
E Jesus respondeu:
Josué Bem Jesuá você veio de terras onde o pranto se fez muito forte e seus braços musculosos e saudáveis foram usados para aprisionar criaturas indefesas. Se fossem aprisionados só homens, Josué! Mas quantas vezes você jogou a rede para tornar cativas mães e jovens. Quantas e quantas vezes você ganhou ouro em troca de jovens virgens que eram arrancadas do lar paterno para saciar o prazer de reis e de vassalos de Sataná?
E Josué recuou. Ele não se vangloriava daqueles feitos e só ele sabia que muitas vezes havia aprisionado jovens mães que abraçadas a seus filhinhos, tombavam e seus filhinhos eram arrebatados de seus braços para serem vendidos como escravos.
Josué baixou a cabeça e chorou.
Jesus lhe falou:
Lave, Josué, sua alma no pranto, mas o pranto não basta. É preciso que você transforme a maldição da rede numa benção de trabalho e amor. Daqui a algum tempo você estará preparado para ser pescador de almas. Por enquanto, siga-me.
E Josué passou a seguir a Jesus sem nada pedir. Humilde, em qualquer situação, procurava ajudar. Era sempre o emissário pronto a servir a qualquer hora, a qualquer hora, a qualquer instante. E quantas vezes, depois de todos se retirarem da casa de Pedro para os seus lares, ele passava as noites como um cão de guarda, sentado à porta de Pedro, esperando que o dia amanhecesse para seguir Jesus, que amanhecesse aquele dia, aquele dia muito especial, em que ele pudesse realmente não só seguir a Jesus mas servir Jesus.
E assim foi todo o transcorrer da vida de Josué, até que, em holocausto sublime, ele entregou também a sua vida, na arena de renovação, para, em posteriores reencarnações, sanar todo o mal que fizera, com dedicação, como cristão.
Salve Jesus Nosso Mestre e Senhor!
Glaucus
Psicografia de Shyrlene Soares Campos
Mensagem extraída do livro Ânfora de Luz, do Núcleo Servos Maria de Nazaré
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