terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A CONVERSÃO DO GENTIO

Dura foi a luta pela conversão do gentio. Tão dura que nunca chegou à conclusão desejada. Nóbrega, Anchieta e seus companheiros de catequese tiveram de enfrentar uma guerra sem tréguas. Nossos índios eram os mais selvagens da América. Sua civilização primitiva não oferecia pontos de contato com a civilização elevada que os jesuítas traziam da Europa. Nóbrega relata, em seu livro Diálogo da Conversão do Gentio, as dificuldades insuperáveis com que se defrontavam os padres catequistas. Esse livro marca o início da nossa literatura, no século XVI, e anuncia de maneira simbólica o prosseguimento da catequese de Nóbrega no futuro, através do livro psicografado.
Paulo exerceu o apostolado dos gentios para o Cristianismo. Nóbrega foi o Apóstolo dos Gentios no Brasil nascente, preparando o terreno para o seu apostolado espírita do futuro.
Paulo encarna a transição histórica do Judaísmo para o Cristianismo. E com a sua teoria do corpo espiritual, a que chama de corpo da ressurreição, na I Epístola aos Coríntios, profetiza o advento do Espiritismo. Nóbrega marca a transição do Cristianismo medieval para o Cristianismo Redivivo da III Revelação, sob a égide do Espírito da Verdade.
“Tudo se encadeia no Universo”, ensina O Livro dos Espíritos. E a relação espiritual e histórica entre Paulo e Nóbrega, revelada pela mensagem de Cneius Lucius, dá-nos o exemplo vivo desse encadeamento no campo religioso. Por isso a cidade de São Paulo, fundada por Nóbrega, tem o nome do apóstolo cristão. As malhas da evolução espiritual, tecidas no tempo, mostram o desenvolvimento do Cristianismo em suas três fases culturais e históricas, sem solução de continuidade.
A mensagem de Cneius Lucius foi recebida por Chico Xavier, em Pedro Leopoldo, a 3 de agosto de 1949. Transcrevemo-la hoje por sua oportunidade, nas comemorações de mais um aniversário da Fundação de São Paulo*. Mensagem circunstancial, dada a um pequeno grupo de estudiosos, reduzimo-la aos pontos essenciais que revelam as ligações históricas. As dificuldades insuperáveis da conversão do gentio confirmam-se em nossos dias com a eclosão das formas de sincretismo religioso afro-brasileiro, em que as crenças indígenas e africanas sobrevivem ao nosso redor.
A conversão do gentio prossegue em pleno século XX. As crenças indígenas e africanas misturaram-se às práticas do Cristianismo. A ignorância popular, geralmente secundada pela ignorância-ilustrada, confunde Espiritismo com Umbanda e Candomblé. Publicam-se livros e realizam-se cursos sobre religiões mediúnicas, misturando a Revelação do Espírito da Verdade com danças selvagens, despachos e defumações. Mas Nóbrega prossegue infatigável na catequese evangélica, agora através da psicografia, preparando o triunfo da verdade cristã em beneficio de todos.

*O autor refere-se ao 420. º aniversário da Capital Paulista, a 25 de janeiro (Nota da Editora)

Irmão Saulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário