QUESTÃO 1017 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Parte Quarta
Das esperanças e consolações
CAPÍTULO II
DAS PENAS E GOZOS FUTUROS
Paraíso, inferno e purgatório
1017. Alguns Espíritos disseram estar habitando o quarto, o quinto céus, etc. Que querem dizer com isso?
“Perguntando-lhes que céu habitam, é que formais idéia de muitos céus dispostos como os andares de uma casa. Eles, então, respondem de acordo com a vossa linguagem. Mas, por estas palavras - quarto e quinto céus - exprimem diferentes graus de purificação e, por conseguinte, de felicidade. É exatamente como quando se pergunta a um Espírito se está no inferno. Se for desgraçado, dirá - sim, porque, para ele, inferno é sinônimo de sofrimento. Sabe, porém, muito bem que não é uma fornalha. Um pagão diria estar no Tártaro.”
A.K.: O mesmo ocorre com outras expressões análogas, tais como: cidade das flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda ou terceira esfera, etc., que apenas são alegorias usadas por alguns Espíritos, quer como figuras, quer, algumas vezes, por ignorância da realidade das coisas, e até das mais simples noções científicas. De acordo com a idéia restrita que se fazia outrora dos lugares das penas e das recompensas e, sobretudo, de acordo com a opinião de que a Terra era o centro do Universo, de que o firmamento formava uma abóbada e que havia uma região das estrelas, o céu era situado no alto e o inferno em baixo. Daí as expressões: subir ao céu, estar no mais alto dos céus, ser precipitado nos infernos. Hoje, que a Ciência demonstrou ser a Terra apenas, entre tantos milhões de outros, uns dos menores mundos, sem importância especial; que traçou a história da sua formação e lhe descreveu a constituição; que provou ser infinito o espaço, não haver alto nem baixo no Universo, teve-se que renunciar a situar o céu acima das nuvens e o inferno nos lugares inferiores. Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe fora designado. Estava reservado ao Espiritismo dar de tudo isso a explicação mais racional, mais grandiosa e, ao mesmo tempo, mais consoladora para a humanidade. Pode-se assim dizer que trazemos em nós mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso. O purgatório, achamo-lo na encarnação, nas vidas corporais ou físicas.
COMENTÁRIOS DE MIRAMEZ
CÉUS DIFERENTES
CÉUS DIFERENTES
As comunicações dos Espíritos sobre o céu e o inferno, como já falamos, leva o cunho das necessidades espirituais de cada criatura, compreendendo que a verdade não pode ser dita de sopetão aos que não estão preparados para ouvi-la.
Muitos Espíritos, na verdade, dizem que moram no primeiro céu, outros no segundo ou terceiro ou quinto, assim sucessivamente, por falta de linguagem e mesmo de entendimento das criaturas. Mas, com a Doutrina Espírita, pode-se dizer a verdade, que esses "lugares" passam a ser dentro das criaturas, no grau de perfeição que a alma atingiu. Contudo, essas almas têm um lugar de morada, colônias espirituais nas esferas compatíveis com os seus progressos, onde se reúnem por sintonia de elevação. Essa é a lei de justiça.
Aquele que anda somente no bem comum, que entende e pratica a caridade, que conhece o amor e ama, verdadeiramente está penetrando, mesmo na carne, no céu, onde a consciência está tranqüila e o coração em paz. Os céus são diferentes, porque se encontram em cada Espírito, com diferenças características do estado de cada um.
Devemos acreditar na bondade de Jesus, que nos mostrou um Deus de amor e nos ensinou que se semearmos a luz, encontraremos claridades nos nossos caminhos. A vida no corpo é passageira; se a perdermos no trabalho do bem comum, ganharemos a vida maior, foi o que nos disse o Mestre.
Porquanto, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa, achá-la-á. (Mateus, 16:25)
A causa de Jesus é a maior de todas na Terra, é a causa do bem da coletividade, é a causa do amor, é a causa de nós mesmos, na função da verdade espiritual. Quando falamos em um céu, ficamos em busca deste lugar santo, e quando somos cientes de que esse lugar se encontra dentro de nós, passamos a nos alegrar mais, por estar ele tão perto. Deus e Cristo, tudo pode ser encontrado na nossa intimidade.
Os lugares de sofrimentos que se propagavam antigamente, nos traziam ao coração um estado de angústia, por não sabermos ao certo se iríamos para esse lugar de trevas ou para o céu dos eleitos. O céu que iremos encontrar, são condições que conquistamos com o tempo, por esforço próprio, sob as bênçãos do Cristo.
A Doutrina dos Espíritos vem nos dizer muitas coisas que ignorávamos e nos dá muita satisfação em ouvir as mensagens dos benfeitores da eternidade junto a toda a humanidade, fazendo chover luzes de amor e de caridade em todos os corações, para que as sementes de paz frutifiquem no celeiro da razão, de modo que ela passe para a consciência, dando-nos mais vida.
Iluminar é o nosso roteiro de vida, e para tanto devemos trabalhar em todos os rumos, ajudando e servindo em todos os ângulos, de maneira a conquistar a tranqüilidade imperturbável da consciência.
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