sábado, 20 de agosto de 2011

A LEI DO PERDÃO


"Concilia-te com teu adversário, enquanto está a caminho com ele, antes que ele te entregue ao juiz e este te envie para prisão" - Jesus. (MAT. 5 – 25)

A Lei manda que nos reajustemos com o ofendido; isto, de preferência, antes que sejamos por ela julgados.

Quando ofendemos alguém, o débito é indireto para com o ofendido, e direto para com a Lei.

Admitamos que tenhamos ofendido uma pessoa de espírito elevado e que esta não houvera sentido a ofensa; nem por isso a falta deixa de existir.

Para corrigir o erro cometido, a reconciliação restaura em parte a nossa culpa, porém, sem dúvida alguma, sofreremos com atenuantes ou agravantes o mal que fizermos aos outros. Para nós que estamos na fase do aprendizado, estamos incluídos no "Quem com ferro fere, com o ferro será ferido". Ao sofrermos as conseqüências das faltas cometidas, vamos aprendendo a não mais cometê-las.

O ideal seria não existir o perdão; isto é, nunca cometermos erros para que venhamos precisar do perdão ou sentirmo-nos ofendidos a ponto de haver necessidade de sermos perdoados. Enquanto não chegarmos a esse estado de espirito, continuemos perdoando, conforme Jesus recomendara: “não sete vezes, mais setenta vezes sete vezes".

"Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um desses pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.

Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mais ai do homem pelo qual venha o escândalo!

Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.

“Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança fora de ti; melhor entrares na vida com um dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno do fogo”. (Mateus 18:6-9)

Por este relato, Jesus demonstrou a responsabilidade do erro, sendo que este é um dos grandes obstáculos que se interpõem ao ingresso de nossa libertação espiritual. Para tanto, necessário é voltar ao aprendizado, isto é, tornar ao corpo físico, tantas vezes quantas necessárias for atendendo ao imperativo do reajuste.

Não encontramos em nenhum capítulo Bíblico, salvo as enxertias, que o Reino dos Céus esteja à disposição de almas em pecado. Jamais poderemos estar em região alguma que não seja compatível com o nosso estado espiritual. A nossa condição vibracional tem que estar em harmonia com o ambiente em que respiramos.

Trata-se de uma normativa de conduta para os viajores da eternidade. Porque se dependesse unicamente de uma existência física, o céu ficaria praticamente vazio. A estada do Cristo entre nós teria sido vã e na separação das cabras e ovelhas não teríamos ovelha alguma; por certo só daria cabra na cabeça. * (alusão ao popular jogo do bicho)

Continuaríamos na triste condição de cabras a pastar, só encontrando nas ervas a razão para viver.

O fato de perdoar ou não, sentir-se ofendido ou não, está inserido no estado de espirito de cada um de nós. Paira sobre tudo a necessidade de reformular velhos conceitos, por sinal, alguns até já cristalizados nas entranhas de nossas almas, substituindo-os por outros objetivos de superioridade manifesta, de forma que a tranquilidade seja a tônica de nosso patrimônio espiritual, através das virtudes conquistadas com bravura e perseverança.

Você sabe que foi péssimo ser ofendido, tornou-se pior ofendendo também.

O revide é fácil, é próprio dos fracos. O corajoso suporta a ofensa e mantém o equilíbrio; o fraco destrambelha-se todo, permitindo que a ira comprometa a sua própria saúde física, desestabilizando a razão, cegando, temporariamente, o bastante para deixar frestas abertas em suas defesas que serão invadidas por vibrações de igual teor, danificando por muito tempo o seu estado físico e psicológico.

É bem diferente daquela passagem que Jesus, já preso e diante de Caifaz, respondendo a este com firmeza e humildade, recebe de uns dos soldados uma bofetada, agravada pela ironia: "é assim que responde ao Sumo Sacerdote”? Jesus , mais uma vez sereno, vira-se para o agressor e pergunta: "Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que me feres?" Depois desta, embora não haja nada escrito a respeito, duvido que aquele soldado tenha morrido sem antes fazer-se cristão. A pergunta dirigida ao esbirro ultrapassara aos ouvidos, a consciência, sem atingir a razão; focou-lhe direto com o poder da humildade, o coração endurecido. E este por certo quedou-se, como as trevas quedam-se diante da luz.

A humildade tem poderes para dissipar as trevas, instantaneamente.

