INTRODUÇÃO
Os argumentos em favor da sobrevivência humana, isto é, os de que a morte é um acontecimento que só diz respeito ao corpo, são tão velhos quanto o mundo.
Parte deles pode ser considerada como teológica, baseada na bondade e na justiça de um Criador, ao passo que a outra parte que se pode chamar de antropológica, se apoia na repulsão instintiva da idéia de aniquilamento no homem e ainda no postulado de que os instintos, produtos da evolução, devem corresponder até certo ponto, à realidade.
Nesta obra náo me apoio em nenhum destes argumentos, respeitando-os todavia. De fato, não alimento desejo algum de controverter, porém toda a minha tese repousa na experiência e na aceitação de uma categoria de fatos que podem ser verificados por qualquer pessoa, com a condição de que se dê ao trabalho de investigá-las.
Conheço o peso da palavra "fato" na Ciência e digo, sem hesitação, que a continuidade individual e pessoal é para mim um fato demonstrado.
Cheguei a esta conclusão pelo estudo das faculdades humanas obscuras, isto é, ainda não reconhecidas pela ciência ortodoxa e que não receberam aprovação dos teólogos em geral.
É, pois, permitido e talvez mesmo obrigatório fornecer, de um tempo a outro, uma desculpa a respeito de minha persistência neste estudo e de minha convicção profunda no que concerne aos seus resultados.
Incidentemente, é claro que a palavra "imortalidade", empregada no título desta obra, deve ser tomada em sua significação convencional, visto que nenhuma asserção relativa ao "infinito" é possível nos limites de nossa inteligência. Tudo que podemos ter a esperança de demonstrar é a sobrevivência da personalidade. O verdadeiro rompimento aparente na continuidade da vida humana nos espera no limiar da morte.
Se sobrevivemos a esse rompimento, é pouco provável que encontremos, em seguida, qualquer outra descontinuidade mais profunda ainda cuja influência nos destrua.
A Tudo o que possuímos, como prova, diz respeito à persistência individual após a separação de nosso invólucro terreste.
Seria, pois, presunção pretender saber o que nos reservará um futuro algo obscuro e remoto. É, na verdade, um amanhã sobre o qual não temos necessidade de pensar agora.
Que nos baste saber, no momento, que esta vida não é o fim de nossa individualidade e que, se souberdes utilizá-la Com retidão, constituirá ela a primeira etapa, por muito tempo adiada, de uma tarefa sempre mais efetiva, tarefa em harmonia com a nossa natureza íntima, eqüivalente, por conseqüência, à liberdade completa.
"IN LA SUA VOLONTÀ È NOSTRA PACE".
SIR OLIVER LODGE
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