sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

JESUS E DECISÃO

A um jovem, que parecia disposto a in­gressar na Nova Era, candidatando-se a se­gui-lO, Jesus propôs o convite direto, sem preâm­bulos.
Apesar do interesse que se refletia na face ansioSa, o moço, receoso, esquivou-Se sob a justi­ficativa de que iria antes sepultar o genitor que havia morrido.
Diante da resposta que parecia justa, o Mes­tre foi, no entanto, contundente, informando-o “Deixa aos mortos o cuidado de sepultar os seus mortos; mas tu, vem construir no coração o rei­no de Deus”.
Pode causar estranheZa a atitude e proposta de Jesus a um filho que pretendia cumprir com o seu dever imediato: no caso, enterrar o pai de­sencarnado.
É provável que esse fosse o seu intento real, adiando o engajamento na tarefa da vida eterna. Todavia, é possível que o moço ocultasse alguma outra intenção.

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O desejo de estar presente ao velório e à inu­mação do cadáver talvez significasse a preocupação de ser visto como um filho cuidadoso e fiel, merecedor da herança que lhe cabia.
Alguma disposição testamentária, provavel­mente, exigia-lhe o cumprimento desse dever fi­nal, sob pena de perder o legado. Então, a sua presença não significaria um ato de amor, mas um ato de interesse subalterno.
Os bens materiais, não obstante possuam utilidade, favorecendo o conforto, o progresso, a paz entre os homens quando bem distribuí­dos, são, às vezes, de outra forma, algemas cruéis que aprisionam as criaturas, e que, transitando de mãos, são coisas mortas, que não merecem preferência ante as verdades eternas.

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Igualmente se pode pressupor que o rapaz, ainda cioso da sua juventude, não estivesse dis­posto a renunciá-la, encontrando, na justifica­tiva, uma forma nobre para evadir-se do compromisso.
Os gozos materiais são cadeias muito vigo­rosas que jugulam os homens às paixões primiti­vas que deveriam superar a benefício próprio, mas que quase sempre os levam à decomposição moral, à morte dos ideais libertadores.

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Quiçá a preocupação a respeito da nova res­ponsabilidade causasse no candidato um receio injustificado, levando-o à escusa com o argu­mento apresentado.
O medo de assumir compromissos graves impede o desenvolvimento intelecto-moral do indivíduo, mantendo-o estacionado na rotina despreocupada e monótona do seu dia-a-dia.
O convite de Jesus faz-se acompanhar de um programa intenso, iniciando-se na renovação íntima para melhor, e prosseguindo na ação cons­trutiva do bem em toda parte.
O medo é fator dissolvente da individuali­dade humana, responsável por graves desastres e crimes que poderiam ser evitados.
É força atuante que conduz à morte das realizações dignificantes e das próprias criaturas.

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Por fim, suponhamos que o sentimento filial prevalecesse na resposta e ele estivesse preocupado com o pai desencarnado.
Ainda assim, qualquer pessoa poderia sepul­tá-lo, mas ninguém, exceto ele mesmo, poderia encarregar-se da sua iluminação.
Jesus era a sua oportunidade única.
Jesus penetrou-o e sabia o motivo real da sua recusa. Porém, deixou-o livre para decidir-se.
Ele foi sepultar o progenitor e não voltou.
Perdeu a oportunidade.
Muitos ainda agem assim.

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Observa o que clegeste para a tua atual exis­tência: seguir a vida e vivê-la ou acumular tesouros mortos para sepultá-los no olvido.
Desnuda-te interiormente e contempla-te. Que possuis de real, que a morte não te arre­batará, e o que seguirá contigo?
Usa de severidade neste exame de consciên­cia e toma o lugar do jovem convidado.
Que responderias a Jesus nesse momento?

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Queixas-te dos problemas que te aturdem e os relacionas, ignorando ou tentando desconhecer que estás na Terra para aprender, resga­tar, reeducar-te.
Olha ao redor e compreenderás o quanto é urgente que te decidas pelo melhor e duradou­ro para ti como ser imortal que és.
Postergando a decisão, quando então a to­mar, provavelmente as circunstâncias já não se­rão as mesmas e a tua situação estará diferente, talvez complicada.
O momento é este.
Deixa-te permear pela presença dEle e, fe­liz, segue-o.
Com tal atitude os teus problemas muda­rão de aparência. perderão o significado afligen­te, contribuirão para a tua felicidade.
Renascerás dos escombros e voarás no ru­mo da Grande Luz, superando a noite que te aturde.
Joanna de Angêlis

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