Quase sempre, quando a dor de cabeça nos atormenta, basta às vezes um comprimido de aspirina, ou semelhante, para dissipá-la. Assim é o perdão, tal qual o comprimido que precisamos ingerir para que não soframos tanto. Em primeiro lugar, necessitamos de aprender a perdoar a nós mesmos. Isto conseguido, o opositor quedar-se-á, também, não encontrando espaço para tornar a atingir-nos. "Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai Celestial vos perdoará" – Jesus (Mateus 6 - l4: 15) Até parece coisa de criança (se me deres, eu te darei; se não me deres também não te darei). Parece, mas não é. Se desejarmos receber, é necessário aprender a dar primeiro. Talvez seja este o primeiro passo para a caminhada redentora.

A Providência Divina dá sem que tenhamos méritos para tanto; é o "acréscimo de misericórdia”. É a imagem de um Pai que não deixa de socorrer um filho apesar da rebeldia deste e que quase sempre não sabe valorizar a ajuda paternal, mas "aquele que muito recebeu, mais lhe será exigido”.

O "oferecer a outra face" não se entende na permissividade de ser submisso. É não guardar ressentimentos de quem quer que seja. Parece que não, mas quem fica sempre mal é o ofensor. Mesmo não tendo consciência plena do erro cometido, sem dúvida, carregará o sentimento de culpa mesmo sem querer assumi-lo. O importante é que há de repará-lo. Só assim se libertará da falta cometida, assimilando o caminho da retidão. – Deus é paciência...

Quando cometemos uma série de erros, e nos fazemos irredutíveis na maneira de agir, Deus utiliza os nossos próprios erros e faz deles um amargo remédio para o nosso restabelecimento.

"Que mal fiz a Deus, para sofrer tanto?" – Pergunta comum para quem está passando por dura expiação. Outra: "até parece que atirei pedra na cruz".....

Realmente, o sofrimento é cruciante, chega até a ser desesperador. São fardos de nossas culpas, cujo resgate, por sinal, é sempre subdividido pela misericórdia Divina, de acordo com as nossas possibilidades. O peso do fardo que carregamos é sempre dosado proporcionalmente à nossa estrutura espiritual.

Orar, resistir, sofrendo com paciência, por certo permitirá que saiamos mais fortalecidos e mais experimentados em nosso "status quo" espiritual.

Em nosso espirito, o Ser, há uma roupagem de natureza quintessenciada que registra os menores atos de nossas vidas, memorizando-os em sua tessitura. Este corpo é vibrátil e, além de armazenar, reflete, todos os atos bons ou maus que tenhamos praticados em toda a nossa trajetória de evolução. Este corpo tem várias denominações: causal, períspirito, psicossoma ou outro nome que o defina. Ele tem a propriedade de registrar todos os nossos atos no transcurso dos milênios. Um pálido exemplo:

Admitamos que "A" tenha apunhalado covardemente as costas de "B", assassinando-o. De imediato, na mesma região desse seu corpo espiritual de "A" registrar-se-á este ato nefasto, e com o peso da culpa, de vibrátil aquela região faz-se opaca, dada a diminuição de sua vibração ocasionada pelo crime cometido, formando-se uma pequena ilha escura (processo de desaceleração).

"A" morre carregando aquela culpa registrada em seu corpo espiritual. Depois de socorrido por seus instrutores espirituais é analisada a situação e a forma pela qual "A" deverá resgatar aquela culpa.

"A" reencarna e além da luta remissora, há a necessidade de resgatar o crime que cometera contra "B".

Por suposição , quando chegar o momento propício para o seu resgate , ou débito daquela falta, "A" seja encaminhado a um emprego de vigia noturno, sujeito a friagens e intempéries.

No curso de um tempo, acontece o seguinte:

O corpo físico que age como um poderoso carvão, pelo processo de adsorção, propiciando a absorção das toxinas espirituais, que estão incrustadas naquela região afetada no corpo espiritual de "A".

Na medida em que isto acontece, o corpo somático (físico) enfraquece mais ainda ao receber aquelas vibrações deletérias, deixando-o à mercê de infiltração de vírus e bactérias etc... E, por suposição, acontece a tuberculose...

A região afetada do corpo espiritual de "A" volta aos poucos a sua aceleração normal, isto é, aqueles tipos de vibrações provocadas pelo crime cometido, (já absorvidas pelo corpo físico) , vão desaparecendo, ganhando a sua normalidade. Na mesma medida, o corpo físico passa a deteriorar-se com o avanço da moléstia, chegando à hemoptise (sangue pela boca), fazendo-o padecer os mesmos sofrimentos com que fizera "B" sofrer.

