quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

OS CRISTAIS


Os cristais nascem, crescem, adoecem e morrem; foi o que o menerologista Otto Von Schraven, concluiu de inúmeras experiências por ele colhidas. Diz ele: conhece-se que um cristal está vivo, rompendo-se-lhe uma arestia e mergulhando-o em uma solução da mesma espécie ela a recompõe.
Os cristais crescem de fora para dentro, enquanto as plantas crescem de dentro para fora e debaixo para cima e os animais de dentro para fora. Nos cristais, há os regulares e os irregulares: os cristais crescendo de fora para dentro, o fazem, em virtude da lei de coesão: mas onde podemos ver que no cristal há vida, é na força método e ordem de formação e recomposição de suas arestias. Se cortarmos diagonalmente um cubo em direção ao centro, teremos seis pirâmides quadriláteras unidas pelos vértices; se fizermos uma incisão em qualquer das bases, que vá interceptar a união dos seis vértices das pirâmides, e depois romper-lhe uma arestia e o mergulharmos em uma solução da mesma espécie, ele não a recompõe mais, porque a incisão o matou.
Como acabamos de ver, na vida dos cristais, há força, método e ordem, ou seja, energia forma e matéria.
Estas modalidades vibratórias, são orientadas por um princípio a que chamaremos inteligência rudimentar com um fim evolutivo na complexidade de suas formas regulares e irregulares, mantendo um equilíbrio perfeito. Dentro da complexidade dessas formas, encontramos esse princípio inteligente, esse guia, que engendra a forma que dá orientação e produz a força. É a vida emanada do Criador que só por Ele pode ser definida.
Por esta forma começamos a ver a vida principiar nos cristais, sempre em marcha cada vez mais acelerada para os vegetais, e por fim ao reino animal. É nesse campo que o instinto se desenvolve, a inteligência se manifesta mais precisa, e a consciência desabrocha, dando a criatura o pleno conhecimento de seus atos ou livre arbítrio.
Os milênios de milênios, passam nessa marcha evolutiva cada vez mais ascendente, formando a cúpula desse edifício social, em cujo zimbório nos encontramos, procurando atingir ao Criador pelas vias do saber e da virtude, alvo para o qual Deus nos criou.
O espírito preso á forma animal, sentindo todas as contingências desse meio, vê-se forçado á luta para manter-se em equilíbrio e desvencelhar-se dos grilhões que o prende á matéria na animalidade.
Nos planos inferiores, é apenas para a manutenção da vida e da espécie; no plano huminal, as necessidades já são outras: com a aflorescência do raciocínio, a consciência mostramos nova rota, a evolução espiritual, em que a inteligência começa a discernir as sensações procurando separar o animal do espiritual.
É daí em diante que vamos ser senhores ou escravos: escravos, se nos refestelarmos nos prazeres bastardos, ou senhores, se nos tornarmos superiores a eles, impondo a nossa vontade orientada por um raciocínio são, em que a moral e o bom senso são as balizas que nos conduzem a vitória.
O estudo, a experiência aproveitados pela inteligência, mostra-nos o que precisamente devemos fazer ou não.
A luta que até então, era somente no campo material, foi agora acrescida da luta espiritual.
O resultado de nossas quedas e ascensões, é o estímulo que nos leva a novos empreendimentos, nos quais veremos, que, o esforço que gastamos para a satisfação dos gozos, que, a alimentação e conservação da espécie nos proporciona, quando mais que o estritamente indispensável, transformam-se em algemas que muitas vezes nos impedem de cumprir o nosso dever, mamentando-nos á dor.
Uma vez conhecida a causa procuremos vence-la refreando os apetitos e excessos acostumando-nos ao método e ordem, em tudo que diz respeito as satisfações animalizadas, para obtermos a primeira vitória, a qual chegaremos, senão pelo conhecimento pelo da causa, mas pelo efeito da dor, essa amiga leal e sincera que nunca lisonjeia, mas que também não mente nem engana.
No campo espiritual, também temos de enfrentar lutas mais difíceis de vencer, por pertencerem a um plano de onde se origina o egoísmo e orgulho, essa visão estrábica
do nosso eu, fazendo-nos julgar mais e melhores que os demais, com mais direitos, querendo por essa forma nos superpormos aos outros: mas como essa visão estrábica gera pensamentos que peçam pela base, não tardam os fatores do desequilíbrio moral a entrar em atividade, donde a nossa impotência, e com ela o desengana, a humilhação, o sofrimento, a dor, para o que, muitas vezes necessitamos várias reencarnações, para entrarmos na lei de equilíbrio, a humildade.
A humildade realmente adquirida, é o caminha por onde transitam todos os valores que nossa alma necessita para sua evolução.
Uma vez vencido o orgulho, esse monstro, o qual não sabemos o que mais é, no dizer de Alexandre Herculano, se estúpido, feroz ou ridículo, restamos obter a vitória sobre o egoísmo, outro fator que na sua trajetória, só conhece as sua conveniências sem atender aos direitos alheios, tornando-se surdo aos gemidos e lamentos que gera e cego as lágrimas e misérias que cria, pouco se incomodando mesmo, que, para sua satisfação corram rios de sangue, ou surjam todas as misérias como bíveis, contanto que o alvo de suas ambições seja atingido.
O egoísmo, irmão gêmeo do orgulho, geram nos planos material, intelectual e espiritual, um complexo de causas, que a seu turno tem de suportar a lei de retorno, que se manifesta para o equilíbrio: equilíbrio esse, que só pode ser adquirido com a renúncia, a humildade, a modéstia, a resignação a paciência, a constância, a prudência e a previdência para que a alma volte a participar da lei de harmonia que é tranqüilidade e paz.
É nessas lutas que a alma a partir do cristal cada vez mais se exercita, enriquecendo-se de conhecimentos e valores que a tornam apta a partilhar de planos cada vez mais elevados, até atingir a perfeição, quando o espírito vence a morte.

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