MATEUS, Cap. V, v. 20-26
- LUCAS, Cap. XII, v. 54-59
Justiça abundante. - Palavra injuriosa.
Reconciliação.
MATEUS: V. 20. Porque, eu vos digo que, se a vossa justiça não for mais abundante do que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos céus. - 21. Aprendestes o que foi dito aos antigos: "Não matarás e quem quer que mate será condenado no juízo." - 22. E eu vos digo que quem quer que se encha de cólera contra seu irmão será condenado no juízo; - que aquele que disser a seu irmão: Raca, será condenado no conselho; e quem disser: és um insensato, será condenado ao fogo da geena. - 23. Se pois, quando apresentares no altar a tua oferenda, te lembrares de que teu irmão tem qualquer coisa contra ti, - 24, deixa-a diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com ele; depois então vem fazer a tua oblata. - 25. Põe-te o mais depressa possível de acordo com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para não suceder que te entregue ao juiz, este ao ministro e que sejas metido na prisão. - 26. Em verdade te digo que daí não sairás enquanto não houveres pago até o último ceitil.
LUCAS: V. 54. E ele dizia ao povo: Assim vedes formar-se uma nuvem do lado do poente, dizeis: vem chuva e com efeito chove. - 55. Quando sopra vento do sul, dizeis que vai fazer calor e assim acontece. - 56. Hipócritas! Sabendo reconhecer o que pressagiam os aspectos do céu e da terra, como é que não reconheceis os tempos que correm? - 57. E porque, por vós mesmos, não reconheceis o que é justo? 58. Quando houveres de comparecer com o teu adversário perante o magistrado, trata de te Iivrares dele durante a viagem, para evitares que te leve ao juiz, que o juiz te entregue ao esbirro e que este te meta na prisão. - 59. Daí não sairás, eu te digo, enquanto não tiveres pago até o último ceitil.
Estes versículos têm por objeto e por fim dar a compreender aos homens que lhes cumpre procurar distinguir sempre o que é justo, material e moralmente, nas relações com seus irmãos. Estava prestes a chegar o tempo em que a justiça seria praticada por maneira diversa da de que usavam os escribas e os fariseus: sem orgulho e sem hipocrisia. Os versículos acima objetivavam ainda dar a compreender aos homens como devem obedecer aos mandamentos que lhes vem do Senhor: não passivamente, abstendo-se de cometer as faltas indicadas, pelo temor do castigo, mas praticando todas as virtudes que lhes são opostas demonstrando amor, reco-nhecimento, submissão àquele que nos traçou a todos uma linha de conduta para chegarmos a ele. Bem-aventurados os que a sabem seguir sem desvio algum.
Raca, - o juízo, - o conselho, - o fogo da geena - são expressões simbólicas. Deus julga o homem pelos seus atos. Se o homem não trata com indulgência, com brandura, o seu próximo, se o insulta, será punido por aquele que quer que todos se tratem como irmãos. As palavras - conselho, geena - são termos emblemáticos, destinados a tornar compreensível aos homens que as suas ações serão submetidas a um julgamento, que eles terão de sofrer o castigo que houverem merecido, castigo esse apropriado e proporcionado à falta cometida e acorde com a natureza e o grau da culpabilidade.
As palavras de Jesus constantes do v. 22 de Mateus são aplicáveis a todos os tempos e a todos os que infringirem a lei de amor universal. Certamente o espírita que a infringir será punido com maior severidade do que outro que ainda não viu a luz ou que, tendo-a visto, não ousou aceitá-la por escrúpulos de consciência, o que não constitui falta punível, oca-
303 OS QUATRO EVANGELHOS
sionando apenas um retardamento no progresso do Espírito, que aliás se verá suficientemente castigado pelo pesar que isso lhe causará.
As dos v. 23 e 24 de Mateus indicam, primeiramente, ao homem que deve usar de indulgência para com aquele que o ofendeu, indo estender-lhe a mão, a fim de o chamar a si. Indicam, em seguida, ao que cometeu uma falta, o dever de imediatamente procurar repará-la.
Fazei, portanto, o que o divino Mestre fez e faz todos os dias. Efetivamente, ele não vem a vós sem cessar, ele que em tudo é tão gravemente ofendido? Não estende continuamente os braços para vos receber? Não vos convida ao arrependimento por todos os meios possíveis? E não vedes muitas vezes multiplicarem-se seus benefícios a um que vos parece o mais indigno deles, unicamente com o fim de despertar o reconhecimento num coração ingrato e conquistá-lo?