Por este processo de Causa e Efeito "A" resgata o crime praticado contra "B". O grau de sofrimento é que determina a restauração do reequilíbrio.

Em nosso corpo espiritual existem miríades de arquipélagos, uns mais outros menos densos, memorizando as faltas cometidas no curso dos milênios.

Na medida em que formos resgatando os nossos débitos, a nossa alma resplandece , eliminando paulatinamente a multidão de pecados, fazendo-a mais vibrátil, restaurando a paz e o equilíbrio.

O corpo espiritual demonstra tanto a opacidade quanto irradia os valores adquiridos. A esta irradiação chamamos de "aura", cartão de identidade de nossa personalidade evolutiva.

Insistimos em reafirmar as palavras de Jesus "o amor cobre multidões de pecados".

Quando se diz: "perdoar é divino" não se trata apenas de princípio filosófico, é uma atitude que poderíamos dizer físico-químico. Ao perdoar se estabelece um padrão vibratório, que, além de expulsar o desconforto, restitui a serenidade.

Quando alguém abre a porta de uma geladeira, sente-se atingido por uma onda fria, gerada pelo refrigerador. Isto não aconteceria se, mesmo involuntariamente, não cedêssemos calor do corpo. A tendência é sempre para o equilíbrio e, quando não se der por livre e espontânea vontade, passa a ser exigido, independentemente de nossa vontade. Das ações e reações acabam por acontecer à precipitação dos elementos indispensáveis às novas composições ou diversificadas conseqüências.

Perdoar não é apenas divino. É um imperativo que devemos impor a nós mesmos, na tentativa de evitarmos a sintonia com a ofensa recebida. Procurar ao máximo não se sentir ofendido, não se permitindo vibrar na mesma faixa do agressor. Isto conseguido, evitamos, também, o "cair em tentação".

Pode ser difícil, mas tudo depende de exercício.

Virar as costas a uma agressão não é acovardar-se; é não permitir ser por ela atingido, o que nos causaria grandes prejuízos e por seqüência natural, a agressão voltaria a sua fonte emissora, no caso o próprio agressor.

O mal, por mais que se espalhe, está sempre ligado à fonte geradora.

Quando praticamos o Bem, o mecanismo é o mesmo.

Para melhor elucidação transcrevemos do livro "Vinha de Luz", de Emmanuel com o título:



O QUADRO NEGRO

"Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar àquela hora vos lembreis de que já vo-lo tinha dito"- Jesus (João, l6: 4.).

Referia-se Jesus aos próprios testemunhos, entretanto, podemos igualmente aplicar-lhe os divinos conceitos a nós mesmos, desencarnados e encarnados.

Cada discípulo terá sua hora de revelações do aproveitamento individual.

As escolas primárias não dispensam o habitual quadro-negro, destinado às demonstrações isoladas do aluno.

À frente do professor consciencioso, o aprendiz mostrará quanto lucrou, sem o recurso do plágio afetuoso, entre companheiros.

Sobre a zona escura, o giz claro definirá, fielmente, a posição firme ou insegura do estudante.

E não será isto mesmo o que se repete na escola vasta do mundo? O homem, nas lutas vulgares, poderá socorrer-se, indefinidamente, dos bons amigos.

O Pai permite semelhantes contatos para que as oportunidades de aprender se lhe tornem irrestritas; no entanto, lá vem "àquela hora" em que a criatura deve tomar o giz alvo e puro das realizações espirituais, colocando-se junto ao quadro negro das provas edificantes.

Alguns aprendizes fracassam porque não sabem multiplicar os bens, nem dividi-los. Ignoram como subtrair a luz das trevas, somam os conflitos e formam equações de ódio e vingança. Esquecem-se de que Jesus salientou o amor, por máxima glória em todas as situações do apostolado evangélico e que, mesmo na cruz, depois de receber os fatores da injúria, da perseguição, da ironia e do desprezo, somou-os na tábua do coração, extraindo a divina equação da serenidade, entendimento e perdão.

Oh! Vós, que ides ao quadro-negro das atividades terrestres, abandonai o giz escuro da desesperação. Escrevei em caracteres de luz o que aprendestes do Mestre Divino! Revelai o próprio valor! Lembrai-vos que instrutores benevolentes e sábios vos inspiram as mãos! Abençoai o quadro-negro que vos pede o giz do suor e lágrimas, porque junto deles podereis conquistar o curso maior!...
Texto retirado do Livro O ovo de Colombo de Milled Assed

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