segunda-feira, 22 de março de 2010

O POLÍTICO

Irmãos, meu nome na Terra foi adjetivo de morte e desventura. O desassossego foi meu companheiro fiel de jornada, nesta minha última passagem pelo mundo. Provoquei múltiplas desordens e sofri duro castigo devido ao julgamento de minha própria consciência.

Ela acusou-me tenazmente por tempos que pareciam ser eternos.

Confundi civilizar com conquistar e manter a ordem com massacrar. Na minha sede de poder, instiguei o ódio ao invés da tolerância, jogando homens contra homens. Enfraquecer pela desunião para obter vitória, era a minha forma de agir preferida, com a qual usurpei posses alheias e amealhei poder, o que custou inúmeras vidas e a felicidade de muitos.

Permaneci todo o meu tempo na Terra, buscando o domínio sobre os mais fracos e a enganar os fortes, para atingir objetivos de cobiça e de uma vaidade desenfreada. Eu desejava profundamente ser idolatrado, o que levou-me à perdição.

Após minha passagem para o mundo dos mortos, sofri perseguições de adversários revoltados e de homens comuns, os quais sobrepujei com o uso da inteligência, de modo vil.

Espero ter aprendido a dolorosa lição e agora tenciono que este relato sinalize, claramente, o perigo que há em agir mal, sobretudo para aqueles que trilham o mesmo caminho que percorri recentemente. Desejo que os governantes de toda espécie não esqueçam que o túmulo é rumo inevitável aos mortais, e que, após a transição natural da morte, nos defrontamos cruamente com as nossas dúvidas e fraquezas. Não se engana a própria consciência, nem se acoberta a verdade com falácias ou promessas mentirosas. A utopia ou a mentira não têm guarida do lado de cá da vida.

Sigo hoje, com passos trôpegos, à busca de equilíbrio e de uma nova meta para a minha alma. Tenho sede de realizar algo de bom, com que possa realmente me orgulhar.

Tenho sede da Verdade. Não quero mais que me julguem virtuoso ou competente, quando não possuir tais boas características. Desejo apenas ser reconhecido como trabalhador honrado.

Ainda agora, desequilibro-me ao recordar os sentimentos que alimentaram minha última personalidade terrena. Por isso, rogo a todos que vierem a ler esta mensagem, que possam emitir pensamentos de estímulo para com a minha pessoa. Peço que evitem a indiferença ou a franca reprovação. Explicaram-me, onde estou, que o perdão é o passo inicial para a recuperação dos faltosos de qualquer espécie. Sem o perdão, não estaremos fortalecidos o suficiente para reencetar uma nova tentativa de aprendizado.

Assim, despeço-me reiterando meus pedidos de boas vibrações e desejando que minhas palavras sejam também esclarecedoras e úteis a todos.

15/05/1995

Mensagem do livro: Depoimentos do além

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