Quanto às palavras do v. 25 do mesmo Evangelista, elas compõem imagens materiais destinadas a fazer que o homem compreenda a maneira por que deve proceder com seus irmãos, tendo em vista o juízo de Deus. Dai-vos pressa em perdoar aos vossos inimigos, em vos reconciliar com o vosso adversário, enquanto juntos percorreis, vós e ele, o caminho da vida, pois ignorais quando a morte vos virá deter os passos, para levar-vos à presença do soberano juiz, que lê nos corações e muitas vezes encontra aí o fermento de paixões más que não procurais descobrir. Reconciliai-vos, pois, com todos a quem houverdes ofendido e perdoai-lhes, como quereis, como precisais que o Pai celestial vos perdoe.
Disse Jesus: "Daí não sairás, enquanto não tiveres pago até o último ceitil". Deveis compreender bem estas palavras. O homem é o devedor de Deus, que lhe outorgou todas as coisas, para que delas fizesse bom uso. Ora, se o homem não pratica as virtudes que lhe são ensinadas, se repele seus irmãos, também será repelido. É uma conseqüência da lei de justiça e de amor na obra da eterna harmonia.
Raca, - o juízo, - o conselho, - o fogo da geena - são expressões simbólicas. Deus julga o homem pelos seus atos. Se o homem não trata com indulgência, com brandura, o seu próximo, se o insulta, será punido por aquele que quer que todos se tratem como irmãos. As palavras - conselho, geena - são termos emblemáticos, destinados a tornar compreensível aos homens que as suas ações serão submetidas a um julgamento, que eles terão de sofrer o castigo que houverem merecido, castigo esse apropriado e proporcionado à falta cometida e acorde com a natureza e o grau da culpabilidade.
As palavras de Jesus constantes do v. 22 de Mateus são aplicáveis a todos os tempos e a todos os que infringirem a lei de amor universal. Certamente o espírita que a infringir será punido com maior severidade do que outro que ainda não viu a luz ou que, tendo-a visto, não ousou aceitá-la por escrúpulos de consciência, o que não constitui falta punível, oca-
303 OS QUATRO EVANGELHOS
sionando apenas um retardamento no progresso do Espírito, que aliás se verá suficientemente castigado pelo pesar que isso lhe causará.
As dos v. 23 e 24 de Mateus indicam, primeiramente, ao homem que deve usar de indulgência para com aquele que o ofendeu, indo estender-lhe a mão, a fim de o chamar a si. Indicam, em seguida, ao que cometeu uma falta, o dever de imediatamente procurar repará-la.
Fazei, portanto, o que o divino Mestre fez e faz todos os dias. Efetivamente, ele não vem a vós sem cessar, ele que em tudo é tão gravemente ofendido? Não estende continuamente os braços para vos receber? Não vos convida ao arrependimento por todos os meios possíveis? E não vedes muitas vezes multiplicarem-se seus benefícios a um que vos parece o mais indigno deles, unicamente com o fim de despertar o reconhecimento num coração ingrato e conquistá-lo?
Quanto às palavras do v. 25 do mesmo Evangelista, elas compõem imagens materiais destinadas a fazer que o homem compreenda a maneira por que deve proceder com seus irmãos, tendo em vista o juízo de Deus. Dai-vos pressa em perdoar aos vossos inimigos, em vos reconciliar com o vosso adversário, enquanto juntos percorreis, vós e ele, o caminho da vida, pois ignorais quando a morte vos virá deter os passos, para levar-vos à presença do soberano juiz, que lê nos corações e muitas vezes encontra aí o fermento de paixões más que não procurais descobrir. Reconciliai-vos, pois, com todos a quem houverdes ofendido e perdoai-lhes, como quereis, como precisais que o Pai celestial vos perdoe.
Disse Jesus: "Daí não sairás, enquanto não tiveres pago até o último ceitil". Deveis compreender bem estas palavras. O homem é o devedor de Deus, que lhe outorgou todas as coisas, para que delas fizesse bom uso. Ora, se o homem não pratica as virtudes que lhe são ensinadas, se repele seus irmãos, também será repelido. É uma conseqüência da lei de justiça e de amor na obra da eterna harmonia.
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