Na proximidade do Natal, volta à pauta a questão do consumismo, que tira o sono de muita gente. Essa forma de descontrole foi, inclusive, tema da recente reportagem “Por que gastamos mais dinheiro do que temos?”, da jornalista Verônica Mambrini, para o portal IG.
“Costumo fazer shoppingterapia em situações de extrema ansiedade ou em liquidações imperdíveis. No momento, estou bem controlada, com alguns escorregões” – revela, na matéria, a consultora em relações internacionais Ana Paula Rassi, que cancelou o cartão de crédito para se proteger.
Segundo Sheila Maia, professora do curso de administração e especialista em finanças pessoais da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio de Janeiro, não há mal em realizar desejos, mas é preciso aprender a diferenciar o desejo e a necessidade, já que crédito é para emergências.
“Em fevereiro tem carnaval e as operadoras de turismo dividem em dez vezes os pacotes. Logo depois tem a Páscoa, com ovos parcelados. Em maio, Dia das Mães, mais parcelas. Dia dos Namorados em junho, Dia dos Pais em agosto, Dia das Crianças em outubro. No Natal, mais presentes.
Em janeiro, IPTU, IPVA. Não tem jeito, vira uma bola de neve” – diz Sheila.
Como ressalta a matéria, é preciso organização para saber quanto da renda pode ser comprometida e controle para não estender no prazo o pagamento de itens que podem ser quitados à vista. Como parcelas pequenas dão a falsa sensação de “caber no bolso”, a pessoa se ilude sobre o tamanho da dívida total e se endivida.
Embora não trate diretamente do tema consumismo, no capítulo “Excesso e você”, do livro “O Espírito da Verdade” (ed. FEB), psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira, André Luiz, ao recordar que Espiritismo é caridade em movimento, tece alguns comentários igualmente oportunos aos que enfrentam o problema do consumismo. Adverte, por exemplo, que não devemos converter o próprio lar em museu.
“Utensílio inútil em casa será utilidade na casa alheia. O desapego começa das pequeninas coisas, e o objeto conservado, sem aplicação no recesso da moradia, explora os sentimentos do morador. A verdadeira morte começa na estagnação.
Quem faz circular os empréstimos de Deus, renova o próprio caminho” – diz o benfeitor, acrescentando que devemos transfigurar os apetrechos que nos sejam inúteis em forças vivas do bem. “Retire da despensa os gêneros alimentícios que descansam esquecidos, para a distribuição fraterna aos companheiros de estômago atormentado.
Reviste o guarda-roupa, libertando os cabides das vestes que você não usa, conduzindo-as aos viajores desnudos da estrada.
Estenda os pares de sapatos, que lhe sobram, aos pés descalços que transitam em derredor. Elimine do mobiliário as peças excedentes, aumentando a alegria das habitações menos felizes. Revolva os guardados em gavetas ou porões, dando aplicação aos objetos parados de seu uso pessoal. Transforme em patrimônio alheio os livros empoeirados que você não consulta, endereçando-os ao leitor sem recursos.
Examine a bolsa, dando um pouco mais que os simples compromissos da fraternidade, mostrando gratidão pelos acréscimos da Divina Misericórdia que você recebe.”
E prossegue na sua lição de desapego e fraternidade: “Ofereça ao irmão comum alguma relíquia ou lembrança afetiva de parentes e amigos, ora na Pátria Espiritual, enviando aos que partiram maior contentamento com tal gesto. Renovemos a vida constantemente, cada ano, cada mês, cada dia... Previna-se hoje contra o remorso amanhã. O excesso de nossa vida cria a necessidade do semelhante. Ajude a casa de assistência coletiva. Divulgue o livro nobre. Medique os enfermos. Aplaque a fome alheia. Enxugue lágrimas. Socorra feridas. Quando buscamos a intimidade do Senhor, os valores mumificados em nossas mãos ressurgem nas mãos dos outros, em exaltação de amor e luz para todas as criaturas de Deus.”
Boletim SEI 2206
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