A palavra namoro perdeu o sentido inicial de despertar amor, de criar situações para o conhecimento entre os parceiros.
Namorar era envolver-se com o outro no sentido de perceber as afinidades ou as incompatibilidades entre o casal. Hoje, isto parece remoto e ridículo. Não se namora mais, “fica-se”, atitude muitas vezes traduzida na primitiva expressão “catar”. Esta última dá a nítida impressão de que a menina foi “catada”.
Com o espiritismo, sabemos que estamos na Terra para o progresso espiritual.
Todas as oportunidades da vida material devem ser, pois, consciencialmente transformadas em degraus evolutivos. Assim, nossa vida afetiva, especialmente, é ponto crucial para esse objetivo.
Com Kardec, aprendemos que a poligamia significa atraso moral, pois o poligâmico preocupa-se apenas consigo mesmo, desrespeitando o sentimento de sua parceira.
É a vitória do orgulho e do egoísmo, que aí encontram mais um estímulo para se cristalizarem no coração humano.
Em contrapartida, a monogamia desperta no casal o estímulo para a construção da vida a dois e, ao longo dos tempos, superando as crises, as diferenças individuais, vai harmonizando-se, construindo um amor sereno e profundo que traz a felicidade pelo amadurecimento espiritual.
O ato de “ficar”, que vai do simples beijo a relação sexual, nada mais é do que a banalização do desrespeito ao ser humano, que é usado e jogado fora como algo descartável, facilmente substituível. Troca-se de parceiro como quem troca de roupa, sem se deter sequer no tipo de sentimento que se provocou no outro. E nem em si mesmo...
Os jovens não dão tempo para o jogo da conquista, para o despertar dos sentimentos antigos que vêm do passado remoto, de outras encarnações, quando se prometeram um ao outro. E depois choram por não encontrar um parceiro digno do seu amor... O “ficar” não apenas desestimula um relacionamento mais profundo como alimenta a infidelidade, que aumenta suas estatísticas nos casamentos.
O jovem e o namoro
Muitos jovens se vangloriam de “ter ficado” com quatro ou cinco parceiros numa só noite! Não têm nenhuma idéia da necessidade de preservação de sua própria integridade moral, física e espiritual. Uma vez perguntaram a Chico Xavier o que ele achava do amor livre. E ele surpreendeu a todos ao responder que era a favor. “O amor deve ser livre, porém o sexo não”, completou. E ensina-nos Emmanuel: sexo, só com a responsabilidade do lar constituído.
Eis que o amor é muito mais que sexo.
E sexo não se limita ao prazer periférico a que as criaturas o estão reduzindo. Sexo é transfusão não só de hormônios, mas de energia criadora, não apenas a que gera os descendentes, mas que cria laços energéticos entre os parceiros, ligando-os entre si. O sexo também cria obras científicas e artísticas, cria o bem e o belo, quando é submetido ao amor, sua fonte beneficiadora.
Sexo com amor e responsabilidade constrói. O sexo aviltado destrói, provocando desde as doenças sexualmente transmissíveis como a Aids até os crimes que apavoram a sociedade.
O jovem de hoje passa pelo difícil teste de ter responsabilidade para bem direcionar a liberdade que conquistou para construir a vida feliz com que sonha. Sexo e responsabilidade precisam ser inseparáveis nos relacionamentos afetivos. Eis que namorar é preciso. Namorar mesmo... E não ser amantes.
Do livro: Orientações Espirituais
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