Nessa minha vida de espírita eu escuto de tudo, escuto comentários que às vezes dá vontade de rir e outros que dão vontade de chorar. Meu Deus, quanta ignorância a respeito da vida e das leis espirituais. Nesses comentários, o que eu realmente vejo são as pessoas fugindo de assumir a responsabilidade sobre suas vidas, de encarar a realidade e o pior, culpando os outros pelos seus desencontros e suas decepções. Um dos bodes expiatórios mais populares são os espíritos. Coitados deles, são responsabilizados por tudo, da dor nas costas a queda de cabelo, é mole? Mas é verdade gente, ninguém quer encarar a realidade de que são elas próprias que constroem o próprio destino.
Nas minhas viagens para realizar palestras e no meu programa de rádio eu costumo escutar coisas do tipo: “meu marido bebe por que tem um espírito que faz ele beber”, “meu marido não deixa a outra mulher por que ela botou um encosto nele” e ainda “um espírito entrou em mim e eu quebrei tudo lá em casa”. E pasmem, na maioria das vezes elas são espíritas e justificam todas essas asneiras usando a questão 459 de O Livro dos Espíritos, quando Allan Kardec pergunta: “Os espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?” Respondem os espíritos: “Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito freqüentemente são eles que vos dirigem.”. Elas não estudam com profundidade o Espiritismo e nem refletem coisas básicas do tipo: como se processa essas influências? Que leis regem essas influências? E até onde vão essas influências?
Mas a espiritualidade não nos deixa dúvidas. Quem realmente estuda, aprende que as influências espirituais são regidas pela lei de sintonia e afinidade, que somos nós com as nossas atitudes mentais e comportamentais que atraímos os espíritos evoluídos ou os atrasados para junto de nós, e que como tudo na vida, isso tem conseqüências e às quais não poderemos fugir. Pois como diz o espírito Joanna de Ângelis no seu livro Plenitude: “Somente há obsessão e sofrimento, por que se elegem os comportamentos doentios em detrimentos daqueles outros positivos”. Não são eles que nos trazem os vícios e as paixões, mas somos nós que, com os nossos vícios e paixões, atraímos as companhias espirituais desequilibradas. Temos livre-arbítrio e ninguém, seja espírito encanado ou desencarnado conseguirá nos influenciar a fazermos uma coisa a qual não queiramos. Culpar os espíritos pelas nossas falhas é fugirmos de encarar a realidade e a necessidade de dirigirmos a nossa própria existência.
O próprio Allan Kardec nos chamou atenção em O Livro dos Médiuns a “evitar atribuir à ação direta dos espíritos todas as nossas contrariedades, que, em geral, são conseqüências da nossa própria incúria ou imprevidência”. Você continuará sempre sendo o que você faça de você. A influÊncia espiritual existe e existirá de acordo com o que você é, e não determinando o que você será. Portanto não culpe os espíritos pela bebida, pela traição e pelos desequilíbrios que na maioria das vezes eles são meros coadjuvantes, e você a estrela principal, pois é você quem escolhe os pensamentos, quem escolhe as atitudes e quem desencadeia os fatos.
Reflita antes de culpar os espíritos, porque se você for investigar a origem e a causa das obsessões as encontrará em você mesmo. É você quem abre a fresta e dá espaço, a influência negativa ou quem eleva o pensamento e sintoniza com a espiritualidade maior agindo sempre da melhor maneira possível. É hora de mudarmos a postura e entendermos as verdades básicas da vida. Você está onde você se põe. Só quando assumirmos o compromisso de cuidarmos de nós mesmos é que conseguiremos viver a felicidade que tantos sonhamos. Felicidade que não é privilegio, nem dádiva. Felicidade é conquista de quem escolheu ser feliz.
Por José Antonio Ferreira da Silva
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