quarta-feira, 7 de abril de 2010

O AMOR PATERNAL DE DEUS

"Qual de vós porventura é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai Celestial dará bens aos que lhos pedirem?"
(Mateus, 7:9-11)

Não se conhece na Terra amor maior que o dos pais pelos filhos.

Sejam eles desobedientes, estróinas ou facínoras, tenham os defeitos que tiverem, nem por isso seus progenitores os renegam ou deixam de estimá-los.

Não raro, esses filhos abandonam o lar, para se entregarem a toda sorte de aventuras, ou então cobrem a família de vergonha com seus desatinos, mas, ainda assim, embora de alma opressa e coração traumatizado pela dor, os pais não cessam de abençoá-los nem se cansam de auxiliá-los, por todos os meios ao seu alcance, esperançosos de que, mais dia ou menos dia, tomem juízo, emendem-se e retornem ao bom caminho.

Malgrado eles próprios estejam longe de serem modelos de virtude e de bondade, conquanto se ressintam também de clamorosas falhas de caráter, isso não basta a que façam todos os sacrifícios imagináveis para o bem daqueles a quem deram o ser, tão grande é a força e tão maravilhosas são as faculdades do amor paternal.

Nenhum homem - dí-lo Jesus - seria capaz de trair a confiança que sua condição de pai inspira ao filho, e, pois, quando este lhe peça um pão ou um peixe com que saciar a fome, de forma alguma irá dar-lhe, em substituição, uma pedra ou uma serpente. Isto seria uma aberração do sentimentos que, por natureza, se encontram até nos reprodutores infra-humanos.

Pois bem: se nós, homens, com todas as nossas imperfeições, sabemos dar boas dádivas aos nossos filhos, se fazemos depender a nossa alegria de suas alegrias, e a nossa felicidade da felicidade deles, que dizer de Deus, nosso Pai Celestial? Quanto maior não será a Sua solicitude, o Seu desvelo, a Sua ternura para conosco?

Não se infira daí, entretanto, que, por muito nos amar, Deus deve satisfazer a todos os nossos caprichos e vontades, como o fazem certos pais insensatos que, a pretexto de não criar complexos em seus filhos, entendem ser de boa praxe deixarem que dêem livre expansão aos seus instintos e más tendências inatas.

Quando seu dever fora precisamente o contrário: dominar esses instintos, sofrear essas más tendências, e, com pulso firme, imprimir-lhes uma nova direção nesta nova oportunidade que a reencarnação lhes propicia.

Absolutamente não! Porque muito nos ama, agindo inteligentemente, como nenhum pai humano saberia fazê-lo, Deus só nos concede aquilo que seja útil ao aprimoramento de nosso espírito, à nossa evolução, recusando-nos tudo quanto possa acarretar sérios danos a nós e a outrem.

Às vezes, para que ganhemos experiência, cede às nossas rogativas e nos enseja a posse de algo para cuja utilização não estamos ainda suficientemente preparados. Os dissabores e decepções que, em tais circunstâncias, viermos a sofrer, ser-nos-ão proveitosos, pois farão que nos tornemos mais ponderados.

Via de regra, porém, o pai Celestial deixa de ouvir as nossas súplicas quando aquilo que pedimos, ao invés de ser um benefício, venha a constituir-se uma pedra de tropeço em nosso destino, para dar-nos coisas mui diversas, geralmente recebidas a contragosto, quais sejam: doenças, pobreza, dificuldades, etc...

Por ser isso, exatamente, o que mais convém aos nossos espíritos insipientes, para que progridam e se ponham em condições de, no futuro, conhecer outros gozos mais puros e mais duradouros que não os grosseiros e efêmeros prazeres da matéria.

Rodolfo Calligaris

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